(Fotografia: Cris de Souza)
Suíte para uma pisciana numa indisfarçável baía
I
Acalenta, sim.
Acalenta.
Quando disfarço,
é para dizer o contrário
como se
me arrancassem a língua,
mas qualquer outra coisa
que o diga
poderia atrapalhar
a separação do joio do trigo,
e não seria para menos
se o tanto que te falei
ou o tanto que te pedi
não fizesse o vento
tão peremptório
atrapalhando
a conjunção das borboletas.
Mas estamos quites.
II
As sereias
nunca negaram a entranha
que não ostentam.
Despi-las,
sempre foi
um estranhamento.
Sempre foi um nexo
absurdo
no mundo oblíquo dessas
sacerdotisas.
III
Além de ti,
a última sentença que prolato,
entretanto, é minha discreta
mão
singrando o vento fosco
e morrendo infinda no
limite
da sua baía.
(José Carlos Sant Anna)
* O autor escreve AQUI.