Escritores Portugueses Quotes

“Mesmo imaginada, uma dor continua a ser uma dor: está lá quando nos deitamos à noite, está lá antes do pequeno-almoço.”
― João Tordo, O Bom Inverno

“Será sempre um mistério. Mesmo que alguém descubra a origem das galáxias, ou se há ou não deuses verdadeiros, é um mistério a violência de que são capazes as pessoas que se amam.”
― Rodrigo Guedes de Carvalho, Jogos de Raiva

“Sem escritor não há livro porque não há texto; sem editor não há livro porque não há publicação. É um jogo de poder.”
― João Tordo, Manual de Sobrevivência de Um Escritor ou o Pouco que Sei Sobre Aquilo Que Faço

“Já toda a gente teve essa experiência: é mais fácil ter ideias em conjunto do que sozinho, justamente porque com as ideias, mesmo não se sabendo explicar como surgem, percebemos que o facto de haver um choque entre duas perspectivas diferentes produz, normalmente, um efeito, que faz com que seja mais rápido chegar a uma ideia final. – Ricardo Araújo Pereira”
― Nelson Nunes, Com o Humor não se Brinca

“Há pessoas que dizem: o humor é a arma dos fracos. E a gente diz: não é, ou melhor, não é só. Claro que é a arma dos fracos, porque os fracos não têm acesso a outras, por isso é que são fracos. Se tivessem acesso às outras, cagavam nesta, porque as outras é que aleijam. – Ricardo Araújo Pereira”
― Nelson Nunes, Com o Humor não se Brinca

“A partir do momento em que há cómicos com um alcance imenso, que chegam a um monte de sítios, não podes ter a responsabilidade de um miúdo que está no recreio e só os amigos é que o ouvem. – Joana Marques”
― Nelson Nunes, Com o Humor não se Brinca

“Uma forma muito rápida de criares empatia com alguém e quebrares barreiras que, de outra forma, seriam intransponíveis. Ou seja, através do humor, podes fazer com que as pessoas descubram que têm uma maneira de pensar semelhante à tua. O humor é uma boa forma de criar essa ligação com as pessoas. Teres uma sala a rir da mesma coisa é uma espécie de comunhão, as pessoas estão todas em sintonia naquele momento. – Joana Marques”
― Nelson Nunes, Com o Humor não se Brinca

“No humor, não se pode copiar o que o rival fez. Se tu abres uma hamburgueria lá na rua, eu posso abrir outra ao lado e roubar-te clientela. Quando um gajo inventou o pontapé de bicicleta, outros jogadores começaram a fazer o mesmo para chegar ao golo daquela forma. Já na comédia, se um colega teu fizer determinada piada, a piada é dele a partir desse momento e está-te vedada, o que pode ser altamente frustrante. Nada gera mais coceira num humorista do que ver outro comediante a fazer uma piada que ele acha genial, ao ponto de querer que seja sua. Ao contrário das fintas no futebol, não podes utilizar as dos outros jogadores. Aquela finta é do outro menino e só ele pode fintar assim. – Diogo Batáguas”
― Nelson Nunes, Com o Humor não se Brinca

“Nunca tive um plano B. Quando me apercebi de que queria ser comediante, notei que, para fazer isto, só existe uma solução: não ter plano B. A ver se me faço entender: se queres ser pianista, porque é que vais tirar um curso de Economia? Um plano B é logo uma falta de compromisso. – Salvador Martinha”
― Nelson Nunes, Com o Humor não se Brinca

“A linha entre um humorista e um abutre é muito ténue. E, muitas vezes, os humoristas estão-se a cagar e não vêem essa linha. Eu não gosto de ser abutre, mas muitas vezes há uma situação de actualidade, e é sete cães a um osso. – Salvador Martinha”
― Nelson Nunes, Com o Humor não se Brinca

“O humor é uma arma muito forte. Se eu fizer uma piada bem feita dirigida a alguém, dói mais do que dizer para ele ir não sei para onde, a pessoa fica arrasada. Essa é uma das forças do humor. – José de Pina”
― Nelson Nunes, Com o Humor não se Brinca

“Na verdade, estou um bocado cansado de atingir alguém em específico, porque há alvos que se gastam e há humoristas que ainda não perceberam isso. Tem de ser um alvo que dê luta, porque fazer piadas com alguém que já está no chão não tem graça. – José de Pina”
― Nelson Nunes, Com o Humor não se Brinca

“Nós podemos fazer piadas com tudo mas, quanto mais negra for a piada, mais graça tem de ter, a piada tem de ser proporcional ao negrume da situação, senão está tudo perdido. Piadas negras que são mais-ou-menos são um fracasso. – José de Pina”
― Nelson Nunes, Com o Humor não se Brinca

“A relação mais honesta que podes ter com o público é não fazeres aquilo de que ele está à espera ou que te pede. A partir do momento em que fazes isso, não estás a ser fiel a ti próprio. Há muitos colegas meus que se regem por esse princípio, o que é perfeitamente legítimo e, se queres que te diga, até acho bastante mais confortável (…). Enquanto espectador de um humorista ou de um actor que admiro, gosto de não saber prever o que ele vai fazer a seguir. – Bruno Nogueira”
― Nelson Nunes, Com o Humor não se Brinca

“Há muito a teoria que o humor negro é dizer umas coisas agressivas para chocar, e acho que isso foi sendo deturpado ao longo do tempo. Quanto mais negro, mais inteligente tem de ser o humor, para equilibrar a coisa. Se for só violento, é bullying, não é humor. E eu sou um fervoroso adepto do humor negro, pratico-o bastantes vezes. – Bruno Nogueira”
― Nelson Nunes, Com o Humor não se Brinca

“É difícil fazer comédia quando tens sempre uma espécie de respeitinho. É lixado, porque com respeitinho não vais a lado nenhum. O principal disto é não teres respeito. – João Quadros”
― Nelson Nunes, Com o Humor não se Brinca

“A experiência de atravessar uma cidade dividida na Europa de 2017 parece tirada de um filme alemão da Guerra Fria, e constitui mais uma vergonha existencial nesta Europa que gosta de se definir como una e livre.”
― Bernardo Pires de Lima, O Lado B da Europa

“O umbiguismo e a soberba europeias têm cegado os decisores, esvaziado a natureza política e até a tática da integração, respondendo mal às angústias de quem cá está ou de quem quer para cá vir.”
― Bernardo Pires de Lima, O Lado B da Europa

“Uso e abuso dos cafés como representação do ócio, da discussão, do tempo para a reflexão, do humanismo das conversas sem telemóvel, de um certo culto da identidade cosmopolita, como nos teatros espalhados pela Europa, enquanto expressão e afirmação da liberdade política onde simultaneamente convergem culturas e ideologias antagónicas, no mesmo espaço democrático e civilizado.”
― Bernardo Pires de Lima, O Lado B da Europa

“Ficou claro neste percurso que nós, europeus, nos conhecemos mal. Os clichês abundam, e misturamos países apenas porque são próximos geograficamente, num raciocínio que não faz justiça a cada uma das identidades políticas do xadrez europeu.”
― Bernardo Pires de Lima, O Lado B da Europa

“A mediocridade é o mais perigoso dos caçadores furtivos, e não descansará, nunca, enquanto não eliminar o animal raro que lhe faz sombra, que não a deixa dormir, a mesquinhez baixinha e insegura é eternamente agitada porque o animal raro, simplesmente, existe.”
― Rodrigo Guedes de Carvalho, O Pianista de Hotel

“Somos sinceros na nossa indignação, mas isso provavelmente passa-nos quando alguém nos descrever outra injustiça qualquer.”
― Rodrigo Guedes de Carvalho, O Pianista de Hotel

“O conforme olhamos para as coisas é a dor maior de crescer, a criança quer que o mundo lhe seja explicado em linha reta, e depois passamos a vida a tentar aguentar o balanço de tanta curva e contracurva.”
― Rodrigo Guedes de Carvalho, O Pianista de Hotel

“Deveis procurar noutro lado, vós que estais habituados a que vos digam que o cabelo é assim, e o queixo assado, e a tez, a boca, e outras lânguidas formosuras, por aí abaixo até terminar, quem sabe, se pinta as unhas dos pés ou não.”
― Rodrigo Guedes de Carvalho, O Pianista de Hotel

“As pessoas sempre foram o que são hoje, só que estavam escondidas do nosso olhar e percepção, o que acontece é que a internet permite que se mostrem, que consigam atingir-nos lá no fundo das suas cavernas, que saiam das tocas para nos golpear.”
― Rodrigo Guedes de Carvalho, Jogos de Raiva

“Foram as primeiras, estavam sozinhas, o resto da banda tardaria a chegar, ensonados da ressaca, contentes por dormirem com adolescentes que deles só esperam que toquem o igual, igual ao outro igual, para quê complicar, pensa o produtor e pensa a banda e concordam os fãs.”
― Rodrigo Guedes de Carvalho, Jogos de Raiva

“Os pactos de silêncio, já se sabe, quando realizados à pressa têm a tendência a tornar-se pesados. Muito pesados. Insuportáveis.”
― Rodrigo Guedes de Carvalho, Jogos de Raiva

“Era impossível perceber a dimensão do que tinha começado. A não ser, como em tudo na vida, quando a realidade nos bate à porta e nos diz que é a nossa vez, e segura-nos pelos colarinhos e acordamos com duas estaladas.”
― Rodrigo Guedes de Carvalho, Jogos de Raiva

“É pouco expectável que um miúdo de doze ou treze anos que se «vicie» nas redes sociais desenvolva aptidões para, mais tarde, vir a ser um leitor de livros. As páginas quietas e monótonas provocar-lhe-ão horror, e tantas palavras juntas, e frases e parágrafos desacompanhados de imagens em movimento parecer-lhe-ão tão familiares como pinturas rupestres a um marciano.”
― João Tordo, Manual de Sobrevivência de Um Escritor ou o Pouco que Sei Sobre Aquilo Que Faço

“Num país pequeno e com hábitos irregulares de leitura como o nosso, ser escritor é uma profissão de risco, que, levada às últimas consequências, pode equivaler a uma espécie de prisão.”
― João Tordo, Manual de Sobrevivência de Um Escritor ou o Pouco que Sei Sobre Aquilo Que Faço