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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Stephen Malkmus & The Jicks - ao vivo no Lee's Palace (Toronto), Fevereiro de 2014
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segunda-feira, 2 de abril de 2012
"Se essa maré me der um caldo..."
sábado, 11 de fevereiro de 2012
Jeff Buckley - Discografia Essencial (repostagem)
| "Mystery White Boy" (Ao Vivo) download |
| "Grace" (1994) Legacy Edition (Deluxe) download CD 01 || CD 02 |
| "Sketches for My Sweetheart the Drunk" (póstumo) download (álbum duplo em zip único) |
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
<<< Fugazi: Independência ou Morte! >>>
- breve história de uma das mais importantes
bandas punk dos anos 90 -
"Se a História for simpática com o Fugazi, os discos da banda não serão obscurecidos pela reputação e métodos de trabalho deles. Ao invés de serem conhecidos por seu ativismo comunitário, shows a cinco dólares, CDs a dez dólares, resistência às ordens do mainstream e folclore fictício cercando seus estilos de vida, eles serão identificados por terem fixado um grande nível para excelência artística que é frequentemente buscado mas raro de ser conquistado. Durante sua existência, o quarteto criou algumas das canções de pós-hardcore mais inteligentes, revigorantes e indubitavelmente musicais já feitas. Lado a lado com sua ética underground - que se baseava mais em pragmatismo e modéstia do que qualquer outra coisa - eles ganharam um culto global numeroso e extremamente leal. Para muitos, o Fugazi significava tanto quanto Bob Dylan tinha significado para seus pais. (...) Mais que qualquer coisa, o Fugazi inspirou; eles mostraram que a arte podia prevalecer sobre o comércio." ALL MUSIC GUIDE
O ideal que rege o trabalho e a concepção de mundo do Fugazi praticamente resume o "Evangelho Indie" que brada "Independência ou Morte!": fuja do mainstream e das majors, funde tua própria gravadora (nesse caso, a já lendária Dischord), venda seus discos a 10 mangos e seus ingressos a 5, dê entrevistas quilométricas para zinões toscos de fundo de quintal enquanto levanta o dedo médio pra Rolling Stone e pra NME, e nunca se esqueça de denunciar toda a podridão que se esconde por trás do Esquema do Pop capitalista e da Sociedade do Espetáculo gerida pelas elites - uma indústria cultural ganancioso, fútil, burra, falsária e alienante (pra dizer o mínimo). Tudo aquilo que procure vincular a música à engrenagem perversa de multiplicação de capital, tudo o que tem a ver com fabricação de estrelas a serem amadas de joelhos nos altares do pop, tudo o que é feito tendo em vista o sucesso e aos bolsos cheios de verdinhas é absolutamente repudiado pelo Fugazi.
A salvação, não cansam de dizer eles, é a Independência ardentemente procurada e conquistada, o do-it-yourself, uma espécie de anarquismo comunista transposto para o punk rock e clama: D.I.Y or DIE! Podem ter certeza que esses caras nunca iriam assinar um contrato escravizante com a Warner Brothers ou Sony, nunca seriam anunciados como hype num Top Of The Pops, nem nunca iriam permitir que seus CDs ou shows custasse mais do que o proletariado pode pagar. Por tudo isso e muito mais, o Fugazi é hoje é matéria de lenda: uma das mais influentes, incendiárias e inspiradoras bandas dos anos 90, cuja música altamente virulenta e empolgante encontra ampla ressonância na práxis concreta e na atitude política.
Ou seja, a Dischord é quase uma empresa sem fins lucrativos atuando muito mais por devoção ao punk rock do que por ganância financeira. O próprio MacKaye esclarece: "um aspecto dessa gravadora que resultou em nossa longevidade é que eu odeio a indústria de discos. Eu nunca quis possuir uma gravadora em si. Eu queria lançar discos e eu odiava tanto a indústria que não conseguia suportar a idéia de qualquer outra pessoa lançando os discos... pois eu nunca pude confiar neles." Uma boa amostra do que fez a gravadora nessas duas décadas de vida pode ser encontrado no BOX 20 Years Of Dischord, recentemente lançado nos EUA, que resume em 3 CDs o que de melhor foi gravado nos estúdios do selo.
Além dessa radical tomada de posição anti-capitalista, o Fugazi também é famoso por seguir e "propagandear" o estilo de vida Straight-Edge, filosofia prática que não deve ser familiar àqueles que não estão inteirados com os subterrâneos da cena punk, valendo a pena então dar uma clareada no seu significado: "Straight Edge" é, antes de mais nada, uma música do Minor Threat, a banda de hardcore que Ian MacKaye chefiava na segunda metade dos anos 80, música que serviu para batizar este "movimento comportamental" dentro da cena punk. Os mais fanáticos seguidores vêem nele muito mais do que uma modinha ou do que o nome de uma tribo urbana: para eles, Straight Edge é uma ideologia seguida com uma ortodoxia digna de um religioso fervoroso. Para os detratores, os punks straight-edge representam a parcela mais "puritana" e "moralista" dentre os punks, mas não há poucos que ressaltam o fato de que o straight-edge foi importante para provar que ser um punk, ao contrário do que dizem os reaças, conformistas e fascitóides em geral, não era sinônimo de ser imoral, violento ou vândalo mas, pelo contrário, incluía valores éticos como autonomia, autenticidade, auto-determinação, sensibilidade às desigualdades sociais, engajamento político contra os males do alcoolismo, da dieta carnívora e das políticas conservadoras.
A filosofia straight-edge solicita de seus seguidores que não consumam nenhuma droga (nem mesmo o álcool), que não se entreguem a relações sexuais casuais e promíscuas, que pensem com uma "mentalidade comunitária", que não se deixem nunca dominar pela violência e pelo vandalismo, dentre outros preceitos. Há até mesmo aqueles que se pronunciam convictos vegetarianos (a sub-seita vegan é forte dentro do universo straight-edge). Apesar de haver uma série de bandas underground que se dizem straight-edge, o Fugazi e o Minor Threat permanecerão sempre como as duas bandas-símbolo do movimento e Ian MacKaye, queira ou não, como o messias dessa religião laica...
As mitologias que circulam por aí sobre os membros da banda beiram a lenda folclórica e acabam desviando a atenção pra longe do som: "Uma vez que a banda não dava entrevistas para publicações grandes, alguns jornalistas foram deixados livres para improvisar e optaram por tomar licença criativa. As fofocas entre a base de fãs era igualmente imaginativa. De fato, alguns dos caras que iam aos shows poderiam se surpreender de ver a banda chegar aos locais em vans, e não num comboio de camelos. Aqueles que falavam com membros da banda ficavam surpreendidos de ouvir que eles viviam em casas - e não em monastérios - com calefação funcionando... e que suas dietas não eram estritamente à base de arroz", diz o bem-humorado cara da AMG.
Pois bem: os fatos, depois dos mitos. A banda começou sua caminhada em 1987, na capital americana Washington D.C.c, formada das ruínas de algumas bandas importantes na consolidação do hardcore e do emocore americano. Do Minor Threat, banda de breve carreira que é hoje considerada uma das mais importantes da história do hardcore (lado a lado com os Dead Kennedys, o Husker Du, o Discharge...), saiu o vocalista Ian McKaye. Do Rites Of Spring, o guitarrista e vocalista Guy Picciotto. Foram complementados pelo baixista Joe Lally e pelo baterista Brendan Canty. Através dos anos 90 e 00, lançaram (sempre via Dischord) os seguintes álbuns: 13 Songs (que reúne os dois primeiros EPs lançados pela banda, o auto-entitulado de 1988 e o Margin Walker de 1989), Repeater (1990), Steady Diet Of Nothing (1991), In On The Kill Taker (1993), Red Medicine (1995), Instrument (trilha-sonora, 1998), End Hits (1999) e The Argument (2001). Após o fim da banda, McKaye e sua esposa formaram o duo The Evens, com dois álbuns lançados.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
<<< O Vaca e o Porão: aperitivos! >>>
É o Terra Celta invadindo o Sertão...
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Já entrevistamos a galera do Fusile um tempo atrás, empolgados com um dos EPs de estréia mais apetitosos do rock nacional nos últimos tempos. Agora tivemos a chance de ver ao vivo o ska-core maníaco dos mineiros e compravamos: é coisa fina. Apesar das comparações com o Móveis ou o primeiro Los Hermanos, estes fusiladores me soam mais como estas big-bands modernas tri-legais como o Squirrel Nut Zippers e o Big Bad Voodoo Daddy. Boom boom boom!
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Rivalidade futebolística às favas, frisemos que nuestros hermanos argentinos do Los Primitivos fizeram um dos shows mais dilícia do Porão deste ano --- e depois repetiram a dose tocando no Vá Tomar no Kuka de Goiânia. Foi talvez a mais grata atração internacional do festival brasiliense, que contou ainda com Supersuckers e The-Right-Ons. O power-trio doidão de Buenos Aires toca um psychobilly retrô com a safadeza e a naturalidade com que Maradona fazia gols com a mão. E o título do primeiro álbum mostra bem as intenções malévolas dos sacanas: querem rockear "hasta que caigas muerto"!
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Fazendo jus à sua posição vanguardista na ascendente cena instrumental brasileira, que conta ainda com o Macaco Bong e o Hurtmoldt (dentr'outros), os gaúchos do Pata de Elefante fizeram um dos shows musicalmente mais ricos do Vaca. Belíssimos solos de guitarra deitam-e-rolam sobre um cabuloso groove cozinhado pelo resto da manada. Este mamute, apesar de seu peso, mostra uma grande facilidade em alçar vôo. Chuuupa, Dumbo!
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Logo mais tem mais!
(Fotos: Goiânia Rock City) Tweet
sábado, 10 de abril de 2010
:: Pavement For Dummies ::
Taí uma oportunidade supimpa pros leigos conhecerem várias fases e tendências de uma das mais seminais bandas noventistas --- da faceta low-fi / róque de baixíssimo orçamento à la Guided By Voices (e que gerou Slanted & Enchanted, um dos debuts mais cultuados da década) às doideras tortas à la Velvet Underground, das pós-punkices que vão no rastro do The Fall às letras crípticas, nonsense e cheias de referências pop que só encontram paralelo na lírica dum Beck ou At The Drive-In.
Não percam, pois, este discaço que vem em muito boa-hora pra nos lembrar que fodástica banda era (e é!) o Pavement. E que este disco nos instigue a cair de cabeça, mais uma vez, nestes 5 grandes álbuns que eles nos legaram, algumas das melhores obras do rock alternativo americano nos anos 90. Gold soundz!
Para mais info, remetemos à bela matéria da Pitchfork. Glue there!
domingo, 27 de dezembro de 2009
:: Projetores Sujos ::
:: DIRTY PROJECTORS ::
"I want to believe that the creative life is a sustainable life, and that
invention is an endless renewable resource. It's depressing to think of
creativity as psychic deforestation -- I don't want to be bald at the end of this.” --- David Longstreth
Projetores sujos não necessariamente estragam o filme: talvez o deixem mais vago e onírico, surreal e bizarro, psicodelizando o que seria sem graça se viesse sem distorções. Imaginem que massa um filme de David Lynch ou Guy Maddin projetado por lentes imundas sobre um lençol esvoaçante! Talvez ter isto em mente ajude os viajantes a curtirem a estranhíssima viagem de cinema auditivo que o Dirty Projectors nos oferece com seu Bitte Orca, um dos discos mais celebrados (e esquisitos) de 2009.
Já no novo álbum, universalmente aclamado como o ápice da carreira da banda, os Projectors viajam felizes por um amplo espectro sonoro, realizando "uma perfeita união entre excentricidade e acessibilidade" (como diz a resenha do A.V. Club). "Virtuosístico mas lúdico, imprevisível mas acessível, Bitte Orca não é um álbum de gênero, encapsulando idéias em demasia para poder ser arquivado convenientemente sob o rótulo 'indie' ou 'experimental'", escreve a Slant (que os compara aos Books, aos Battles e ao Of Montreal).
Findo este 2009, ano fértil em experimentalismos (a julgar pelos álbuns do Animal Collective e do Grizzly Bear, ambos incensados pela crítica mundial), o Dirty Projectors vê-se sagrado como uma das bandas de saco-mais-puxado pelos cri-cris: Bitte Orca foi eleito o 2º melhor disco do ano tanto pela revista Time (ficando atrás de Brad Paisley) quanto pela Pitchfork (que elegeu o Animal Collective) – dois vice-campeonatos de muita responsa. Entrou ainda no 6º posto da Rolling Stone e no 4º da Pop Matters. Como se não bastasse, eles têm feito timinho com jogadores de peso, como o Talking Head David Byrne (fizeram juntos um som pra coleta Dark Was The Night).
Mateus Potumati, do +Soma, destaca que a banda gerou "uma onda violenta de reações que vão da adoração efusiva - aí inclusos nomes como David Byrne, Arto Lindsey e Caetano Veloso - ao ceticismo e ao mais franco desprezo". Isso devido ao radicalismo de "sua abordagem vanguardista de estilos variados como o punk, o indie rock, a no-wave, o pós-punk, a música africana, o hip-hop, a composição européia contemporânea e os ares tropicalistas".
O Dirty Projectors, sobre o palco, emanava esquisitice. Um tanto fora-de-contexto num dos dias mais noisy do festival, subiram ao palco do Centro Cultural Martin Cererê depois que tinham passado sobre os tímpanos do público verdadeiros rolos compressores de barulho assassino: o stoner rock do Black Drawing Chalks, o pãnque-métal do Mechanics e o tosqueira'n'roll das Mercenárias. Foi um tanto estranho ver a boniteza folk "Two Doves", cantada lindamente pela gracinha da Angel Deradoorian, com uma guita limpinha a acompanhando, depois de tanta balbúrdia e insanidade. O que para alguns foi um começo "morno" me pareceu, muito mais, um prelúdio sussa para uma viajada jornada que, aos poucos, foi conquistando o público - que pode ter entendido pouco, mas que soube abandonar-se a sentir muito.
Me pareceu que os Projectos ouviram os discos dos Talking Heads com muita devoção, em especial o clássico Remain In Light (1980), mas que tentam simular aqueles cabulosos grooves criados por Byrne & cia sem antes dar um rolê, pelo menos, por Funkadelic e Sly & The Family Stone - pra não falar em malandros remolejos africanos. Mas dá pra notar que estão indo na ondinha de valorização das sonoridades africanas, que conta com outros defensores no Vampire Weekend, desconstruindo os clichês do pop sem medo de cair na bizarria.
Pasmo frente à estranheza do show, eu me perguntava quando é que o vocalista tinha sido liberado do hospício e quando foi que tinha começado a perceber que fazer música podia ser boa terapia contra a esquizofrenia... Não à toa já andam chamando Longstreth de “mad genius”! Ele parecia quase às beiras de ter un "ataques epiléticos" à la Ian Curtis, mas não tinha o mínimo “pudor” em fazer suas “dancinhas” - uma delas que eu logo apelidei de “pescocinho”, em que ele ficava bicando o ar como uma galinhazinha de pescoço de elástico que algum adolescente peralta tivesse feito fumar maconha... (Desculpem, mas só metáforas muitíssimo estranhas descrevem a coisa!).
A guitarrinha de Longstreth, mais rítmica do que solante, é do tipo que nos deixa indecisos quanto ao talento do músico, mas que não deixa que se duvide do quanto ele é criativo e amalucado ao lidar com suas próprias limitações técnicas. Mateus arrisca uma descrição, mais ou menos precisa (mas nenhuma precisão é possível na transmissão deste bizarre-way-of-playing), dizendo que "Dave Longstreth alternava, na guitarra, a levada à The Contortions com solos que remetiam a um Robert Fripp ou Steve Howe como vistos por Stephen Malkmus".
Já a gracinha de vocalista Angel, vestida num pijaminha amarelo quase infantil, como quem quisesse se sentir de volta ao quarto onde aos 5 aninhos pela primeira vez começou a cantar frente ao espelho, dava a sensação de não ter nascido para o palco e de não saber ao certo o que fazer de si mesma ali em cima -- mas mandou bem com seu "timbre delicado e folk, que se situa entre a voz de uma Joanna Newsom e a de uma Björk" (+Soma).
Para adicionar esquisitices ao quadro já bizarro, as três vozes femininas entoavam cânticos malucos, como se tivessem sido alunas de uma instituição psiquiátrica ou orfanato-reformatório -- o ápice sendo a bela "Stillness Is The Move". Em muitos momentos, davam a nítida impressão de estarem cantando em línguas estranhas, remetendo a “I Zimbra”, música de Fear Of Music em que Byrne constrói uma letra inteira com fonemas que nada significam – ou seja, canta num idioma inventado, fazendo das concatenações de sons arbitrários e sem sentido a inebriante matéria do canto.
Precioso privilégio o nosso: o de poder ver ao vivo os Dirty Projectors justo no momento em que eles, na crista da onda, são consagrados como uma das mais marcantes bandas de 2009. Ouvir Bitte Orca repetidas vezes, abrindo-se à tanta criatividade concentrada e dispersa, é não só ótimo para expandir horizontes sônicos como também é uma lição maior. A de que às vezes “louco” é só um rótulo que os babacas grudam naqueles que se comportam de modos que eles não podem entender ou aceitar - e que são, muitas vezes, muito mais autênticos e criativos do que os comportamentos estereotipados dos normopatas. Caso de Longstreth, artista amalucado que bota fé que o processo da criatividade possa ser contínuo e perpétuo: a criação não gera um "desflorestamento cerebral" e não nos deixa carecas no fim do processo.
BITTE ORCA (2009)
http://www.mediafire.com/?xdj1m2znlh5
DAYTROTTER SESSIONS
:http://www.mediafire.com/?xuzumhjzjgw
LINKAIADA0: O GLOBO -- SLANT -- PITCHFORK -- +SOMA -- G1 -- DAYTROTTER -- A.V. CLUB -- KID VINIL -- MTV --IG -- INDEPENDENÇAS -- RRAURL --
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sábado, 5 de dezembro de 2009
Rockin' the party
Vinda diretamente de St. Louis - EUA, e com um nome até bastante xexelento, LUDO é uma daquelas bandas extremamentes viciantes que te fazem recusar a cervejinha do final de semana ou até mesmo esquecer que seu namorado ta te esperando com a barraca armada no quarto.
O power pop que eles fazem é irônico, inteligente, cheio de non-sensices e mais do que dignos de capas em NME, Rolling Stone ou Clashs da vida.
Resumindo, é tipo aquela banda que você daria tudo pra fazer parte dela. (isso é um comentário particular).
Fazia muito tempo que não via um clipe de tamanha criatividade - e aproveitamento de orçamento limitado, o que prova de uma vez por todas que, como diria o profeta Faustão, essa é uma das maiores bandas dos últimos tempos. Eu acrescentaria dos últimos tempos que ainda estão por vir, graças ao (não por muito tempo) anonimato no choubiznes. E tanto é que o çuçeço dos caras já foi previsto pelo Dr. House, cuja penúltima temporada conta com a mesma "Love me Dead" na trilha sonora. É pura poesia e frases como "How's your new boy? Does he knows about me? You've got the mark of the beast" pululam disco abaixo.
O primeiro cd "LUDO" é um garajão de primeira, já "You're awful, I love you" é de estourar os tímpanos, contagiante como ele só. "Broken Bride", o terceiro, segue a mesma linha, mas com uma maturidade maior sem deixar de lado o lado pop, indie, rocker, ou qualquer coisa que possa identificar a banda.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
:: Casey Dienel ::
[ ENTREVISTA EXCLUSIVA ]
Casey Dienel foi a primeira artista por quem senti uma admiração e identificação suficientes para vencer minha timidez e desejar entrar em contato, conhecê-la melhor, trocar idéias e impressões, dar um feedback repleto de gratidão... Depois de vários e-mails trocados, em que meus mimos e elogios foram recebidos com muita alegria e cortesia pela pequena, Casey topou me dar uma entrevista mais minuciosa - publicada, anos atrás, na capa da Revista Rabisco. Isso se deu um par de anos atrás, antes dela mudar seu nome para White Hinterland e lançar o segundo álbum; mas nada nas declarações dela soa datado. Pelo contrário: eis aí uma excelente key-hole por onde espiar um pouco da instigante e talentosa mente que criou dois álbuns tão lindos.
Poucos sabem disso, mas Casey Dienel, um dos segredos mais bem guardados da música americana, é uma das mais brilhantes e talentosas das cantoras/compositoras que surgiram nos últimos anos. A moça, que cresceu numa cidadezinha do Massachussets e depois se mudou para Boston para estudar música, foi uma criança de talentos precoces: tocava piano aos 4 anos de idade e beirando os já 10 compunha suas primeiras canções, trancada a sete chaves dentro do quarto, onde também se deleitava afundando o nariz nos livros. Não surpreende que uma garota que cresceu nutrindo um amor simultâneo pela poesia, pela literatura e pela música tenha se transformado numa artista de talento que transborda por todos os poros.
Wind-Up Canary (2006), seu álbum de estréia, lançado pela pequena HUSH Records, teve repercussão mínima dentro do circuito indie – o que é uma pena, já que o disco, absolutamente sublime e encantador, merecia ser recebido com uma salva de palmas mais intensa de público e crítica. Na linha de Regina Spektor, Aimee Mann, Fiona Apple e Nellie McKay, mas incluindo também influências mais ancestrais de Joni Mitchell e Chet Baker, a mocinha cometeu um álbum de doçura e poesia capazes de comover até os corações mais empedernidos.
Ainda com 20 e poucos anos de idade (ela é de 1985), Casey permanece ainda bastante obscura fora do circuito independente e vai lentamente galgando degraus rumo ao devido reconhecimento. Nesta entrevista exclusiva concedida por e-mail, a cantora narra um pouco seu passado como "criança prodígio", destaca sua paixão pela literatura e pela poesia, comenta a respeito do processo de composição das letras, pondera a respeito de seus planos para o futuro e sua relação com o sucesso comercial e a indústria da música, entre outras coisas. Voilá:
CASEY: Se eu fui uma “criança” especial, eu nunca fiquei sabendo! Mas eu de fato penso que eu fui uma espécie de “sabe-tudo”, apesar de meus pais terem criado a mim e à minha irmã para sermos bastante auto-depreciativas e humildes em relação a assuntos como arte. Mas eu definitivamente não era uma criança-prodígio, e, pior, sempre fui bastante tímida... Então eu não costumava falar muito sobre os meus interesses – eu achava que escrever canções era como qualquer outro tipo de ofício que a pessoa cultiva privativamente... Eu sempre fui um tanto reservada, misteriosa. Fui às aulas por minha própria vontade quando eu tinha 4 anos – e eu me sentia realmente atraída pelo piano e pelo violão, mas o violão era grande demais para uma menina de 4 anos! E desde então eu acho que eu sempre fui bastante auto-motivada sobre música, em parte porque eu estou fazendo música para mim mesma, e não tanto para o público... A parte do público é uma das últimas coisas que eu penso quando me ponho a fazer música.
E: Li sua confissão de que você cresceu com “o nariz enterrado nos livros” – e adivinho que foi daí que você retirou seu grande talento com as palavras... Acho que uma das grandes qualidades da sua música é o fato de ela possuir um “sabor literário” - eu posso considerá-la quase como “declamação de poesia”... Você diria que sente mais carinho pela literatura do que pela música? E quais dos grandes letristas você diria que admira mais? Você lê bastante poesia e tem alguns poetas favoritos que descreveria como inspiradores?
CASEY: Estas são questões bastante extensas! Eu acho que a literatura é a mais elevada das formas das belas artes, e, na minha opinião, a mais desafiadora de ganhar domínio sobre. Eu desde muito nutro uma profunda admiração pelo modo como as palavras são encadeadas. Na escrita, você não pode apelar para os sentidos para criar imagens ou personagens ou histórias - você tem apenas a sua esperteza para evocar emoções e visuais. É como alquimia, o verdadeiro sentido de "criar alguma coisa do nada". Eu não diria que minhas canções são particularmente "literárias", mas eu realmente dedico um bom bocado do meu tempo para as letras, tentando criar imagens que são imediatamente visuais para o ouvinte, ainda que seja algo ou alguém que eles não estejam familiarizados com. Outros letristas que conseguem me transportar para outro tempo e espaço são provavelmente Leonard Cohen e Bob Dylan, mas eu também penso, em termos mais simples, nos Beatles.
Cohen e Dylan usam detalhes sem serem arbitrários, para aprofundar a pintura do retrato - ao mesmo tempo que criam incríveis melodias e estruturas de canção. Lennon & McCartney podiam pegar linguagem simples e revivê-la com uma idéia de sentido completamente nova. Eu acho que as canções dos Beatles são tão clássicas porque as letras são tão honestas e permitem que as melodias carreguem as músicas. Algumas vezes músicas só precisam ser músicas! E é importante ser cauteloso quanto ao que a música significa pra você, ao invés de tentar empanturrá-la com frases ou versos exóticos.
CASEY: Putz! Eu dediquei praticamente o ano todo para fazer outras coisas que adoro – pintar, cozinhar, fazer bolos e melhorar na bicicleta e na yôga. A música eu acho algo tão intrínseco ao modo como eu me viro na vida do dia a dia, que neste momento eu não vejo qualquer razão que me impeça de estar fazendo canções até a terceira idade. Mas o tempo algumas vezes tem outros planos em mente, e eu não tenho a menor vontade de arranjar briga com o tempo. Minha esperança é que eu possa continuar fazendo isso e que possa continuar a me perguntar as Questões Duras e Assustadoras. Eu realmente não tenho expectativas concretas – ideais de sucesso e coisas assim. Eu só me certifico de perguntar a mim mesma enquanto vivo: “você está feliz?” Se eu acabar sendo uma velhinha trabalhando numa livraria no Maine com um pequeno jardim de vegetais, não me sentirei decepcionada!
E: Agora uma pergunta mais filosófica, talvez um tanto difícil de responder! Em algumas das suas letras, eu posso sentir uma espécie de “angústia”, talvez, em relação à passagem do tempo e ao fato de que a alegria sempre parece ser efêmera – a alegria e tudo o mais que existe, na verdade. Como quando você canta: “assim que nos acostumamos com uma estação ela se vai, e é somente com isso que podemos contar...” (em “Cabin Fever”), ou no lindo verso de “Better in Manhattan” que diz que “o paraíso é um lugar que se visita, mas não um lugar pra se morar”, ou mesmo no triste finalzinho de “Fat Old Man” em que você diz: “nada muda quando você se vai, tudo prossegue...”). Você realmente percebe o mundo como um “oceano de impermanência”, por assim dizer?
CASEY: Hmmmm... Bom, eu não diria que eu sinto qualquer sensação de “angústia” em relação à mortalidade. A mortalidade é a nossa verdade como humanos, e acho que a verdade nos libera de sermos só ‘alegres’ ou só ‘tristes’. Nós somos máquinas complexas, e frequentemente sentimos ambas essas emoções, tudo ao mesmo tempo, às vezes uma mais que a outra, mas eu considero quase impossível realmente separá-las. Não gosto de dissecar e esclarecer os sentidos das canções para os ouvintes – em parte porque eu fico realmente super curiosa para ver como os outros as interpretam! Eu coloco elas pra fora com esperanças de que elas se tornem mais do que somente canções minhas. Mas eu acho que apesar do tempo nos lembrar freqüentemente de que é ele quem está no comando, há uma boa razão que explica porque nós o marcamos com aniversários, feriados, festivais, estações etc. A transformação do mundo é bonita, mesmo que ele não seja permanente.
E: Apesar de não dar pra dizer que você escreve “canções autobiográficas” (do jeito que a Fiona Apple escreve, por exemplo), eu realmente sinto como se eu pudesse te conhecer muito bem depois de ouvir seu disco muitas vezes. Será isso uma ilusão ou será que essas músicas realmente podem servir como uma espécie de “portal para a sua alma”, um pequeno buraco na fechadura através do qual nós podemos desvendar ao menos um pouco de quem você realmente é?
E: Estou curioso para saber um pouco sobre a repercussão da sua música fora dos Estados Unidos. Em quais países você diria que a resposta do público foi mais intensa e gratificante? E você já chegou a tocar ao vivo no exterior?
CASEY: Eu estou bastante alheia e ignorante a toda a resposta internacional. Ainda não toquei no exterior ainda, exceto no Canadá, embora eu esteja ansiosa para fazer isso no futuro. Eu realmente ainda não procurei como fazer tudo isso ainda, mas acho que a partir do próximo álbum eu gostaria de começar a viajar através dos oceanos. Eu recebo e-mails muito simpáticos da Escandinávia, e, é óbvio, do Brasil! Isso me faz divagar sobre como as pessoas descobrem sobre todos esses diferentes artistas! Eu sinto como se minha coleção de discos estacionou em 1979, e eu nunca sei quem é ninguém desses artistas novos, embora eu provavelmente deveria. Eu sequer ouço CDs! Tudo é em vinil pra mim. Eu vivo na Idade Média!
CASEY: Eu não tenho a mínima idéia sobre como me sinto sobre o futuro – mas enquanto as coisas acontecerem de modo orgânico, vou estar contente. Não estou com pressa para chegar ao “próximo estágio” ou qualquer coisa que seja... Nem sei o que é isso. Eu nunca realmente me senti muito “romantizada” pela indústria da música. Eu respeito a necessidade que ela tem de transformar minha arte numa carreira – mas além disso eu acho que a indústria é um pouco superestimada, e isso é parte do porquê eu me rodeio com pessoas que estão fora dela. Talvez eu poderia ser mais ambiciosa, mas eu acho que estou muito mais preocupada com as músicas em si mesmas e em ser uma pessoa serena e feliz. Eu não me oponho a ter um público mais vasto ou poder me sustentar através da música, ao invés de trampar em [barista jobs] etc. Eu acho que eu tento não me concentrar muito nessas coisas – se acontecer, aconteceu. É que eu realmente não quero gastar meus 20 anos correndo por aí a ponto de não poder curtir meus amigos, família e vida cotidiana. Não vejo o sentido. A celebridade não chega nem perto de ser tão preciosa pra mim quanto estes três itens que citei. Pode soar sentimentalóide, mas é verdade!
DISCOS:
1. Beatles—Revolver
2. Bob Dylan—Live at Albert Hall ’65
3. Joni Mitchell—Blue
4. Debussy String Quartet
5. Thelonious Monk- Monk’s Time
FILMES
1. Five Easy Pieces (Vi pela primeira vez outro dia, e acho que nunca vou conseguir me cansar dele! Parece simples no começo, mas é repleto de complexidade na essência!)
2. Harold and Maude, de Hal Ashby
3. qualquer dos curtas-metragens mudos do Buster Keaton (para serem assistidos ouvindo o disco do Thelonious Monk!)
4. Annie Hall – Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, de Woody Allen
5. My Fair Lady, de George Cukor
LIVROS
1. Beneath the Wheel do Herman Hesse
2. A Insustentável Leveza do Ser do Milan Kundera
3. I Capture the Castle do Dodie Smith
4. O Tambor do Gunther Grass
5. Chez Panisse Cooking da Alice Walters (Eu sei que parece doidice, mas eu adoro ler sobre comida quase tanto quanto curto comê-la! Esse livro de receitas é clássico.)
E: Algumas vezes eu suspeito que vocês artistas possam ficar bravos com os entrevistadores quando eles não perguntam aquilo que vocês gostariam de responder... Então vou propor um pequeno jogo bobo: faça uma questão a si mesma e a responda!
questão: Quando você se sente mais inspirada e feliz por estar viva?
resposta: Nos primeiros momentos da manhã ao nascer do Sol – a luz me faz desejar estar de pé e cantando. É luminosidade inadulterada – nova e um tanto insegura de si mesma, mas que se espalha sobre tudo até você sinta como se estivesse vendo o mundo pela primeira vez. Isso me faz cair apaixonada mais uma vez [It makes me fall in love all over again].
: D
DOWNLOADS:
http://www.mediafire.com/?mcyo1roz3wh
http://www.mediafire.com/?v421ymmgdtc