A primeira vez que entrei no Estádio da Luz foi no longíquo ano de 1988, para assistir à meia-final da Taça dos Clubes Campeões Europeus entre o Benfica e o Steaua de Bucareste. Rui Águas marcou os dois golos e o Benfica dessa altura, nesse estádio repleto de adeptos, encatava, dominava e ganhava jogos como se não houvesse amanhã.
O poderio nortenho que começou a carpir como um polvo no nosso país, e a que não foi alheio o ajuntamento de muitos dos presidentes do Benfica a essa figura sinistra como é PC, fez com que o próprio Benfica começasse a perder o poder, não só no campo, mas também com essa praga que dá pelo nome de empresário e que mina constantemente um clube.
Com a crise de 1993, outros se aproveitaram de tamanha devoção e espírito de conquista que emanava de uma equipa que com suor e muito trabalho, conseguia disfarçar algumas carências técnicas ganhando uma Taça e um Campeonato.
Eis que chega o Salvador, e outro e outro e outro e mais uns quantos que sempre que passavam a velhinha Porta 1 do Estádio não eram capazes de se curvarem perante a águia que os esperava pacientemente, sempre na busca de um futuro melhor e risonho do que até então.
Num período onde "valia" tudo, pouco faltou para chegarmos ao cadafalso, mas isso é discurso de circunstância ou não estivéssemos a falar do Benfica. O Benfica, que é o maior clube português, que movimenta este pequenino Mundo que é Portugal e mais dois Mundos equivalentes por esse Mundo fora, nunca fechava as portas. Porque somos grandes, bem grandes. Mas as vitórias continuavam por aparecer...
E eis que surge o Salvador final, que traz consigo uma equipa maravilha, a melhor dos últimos anos, aquela que vai levar ao rubro e voltar a fazer renascer a águia, que teimosamente continua na Porta 1, mas do novo Estádio, um dos mais bonitos do Mundo, condizente com a grandeza do clube.
Em 2005, teve de aparecer um italiano para mostrar que mesmo jogando feio e mal, limitado pelo que lhe tinham deixado em mãos, conseguiu mostrar a Portugal a força e a grandeza de um clube que estaria "adormecido". De repente comecei a ficar com a mesma sensação de 1993, onde continuam a aparecer Salvadores atrás de salvadores, prontos a recuperar e agora a criar uma equipa. Os ciclos quebram-se a uma velocidade estonteante e nem fogachos esporádicos de uma boa campanha servem para aprender alguma coisa.
Entre 1988 e 1993, consegui ver o Benfica em duas finais da Taça dos Campeões, três vezes Campeão Nacional e vencedor da Taça. Sentia-me bem, porque o Benfica ganhava. Tinha vitórias. Essas vitórias que tardam em aparecer de há dois anos para cá... Apesar de haver salvadores, quase sempre prontos para entrarem em acção...