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sexta-feira, 14 de junho de 2013

A Poética Profunda de Sant Anna

(Fotografia: Cris de Souza)


Suíte para uma pisciana numa indisfarçável  baía

I
Acalenta, sim. 
Acalenta. 

Quando disfarço, 
é para dizer o contrário 
como se 
me arrancassem a língua, 

mas qualquer outra coisa 
que o diga 
poderia atrapalhar 
a separação do joio do trigo, 

e não seria para menos 
se o tanto  que te falei 
ou o tanto que te pedi 
não fizesse o vento 
tão peremptório 
atrapalhando 
a conjunção das borboletas. 

Mas estamos quites. 


II
As sereias  
nunca negaram a entranha 
que não ostentam. 

Despi-las,
sempre foi 
um estranhamento. 

Sempre foi  um nexo absurdo 
no mundo oblíquo dessas sacerdotisas. 


III
Além de ti, 
a última sentença que prolato, 
entretanto,  é minha discreta mão 
singrando o vento fosco 
e morrendo infinda  no limite 
da sua baía.

(José Carlos Sant Anna)

* O autor escreve AQUI.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Um poema bestificado


O adeus é ateu?


Parto pela porta
- Porta que embaçastes
Como se fosses
Tu que me abominasses
Com o toque das mãos?


Sem situar a omissão,
Suspeito da lente
Encardida:


Vejo vozes sacudidas
Vaiando por trás do andar
Da despedida


Parto pela porta
- Porta que excomungastes
Como se fosses
Tu que me abandonasses
Com o terço nas mãos?


Sem saber a oração,
Suspeito da frente
Espremida:


Vejo vozes suicidas
Vivendo por trás do altar 
Da despedida


(Cris de Souza)



quinta-feira, 29 de novembro de 2012

TEXTOS TRANSFIGURADOS DE JOELMA BITTENCOURT


Uma palavra
sem pena
não faz poema


Tantas sobras
atravancando
caminhos:

passarinhos
passarinhos
limpem o chão!


Somos ínfimos demais
para certos lugares?

Repara! 
há lugares imensos
cabendo na gente.


Palavra

é rio sem água

e se corre

e deságua
é por força
de um olhar


Das tantas vezes
que me perguntaram
respondi: sou não...
mas há em mim quem duvide.


O bom poema
é aquele que varia
conforme os humores!


Caro Leminski
caso não saiba
aviso que o bicho alfabeto
agora tem vinte e seis patas
ou quase


(Joelma Bittencourt)


* Para ler mais a poeta de mão cheia, clique AQUI.



Fala- Secos & Molhados

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A POÉTICA PRIMOROSA DE WILSON NANINI


reciclagem
com a nudez ao lado saber
dar bom uso à insônia


suicídio
em entressafra de afetos
semeiam-se as pirambeiras


saudosismo
um trem de ferro vai para
os longes vai para a
fábula vai para sempre


poesia
multicolorir os ceróis, os sóis cruéis
me põe a salvo? me põe como que
um algo sedado: isso me basta?



enxame
de longe era quando
chegou perto não
era era
uma revoada


desejos
o do rio, ser céu; o do céu, ser rio;
o do pássaro, estar entre


poetave
eu, antes adaga, agora a-
ve para que onde houver fronteira
haja asa


poetave II
passo a catástrofe da passagem
de um a outro instante me indagando:
“derivo de que ave?”




Drummond me desrinbadiou


cda (reinterpretado)

essa pedra no meio do caminho
essa pedra no meio do caminho
se não fosse pela fadiga
se não fosse pela fadiga
eu chegaria ao outro lado dela
eu chegaria ao outro lado dela
através de um túnel
através de um túnel
esculpido
(inventado)
com a minha própria língua


- Wilson Nanini- 



Para ler mais o poeta vivo clique AQUI.

sábado, 25 de agosto de 2012

QUATRO POEMAS DE CRIS DE SOUZA



A criatura em perigo

muda de cor
a oração
como um reles
camaleão.

Monstruosa madrugada

dou voltas pela casa
casa envolta em sono

mas que acorda
um monstro 
 mais que a corda
em meu pescoço
  

Latim de longa data

feito um romance
que ficasse em aberto            
e perto do peito
desperto

feito um romance
que ficasse em aperto           
e parte do peito
deserto

por ser lento por dentro:
sem  temer desde cedo?

por se lido por dentro:
sem temer o desfecho?
Haicai acordado

no correr da insônia
sonâmbula é a sombra
                  dos meus dedos
 

Encontre mais da poesia de Cris AQUI e ALI