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sábado, 10 de julho de 2021

Um testemunho à quarentena (isolamento) e o que penso do levantamento

Daqui a nove dias, a 19 de Julho, o governo Inglês vai decretar o fim da não-recomendação de viagens a países na lista ambar (Portugal). Também vai deixar de impor uma quarentena de 10 dias no retorno ao UK - desde que a pessoa tenha completado as duas doses de vacinas.

Como é de conhecimento geral, por esta altura, já quase todos estão totalmente vacinados. O governo antecipou a segunda dose da população exatamente para esse fim. Que fim? Dar início à recuperação da economia. Sim, porque se fosse pela saúde, com os casos de COvid a aumentar em flecha e o surgimento de novas variantes do virus ainda mais transmissíveis - como é que alguma vez esta decisão faz sentido??

Antes de mais, quero aqui deixar o meu testemunho sobre o que foi, para mim, viajar cumprindo as actuais regras de imposição de isolamento à chegada. 

E o que penso do facto destas serem levantadas.

1) Fiquei com a sensação que se tratou muito mais de um negócio do que de uma legítima preocupação com a saúde. Se nada mais o provasse, esta decisão de levantamento de restrições numa altura em que os casos aumentam de Covid aumentam bastante em todo o mundo, em particular no UK, dissipam quaisquer dúvidas.

2) Existiu muita intimidação e tom de "ameaça" (bem ao estilo Inglês) avisando das consequências caso as regras de isolamento não fossem cumpridas. Multas elevadíssimas, pena de prisão. Achei isso ridículo - subitamente transformarem as pessoas que só pretendem viajar em criminosas e fazerem ameaças. Para semanas depois - isso já ser irrelevante. 

3) O dinheiro extraído do viajante não foi nada mais do que VERGONHOSO. Faz sentido dizer que nos fazem sentir como se estivéssemos num processo de extorsão.

 * Exigiram um teste PCR até 72h antes da viagem de ida. Custo médio: 100euros
 * Exigiram um teste PCR até 72h antes da viagem de volta. Custo médio: 100euros
 * Exigiram um isolamento domiciliar de 10 dias com dois testes PCR. Custo médio: 200euros

Esta regra de isolamento com a exigência de  DOIS TESTES ao covid é absurda.
Descaradamente uma forma de extorsão. Já não bastassem os 200 euros gastos nos PCRs antes e depois da viagem, o isolamento, ainda era realmente preciso mais dois PCRs? Para quê? Só se for para encher os bolsos aos laboratórios! Depois das máscaras de rosto e do gel desinfetante vendidos a preços exorbitantes, agora vêm os Kits de teste ao Covid.  

Nem pessoas anteriormente DIAGNOSTICADAS com COVID 19 tiveram de fazer testes durante o seu isolamento de 10 dias. Minha amiga, que apanhou em Novembro passado, foi mandada se isolar junto com a família por apenas 10 dias, período após o qual ela, o marido e as filhas puderam sair. Não tiveram de fazer um único teste ao covid depois disso!

Como podia o governo garantir que estas pessoas - sem serem sujeitas a testes - já não tinham o virus e não iam contaminar outras? E o que é pior: na altura a quarentena era suposto durar 15 dias. A dela foi logo reduzida para 10.

Eu vou viajar negativa, regresso negativa, e ainda tenho de fazer quatro testes e pagar do meu bolso! Parece-me que, num caso positivo, é ainda mais URGENTE efectuar testes. Eu sou um caso negativo, isolo-me em casa por 10 dias, e isso não basta porquê?

O que fez o governo impor a obrigação de DOIS testes ao COVID durante o isolamento?
E agora retira-a! 
Que cara-de-pau.

Essa imposição era tão incontornável que, para viajares, tinhas de ter o Kit de teste ao Covid já comprado. A compra fornece uma referência e essa referência é necessárias para completar com sucesso o preenchimento do passenger allocation form (formulário de passageiro), sem o qual nenhuma companhia aérea te deixa embarcar no avião. 

Essa compra foi tão imposta, como se não bastasse por ser obrigatória antes da viagem - como o governo disponibilizava um link no formulário com centenas de contactos de laboratórios espalhados por todo o Reino Unido, encarregues de vender esses Kits. Foi muito fácil encontrar onde comprar. O difícil era saber qual escolher, tal era a dimensão impressionante da "oferta".

Eu carreguei num ao acaso - o primeiro da lista. E até hoje estou à espera que me enviem o Kit de teste ao Covid para o dia 2 e 8 de isolamento. Gastei 155 libras - quase o equivalente em euros. 

Como já revelei noutro post, o custo da deslocação a Portugal foi muito acida do que podia ter sido. 

Para uma viagem de avião de ida e volta - terminei por adquirir CINCO passagens.
Para uma viagem de ida e volta ao UK - fiz QUATRO testes PCR, um antigenio (para não gastar mais 100 euros noutro PCR) e vários auto-testes. 

Se era preciso IMPOR QUATRO PCR testes? 
Acho que não! Definitivamente não. 
Sabiam muito bem que isso implica a compra de QUATRO testes por pessoa. A 100 euros cada teste (preço mais barato), só uma família gasta um ABSURDO para estes testes ao COVID. Parece-me a mim que estavam mais interessados em CASTIGAR a pessoa que persistisse em viajar. Impondo estes gastos absurdos.

E para quê?
Para ao final de três semanas, com casos a aumentar ao nível vermelho, levantarem tudo.

Vai lá viajar! Não te preocupes!
Vai... agora que os casos positivos estão alarmantemente a aumentar como já estás vacinado - vai. Expõe-te. Precisamos saber se a vacina é eficaz. Vai lá, cobaia. Se morreres saberemos.  

quinta-feira, 24 de junho de 2021

O Negócio do COVID


Viajei para Portugal no dia em que se soube que o UK ia colocar o país, na terça-feira seguinte, na lista ambar. O que significa que o meu regresso não seria mais efectuado com Portugal na lista verde. As implicações são grandes - e daí as correrias de estrangeiros em Portugal para o aeroporto. Pessoas que tiveram de encurtar as suas férias porque não poderem dar-se ao luxo de permanecer em isolamento. 

Essa é a condição de ter um país na lista Ambar de viagens. Ao chegar ao UK, tem de se efectuar um isolamento de 10 dias à chegada

Pensam que é só isso?

Não. Não é. As implicações são maiores.

PRIMEIRA FASE

Para embarcar do UK para Portugal, é preciso efectuar, no máximo até 72h antes da partida, um teste negativo ao Covid. Não é qualquer um teste que é aceite, só o PCR. Custam 100 euros.

 Sabendo que no regresso vão exigir outro, calculo que outros 100 euros serão gastos. No total, 200 euros só em testes ao COVID. Um investimento que achei que valia a pena, visto que sentia falta de Portugal. Saudade e necessidade de voltar a estar sobre a luz de Lisboa, já tão distante e a cair no esquecimento. Tirando esta necessidade física e sensorial, outros motivos mais importantes tornaram a viagem essencial. Burocracias que não consegui resolver à distância, como renovação de documentos de identidade e urgências médicas. 

Pisei na minha terrinha com tudo encaminhado. Só tinha de aguardar DUAS SEMANAS para a renovação dos documentos de identidade na loja do Cidadão. Mas era tempo demais. Bóris Johnson ia revelar, dia 21 de Junho, novas medidas. Temi que ele fosse fechar o espaço aéreo, tal como o fez no ano anterior. Bem organizado, podia suportar os 10 dias de isolamento de modo a não me prejudicar com o emprego. Este é oscilante, variável, pelo menos essa realidade permite-me viajar. Escrevi um email ao serviços de Notariado da loja do Cidadão a pedir (a explicar) porque necessitava de antecipar a data para algures antes do dia 21 - altura em que o Boris Johnson, PR do UK, ia anunciar novas medidas. 

Todos têm medo das decisões do Bóris, porque foram sempre não benéficas e põem todos a correr desesperadamente de um lado para o outro, frustrados por terem os seus planos arrasados. No Verão passado, apenas duas semanas depois de ter decidido abrir o espaço aéreo a Portugal, Bóris anunciou que o ia voltar a fechar.  (lembram-se???).

Eu lembro, porque fui uma das pessoas que correu para o aeroporto para comprar um bilhete - que quase não encontrava em lado algum, muito menos um directo para o aeroporto de meu interesse. Lá consegui com uma companhia aerea na qual nunca tinha viajado ou ouvido falar. Foi a minha salvação, e custou-me pouco mais de 200 euros.

Desta vez, e tendo ele acabado de meter Portugal na lista ambar, temi que voltasse a fechar o espaço aéreo. Todos os naturais e emigrantes trabalhadores que não podiam se dar ao luxo de 10 dias de isolamento já estavam no país, a contribuir para o PIB. Os que ficaram para trás, naturalmente seriam os reformados, os jovens em férias, os "menos úteis".  

O que ia impedir Bóris de fechar o espaço aéreo, que esteve, inclusive, PROIBIDO a viagens não-essênciais? 

Por isso pedi à loja do cidadão encarecidamente para me anteciparem a data em que me poderiam atender, imaginando que haveriam desistências. A resposta foi imediata e a marcação foi antecipada uma semana antes da data inicialmente prevista. 48h antes da temida terça-feira das decisões: dia 21 de Junho de 2021. 

Foi então que antecipei a viagem de regresso para o dia 20. Teve um custo adicional de 60 euros.

A estada em Portugal foi prolífera: consegui ir ao dentista, tratar de assuntos nos bancos, actualizar os meus dados, recuperar um investimento expirado em certificados de Tesouro que tinha realizado seis anos antes - quando os media fizeram um grande alarido sobre aquele ser o último ano em que as taxas de juro valiam a pena e depois tudo ia mudar. Descobri que o dinheiro seria depositado automaticamente na minha conta - uma conta que entretanto foi fechada - exatamente por volta do ano do investimento. 

Quis então saber para onde foi o dinheiro - já que não o recebi. O assunto pareceu-me complicado - com a pessoa a me dizer que o dinheiro foi transferido. Eu já a pensar que a Caixa Geral de Depósitos aceitava dinheiro em contas inexistentes, a imaginar a burocracia que daí advinha, mas tudo se resolveu em segundos. Assinei uns papéis e aguardo que a quantia seja depositada na conta - que convenientemente é nos correios. Não sei se é por isso que facilitaram, não entendo as implicações. Mas posso dizer-vos uma coisa: estou satisfeitíssima com o banco CTT. Nunca nenhum outro banco foi tão simplista e menos inconveniente. Não só não me enchem de marketing, não tentam impingir-me este e aquele serviço, seguros de saúde, investimentos de poupança - NADA. Talvez o facto se explique com quantia baixa que lá tenho. Ainda assim, não me massacram.

O mesmo não posso dizer com a Caixa Geral de Depósitos ou o Santander - que exatamente por não verem grandes números na conta, arranjaram maneiras de me fazerem pagar extras. O Santander então foi asqueroso. A mulher que me atendeu, irascível e abrasiva no trato, chegou mesmo a dizer-me que não tinham interesse em manter contas de clientes como eu.

Uau! 

Voltando ao tema central: O custo de uma viagem de ida e volta do UK para Portugal tendo o Covid como restrição. O que eu não entendi bem nas regras de Portugal ser colocado na lista de países AMBAR, significando que 10 dias de isolamento serão exigidos - é que TINHA DE COMPRAR ANTECIPADAMENTE um outro teste ao Covid-19 para o dia 2 e dia 8 após a chegada. 

Três dias antes da partida para o UK fiz um teste PCR ao Covid. Custo? 100 euros.

Na manhã da partida, não me deixam embarcar. Faltava-me o papel de passageiro. Tinha-me esquecido disso! Como? Não sei. Pensei ter passado tudo a pente fino. Mas não seria difícil preencher um na hora. Afinal, considero-me PIONEIRA, pois o ano passado, cumprindo à risca o que o site do Governo dizia, preenchi às pressas um desses documentos, na altura do êxodo antes que o espaço aereo fechasse, e depois ninguém mo pediu! Fui eu que o mostrei aos serviços de Fronteiras ao chegar ao UK, perplexa que ninguém mo tivesse solicitado em todas as etapas anteriores.

Anyway...

Desta vez, sem esse papel nem embarque fazia. A Easyjet foi bastante clara. 

Passager location form

Seria rápido preencher e poderia mostrar o comprovativo online. (Graças a deus pela internet, a tecnologia e os smartphones). Estou no aeroporto com o check in feito dias antes, pronta a deixar a mala de porão e já a ter de correr para embarcar a tempo.... tendo que passar pela morosa segurança... e perder tempo caso me separem as malas depois de passarem pelo raio-X...

Mas ainda dava tempo. Comecei a preencher aqueles infindáveis dados... até que chego à realização de que se não comprasse um KIT ao teste ao Covid simultaneamente, o passager location form não seria concluído e finalizado

E sem este preenchido, não me deixavam embarcar!

Era obrigatório a compra antes da viagem. 

Não sabia. Pensei que ia comprar o kit à chegada no aeroporto. No mesmo laboratório onde fiz o teste para partir, que fica, convenientemente localizado a dez passos da saida de passageiros. Às pessoas que perguntei informações antes de viajar, só me souberam dizer que não sabiam, que tinha de consultar o site do governo. O que fiz. Mas de alguma forma, esta noção de compra antecipada ou simultanea não surgiu. Para ser sincera, acho que não está bem explicada. Porque poderia tê-la comprado antes mesmo da viagem, caso soubesse que não podia comprá-la no regresso. 

O site do passanger location form fornecia um link com inúmeros, centenas na realidade, de nomes de LABORATÓRIOS que providenciavam o KIT. Carreguei no primeiro existente, estava com pressa. Tanta pressa.... E muito calma para a urgência com que deparei. Depois de colocar os dados do número de cartão de Débito, etc, etc.. carrego para finalizar e não é permitido. 

Fico atónita. Tento cinco vezes mais. Os minutos a passar, a consciência de que teria de correr para a porta de embarque... Até que li com atenção a mensagem que surgiu cada vez que tentei comprar o Kit e não deu resultado: "NÃO PODE COMPRAR O KIT NO MESMO DIA DA VIAGEM".

A sério???
Então era inútil. 

Nunca que alguém que não preencheu o formulário antecipadamente ia conseguir viajar. Estava eu mais outras três pessoas, estrangeiras, inglesas, na mesma situação. Agachados no chão do aeroporto, encostados num pilar, a tentar finalizar aquela operação. 

Para quê? Se não se podia COMPRAR o kit sem o qual não se completa o formulário?

Falei com o funcionário da Easyjet que me respondeu para continuar a tentar, porque antes de Portugal ser colocado na lista Ambar, pelos vistos a compra de kits de testes era possível no próprio dia. Eu tomei como verdadeira as palavras escritas no formulário. Ainda assim decidi fazer batota. Ao invés de dizer que ia viajar naquele dia, coloquei a data do dia seguinte. E assim procedi com todo o preenchimento do formulário novamente. No final, após preencher pela sexta vez os dados bancários, pareceu-me que as etapas seguintes continuava sem ter sucesso. 

Desisti. Perdi a viagem. Faltavam 30 minutos para a porta de embarque fechar. Mesmo sabendo que eles nunca cumprem esse horário, pareceu-me absurdo ter esperança, visto que não me permitiam viajar sem o documento e este estava dependente de uma compra de um teste ao COVID, que só podia ser realizada até 24h antes.

PORQUE NÃO INFORMAM AS PESSOAS DISSO??

Porque o que interessa é FAZER DINHEIRO. 

Mesmo à custa de uma pandemia mundial.


Não foi fácil ouvir as reprimendas da minha família que, naturalmente, culparam-me pelo desconhecimento. 

Em casa, comecei o processo por etapas - todas pescadinha de rabo na boca - para adquirir nova viagem. Teria de fazer outro teste ao Covid para embarcar. (100 euros!) Porque - estupidamente, fiz o anterior exatamente três dias antes da suposta viagem. Tivesse eu feito um dia depois e ainda estaria válido por mais 24h. Tanto o formulário do teste ao Covid como para completar o Passenger location form precisava de ter o número de assento e de voo. Mas não ia comprar a passagem sem antes ter o Kit e certeza de que iria conseguir realizar com sucesso um outro teste ao Covid. E o Kit era comprado ao preencher o Passager allocation form.

Sorte ou azar meu - a realidade é que, naquelas muitas tentativas efectuadas no aeroporto, acabei mesmo por fazer a compra. Talvez aquela com a data de partida alterada foi a que teve sucesso. Mas poderia eu viajar com uma data diferente da usada durante a aquisição do kit, tendo fornecendo dados de voo de uma viagem não realizada? Teria esse Kit informações anexadas a ele tornando-o de uso exclusivo?

Precisava saber. Já havia gasto 160 libras, que foi o custo do KIT. Não poderia sequer imaginar que me iam pedir para comprar um novo Kit porque perdi uma viagem, indo realizar outra. Não iam pedir para também comprar um segundo Kit, ou iam?? 

Depressa percebi que, tendo recebido o código de compra, podia utilizá-lo quantas vezes quisesse. O que achei estranho. Para isso bastava-me obter o código de um outro passageiro qualquer, provavelmente nem iam comparar dados e descobrir o acto. Ou quem sabe, poda até ter inventar um. Pelo menos para conseguir embarcar. Depois, à chegada, lá comprava um Kit de verdade, que ainda ia cumprir o dia 2 e 8 exigidos. Mas eles não colocam a possibilidade de se fazer testes à chegada, caso não se consiga na partida. O que acho de mau tom. Deviam equacionar esta hipótese, principalmente durante as primeiras viagens.

Sabendo que tinha todos os dados comigo, comprei uma passagem na TAP para a manhã do dia 22. Acabei por preencher o formulário de viagem com o código de compra desse kit, marquei um novo teste ao Covid para essa mesma tarde - tendo optado (e descoberto) que podia realizar um Antigénico, com um custo bastante inferior (30 euros).

Mas algo não estava bem. Algo não batia certo. Não consegui relaxar. A ideia de partir no DIA A SEGUIR às medidas anunciadas por Bóris Johnson deixavam-me apreensiva. Ele podia optar por fechar o espaço aéreo com efeito IMEDIATO. Nas noticias estava claro que Lisboa e outros concelhos estavam a escalar rapidamente em casos Covid e nesse mesmo dia, Lisboa passou para o Estado Vermelho. Tudo ia fechar novamente. A reacção de um país estrangeiro diante dos números não é nenhum quebra-cabeças: para mim fecharem o espaço aéreo ia ser a consequência.

Nunca tive dúvidas de que um novo lockdown vai ser implementado. Gostaria é que essa constatação fosse mais gradual. No meu entender, mal se "abrem as portas" e se deixa as pessoas sair, logo os números começam a aumentar imenso. 

Para mim o que os governos fazem é abrir uma pequena janela por esta altura das férias de Verão e tentam esticá-la o máximo possível. Mas o Covid, a propagação do virus - que nenhum especialista consegue controlar - nunca vai permitir que a normalidade regresse tão depressa. 

A vacinação não é uma solução, nem sequer funciona para o desconfinamento. Bastaram duas, três ou quatro semanas após a abertura dos comércios para os números escalarem ao que, segundo li, só tem comparação com a primeira fase de confinamento. 

Aqui em inglaterra, onde sempre achei que a maioria da população não cumpre NADA das regras de precaução, as vacinas estão bem mais adiantadas. Enquanto estive em Portugal, recebi mensagens diárias para marcar a SEGUNDA dose. Esta já estava marcada, pelo que a mensagem fez-me confusão. Tal como ditava a lei, ficou automaticamente marcada para umas tantas semanas após a primeira dose - que tomei em Abril. Em Maio telefonei para o número facultado caso quisesse alterar a data porque pretendia viajar já com a segunda dose. Foi-me dito que era IMPOSSÍVEL ANTECIPAR a vacina. Porque não podiam ir contra o sistema informático, que só permitia alterações após quatro ou seis semanas da data da primeira dose. 

Por isso muito me surpreendeu que, chegando exatamente essa data, me andassem a telefonar - porque além de mensagens também me telefonaram, para que fosse tomar a segunda dose de imediato. Ora... estando eu em Portugal, dificilmente poderia receber a segunda dose. E tendo que ficar em isolamento por 10 dias, mais adiada essa dose teria de ficar. 

Se me tivessem dado ouvidos... 

O Bóris, assustado com os números de infeções, decidiu vacinar todos rapidamente. Mas é tarde... e não vai surtir os efeitos desejados. A vacinação não é a cura. Não impede a contração do virus. Existe uma maior ameaça de momento: a variante Delta, 60% mais contagiosa e impossível de rastrear a origem.

Isto é assustador.

Pelos factos, estamos PIOR AGORA  do que durante a primeira fase, sem a vacina, sem o teste. Pelo menos no que respeita à propagação do virus. Essa ganhou mais força. Embora tenhamos alguma arma para o combater - a vacina, é quase como ir para uma batalha munido de uma agulha, quando o inimigo tem espadas.

Resta-nos a vantagem de saber que, com apenas água e sabão, se destrói a sua armadura. 

Mas quem diz que a população gosta de se munir dessas armas??

Por alguma razão a peste Negra afligiu toda a Europa lá em séculos passados...

Limpeza e Higiene era algo pouco importante.

Percebi que estaria em permanente angústia nas próximas 48h, por ter comprado uma passagem na TAP para o dia 22. Decidi então antecipar a viagem para o dia 21, sabendo que tinha de correr com a papelada, pois iria viajar dali a 16h. Alterar a viagem do dia 22 para o dia 21, mesmo tendo adquirido a passagem há menos de duas horas, ia custar mais 100 euros. (Dá para acreditar?). Por causa dos CUSTOS que a TAP cobra por alterações. Ao contrário da Easyjet, a companhia não tem uma isenção de 24h, caso queiras mudar de ideias. Comprar a passagem novamente, custaria cerca de 85 euros. É muito... mas subitamente, quando fui online, o preço desceu novamente para os 65 euros - valor que estava apresentado pela manhã, apenas horas antes. E então decidi comprar. 

Acabei por comprar TRÊS passagens de regresso ao UK, só podendo usar UMA. 

Nisto, chega o dia 21, aterro em Londres, e o Bóris fica MUDO por mais UM MÊS.

Ora, ora!

Ele sabe muito bem o que terá de fazer: fechar tudo. 

Mas como isto mal abriu, e para não ficar mal, por um mês ele vai deixar as pessoas se contaminarem umas às outras, achando que já estão livres para passear e ir onde quiserem... depois, daqui a um mês o verão já terá tido algum tempo para ser gozado, ele vai fechar as portas. Porque se pensa que a vacinação vai ajudar, eu tenho dúvidas...

RESUMO:

Viagem: easyjet: 140euros TAP: 140 euros

Testes ao Covid: 100 (ida) + 100 (volta) + 30 (volta 2)  + 160 (isolamento dia 2 e 8)  = 390 euros

Renovação de documentos de identidade: 100 euros

Consultas médicas: 40 euros

Tudo por duas semanas em Portugal.

Se valeu a pena?
VALEU!

No fundo... é só dinheiro. Este vai e vem.

Mas a possibilidade de estar onde desejo - a liberdade de movimentos - essa vale ouro.

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Sem noção

 "Estás sempre em casa!"- diz-me a M  depois de disparar um "vais trabalhar hoje?" assim que saio do quarto, onde permaneci tres horas .

A M. sofre do mesmo síndroma do qual padecia o rapaz da primeira habitação. Quem esta lembrado? É o sindrome do "quero a casa so para mim". 

Ele, 50 anos, so trabalhava aos fins de semana e ficava por casa todos os outros dias. Ainda assim sabia-lhe a pouco.  Cada vez que via um de nos tres de folga, logo nos aconselhava a ir passear, aproveitar o dia. Dizia: "Acho que nao devias ficar em casa. Digo isto para o teu bem. Fazia-te bem ir dar uma volta. Podes apanhar o comboio até outra cidade..."

Uma pessoa com turnos rotativos com horarios doidos, que todo o final de turno entra'em casa arrebentada, muitas'vezes direta para a cama sem duche por nem conseguir dar um passo mais e quando finalmente consegue um dia para descansar, tem um colega na casa a dizer-lhe repetidamente isto.

Percebe-se logo o que realmente pretendem.

A M. queixou-se que vai regressar ao trabalho ja para a semana.  "É muito dificil acordar as sete da manha e chegar a casa la para as sete da tarde"- diz-me. Concordei. Mesmo sabendo que nao o vai fazer todos os dias. "Pensei que ainda tinha uma semana mas o lockdown termina na proxima... queria continuar por casa, entendes o que quero dizer?"

Respondi que nao sabia, porque nunca estive em forlorn. (ficar por casa a receber salario mas sem trabalhar).

O que sei eu realmente sobre o que isso é? Como a pessoa se sente por ter de abandonar esse conforto de meses ou semanas e regressar a rotina?

Nao sei absolutamente nada.

Durante a reclusao obrigatoria devido a pandemia estive sempre a trabalhar fora de casa. Foi ate o meu periodo mais requisitado. 

Ha coisa de tres meses arranjei dois empregos. Porque um ja estava a ser menos regular. Nem por isso me deu mais tempo livre, porque quando se conta em ir trabalhar e no ultimo minuto recebe-se a mensagem de cancelamento, todo o teu dia girou a volta daquele compromisso. As coisas que deixaste de fazer e o que podias ter feito e nao fizeste por priorizares o descanso antes da labuta.  Muito esforço, pouco salario. 

A decisao de conseguir um segundo emprego pareceu logica. E consegui, mesmo nestes tempos dificeis. Foi o emprego que deixei na terça-feira. Teve ser. Estava a ser muito menos regular do que o prometido, com a inconveniência dos dois turnos dados por semana estarem sempre a coincidir com os atribuidos no outro trabalho. Andava a perder saude e dinheiro.

Na quinta-feira consegui outro emprego. Esta e a novidade que ainda nao havia contado. É prematuro e nao quis azedar a coisa por a mencionar cedo demais. É num armazém (é o unico tipo de emprego que tem sobrevivido ao Covid). Aquele que deixei era o de uma empresa  Americana, noneadamente a conhecida Amazon. Foi a minha segunda experiencia com empresas americanas em solo ingles e em termos de organização e simpatia estao no meu top do raking. Esta nova é alemã. Primeira impressao: desorganizada. A ver vamos.

Ja tive de cancelar o primeiro turno - para amanhã de tarde, por o final coincidir com o inicio de um turno que me ofereceram a ultima da hora na empresa a qual sempre vou dar prioridade: a primeira. 

Ja trabalho com eles faz dois anos, conheco os cantos a casa e... ganho bem - se tiver horas para fazer.

Nenhum outro lugar em parte alguma vai pagar proximo do que ganho ali. Em uma semana na Amazon, com dois turnos de extenuante trabalho, apos pagos os impostos, fazia menos do que com um unico dia de trabalho na empresa original. Fui percebendo que estava a prejudicar a minha saude e a comprometer o meu desempenho na empresa que nao quero abandonar. 

Tive de sair.

Em termos de pessoas que ali encontrei e ate de sistema de trabalho, foi uma perda. Mas tambem exigem muito de ti, fisicamente. Nem todos conseguem manter um ritmo acelerado continuo por varias horas, para atingir o target numerico. Principalmente quando a empresa exige que se cumpram as regras do covid, e impoe uma distancia de 2m a todos os trabalhadores. Tinham instalado  cameras biométricas que toda a hora enviavam um relatorio. A minha temperatura corporal era medida todos os dias a entrada e mascaras e desinfectantes estavam disponiveis por todo o lado.

Na empresa original muitos nao usam mascara, ninguem cumpre distanciamento chegando a roçar uns nos outros, existiram casos positivos de Covid e nao isolaram os trabalhadores em contacto com o infectado/a. Alem disso tudo e mantido muito porco, sujo e desorganizado. 

Existem aspectos positivos mais e menos bons em tudo.

O que me fez especie foi mesmo o comentario da M. 

No ultimo mes ando a sair de casa as 3 da manhã, para, por vezes, so regressar por umas horas e voltar a sair para mais um turno inteiro de trabalho noutro lugar. Passei 24 ou 48h sem vir a casa realmente para ficar. O meu cérebro ficou a sentir que dois ou tres dias foram apenas um.  No passado domingo sai as 4 da manha do emprego1, onde entrei as 22h de sabado, para apanhar o autocarro as 4.10, descer na estacao, apanhar um transfer e chegar as 4.30 ao emprego2. Para recomeçar a trabalhar no duro, a suar e sem tempo de ir ao wc mesmo tendo vontade. Porque não deu para parar. E ali fico a trabalhar ate as 13h. 

Apanho novamente o transfer, depois outro autocarro e finalmente chego a casa as 14h, nao tendo dormido a noite, tendo saido as 21h do dia anterior e sabendo que era para sair novamente as 18h so para regressar as  23h e voltar a sair as 3am para a Amazon e regressar as 14h do dia seguinte, já uma segunda-feira. 

Em casa o "dia inteiro" (tirando as horas que andei na cidade para ir assinar o contrato e passar pelo supermercado) só fiquei realmente ontem. Contrariada, porque a ultima da hora quando menos esperava,  cancelaram-me o turno pelo qual ansiei a semana inteira, por contar que pudesse vir a durar 12h.

E vem a M. que não sai para o emprego dizer-me que me vê sempre em casa e quer saber se pelo menos hoje vou trabalhar.















 


quarta-feira, 10 de junho de 2020

A portuguesa é louca (diz a italiana)


O primeiro ministro ingles vai liberar, a partir de sabado, as visitas a familiares em outras casas. 

E eu tenho seis (!!!!) ITALIANOS na sala.
Gente que nunca vi, que entram por este espaco a dentro como quem esta na sua casa, não na de outros.

So dois ca vivem. Um ha apenas 10 dias! Trouxe de imediato bagagem: uma namorada. Com quem me cruzei na cozinha eram 6.30 da manhã.

Disse-me que tinha acordado e nao conseguia dormir. E eu tinha acabado de entrar em casa, ainda de capacete na cabeca, casaco, luvas, mascara.

Conto com este horario matinal para usufruir um pouco do espaco comum da casa. Porque depois das 9am ate a meia noite, isso nao é possivel. Todos os italianos tomam conta. Como se isto fosse o longe de um hostel.
Nao desgrudam mais. Parece que nao tem outra vida, nada para fazer, sem ser ficar na sala a ver TV e pela cozinha a fazer comida.

Eram 18h ontem quando desci no intuito de fazer uma pizza no forno.

 Para mim que trabalho à noite, esta hora é como a hora de pequeno-almoco. Para eles, que nao saiem para trabalhar, que estao ali desde cedo de manha, julgo que podia ser de lanche.  Encontrei tudo na cozinha a funcionar: forno, fogao, microondas, lavatorio, armarios a serem abertos, frigorificos.... e todos la enfiados. Nao estava uma pessoa num quarto.

Nao tinha espaco de manobra. E a casa permite isso com facilidade.

É incrivel como se apoderam. Ha algo anormal na postura. Parece que fazem de proposito para que outros nao encontrem o espaço vazio e dele possam usufruir  sozinhos.

Já intuia que o meu horario matinal de chegada pudesse ser  "roubado". Gato escaldado... é que a gorda mais o "rei da casa" tinham o habito de combinar partidas e chegadas de forma a que um deles estivesse sempre no dominio da sala/cozinha.

Que agora passe a haver um italiano com "insonia" toda a manha que chego a casa nao é algo que me va surpreender. Ainda assim entristece. Sempre entristece.

Assim como entristece perceber a natureza ruim da maioria das pessoas pos lockdown.

Mais cedo, apos uma amiga me acordar com um telefonema, desci à cozinha e a gorda, claro, estava la. Quando se afasta para a sala é quando consigo ir à torneira. Nisto ela retorna e passa a coŕrer para enfiar-se na utility room, que e onde esta a maquina de lavar roupa. O espaco tem tambem uma porta para o exterior, que da para o jardim e para a frente da casa. Nunca ninguem, Sem ser o senhorio, usa o portao que da para a rua.

A propria gorda contou-me uma  vez que um ex-inquilino (pobre coitado) era muito esquisito, nao falava com ninguem na casa, fechava-se no quarto de onde so saia de noite para cozinhar, deixando a casa empestiada (lol,lol) e ela uma vez queixou-se de algo e ele passou a deixar o portao destrancado para entrar pelas traseiras.

Assim que ela me contou esta historia, eu soube que havia uma outra versao para o mesmo acontecimento.

O descaramento é sempre o mesmo: critica os outros e levanta falsos testemunhos, manipulando as situacoes como lhe convem.

Agora para introduzir uma nova pessoa na casa sem dar nas vistas, (nao me contava ali) usa o portao e a porta das traseiras. Os outros dois italianos que se seguiram ja entraram pela porta da frente.

Seja como for, esta rapariga italiana, loura, aparece do nada, diz ola, senta-se na Mesa e as suas comecam a falar.

Entendi perfeitamente quando o assunto fui eu. E quando nao sou, realmente? A mulher esta obcecada por mim.

E empenhada em me tirar daqui. Sem manchar a maquilhagem, claro. Tera de ser o senhorio a fazer o trabalho sujo dela.

Contou a loura que eu lhe disse que ela nao me conhecia. E deu como resposta a loura que sabe que sou louca.

Gostava de saber de onde vem essa loucura...  Do respeito sempre demonstrado? Da tolerancia para com os abusos psicologicos? Da cedencia de espaco?

Ela criou na sua cabeca, ou melhor, projectou em mim  o que esconde dentro de si. E depois chama louco a outro.

Um dia a mascara cai.
Tem de cair.








sexta-feira, 3 de abril de 2020

Saí de casa



Conto trabalhar todos os dias para a semana que vem. Quem sabe, turnos de 12 horas. Se mos forem propostos, talvez os aceite. Percebi que, nessas condições, não teria outra oportunidade para ir às compras e decidi sair de casa. 

Estando agora a evitar beber água - pelo menos a cá de casa, pois desconfio que não me faz bem, precisei ir comprar sumos e leite. E lá fui, passando por duas outras lojas pelo caminho, em direcção ao Lidl, que fica a 30m de caminhada do local onde vivo. 

Não é que tenha valido muito a pena (já não tinham ovos, massas, papel higiénico nem vê-lo, produtos de higiene, limpeza etc) mas fui lá principalmente para ter snacks para mordiscar enquanto estiver a fazer turnos longos. 

Trinta libras depois, foi praticamente só isso que comprei. Não trouxe o leite - temi não ter espaço para o transportar. Não trouxe carne - temi não ter espaço para a preservar. Numa casa partilhada, não dá para armazenar produtos a teu belo prazer. 

Cebolas, bananas, cenouras, sumos em pacote, pacotes de bolachas qb, chocolates, salsichas, tomate pelado, detergente para a louça, azeite, iogurtes, vinagre - acho até que comprei coisas que não teria comprado não fosse o receio de vir a precisar delas e não as ter disponíveis. É que não pretendo ir às compras muitas mais vezes. 

Mas sabem porquê estou a fazer este post? Sabem porquê saí de casa? Porquê fui às compras?

Porque estando em casa, neste contexto, é inevitável.
Parece que regrido emocionalmente.
Estou de volta a Setembro de 2019. 

Ele.
No meu pensamento quando estou na cama, quando estou no duche. Em toda a parte, a toda a altura. Desejado pelo meu corpo e chorado no meu olhar.
Ele é veneno


Para o «matar», tive de sair.