Um terror de cães com a rua dobrada
(o vento a arder uma representação violenta da passagem), recado posto em meio
à brancura da geladeira, lembro dum grito colorido de
sirene: apalpar a noite é um começo
de escrita, falávamos disso, os nossos labirintos,
e dissolvendo o açúcar
de cada angústia no nosso demônio
bêbado: transávamos o desejo se inventando, as infâncias comedoras de éter.
Periferias,
tiro, bala, bilhetes como corpos
transpirantes para drogar os olhos, e após as linhas, no fundo sanguíneo de
paredes úmidas.
Redigidos à mão nervosa, solucionaram
encontros sob uma janela de fundos falsos. Olha lá fora, na esquina dos versos
envelhecidos,
onde marcham são já os que não
deveriam passar, temperados pela escuridão (sobre eles, idealistas conjecturarão
a maldade), repara que
tremeluz em cada a feição própria do
abismo.
(Deve recordar que chorei,
derradeiro, o hino socialista que cantou seu sorriso.)
*
Poema de Viktor
Schuldtt. Leia mais do autor em: http://desterritoriosilencios.blogspot.com.br