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segunda-feira, setembro 29, 2008

Uma questão de moral...

O título foi sacado ao Joel Costa mas é mesmo disso que se trata.

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:: enviado por touaki :: 9/29/2008 08:55:00 a.m. :: 0 comentário(s) início ::

segunda-feira, dezembro 17, 2007

E o país mais vulnerável é...

Na semana passada, o Diário Económico deu-nos a triste novidade: o BCE fez um estudo comparativo sobre o grau de exposição das economias da zona euro ao choque do “subprime” e concluiu que Portugal é, de longe, o país mais vulnerável a uma subida rápida e descontrolada das taxas de juro, como tem vindo a acontecer desde Agosto e, de forma mais dramática, desde meados do mês passado. É disso resultado, por exemplo, o tempo que demora a vender uma casa — que aumentou de cerca de quatro para seis meses, no segundo semestre deste ano, tendo já levado a uma baixa nos preços da habitação.
Também na semana passada, o UBS, um dos bancos suíços dominantes e um dos maiores do mundo, anunciou perdas adicionais de 6,8 mil milhões de euros. O Citi esteve semanas sem presidente, porque ninguém queria aceitar o repto e o risco. Acabou por nomear dois jovens dirigentes quase desconhecidos.

A instabilidade dos mercados internacionais começou há meses com as hipotecas feitas sem garantias suficientes, concedidas por muitos bancos nos Estados Unidos. Em resumo, a procura de dólares tinha começado a preocupar a Reserva Federal que decidiu baixar as taxas de juro para evitar um esfriamento da economia americana. Os Bancos Centrais injectaram fortes somas de liquidez para evitar uma crise bancária que, se afectasse os Estados Unidos, contagiaria de imediato o mercado global. É que o momento é inquietante, se tivermos em conta que, nos países industrializados, se vive alegremente navegando na dívida individual e colectiva.
As medidas dos Bancos Centrais foram por isso acolhidas com alívio, numa primeira fase. Mas, se os mercados não outorgarem confiança a essas medidas, pode-se passar, numa questão de horas ou dias, a uma crise que vai gerar o pânico. E uma crise financeira global não pode separar-se de uma crise política. Perante essas medidas de carácter urgente, há que realçar que nenhum banco asiático moveu uma única peça. Quanto aos europeus, poderíamos dar-nos por satisfeitos que a debilidade do dólar nos últimos meses se tenha traduzido numa valorização desproporcionada do euro.
Mas isso não é assim tão tranquilizador. O crédito vai encarecer. O investimento diminuirá e, se nem os Bancos Centrais conseguirem recuperar a confiança, comparada com esta, a crise de 1929 poderá parecer uma anedota. A crise do capitalismo implicou a mudança de praticamente todos os governos do mundo nos dois anos seguintes.
As práticas especulativas dos bancos, empresários e proprietários de fundos de investimento, nos últimos anos, podem muito bem ter chegado ao fim. E o que está para vir, a partir de agora, é tão incerto como preocupante. Os governos, que têm passado os últimos anos a instigar os excessos da finança privada, vão ter agora de atirar-se à água para a salvarem da desgraça.

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:: enviado por JAM :: 12/17/2007 12:22:00 a.m. :: 0 comentário(s) início ::

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Altermundialismo em Bali

Como já foi aqui exposto pelo JR, está a decorrer, até ao próximo dia 14, a 13ª Conferência da ONU sobre as alterações climáticas, um assunto cada vez mais desconfortável, tanto pela vulgarização das tragédias anunciadas, como pelos fortes interesses comerciais que mobiliza.
Embora concorde globalmente com a análise feita pelo JR no referido artigo, não posso deixar de discordar veementemente quando ele afirma que tem “as mais sérias dúvidas de que a Humanidade possa controlar o clima”. Um exemplo de que esse controlo é possível tem-nos chegado da Rússia que, desde os artificialmente ensolarados Jogos Olímpicos de Moscovo, em 1980, costuma usar aviões para espalhar produtos químicos que dispersam as nuvens e impedem a chuva. Para além de actos pontuais como este, parece-me igualmente irrefutável que acções globais, como a desflorestação a grande escala do planeta, tenham como inevitável consequência um impacto pernicioso sobre o seu clima.
Mas, voltando à conferência da ONU, queria destacar a polarização social que se gerou, particularmente à volta da Aldeia da solidariedade para um planeta sem aquecimento, organizada por uma ampla coligação de movimentos cívicos, à margem das reuniões oficiais: organismos como o Movimento Popular Indonésio contra o Neo-colonialismo e o Imperialismo, a Federação Indonésia dos Sindicatos Camponeses, organizações de direitos humanos, de pescadores, de grupos contra os acordos comerciais, Amigos da Terra, Focus on the Global South, ...
Segundo os organizadores, trata-se de “um espaço aberto para reunir todos os homens e mulheres, do Norte, Sul, Este e Oeste, que acreditam que o aquecimento global não pode ser abordado através de soluções de mercado nem neoliberais”. Este tipo de mobilizações bate-se contra as soluções alternativas dos industriais, que promovem, entre outros, os agro-combustíveis, os “desertos verdes” produzidos pelas monoculturas florestais, as grandes represas, a energia nuclear e outros arranjos tecnológicos que, longe de serem soluções, congregam novos problemas ambientais e sociais.
Porque é que os Estados Unidos, as companhias petrolíferas e a indústria automóvel, que desde há décadas vêm negando a existência de alterações climáticas globais, têm vindo a mudar de estratégia? Não é porque de repente se tenham dado conta da sua danosa participação na produção das causas do aquecimento global nem dos ganhos que isso lhes tem propiciado, mas sim porque descortinaram novas fontes de negócios que lhes permitem manter os seus privilégios de lucro e de contaminação.
Nesse sentido, destaca-se a agressiva promoção dos combustíveis agro-industriais à escala global, muitas vezes subsidiados com dinheiros públicos, para o lucro de grandes empresas. Só que, em vez de suavizarem o aquecimento global, vão empiorá-lo mais, porque implicam um aumento massivo das suas causas: mais agricultura industrial, mais consumo de petróleo para a maquinaria agrícola e os agro-químicos, mais desflorestação, mais erosão dos sistemas naturais, ...
Como se isso não bastasse, são também uma nova fonte de atropelos aos territórios e aos direitos dos camponeses que, em todo o mundo, são quem realmente provê a base da alimentação e o desenvolvimento sustentável dos agro-ecossistemas para a maioria da população mundial.

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:: enviado por JAM :: 12/10/2007 12:00:00 a.m. :: 0 comentário(s) início ::

quinta-feira, novembro 29, 2007

O regresso dos escravos

John Kenneth Galbraith denunciou, em tempos, a enganadora associação que existe entre dinheiro e inteligência. A equação que nos querem impingir de que os rendimentos são directamente proporcionais ao talento especulador é tão falsa — pelo menos a longo prazo — como pretender que o império da astúcia e da fraude é mais forte que o conhecimento.
Se Ho Chi Min saísse agora da tumba, assistiria a mais de 10.000 discípulos vietnamitas que iniciaram uma greve, contra as condições draconianas que lhes são impostas por uma empresa local subcontratada pela multinacional NIKE.
Se fosse vivo, o pai do comunismo indochinês dar-se-ia conta de que a sua proclamada confiscação das companhias imperialistas de nada serviu para melhorar as coisas nas fábricas de calçado desportivo do seu país. As empresas multinacionais, cujos tsunamis mundializantes convertem qualquer militante anti-globalização numa ave rara em vias de extinção, estão convencidas de que a sua acção exploradora é inexpugnável. Pouco importa que um empregado vietnamita seja uma criança, que trabalhe 14 horas por dia ou que ganhe apenas 50 dólares por mês.
Sim! Somos todos uns monstros. Compramos umas sapatilhas por 100 euros, ou mais, que na origem são facturadas — na melhor das hipóteses — por dez vezes menos. Mas, pior do que isso, a mão-de-obra asiática que as fabrica não recebe mais do que 1% do preço do produto.
Os seres humanos reinventaram o esclavagismo tão facilmente como se tivessem reinventado a roda. Mas não nos esqueçamos de que — como dizia o filósofo esloveno Slavoj Zizek — o moralismo ocidental, que promove campanhas de boicote aos produtos fabricados por asiáticos explorados, só serve para limpar a nossa consciência... à custa do aumento da miséria dos escravos.

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:: enviado por JAM :: 11/29/2007 10:24:00 a.m. :: 0 comentário(s) início ::

sábado, setembro 01, 2007

Michelle Bachelet e José Sócrates, o mesmo combate

Centenas de milhares de chilenos tentaram manifestar na Quarta-feira para protestar contra o modelo económico neoliberal levado a cabo pela presidente socialista Michelle Bachelet. Mas as manifestações foram severamente reprimidas pela polícia de choque, que não hesitou em utilizar gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar a multidão que manifestava pacificamente.
O senador socialista Alejandro Navarro, que se encontrava entre os manifestantes na Plaza Itália, no centro de Santiago, foi traiçoeiramente atingido na cabeça com um objecto contundente, como mostram as imagens difundidas pela televisão chilena:

A presidente explicou recentemente que “não compreendia que alguém pudesse pôr em causa a vocação social do seu governo, nem as melhorias que ela já obteve”. Mas os manifestantes, entre os quais muitos daqueles que votaram nela, exigem um Estado mais justo e mais social e imputam a falta ao seu modelo neoliberal. Dizem por exemplo que “é inaceitável que quando se faz uma greve os patrões tenham o direito de contratar trabalhadores substitutos para ocupar o lugar dos grevistas”.
Por todo o lado, é cada vez mais patente que o sistema capitalista nunca foi capaz de construir uma tabela de valores e que a única que vem usando é uma escala de valores inspirada na da Idade Média. Mas mesmo essa está a ser desfeita à medida que o capitalismo se vai desenvolvendo.

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:: enviado por JAM :: 9/01/2007 09:25:00 a.m. :: 0 comentário(s) início ::