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20/03/2007

Camélias em Celorico de Basto

- 24 e 25 de Março



Para terminar em beleza a temporada de 2007, realiza-se este fim-de-semana em Celorico de Basto a IV Festa Internacional das Camélias, que inclui, além da habitual exposição/concurso, um mercado onde se podem comprar camélias envasadas. A abertura ao público do evento é às 15h30 de sábado, momento em que também são divulgados os prémios atribuídos. Segue-se um Verde de Honra às 16h10. Às 16h45 tem início um Fórum de Camélias, moderado pelo Professor Fernando Catarino, com os seguintes temas e intervenientes:

  • As potencialidades da camélia na composição dos jardins contemporâneos - Prof. Luís Torres de Castro (UTAD);
  • Monografia da Camellia sinensis (planta do chá) - Prof. José Alves Ribeiro (UTAD);
  • Processamento genético da hibridação nas camélias - Prof. Gilberto Igrejas (UTAD);
  • A topiária nos jardins de Basto - Arq. Ângela Silva (UTAD).
No domingo há a partir das 10h00 um passeio (gratuito) aos famosos jardins de camélias topiadas do concelho, e às 13h00 começa um almoço/buffet (25 euros por comensal). Ambas estas actividades exigem inscrição prévia, e provavelmente já é tarde de mais para o fazer. Se ainda quiser tentar a sua sorte, contacte a Qualidade de Basto, E.M. pelo telefone 255 320 250.

02/04/2006

O tempo que não passa


Araucárias-do-Brasil (A. angustifolia) na Casa do Campo, Celorico de Basto - Março de 2006

Há uma espécie de grandeza na imutabilidade aparente, que resiste às mudanças do mundo ou ao correr das estações. Na versão vegetal, os epítomes da constância são as coníferas: não é que não mudem, mas fazem-no devagar ou de um modo subtil que escapa aos olhares desatentos. Não têm floração vistosa, e todo o santo ano se vestem de impertubável verdura. Se as olharmos de perto, vemos despontar as pinhas e notamos o verde mais fresco da folhagem recente. Mas às vezes têm copas tão subidas que é impossível escrutiná-las com o olhar. Baixamos os olhos para inspeccionar os despojos que vão largando no chão: aqui um galho, mais adiante uma pinha. São sinais de vida em quem parece ter deixado de crescer, instalando-se no que é, para a nossa escala temporal, uma reconfortante eternidade.

À entrada da Primavera, solicitados pressurosamente pelas folhosas que se vão revestindo de mimosos rebentos, aqui ficam as duas mais-que-seculares araucárias-do-Brasil da Casa do Campo, em Celorico de Basto. São árvores como estas que nos alimentam a vista durante o Inverno; passam agora para segundo plano, mas sabemos onde reencontrá-las, constantes e fiéis, sempre que quisermos.

09/03/2006

Festa das Camélias

Vai decorrer, no último fim de semana deste mês (dias 25 e 26 de Março), em Celorico de Basto, na Praça Cardeal D. António Ribeiro, a III Festa Internacional das Camélias do concelho. O evento inclui:

1) uma exposição-concurso, aberta ao público no sábado das 15h30 às 22h00 e no domingo das 10h00 às 19h00, em que este ano a maior novidade é um prémio para a melhor camélia portuguesa;

2) uma pequena feira de produtores de camélias anexa à exposição;

3) um fórum sobre camélias, com início às 17h00 de sábado, onde intervêm, entre outros, a D. Isaura Allen (da Quinta de Villar d'Allen), a Dra. Carmen Salinero (da Associação Espanhola de Camélias) e o Prof. Fernando Catarino (ex-director do Jardim Botânico da Universidade de Lisboa);

4) uma visita guiada aos famosos (e formosos) jardins de camélias do concelho de Celorico de Basto, com partida às 10h00 de domingo.

A participação em (3) e (4) é limitada e está sujeita a inscrição prévia, a efectuar até ao dia 17 de Março. Para mais informações, contacte a empresa municipal Qualidade de Basto através do tel. 255 320 250 ou do endereço electrónico geral@qualidadebasto.pt


Camélia «Anemoniflora» na Quinta de Santo Inácio
(uma das premiadas na Festa das Camélias de 2005 em Celorico)

17/04/2005

Modo de vida


Foto: mpc 0503 - pinheiros-do-Paraná (Araucaria angustifolia) e camélias
Casa de Campo - Molares, Celorico de Basto

«É verdade, eu havia desistido de ter passarinhos; distribuí-os pelos amigos; o último a partir foi o corrupião Pirapora, hoje em casa do escultor Pedrosa. Continuo a jogar, no telhado de minha água-furtada, pedaços de miolo de pão. Isso atrai os pardais; não gosto especialmente de pardais, mas também não gosto de miolo de pão. Uma vez ou outra aparecem alguns tico-ticos; nas tardes quentes, quando ameaça chuva, há um cruzar de andorinhas no ar, em vôos rasantes sobre o telhado do vizinho. Vem também, às vezes, um casal de sanhaços; ainda esta manhã, às 5h15m, ouvi canto de sanhaço lá fora; frequentam ou uma certa antena de televisão (sempre a mesma) ou o pinheiro do Paraná que sobe, vertical, até minha varanda. Fora disso, há, como em toda a parte, bem-te-vis; passam gaivotas, mais raramente urubus. (...) Mas a verdade é que um homem, para ser solteiro, não deve ter nem passarinho em casa; o melhor de ser solteiro é ter sossego quando se viaja; (...) viajar com o corpo e a alma, o coração tranquilo.

Pois nesse dia eu ia mesmo viajar para Belo Horizonte; tinha acabado de arrumar a mala, estava assobiando distraído, vi um passarinho pousar no telhado. Pela cor não podia ser nenhum freguês habitual; fui devagarinho espiar. Era uma canário; (...) um roller, desses nascidos e criados em gaiola. Senti meu coração bater quase com tanta força como se me tivesse aparecido uma dama loura no telhado. Chamei a empregada: "Vá depressa comprar uma gaiola, e alpiste..." Quando a empregada voltou, o canarinho já estava dentro da sala; ele e eu, com janelas e portas fechadas. Se quiserem que explique o que fiz para que ele entrasse eu não saberei. (...) Quando telefonei para o táxi ele já tinha bebido água e comido alpiste, e estava tomando banho. Dias depois, quando voltei de Minas, ele estava cantando que era uma beleza. (...)

Está cantando agora mesmo; como canta macio, melodioso, variado, bonito... Agora pára de cantar e fica batendo as asas de um modo um pouco estranho. Telefono para um amigo que já criou rollers, pergunto o que isso quer dizer. "Ele está querendo casar, homem; é a primavera..."

Casar! O verbo me espanta. Tão gracioso, tão pequenininho, e já com essas ideias! Abano a cabeça com melancolia; acho que vou dar esse passarinho à minha irmã, de presente. É pena, eu já estava a gostar dele; mas quero manter nesta casa um ambiente solteiro e austero; e se for abrir exceção para uma canarinha, estarei criando um precedente perigoso. Com essas coisas não se brinca.»

Rubem Braga, Apareceu um canário, in A traição das elegantes (1960)

08/04/2005

Abril, flores mil


Casa de Campo, Molares, Celorico de Basto

Os jardins, agora que o tempo aqueceu, têm novo atractivo: os rododendros e as azáleas estão em flor, exibindo vistosas copas de cor branca, amarela, laranja, rosa, vermelha ou violeta. O género Rhododendron (o termo grego rhodo significa rosa, o sufixo dendron refere-se a árvore) é da família Ericaceae, com 8 subgéneros, que incluem as azáleas, e mais de 800 espécies, maioritariamente asiáticas. Preferem solos ácidos, de zonas montanhosas e temperadas. A folhagem é luzidia e em alguns casos tomentosa; as flores agrupam-se em feixes nos extremos dos ramos, rodeadas por um arranjo de folhas em leque; as 5 sépalas formam uma trombetinha onde sobressaiem os estames.

Um projecto da Universidade do Algarve, que investiga a propagação da adelfeira (Rhododendron ponticum subsp. baeticum) e a sua reintrodução em solos degradados na serra de Monchique, dá conta da distribuição muito restrita entre nós desta espécie, apesar da sua boa adaptação à Península Ibérica, e do consequente risco de extinção neste seu habitat natural.

Ironicamente, o Rhododendron ponticum é considerado invasor nas ilhas britânicas. Num artigo recente da revista Molecular Ecology sobre a sua evolução nestas ilhas - onde foi introduzido no século XVIII como arbusto ornamental, tornando-se muito popular na época vitoriana - cientistas revelam dados de análise genética que confirmam que os exemplares britânicos desta espécie são muito provavelmente descendentes de arbustos com origem na zona de Monchique. Ter-se-ão entretanto transformado numa ameaça à fauna e flora das ilhas, tendo-se cruzado com outras espécies, a mais importante das quais a norte-americana Rhododendron catawbiense, e adquirido maior resistência ao frio, colonizando agora também as regiões menos temperadas das ilhas. Das centenas de espécies de rododendro só esta constitui um problema.

O rododendro notável da foto em cima é da Casa de Campo e tem mais de duzentos anos. Tivemos oportunidade de o conhecer durante o passeio na região de Basto por algumas quintas e jardins organizado pela Câmara de Celorico de Basto no âmbito da 2.ª Festa Internacional da Camélia.


Casa da Gandarela, São Clemente, Celorico de Basto
(Fotos: mpc / pva)