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quarta-feira, agosto 01, 2007

Quem o diz

Já houve quem se escandalizasse por eu próprio fazer afirmações do tipo que a seguir transcrevo. Se os actuais dirigentes do PS soubessem ler, esse ler maiúsculo que permite transpor as barreiras do escrito literal, teriam vergonha perante o facto de um moderadíssimo socialista se ver compelido a fazer as afirmações que transcrevemos parcialmente:

"O PS tem a alma a definhar. Ainda tem força interior, mas está disseminada por uns miilhares de militantes sem voz. O partido está a perder alma e identidade. A continuar assim, não pode chamar-se socialista, tem de mudar de nome."
[...]
Há novas formas de opressão, a própria União Europeia é uma congregação de multinacionais que têm no Conselho e na Comissão os seus representantes. O que resta da utopia socialista é o Estado Social. Por isso, é importante defendê-lo.
O socialismo é encurtar diferenças sociais e reduzir desigualdades. No fundo, mudar a vida.
[para melhor, depreende-se]
[...]
Mesmo havendo circunstâncias atenuantes, a prática do PS não está à altura da sua responsabilidade. Ao reclamar-se socialista, assume um legado histórico e deve ser fiel a ele.
[...]
Sempre fui moderado no PS. Hoje estou na extrema-esquerda e sou o mesmo! O partido
desviou-se tanto para a direita que, porventura,até estarei quase a sair [risos] ...
[...]
Como descreve a geração que está no poder?
É um produto das circunstâncias. Noto falta de cultura cívica. É gente sem reflexão sobre os comportamentos, a arte, a literatura e a história do nosso povo. A cultura é uma sabedoria que se recolhe da experiência vivida. Muitos deles não têm uma ideia para Portugal, não conhecem o País. Vivem do imediatismo, da conquista do poder. Conquistado, vivem para aguentá-lo. Esta geração vale-se mais da astúcia do que da seriedade. E aprendeu os ensinamentos de Maquiavel.
[...]
O que sente quando olha para o Parlamento?
Uma grande preocupação pelo futuro da democracia. Aquilo deveria ser o lugar de uma elite moral e intelectual. Mas para isso era preciso que as pessoas do povo fossem as «pedras vivas» de que falava António Sérgio. No meu romance autobiográfico, que sairá em Setembro, chamado Rio de Sombras, há um tipo que tem uma filosofia chamada Pantrampismo ...
[...]
Não há marcas de esquerda neste Governo. Essas deviam estar no terreno social mas, como já vimos, os direitos sociais estão um pouco proscritos. Não considero uma marca de esquerda ter promovido o referendo ao aborto, apesar de ter votado sim. Marca de esquerda era cumprir a democracia política, social, económica e cultural.
Dentro do Estado Social o direito à Saúde é fundamental. E aí as marcas não são de esquerda ...
[...]
O PS faz reformas que não devia. Se a direita fosse poder, não teria coragem de atacar o Serviço Nacional de Saúde [SNS] como o PS. E o PS, na oposição, não deixava!
[...]
Uma das formas de atacar o SNS é acabar com as carreiras médicas e transformar os funcionários públicos em assalariados por contrato individual.
Flexigurança, está a ver? Entretanto, anunciam-se grandes investimentos nos privados. Esses grupos só investem porque sabem que a política actual conduz ao definhamento do SNS. Voltamos ao tempo de Salazar, com uma diferença: não é preciso o atestado de indigência para ter atendimento gratuito.

António Arnaut in Visão de 26/07

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:: enviado por RC :: 8/01/2007 12:09:00 p.m. :: 0 comentário(s) início ::

sábado, julho 14, 2007

Maria de Lurdes Rodrigues

Ou Milú, como já vai sendo carinhosamente conhecida. Ar de rapina e seco, o nariz adunco, os lábios finos, aquele ar de megera saída de um romance de Dickens, a voz esganiçada em vaia exemplar a crianças, postura de capataz em praça de jorna alentejana, o discurso e a acção de um suposto "socialismo" supostamente "moderno", tudo seguramente uma máscara que esconde um coraçãozinho ternurento de avozinha carinhosa. Lida mal com a crítica e não gosta que a contrariem. Magister dixit, quem são estes vermes intelectuais para me contrariarem? Como, por enquanto, a oposição, apesar da baixíssima qualidade deste parlamento, ainda não está tão domesticada como o grupo parlamentar do partido do governo, lá vão aparecendo algumas tímidas farpas. Tímidas, porque apesar do estilo tribunício de alguns, a eficácia argumentativa não tem sido grande.

Depois de um secretário de estado a berrar com deputados já não me espanta a capacidade da minha Ministra para ouvir até as omissões. Ora aí está uma grande ideia. Omita-se!


(obrigado ao Kaos por mais esta imagem)

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:: enviado por RC :: 7/14/2007 12:28:00 p.m. :: 1 comentário(s) início ::

quarta-feira, abril 04, 2007

Tolerância de ponto

Acha bem o alargamento da tolerância de ponto ao Parlamento?
De facto o nível da discussão política está elevado. Como diz um amigo meu, os deputados da nação deveriam ir ao parlamento uma só semana no ano. Seria uma forma de reduzir os estragos e assim votariam só o essencial. Afinal o que está em causa é a funcionarização da função de deputado. Quando ouvimos que secretários de estado vão ao parlamento gritar com os deputados e que o governo se está marimbando para a opinião dos seus deputados, está tudo dito.

O que devia ser discutido é se estão reunidas as condições para os nossos representantes exercerem a sua função fiscalizadora e legislativa com independência.

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:: enviado por RC :: 4/04/2007 11:56:00 a.m. :: 0 comentário(s) início ::