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domingo, 27 de agosto de 2023

Acusei Positivo

 

Acusei positivo para Covid faz dois dias. Tenho me sentido... como uma pessoa com Covid se sente. Embora presentemente consiga respirar pelo nariz, o sintoma mais problemático é mesmo a forma como nos sentimos. Dor de cabeça, suor pelo corpo, tosse, nariz a pingar, garganta a arranhar, olhos inchados. Mas o pior dos sintomas é mesmo a sensação incómoda na base das costas. Consigo continuar a rotina mas é essa impressão lombar que não me permite ser muito eficiente. Para piorar a situação, ao mesmo tempo apareceu também "aquela altura do mês". O que acho que não é coincidência, pois jamais esqueço que ambas as vacinas anteciparam " a altura do mês" assim que as levei. 


De momento estou com as costas viradas para o sol. Quando este não desaparece atrás de uma nuvem. O malandro escondeu-se e não me deixa usá-lo para me curar. 

Pensa-se que o Covid "já foi" mas não. Ele nunca vai desaparecer. Em Inglaterra o clima está misto: chove e faz sol várias vezes ao dia. Já é inverno, sem nunca ter sido verão ou primavera. A minha necessidade por férias de verdade abrange tudo isto. Mas não vai acontecer. 

Estou à espera... só o tempo fará com que me sinta melhor. O bom em apanhar novamente Covid é que, penso eu, agora não apanho mais! São duas semanas a um mês - se bem me lembro, para recuperar em pleno. Mas eu quero recuperar de imediato. Sexta-feira quando fiz o teste - daqueles caseiros pois adquiri bastantes e armazenei-os, fui trabalhar. Tentando passar por pessoa saudável e mantendo as distâncias. Na realidade, estava a sentir-me estranha mas apta. A febre tinha desaparecido e senti-me, tirando o peso nas costas, bem. Quando entrei no autocarro regresso a casa não tossi. Controlei-me. Não respirei para cima de pessoas. Não abri a boca. Mas uns tipos que sentaram atrás de mim não paravam de falar e um tossiu sem cobrir a boca. Olhei para trás. Queria que tivesse consciência do gesto. Eu estava positiva e se tossisse provavelmente teria transmitido o virus. 

Ninguém aprendeu NADA com o Covid! Inglaterra jamais terá o civismo da China ou do Japão neste sentido. Aqui tudo é para "inglês ver". 

Regressei ao uso da máscara - o que aqui continua a conceder-te "funny looks" como disse um colega que diz que a usa quando vai às compras. E é mesmo verdade. Se colocas uma máscara no rosto, as pessoas olham para ti como se tivesses lepra. Alguns, se pudessem, atirariam pedras. Não se aprendeu NADA com os 2 anos de pandemia. 

Trabalhei o sábado inteiro e teria ido hoje, Domingo, também. Não fosse terem-me PROIBIDO. 

Sim, proibido... Hoje era o Domingo que eu mais ansiava. 9 horas de trabalho garantidas! Um doce. Eu adoro trabalhar aos Domingos e não fiz nenhum segredo disso. Talvez tenha sido o meu erro, pois sempre que podem, os tipos fazem de tudo para me tirá-lo. 

A JUSTIFICAÇÃO  que me deram é que não posso trabalhar 7 dias seguidos sem teruma folga. Até acreditaria nisto, não fosse o estar a trabalhar todos os dias faz três semanas. Então porquê só agora é que lhes está a fazer espécie? Desde que me deixem, eu vou trabalhar. Não sou uma pessoa que quer "apanhar tudo". Tenho um horário de merda - que não me permite pedir overtime muitas vezes. Então só posso fazer OT três dias da semana + o Domingo. Os outros dias não tenho como. Eles não dão overtime a quem trabalha de tarde. Se derem, é para a noite e fazem-te esperar 4 horas entre um turno e outro. Ridículo, passar 12 horas no emprego para receber apenas 8.

Isso sim, é que não te deixa descansar adequadamente. Anda-se sempre cansado, com a sensação que só se faz é trabalhar mas depois, financeiramente, não se vê o resultado porque as horas pagas não foram muitas. 

Não gosto dos turnos de 4h - são exasperantes para mim. O tempo não passa, parecem que duram sete dias! São monótonos. turnos de 8h, adoro. Por vezes chegam ao fim e nem dei conta do tempo a passar. Porque foi intenso. 

sábado, 10 de julho de 2021

Um testemunho à quarentena (isolamento) e o que penso do levantamento

Daqui a nove dias, a 19 de Julho, o governo Inglês vai decretar o fim da não-recomendação de viagens a países na lista ambar (Portugal). Também vai deixar de impor uma quarentena de 10 dias no retorno ao UK - desde que a pessoa tenha completado as duas doses de vacinas.

Como é de conhecimento geral, por esta altura, já quase todos estão totalmente vacinados. O governo antecipou a segunda dose da população exatamente para esse fim. Que fim? Dar início à recuperação da economia. Sim, porque se fosse pela saúde, com os casos de COvid a aumentar em flecha e o surgimento de novas variantes do virus ainda mais transmissíveis - como é que alguma vez esta decisão faz sentido??

Antes de mais, quero aqui deixar o meu testemunho sobre o que foi, para mim, viajar cumprindo as actuais regras de imposição de isolamento à chegada. 

E o que penso do facto destas serem levantadas.

1) Fiquei com a sensação que se tratou muito mais de um negócio do que de uma legítima preocupação com a saúde. Se nada mais o provasse, esta decisão de levantamento de restrições numa altura em que os casos aumentam de Covid aumentam bastante em todo o mundo, em particular no UK, dissipam quaisquer dúvidas.

2) Existiu muita intimidação e tom de "ameaça" (bem ao estilo Inglês) avisando das consequências caso as regras de isolamento não fossem cumpridas. Multas elevadíssimas, pena de prisão. Achei isso ridículo - subitamente transformarem as pessoas que só pretendem viajar em criminosas e fazerem ameaças. Para semanas depois - isso já ser irrelevante. 

3) O dinheiro extraído do viajante não foi nada mais do que VERGONHOSO. Faz sentido dizer que nos fazem sentir como se estivéssemos num processo de extorsão.

 * Exigiram um teste PCR até 72h antes da viagem de ida. Custo médio: 100euros
 * Exigiram um teste PCR até 72h antes da viagem de volta. Custo médio: 100euros
 * Exigiram um isolamento domiciliar de 10 dias com dois testes PCR. Custo médio: 200euros

Esta regra de isolamento com a exigência de  DOIS TESTES ao covid é absurda.
Descaradamente uma forma de extorsão. Já não bastassem os 200 euros gastos nos PCRs antes e depois da viagem, o isolamento, ainda era realmente preciso mais dois PCRs? Para quê? Só se for para encher os bolsos aos laboratórios! Depois das máscaras de rosto e do gel desinfetante vendidos a preços exorbitantes, agora vêm os Kits de teste ao Covid.  

Nem pessoas anteriormente DIAGNOSTICADAS com COVID 19 tiveram de fazer testes durante o seu isolamento de 10 dias. Minha amiga, que apanhou em Novembro passado, foi mandada se isolar junto com a família por apenas 10 dias, período após o qual ela, o marido e as filhas puderam sair. Não tiveram de fazer um único teste ao covid depois disso!

Como podia o governo garantir que estas pessoas - sem serem sujeitas a testes - já não tinham o virus e não iam contaminar outras? E o que é pior: na altura a quarentena era suposto durar 15 dias. A dela foi logo reduzida para 10.

Eu vou viajar negativa, regresso negativa, e ainda tenho de fazer quatro testes e pagar do meu bolso! Parece-me que, num caso positivo, é ainda mais URGENTE efectuar testes. Eu sou um caso negativo, isolo-me em casa por 10 dias, e isso não basta porquê?

O que fez o governo impor a obrigação de DOIS testes ao COVID durante o isolamento?
E agora retira-a! 
Que cara-de-pau.

Essa imposição era tão incontornável que, para viajares, tinhas de ter o Kit de teste ao Covid já comprado. A compra fornece uma referência e essa referência é necessárias para completar com sucesso o preenchimento do passenger allocation form (formulário de passageiro), sem o qual nenhuma companhia aérea te deixa embarcar no avião. 

Essa compra foi tão imposta, como se não bastasse por ser obrigatória antes da viagem - como o governo disponibilizava um link no formulário com centenas de contactos de laboratórios espalhados por todo o Reino Unido, encarregues de vender esses Kits. Foi muito fácil encontrar onde comprar. O difícil era saber qual escolher, tal era a dimensão impressionante da "oferta".

Eu carreguei num ao acaso - o primeiro da lista. E até hoje estou à espera que me enviem o Kit de teste ao Covid para o dia 2 e 8 de isolamento. Gastei 155 libras - quase o equivalente em euros. 

Como já revelei noutro post, o custo da deslocação a Portugal foi muito acida do que podia ter sido. 

Para uma viagem de avião de ida e volta - terminei por adquirir CINCO passagens.
Para uma viagem de ida e volta ao UK - fiz QUATRO testes PCR, um antigenio (para não gastar mais 100 euros noutro PCR) e vários auto-testes. 

Se era preciso IMPOR QUATRO PCR testes? 
Acho que não! Definitivamente não. 
Sabiam muito bem que isso implica a compra de QUATRO testes por pessoa. A 100 euros cada teste (preço mais barato), só uma família gasta um ABSURDO para estes testes ao COVID. Parece-me a mim que estavam mais interessados em CASTIGAR a pessoa que persistisse em viajar. Impondo estes gastos absurdos.

E para quê?
Para ao final de três semanas, com casos a aumentar ao nível vermelho, levantarem tudo.

Vai lá viajar! Não te preocupes!
Vai... agora que os casos positivos estão alarmantemente a aumentar como já estás vacinado - vai. Expõe-te. Precisamos saber se a vacina é eficaz. Vai lá, cobaia. Se morreres saberemos.  

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Isolamento quebrado para ir colocar o teste no correio

 Estou autorizada a "sair" de casa para ir colocar o teste no marco do correio (especial para colheita de testes Covid).  Lá fui, munida de máscara e óculos. Evito as artérias mais congestionadas de gente, vou pelos caminhos com menos aglomerações e nisto, um homem sentado num banco, ao sentir-me passar, levanta o pescoço, abre a boca e tosse duas vezes de propósito para me atingir.
Mas mesmo de propósito. Não lhe apeteceu tossir e fê-lo no momento que ia a passar. Fê-lo porque percebeu que ia passar na sua frente e ele, como um cão que late, abriu a boca e forçosamente tossiu para me atingir. 

Um acto que considero criminoso, nos dias que correm. 

Mas o que fazer? 
O homem pareceu-me ser um desses que andam à deriva. Ainda assim, não é desculpa. Sacana. A espalhar os seus germes em cima de mim. Intencionalmente. 

Isto fez-me perceber que quero ainda mais permanecer dentro de casa. 
Quem diria? Eu, que nunca fiz confinamento nem a ideia pareceu que encaixasse comigo. 

O que vejo lá fora NÃO ME AGRADA.

Eram quatro da tarde e os pubs já estavam abertos, com as suas esplanadas a ocupar metade do espaço. Já não há "mascarados" nas ruas. As ocasionais máscaras que se vêm já nem estão no queixo: estão no pescoço! 

Os mais novos, que ainda nem vacina receberam e que são a faixa etária que mais gosta de aglomerados e festas, já entram nas lojas sem usar máscara. E ninguém lhes diz nada. 

E pessoas ou items deixados pelo chão das ruas? Denunciando que aquele espaço está a ser reclamado por um sem abrigo? Vi tantos!! Igual ao que estava ou ainda pior ao antes da pandemia. 

Uma rápida passagem pela cidade para ir colocar uma encomenda no marco de correio e devo ter visto cinco situações destas.  

Tudo é para mim uma visão triste e não me identifico com o que me cerca. 

A verdade é que a única coisa que me prende a esta cidade é o meu emprego - e o ordenado que consigo tirar dele. O resto não mais me diz nada. Nunca foi um local muito bonito de se viver - mas para quem não tem automóvel para viver em bairros familiares ditos - sossegados - a cidade cumpre bem o seu papel em termos de acessibilidade de transportes. Cidade por cidade, todas no UK são iguais. Têm as mesmas lojas, as mesmas ruas, as mesmas casas... 


quinta-feira, 24 de junho de 2021

O Negócio do COVID


Viajei para Portugal no dia em que se soube que o UK ia colocar o país, na terça-feira seguinte, na lista ambar. O que significa que o meu regresso não seria mais efectuado com Portugal na lista verde. As implicações são grandes - e daí as correrias de estrangeiros em Portugal para o aeroporto. Pessoas que tiveram de encurtar as suas férias porque não poderem dar-se ao luxo de permanecer em isolamento. 

Essa é a condição de ter um país na lista Ambar de viagens. Ao chegar ao UK, tem de se efectuar um isolamento de 10 dias à chegada

Pensam que é só isso?

Não. Não é. As implicações são maiores.

PRIMEIRA FASE

Para embarcar do UK para Portugal, é preciso efectuar, no máximo até 72h antes da partida, um teste negativo ao Covid. Não é qualquer um teste que é aceite, só o PCR. Custam 100 euros.

 Sabendo que no regresso vão exigir outro, calculo que outros 100 euros serão gastos. No total, 200 euros só em testes ao COVID. Um investimento que achei que valia a pena, visto que sentia falta de Portugal. Saudade e necessidade de voltar a estar sobre a luz de Lisboa, já tão distante e a cair no esquecimento. Tirando esta necessidade física e sensorial, outros motivos mais importantes tornaram a viagem essencial. Burocracias que não consegui resolver à distância, como renovação de documentos de identidade e urgências médicas. 

Pisei na minha terrinha com tudo encaminhado. Só tinha de aguardar DUAS SEMANAS para a renovação dos documentos de identidade na loja do Cidadão. Mas era tempo demais. Bóris Johnson ia revelar, dia 21 de Junho, novas medidas. Temi que ele fosse fechar o espaço aéreo, tal como o fez no ano anterior. Bem organizado, podia suportar os 10 dias de isolamento de modo a não me prejudicar com o emprego. Este é oscilante, variável, pelo menos essa realidade permite-me viajar. Escrevi um email ao serviços de Notariado da loja do Cidadão a pedir (a explicar) porque necessitava de antecipar a data para algures antes do dia 21 - altura em que o Boris Johnson, PR do UK, ia anunciar novas medidas. 

Todos têm medo das decisões do Bóris, porque foram sempre não benéficas e põem todos a correr desesperadamente de um lado para o outro, frustrados por terem os seus planos arrasados. No Verão passado, apenas duas semanas depois de ter decidido abrir o espaço aéreo a Portugal, Bóris anunciou que o ia voltar a fechar.  (lembram-se???).

Eu lembro, porque fui uma das pessoas que correu para o aeroporto para comprar um bilhete - que quase não encontrava em lado algum, muito menos um directo para o aeroporto de meu interesse. Lá consegui com uma companhia aerea na qual nunca tinha viajado ou ouvido falar. Foi a minha salvação, e custou-me pouco mais de 200 euros.

Desta vez, e tendo ele acabado de meter Portugal na lista ambar, temi que voltasse a fechar o espaço aéreo. Todos os naturais e emigrantes trabalhadores que não podiam se dar ao luxo de 10 dias de isolamento já estavam no país, a contribuir para o PIB. Os que ficaram para trás, naturalmente seriam os reformados, os jovens em férias, os "menos úteis".  

O que ia impedir Bóris de fechar o espaço aéreo, que esteve, inclusive, PROIBIDO a viagens não-essênciais? 

Por isso pedi à loja do cidadão encarecidamente para me anteciparem a data em que me poderiam atender, imaginando que haveriam desistências. A resposta foi imediata e a marcação foi antecipada uma semana antes da data inicialmente prevista. 48h antes da temida terça-feira das decisões: dia 21 de Junho de 2021. 

Foi então que antecipei a viagem de regresso para o dia 20. Teve um custo adicional de 60 euros.

A estada em Portugal foi prolífera: consegui ir ao dentista, tratar de assuntos nos bancos, actualizar os meus dados, recuperar um investimento expirado em certificados de Tesouro que tinha realizado seis anos antes - quando os media fizeram um grande alarido sobre aquele ser o último ano em que as taxas de juro valiam a pena e depois tudo ia mudar. Descobri que o dinheiro seria depositado automaticamente na minha conta - uma conta que entretanto foi fechada - exatamente por volta do ano do investimento. 

Quis então saber para onde foi o dinheiro - já que não o recebi. O assunto pareceu-me complicado - com a pessoa a me dizer que o dinheiro foi transferido. Eu já a pensar que a Caixa Geral de Depósitos aceitava dinheiro em contas inexistentes, a imaginar a burocracia que daí advinha, mas tudo se resolveu em segundos. Assinei uns papéis e aguardo que a quantia seja depositada na conta - que convenientemente é nos correios. Não sei se é por isso que facilitaram, não entendo as implicações. Mas posso dizer-vos uma coisa: estou satisfeitíssima com o banco CTT. Nunca nenhum outro banco foi tão simplista e menos inconveniente. Não só não me enchem de marketing, não tentam impingir-me este e aquele serviço, seguros de saúde, investimentos de poupança - NADA. Talvez o facto se explique com quantia baixa que lá tenho. Ainda assim, não me massacram.

O mesmo não posso dizer com a Caixa Geral de Depósitos ou o Santander - que exatamente por não verem grandes números na conta, arranjaram maneiras de me fazerem pagar extras. O Santander então foi asqueroso. A mulher que me atendeu, irascível e abrasiva no trato, chegou mesmo a dizer-me que não tinham interesse em manter contas de clientes como eu.

Uau! 

Voltando ao tema central: O custo de uma viagem de ida e volta do UK para Portugal tendo o Covid como restrição. O que eu não entendi bem nas regras de Portugal ser colocado na lista de países AMBAR, significando que 10 dias de isolamento serão exigidos - é que TINHA DE COMPRAR ANTECIPADAMENTE um outro teste ao Covid-19 para o dia 2 e dia 8 após a chegada. 

Três dias antes da partida para o UK fiz um teste PCR ao Covid. Custo? 100 euros.

Na manhã da partida, não me deixam embarcar. Faltava-me o papel de passageiro. Tinha-me esquecido disso! Como? Não sei. Pensei ter passado tudo a pente fino. Mas não seria difícil preencher um na hora. Afinal, considero-me PIONEIRA, pois o ano passado, cumprindo à risca o que o site do Governo dizia, preenchi às pressas um desses documentos, na altura do êxodo antes que o espaço aereo fechasse, e depois ninguém mo pediu! Fui eu que o mostrei aos serviços de Fronteiras ao chegar ao UK, perplexa que ninguém mo tivesse solicitado em todas as etapas anteriores.

Anyway...

Desta vez, sem esse papel nem embarque fazia. A Easyjet foi bastante clara. 

Passager location form

Seria rápido preencher e poderia mostrar o comprovativo online. (Graças a deus pela internet, a tecnologia e os smartphones). Estou no aeroporto com o check in feito dias antes, pronta a deixar a mala de porão e já a ter de correr para embarcar a tempo.... tendo que passar pela morosa segurança... e perder tempo caso me separem as malas depois de passarem pelo raio-X...

Mas ainda dava tempo. Comecei a preencher aqueles infindáveis dados... até que chego à realização de que se não comprasse um KIT ao teste ao Covid simultaneamente, o passager location form não seria concluído e finalizado

E sem este preenchido, não me deixavam embarcar!

Era obrigatório a compra antes da viagem. 

Não sabia. Pensei que ia comprar o kit à chegada no aeroporto. No mesmo laboratório onde fiz o teste para partir, que fica, convenientemente localizado a dez passos da saida de passageiros. Às pessoas que perguntei informações antes de viajar, só me souberam dizer que não sabiam, que tinha de consultar o site do governo. O que fiz. Mas de alguma forma, esta noção de compra antecipada ou simultanea não surgiu. Para ser sincera, acho que não está bem explicada. Porque poderia tê-la comprado antes mesmo da viagem, caso soubesse que não podia comprá-la no regresso. 

O site do passanger location form fornecia um link com inúmeros, centenas na realidade, de nomes de LABORATÓRIOS que providenciavam o KIT. Carreguei no primeiro existente, estava com pressa. Tanta pressa.... E muito calma para a urgência com que deparei. Depois de colocar os dados do número de cartão de Débito, etc, etc.. carrego para finalizar e não é permitido. 

Fico atónita. Tento cinco vezes mais. Os minutos a passar, a consciência de que teria de correr para a porta de embarque... Até que li com atenção a mensagem que surgiu cada vez que tentei comprar o Kit e não deu resultado: "NÃO PODE COMPRAR O KIT NO MESMO DIA DA VIAGEM".

A sério???
Então era inútil. 

Nunca que alguém que não preencheu o formulário antecipadamente ia conseguir viajar. Estava eu mais outras três pessoas, estrangeiras, inglesas, na mesma situação. Agachados no chão do aeroporto, encostados num pilar, a tentar finalizar aquela operação. 

Para quê? Se não se podia COMPRAR o kit sem o qual não se completa o formulário?

Falei com o funcionário da Easyjet que me respondeu para continuar a tentar, porque antes de Portugal ser colocado na lista Ambar, pelos vistos a compra de kits de testes era possível no próprio dia. Eu tomei como verdadeira as palavras escritas no formulário. Ainda assim decidi fazer batota. Ao invés de dizer que ia viajar naquele dia, coloquei a data do dia seguinte. E assim procedi com todo o preenchimento do formulário novamente. No final, após preencher pela sexta vez os dados bancários, pareceu-me que as etapas seguintes continuava sem ter sucesso. 

Desisti. Perdi a viagem. Faltavam 30 minutos para a porta de embarque fechar. Mesmo sabendo que eles nunca cumprem esse horário, pareceu-me absurdo ter esperança, visto que não me permitiam viajar sem o documento e este estava dependente de uma compra de um teste ao COVID, que só podia ser realizada até 24h antes.

PORQUE NÃO INFORMAM AS PESSOAS DISSO??

Porque o que interessa é FAZER DINHEIRO. 

Mesmo à custa de uma pandemia mundial.


Não foi fácil ouvir as reprimendas da minha família que, naturalmente, culparam-me pelo desconhecimento. 

Em casa, comecei o processo por etapas - todas pescadinha de rabo na boca - para adquirir nova viagem. Teria de fazer outro teste ao Covid para embarcar. (100 euros!) Porque - estupidamente, fiz o anterior exatamente três dias antes da suposta viagem. Tivesse eu feito um dia depois e ainda estaria válido por mais 24h. Tanto o formulário do teste ao Covid como para completar o Passenger location form precisava de ter o número de assento e de voo. Mas não ia comprar a passagem sem antes ter o Kit e certeza de que iria conseguir realizar com sucesso um outro teste ao Covid. E o Kit era comprado ao preencher o Passager allocation form.

Sorte ou azar meu - a realidade é que, naquelas muitas tentativas efectuadas no aeroporto, acabei mesmo por fazer a compra. Talvez aquela com a data de partida alterada foi a que teve sucesso. Mas poderia eu viajar com uma data diferente da usada durante a aquisição do kit, tendo fornecendo dados de voo de uma viagem não realizada? Teria esse Kit informações anexadas a ele tornando-o de uso exclusivo?

Precisava saber. Já havia gasto 160 libras, que foi o custo do KIT. Não poderia sequer imaginar que me iam pedir para comprar um novo Kit porque perdi uma viagem, indo realizar outra. Não iam pedir para também comprar um segundo Kit, ou iam?? 

Depressa percebi que, tendo recebido o código de compra, podia utilizá-lo quantas vezes quisesse. O que achei estranho. Para isso bastava-me obter o código de um outro passageiro qualquer, provavelmente nem iam comparar dados e descobrir o acto. Ou quem sabe, poda até ter inventar um. Pelo menos para conseguir embarcar. Depois, à chegada, lá comprava um Kit de verdade, que ainda ia cumprir o dia 2 e 8 exigidos. Mas eles não colocam a possibilidade de se fazer testes à chegada, caso não se consiga na partida. O que acho de mau tom. Deviam equacionar esta hipótese, principalmente durante as primeiras viagens.

Sabendo que tinha todos os dados comigo, comprei uma passagem na TAP para a manhã do dia 22. Acabei por preencher o formulário de viagem com o código de compra desse kit, marquei um novo teste ao Covid para essa mesma tarde - tendo optado (e descoberto) que podia realizar um Antigénico, com um custo bastante inferior (30 euros).

Mas algo não estava bem. Algo não batia certo. Não consegui relaxar. A ideia de partir no DIA A SEGUIR às medidas anunciadas por Bóris Johnson deixavam-me apreensiva. Ele podia optar por fechar o espaço aéreo com efeito IMEDIATO. Nas noticias estava claro que Lisboa e outros concelhos estavam a escalar rapidamente em casos Covid e nesse mesmo dia, Lisboa passou para o Estado Vermelho. Tudo ia fechar novamente. A reacção de um país estrangeiro diante dos números não é nenhum quebra-cabeças: para mim fecharem o espaço aéreo ia ser a consequência.

Nunca tive dúvidas de que um novo lockdown vai ser implementado. Gostaria é que essa constatação fosse mais gradual. No meu entender, mal se "abrem as portas" e se deixa as pessoas sair, logo os números começam a aumentar imenso. 

Para mim o que os governos fazem é abrir uma pequena janela por esta altura das férias de Verão e tentam esticá-la o máximo possível. Mas o Covid, a propagação do virus - que nenhum especialista consegue controlar - nunca vai permitir que a normalidade regresse tão depressa. 

A vacinação não é uma solução, nem sequer funciona para o desconfinamento. Bastaram duas, três ou quatro semanas após a abertura dos comércios para os números escalarem ao que, segundo li, só tem comparação com a primeira fase de confinamento. 

Aqui em inglaterra, onde sempre achei que a maioria da população não cumpre NADA das regras de precaução, as vacinas estão bem mais adiantadas. Enquanto estive em Portugal, recebi mensagens diárias para marcar a SEGUNDA dose. Esta já estava marcada, pelo que a mensagem fez-me confusão. Tal como ditava a lei, ficou automaticamente marcada para umas tantas semanas após a primeira dose - que tomei em Abril. Em Maio telefonei para o número facultado caso quisesse alterar a data porque pretendia viajar já com a segunda dose. Foi-me dito que era IMPOSSÍVEL ANTECIPAR a vacina. Porque não podiam ir contra o sistema informático, que só permitia alterações após quatro ou seis semanas da data da primeira dose. 

Por isso muito me surpreendeu que, chegando exatamente essa data, me andassem a telefonar - porque além de mensagens também me telefonaram, para que fosse tomar a segunda dose de imediato. Ora... estando eu em Portugal, dificilmente poderia receber a segunda dose. E tendo que ficar em isolamento por 10 dias, mais adiada essa dose teria de ficar. 

Se me tivessem dado ouvidos... 

O Bóris, assustado com os números de infeções, decidiu vacinar todos rapidamente. Mas é tarde... e não vai surtir os efeitos desejados. A vacinação não é a cura. Não impede a contração do virus. Existe uma maior ameaça de momento: a variante Delta, 60% mais contagiosa e impossível de rastrear a origem.

Isto é assustador.

Pelos factos, estamos PIOR AGORA  do que durante a primeira fase, sem a vacina, sem o teste. Pelo menos no que respeita à propagação do virus. Essa ganhou mais força. Embora tenhamos alguma arma para o combater - a vacina, é quase como ir para uma batalha munido de uma agulha, quando o inimigo tem espadas.

Resta-nos a vantagem de saber que, com apenas água e sabão, se destrói a sua armadura. 

Mas quem diz que a população gosta de se munir dessas armas??

Por alguma razão a peste Negra afligiu toda a Europa lá em séculos passados...

Limpeza e Higiene era algo pouco importante.

Percebi que estaria em permanente angústia nas próximas 48h, por ter comprado uma passagem na TAP para o dia 22. Decidi então antecipar a viagem para o dia 21, sabendo que tinha de correr com a papelada, pois iria viajar dali a 16h. Alterar a viagem do dia 22 para o dia 21, mesmo tendo adquirido a passagem há menos de duas horas, ia custar mais 100 euros. (Dá para acreditar?). Por causa dos CUSTOS que a TAP cobra por alterações. Ao contrário da Easyjet, a companhia não tem uma isenção de 24h, caso queiras mudar de ideias. Comprar a passagem novamente, custaria cerca de 85 euros. É muito... mas subitamente, quando fui online, o preço desceu novamente para os 65 euros - valor que estava apresentado pela manhã, apenas horas antes. E então decidi comprar. 

Acabei por comprar TRÊS passagens de regresso ao UK, só podendo usar UMA. 

Nisto, chega o dia 21, aterro em Londres, e o Bóris fica MUDO por mais UM MÊS.

Ora, ora!

Ele sabe muito bem o que terá de fazer: fechar tudo. 

Mas como isto mal abriu, e para não ficar mal, por um mês ele vai deixar as pessoas se contaminarem umas às outras, achando que já estão livres para passear e ir onde quiserem... depois, daqui a um mês o verão já terá tido algum tempo para ser gozado, ele vai fechar as portas. Porque se pensa que a vacinação vai ajudar, eu tenho dúvidas...

RESUMO:

Viagem: easyjet: 140euros TAP: 140 euros

Testes ao Covid: 100 (ida) + 100 (volta) + 30 (volta 2)  + 160 (isolamento dia 2 e 8)  = 390 euros

Renovação de documentos de identidade: 100 euros

Consultas médicas: 40 euros

Tudo por duas semanas em Portugal.

Se valeu a pena?
VALEU!

No fundo... é só dinheiro. Este vai e vem.

Mas a possibilidade de estar onde desejo - a liberdade de movimentos - essa vale ouro.

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Humor inteligente e actual

 

*Piadas Atuais*😂🤭😂


🦜- Troco massa, arroz e açúcar por papagaio.  Preciso de falar com alguém.


🏃🏻‍♂- Se virem que saí do Grupo, adicionem-me outra vez. É o desespero para sair para algum lado.


🦸🏻‍♂- Nem nos meus sonhos mais loucos imaginei entrar mascarado no Banco.


✋🏻🤚🏻- Nunca pensei que as minhas mãos iam consumir mais álcool do que o meu fígado.  Nunca...


💀- A Quarentena parece uma série da NETFLIX: Quando parece que vai acabar, vem mais uma temporada.


😷- A máscara até tem coisas boas... No supermercado passei por 2 tipos a quem devo dinheiro e nem me reconheceram.


📆- Queixaram-se que 2020 tinha  poucos feriados.  Como estão agora?


😜- Preciso de manter distância social com o frigorífico. Testei positivo para gordura abdominal.


👨‍👩‍👧‍👦 Alguém sabe se a segunda quarentena se repete com a mesma família? Ou podemos trocar?


🖥 Faltam duas semanas para que nos digam que faltam duas semanas para nos dizerem que faltam duas semanas...


⏳ Não vou acrescentar 2020 à minha idade. Nem sequer usei!


😟 Queremos nos desculpar  publicamente com 2019 por tudo o que falamos mal dele.


🙎🏻‍♀ Essas mulheres que pediam a Deus que os maridos ficassem  mais  tempo em casa... Estão satisfeitas agora? 


🚰 A minha máquina de lavar roupa só aceita pijamas... Coloquei umas calças de ganga e ela mandou-me a  mensagem #ficaemcasa 😷🏠.


🎉 O primeiro que eu vir 👁 em 31 de Dezembro a chorar pelo ano que se vai, vou enchê-lo de porrada.


💉 Depois de passar por toda esta angústia, só nos falta dizerem que a vacina será um supositório.


👨‍🦱👩🏼‍🦱 Sinto-me como se tivesse 15 anos novamente: Sem dinheiro na carteira, com o cabelo comprido, pensando no que fazer com a minha vida e sem permissão para sair. 


domingo, 15 de novembro de 2020

Deem-me espaço, sff!




 Sabem quando só pretendes algo rapidamente, coisa de dois minutos, e nao pretendes encontrar ninguem?

Faz dias que não consigo ficar a sós. 

A casa pode estar silenciosa, sem ruidos de gente de um lado para o outro. Se aproveitar esse instante para ir à cozinha tirar algo do frigorifico com ideias de seguida subir novamente ao quarto, sei que em segundos aparece alguem. 

Nao importa a que horas o tente fazer. Tanto pode ser as três da manha, como as seis e meia. Ou sete. 

Esta gente nao dorme??

Estou a ir ou a chegar do emprego. Cansada. Sabe bem ficar apenas uns minutos sozinha e em silencio, sem que para isso seja preciso ir logo fechar-me no quarto. Tenho horarios noturnos e mais ninguem na casa os tem. Não há realmente justificação para andar a esbarrar em pessoas. Deem-me espaço, sff.

Só eu estou a ir trabalhar. Dois deles tambem podiam fazê-lo mas preferem a preguiça. Porque pagam-lhes na mesma. Então para quê se ralarem? Ficam por casa, desocupados. Vao as compras, vao passear... mas nao saem para trabalhar.

(Discordo totalmente desta postura. Mas isso é um à parte). 

Nesta clausura de ócio deixam de ter o que fazer e com o que se preocupar. Por vezes sinto que descem só para observarem o que posso estar a fazer. Escutam os meus passos a descer as escadas em madeira e decidem vir atras. 

Tambem e quando  lhes da vontade para tossir a grande e a francesa (o rapaz) sem cobrir a boca, porque  isso e para mariquinhas. 

Ou então, quando estou na cozinha, entram como quem nao quer a coisa só para olhar o que faço. 

Quando cheguei do trabalho sexta-feira de madrugada, ainda o dia não tinha raiado, decidi que ia tomar um duche, lavar a roupa e preparar o que comer. Mal ponho  a chave a porta vejo logo o rapaz, a preparar-se para sair pela outra porta para ir fumar. Lá se vai a chance da solidao matinal. Ponho a roupa a lavar na máquina e vou para o duche. O tempo todo oiço ruidos fortes na cozinha. Lá se vai aquele silencio sepulcral e tranquilizador que tanto almejava... 

Quando saio para preparar algo para comer, já não lá esta ninguem. Mas também, empatei-me no duche propositadamente para isso.

Reparo que o micro-ondas foi deixado aberto. Achei por isso que tinha sido a M. A autora dos ruidos que ouvi enquanto estava no duche, porque já presenciei que, pela manhã, ela é ruidosa na cozinha e deixa a porta do microondas aberta. 

Cortei um pao que tirei do frigorífico, estou a enfiar duas fatias na torradeira e aparece-me a M. Que se poe a preparar algo para ela também. Logo me pergunta porquê o frigorifico esta aberto. (Para depois ser ela a deixa-lo assim). Fica ali parada, a olhar para o frigorifico, maos a cintura, com ar de censura. Só o ja começar com as implicancias ja me chateia porque me priva da tranquilade com que sonhava por chegar a casa aquela hora. 

Pao com queijo e torradas nem é coisa para demorar muito a preparar. Mas foi tempo que nao me foi concedido.  Podia ser. Faço questao de os deixar a vontade quando precisam do seu espaço. Podiam fazer o mesmo comigo. Principalmente se sou a única a sair para trabalhar e estou a chegar do emprego, com fome, cansada e são sete da manhã! 

 

              O manipulo da porta das traseiras

Estamos todos a tentar manter a distancia de dois metros devido a pandemia. Quando estou na cozinha lavo o manipulo da torneira com sabao, limpo superficies, nao toco na porta do frigorifico sem ser com um papel guardanapo, caso contrario estou sempre a ter de lavar as maos por de seguida ter de tocar em comida. 

Dai a porta ficar aberta, enquanto retiro o pao, a manteiga e desvio do caminho tudo o que esta na frente, para voltar a encaixar tudo de volta na prateleira que me foi concedida como se um jogo de tetris se tratasse.

A M. Apareceu, abre com as maos a torneira que eu lavei e por esse motivo terei de a lavar novamente ou tocar nela com algo descartável. Tambem tem o habito de falar por cima do tacho de comida que tenho ao lume e esses pequenos gestos acho que sao evitaveis. Numa cozinha pequena em que nos cruzamos para abrir armarios, quando estamos tambem a tentar manter a distancia de dois metros por causa da pandemia. Nao seria mais sensato deixar cada qual usar o espaço à vez?

Eu e a M. Temos muito presente a preocupação de contágio. Ela nao fala de outra coisa. E ate ligou para a linha do Covid a fingir sintomas para receber de graça um kit de teste. Ela teme que o novo rapaz esteja doente. O antigo também. Esta convencida disso.

Por isso somos as que tem mais cuidados ao tocar nas superficies como a porta do frigorifico e a manter as coisas limpas. Mas ela nao nota quando é ela a falhar. So percebe as falhas dos outros. 

Nessa madrugada a M. perguntou-me se estava zangada (porque lhe respondi que o frigorifico estava aberto porque eu o queria aberto) disse-lhe que nao, mas depois mudei para um sim. De certa forma. E apontei para a bancada. Uma gosma vermelha e seca estava em destaque. Mas nao roubava de todo o protagonismo das brancas e das migalhas por todo o lado. 

Vai ela, que sempre diz que é "ele" que deixa tudo sujo e faz gestos e caretas de nojo, sai-se com esta: "ah, esta vermelha acho que fui eu, ontem de noite".

Lol.

Depois da senhora da limpeza ter cá vindo fazer o que lhe compete, o vidro do duche no WC  de cima ficou quase translucido. Durou apenas instantes. Duas horas de M. Dentro do Wc e olhem o resultado:

                         Estas marcas sao do lado de fora!

Limpinha e asseada era a que saiu.
No wc dela este vidro estava sempre translucido.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

A saída da melhor na casa

A rapariga do andar de baixo abandonou a casa. Foi uma decisão repentina, motivada por um comportamento do rapaz com quem ela até simpatizava. 

Contei aqui sobre o episódio em que o rapaz se embebedou. A forma como reagiu comigo no dia seguinte. Desde então não nos falamos. O que me incomodou foi eu tentar lhe falar, pedir mesmo para que parasse para me escutar e ele a ter a postura de quem não quer saber, de quem tem razão para me maltratar. Nesse dia ele e ela até se entenderam bem, a respeito da bebedeira que ele apanhou e que ela teve de aturar, certificando-se que ele ia dormir sem se magoar. 

O que eu não sabia é que ele ficou bêbado mais vezes. Numa dessas passou das marcas com ela, deixando-a muito desconfortável. Ela achou que ele passou dos limites da tolerância. Fez as malas e foi embora.

Descobri-o porque estranhei não a ouvir. Quando não vi os seus shampôos no WC, pressenti o abandono. Foi rapidamente confirmado ao abrir a porta da dispensa e vê-la vazia. 

E assim partiu. Sem nada dizer. Está já a viver noutra casa.

Senti-me triste. De todos, era ela a que eu mais gostava.

De todos os companheiros, achava-a a mais fácil de lidar, descomplicada. Falamos algumas vezes e não existiu incompatibilidade.

Na casa era arrumada, limpa, não se queixava, não exigia nada, se usava algo comum da casa devolvia de seguida, (ao contrário da M.) não pedia muito espaço para as suas coisas... era realmente uma pessoa simples com quem conviver.

Enviei-lhe uma mensagem querendo saber o que se passou. E foi assim, enviando textos uma à outra, que fiquei a saber o verdadeiro motivo da sua decisão em sair desta casa. Até então achei que estava a adorar cá viver e tinha no rapaz o seu companheiro favorito. 

É o que faz as pessoas guardarem tudo para si. Até tinhamos coisas em comum mas, compreendo-a. Também não gosto de partilhar coisas menos boas com outros. Acabei por fazê-lo - acabámos, aliás. Por estas mensagens que enviamos uma à outra por um período de duas horas. 


Ela foi embora por causa dele. E nada mais que isso. Disse-me que pediu à M. para se despedir de mim por ela. Nunca recebi tal recado. A M. sabia que ela foi embora mas nada me disse. Ao invés de me contar, só sabe falar mal do novo rapaz. Assim que me vê é a primeira coisa que faz. Começa logo com as queixas. Comecei a evitá-la, só para não ser puxada de volta para esse vértice onde ela também enfiou o JS. 

É certo que ambos deixam um tanto a desejar no que respeita a atitudes que se devem ter ao partilhar um espaço com desconhecidos. Mas considero a marcação serrada, o descontentamento imediato e abrasivo, algo desconfortável. Implicância instantânea com a qual não concordo.  Sim, ele não é cuidadoso como nós. Não é a melhor pessoa com quem se dividir um espaço. Mas a falar é que as pessoas podem chegar a um entendimento. Ou não... se eu fosse inteligente nesse departamento, não teria passado pelo que passei. Se calhar a M. tem razão e é logo para se cortar a coisa pela raiz, antes que tudo piore.

Quando perguntei à M. porquê não me disse que a rapariga abandonou a casa, não respondeu. Quando lhe perguntei porquê ela foi embora, disse-me que foi por causa do novo rapaz. Claro. Ela não responsabilizá-lo é que seria inesperado.


E é assim que estamos. Todos um pouco desconfortáveis mas a levar a vidinha. A casa tem estado numa sujidade tremenda. Bagunçada. Felizmente hoje a senhora da limpeza apareceu. E fez a diferença. A carpete foi aspirada, desapareceu a lama deixada pelas botas do novo inquilino. O chão da cozinha foi varrido - desapareceu migalhas de todo o tipo de produto e até rodelas de cebola e batatas fritas deixadas pelo chão. 


As marcas de líquido salpicado pelas portas do frigorífico foram esfregadas. E finalmente houve quem tirasse toda a louça do escorredor e a arrumasse nos armários.


Sim, porque a M., por mais que fale, tem a sua cota-parte de responsabilidade no desmazelo da casa. Ela deixa o seu kispo na cadeira, como se esta fosse cabide. Faz já mais de um mês. Se fosse qualquer outra pessoa a exibir este comportamento ela ia insurgir-se. Mas como é ela, tudo bem.... A julgar pelo estado em que recorrentemente deixa o WC e por ser ela que esteve o dia todo em casa na cozinha, vou também presumir quem sujou o frigorífico. 



Certamente foi ela que deixou um frasco de molho de carne vazar para a prateleira que a (agora ex) colega tinha acabado de lavar. Faz mais de mês e o líquido ainda está lá. O frasco "culpado" já saiu, mas as outras embalagens que ela ali mantém por teimosia e insensatez continuam mergulhadas naquela gosma. Quem é realmente asseado assim que vê sujo, vai logo limpar. Ela não. Mas sabe apontar o dedo aos outros.


segunda-feira, 2 de novembro de 2020

A aproximação do COVID

 Disse-me que tinha feito o teste porque estava com tosse e aguardava o resultado. Duas horas depois envia-me um texto a dizer que deu positivo. 

Trata-se de uma colega minha, a mesma que há três meses foi fazer o teste do Covid19 comigo. Foi a última vez que tivemos juntas. Na altura ambas tivemos resultado negativo. Mas hoje a coisa mudou para ela, os filhos e o marido. 

Fiquei triste. Ela parece estar na boa. Há uns quatro meses contou-me que teve amigas com o Covid19 - uma delas grávida, e que já tinham recuperado. Também tinha aquela postura de "se tiver de vir vem, evitar não adianta muito não". 

Ela é brasileira, casada com inglês e tem vida feita aqui em Inglaterra. Deve ter quem a ajude e família do marido por perto. Ainda assim prontifiquei-me a ajudar no que pudesse. Comprar mantimentos para a casa  deixar tudo à porta, estar aqui para a ouvir se quiser falar...

Se este "bixo" vier bater-me à porta (o diabo seja cego, surdo e mudo! Cruzes canhoto!) espero ter alguém que me estenda uma mãozinha amiga. Não faço ideia quem poderá ser. Ou se existirá essa mão amiga. Por isso mesmo, não posso baixar a guarda. Estou sozinha. E sozinha terei de sobreviver a qualquer maleita que sobre mim recaia.

Rezo para que este Covid desapareça logo porque já cansa!

A partir de quinta-feira o UK vai ficar um mês em Lockdown.

É pouco. Muito pouco. E também muito pouco eficaz. As pessoa já desobedeciam enormemente quando este durou três meses. Nem vão notar que existe. Só poderão sair de casa para compras de bens essências (mais passear o cão e dar as voltinhas do costume) ou ir trabalhar se for essencial. 

É o meu caso: sou considerada trabalhadora essencial. Por trabalhar nos correios. 

Onde já existiram casos positivos de Covid19.

Parti o ombro, estão a dar poucos ou nenhuns shifts, quase que não consegui avião para regressar ao Reino Unido. Não consigo parar de pensar que tudo isto é o destino a dar "dicas" de que devo ficar em casa e isolar-me. 

Mas também em casa, quem cá mora, sai para trabalhar... 

Vai dar ao mesmo.

Um abraço, fiquem bem, cuidem-se.


terça-feira, 27 de outubro de 2020

Sem máscara no supermercado

 

Entrei no supermercado e fui para a fila para pagar os artigos. Ninguém está a cumprir a distância de dois metros. Tudo bem... também poucos estavam preocupados em seguir pela direcção indicada pelas setas espalhadas pelo shopping e pelas ruas da cidade. Irritou-me ter de ser eu a ter de me desviar para o lado contrário, porque manadas de gente assim que começava o meu percurso nunca estavam na faixa certa de andamento. Putos, adolescentes, na maior galhofa, sem máscaras, a rir e a rir e a falar uns com os outros meio aos berros, sem se preocuparem em fechar a boca ao se cruzarem com outras pessoas. Cruzamento esse que não era para acontecer se soubessem seguir uma simples regra: a direcção para a qual aponta a seta.

Mas agora estava no supermercado, todos usavam máscara porque é obrigatório e só me tinha de preocupar com a distância. Assim que penso nisto, uma pessoa coloca-se atrás de mim. Não cumpre a distância social, vem a falar ao telemóvel e não tem máscara. 

Isso mesmo: não tem máscara.

Dou uns passos à frente para me aproximar da pessoa com máscara e me afastar da que não tem. O homem, alto, negro, sempre a falar ao telemóvel, também se aproxima. Tenho uma mão a segurar a scooter por isso faço questão de a colocar entre mim e ele. Ao menos não vem colar-se. Serve de pouco consolo, visto que fala e fala e fala ao telemóvel de boca descoberta. Cada vez que mexe os lábios está a projectar saliva para cima dos que lhe estão próximos.


Revolta-me. Da última vez que fui a este supermercado aconteceu o mesmo! Um homem, sem máscara, a falar ao telemóvel, posicionado atrás de mim. Isso dá uma taxa de 100%!

Já escolho aquele super por ser menor e, por isso, existirem mais possibilidades de todos cumprirem as regras. 

Mas é demais. Perguntei à rapariga na caixa - uma menina, se não é obrigatório usarem-se máscaras em supermercados, explicando que é a segunda vez consecutiva que tenho um homem atrás de mim a falar ao telemóvel sem máscara. Ele estava mesmo atrás, pelo que pode ter escutado. Mas não quis saber. A atitude dele foi passar-me à frente assim que terminei de pagar rapidamente as minhas compras com contactless, compras essas que fui enfiando na mochila ao mesmo tempo que dialogava. Não quis recibo e fiz o que faço sempre: não empato o andamento, tento ser o mais rápida possível. 

Ele ri-se, abana a cabeça e diz-me para me despachar que há muita gente à espera. 

Teve este descaramento. À saída passa novamente por mim e chama-me "Bitch".


Este tipo de coisa faz-me sentir desapontada com a humanidade. Já não me apetece sair  para ir 
as compras. Havia banido um supermercado, uma loja e agora, pelos vistos, estou a ficar sem alternativas. Quando saio para fazer compras quero, além de obter artigos que possa precisar, relaxar. Descontrair a cabeça de problemas que possam insistir em pairar.  Tem acontecido o contrário.

Ando a ficar deprimida com isto do Covid. Se bem que, no fundo, ainda existe outra razão, que ainda doi mais. Aquela... Mais ainda agora durante o COvid do que se este nunca tivesse existido. Agora que os nossos convívios estão limitados, conhecer novas pessoas, sair com elas, ir ao cinema, etc, é quase uma fantasia, custa ainda mais gerir isto.

Por isso quero que este Covid desapareça depressa. O numero de infectados aumenta para valores gigantes e estas pessoinhas não usam nem máscara, nem escudo facial! Oh pá... sinto-me chateada. Com vontade de chorar. Assim nunca mais vamos lá. A "normalidade" nunca mais vai regressar. Quero muito ir viajar. Preciso. Quero entrar num avião, ir para outro lugar, conviver, regressar... Mas asssim NÃO DÁ. Se for a Portugal ver a família depois do Natal - viagem que já tenho marcada, impõem-me uma quarentena e se ficar de quarentena não tenho como sair para ir trabalhar, logo, não ganho dinheiro. Se quebrar esta regra sou tratada como uma criminosa, sou vigiada e mantida sobre vigilância. E estes indivíduos que não cumprem uma única regra saem impunes!

Queria dizer isto ao homem do supermercado. Dizer que por causa de gestos egoístas como o dele, não posso ver os meus, estar com a família, abraçar alguém descontraidamente. Já uso máscara desde Fevereiro e sinto-me frustrada com o quase nenhum progresso de tanta precaução. A pesar de toda a prevenção que se tem tido desde então os números aumentam e porquê? Porque uns energúmenos como aquele gajo acham-se acima dos outros. E desrespeitam todos. Preferem ser um infectado que anda a espalhar o vírus a todos com quem se cruzam. (e ainda devem chular o estado).



quinta-feira, 10 de setembro de 2020

 TEMA UM

Torço para que o Reino Unido não feche o espaço aéreo a Portugal, impondo uma quarentena antes do meu regresso para a semana (não pode acontecer!!). Tenho estado a contar os dias para entrar no avião. Não apenas devido a este medo, mas por achar que a estada por cá deixou de fazer sentido. Sem férias de verdade, fico por casa. Só saio para ir a consultas. Não vou a lojas, supermercados... tenho estado por casa, sem sair. Vim por mais tempo porque sempre tento conciliar necessidades e tratamentos médicos. Essa é a razão que me impulsa a viajar. Isso e, claro, desconhecer o que vai ser tentar viajar depois do Brexit em Janeiro. Temer que, nos quatro meses até lá, o Covid não permitisse viagens, também ajudou. Se não viesse agora, podia ficar sem poder pisar a minha terra, sentir o meu ar, a minha luz e não tocar ou sentir os meus por muito tempo. Tinha de arriscar. Mas três semanas? Acho que devia continuar por duas. Por isso, não pode! Simplesmente não pode. O espaço aereo tem de permanecer aberto até o final da semana que vem. Tem de ser. Vai ser. 

Tinha de arriscar. O tempo de estada foi adaptado ao tempo que me solicitaram para um tratamento médico que paguei antes do Covid aparecer. Achei que era demasiado, mas se era para solucionar a coisa, cedi. Agora noto que não precisava de tanto tempo, estão a arrastar. 

Sinto falta do meu trabalho. Já não me agrada ficar por aqui e temo a qualquer momento, vir a descobrir que o UK impõe quarentena a portugal. Mais de 600 casos em 24h... porra! Dá para manter números baixos até ao final da semana que vem, se faz favor??

Se uma quarentena me for imposta, vou ter de cumprir. Mas não é justo sair prejudicada financeiramente. E ter de cumprir uma quarentena quando aqueles que sairam um dia antes não têm. (espero não vir a ser o caso). Não só pelo salário que perco por não ir trabalhar. É por, se ficar muitas semanas consecutivas sem o fazer, o valor de remuneração à hora desce para metade. Sim, me ta de.

Atingi o patamar máximo antes da partida e não é justo cair para o primeiro, quase metade do actual. Não posso sair assim tão prejudicada, ainda mais sabendo-me sem a doença (sem contacto com terceiros) e sabendo que vou continuar a tomar as medidas de precauções que tomei sempre, antes mesmo do governo inglês decretar cuidados à população: máscara, óculos, luvas, boné, lavagem de mãos. Caramba! Se não me contagiei durante o lockdown, não vai ser agora. O grande risco reside somente na própria viagem de avião, vamos a ser honestos. É uma atmosfera fechada e de ar viciado. O risco aqui é maior. Para a viagem vou usar a melhor máscara que tiver (não vai ser daquelas de papel) e não vou tocar em nada, desinfectando tudo e tomando banho assim que chegar a casa. E a possibilidade dos aviões poderem voltar a ficar por terra e o espaço aéreo fechar? Não podemos esquecer que essa pode voltar a ser uma realidade para este Outono. 

Para ir trabalhar vou manter o uso destes utensílios, mais uma viseira e uns óculos que não consegui encontrar quando para cá vim. Vai manter-se tudo igual ao que fiz antes, durante meses.

Sempre tive estes cuidados, enquanto vi outros não terem muitos ou nenhuns. 
Não é justo sair prejudicada. É só o que acho.

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TEMA DOIS

Uma semana depois de ter abandonado a zona de praia, ainda estou a tirar grãos de areia debaixo das unhas. Mesmo após incontáveis lavagens com sabão, sabonete, duches e banhos. Se isto é assim com areia, como será com o Covid? Bom, lavando bem... o sabão destrói a camada protectora do vírus. Já o grão de areia, nada o destrói ehehe!


TEMA TRÊS

Aprender a gostar mais de mim. A pensar em mim. Em dar-me prioridade. 

Foi para isto que passei pelo que passei? - pergunto-me.

É capaz de ter sido sim. Em algumas ocasiões percebo que começo a preocupar-me menos com o que os outros sentem. Regressar ao lar da família, fez-me sentir que aqui nunca será um lugar para conquistar-me a mim mesma. Aqui, volto a pensar nos outros. a anular-me, a deixar-me usar. 

Ter passado pelos abalos emocionais do ano de 2019/2020 terá, finalmente, me transformado?

Espero que sim. Espero. 
Mas, por vezes, eu sou eu. Não há como negar.

Não quero virar uma pessoa fria. Ou insensível. Mas quero virar uma pessoa que percebe o que é melhor para si e faz essa escolha. Uma pessoa que não fica onde não se sente bem. Onde não lhe querem bem. Uma pessoa que se valoriza. E ganha segurança em si mesma.


Tudo aquilo que nasci possuindo, mas que fechei num baú e atirei para as profundezas do oceano. Para não ir junto com ele. 


E pronto, é isto. 


segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Covid ou nao Covid? Continua a duvida.

Sao 5 da manha e vou tentar dormir para acordar as 7.30.

Dez minutos depois de ter escrito aqui respostas aos comentarios do ultimo post, envio uma mensagem ao rapaz da casa, para saber como se sente. Ouvi-o a vomitar no wc.

Nada disse (nunca diz) e por ser muito tarde nao o quis importunar pessoalmente. Desligo a luz. O primeiro dia de trabalho num novo emprego ia começar em poucas horas. E ainda tenho o noturno com que me preocupar. E muito importante descansar. Entre os dois, tenho apenas 4h para dormir e a meio da tarde. Nada mais.

Mais dez minutos e oiço a rapariga a sair do quarto para abordar o rapaz. Chamam o meu nome pela porta. Abro. Ela diz que temos de chamar uma ambulancia. Pego no telemovel e disco o nimero de emergencia: 999.

Nao vos conto mais nada, mas foi exaperante. Basta contar que a primeira chamada foi feita as 1.15am e a ambulancia apareceu as 4.00am.

O rapaz tinha dores no peito e dificuldade em respirar. Um provavel bloqueio numa veia perto do coracao. E talvez Covid. Quem sabe?

Espero que ele fique bem. É boa pessoa. A rapariga tambem. Louca, mas boa gente.

Se vim para esta casa existe uma razao. E ja gosto deles e me preocupo com o seu bem estar, mesmo que nao venhamos a ser grandes ou intimos amigos.

Estamos todos no mesmo barco e temos de nos ajudar mutuamente. Sem familia por perto. Se o covid aparecer nesta casaz terei de ser cuidadosa com a minha familia do outro lado do atlantico.

Mas vao ser estas as pessoas que terao de me auxiliar. E eu elas. Nao podia ter calhado melhor, diante da alternativa.

Bom, vou tentar descansar. Duvido que adormeça. O rapaz levou morfina, tomou aspirina e foi para a ambulancia amparado por duas paramedicas. Fizemos-lhe uma mala de roupa, metemos o passaporte e o telemovel com carregador. Espero que nos de noticias.

No meio desta comocao, como estamos numa casa e aqui deixa-se a porta aberta, as 4 da manha uma rapariga loura toda produzida surge do nada a pedir o telemovel para chamar um taxi porque o namorado deixou-a ali. Fria, sem querer saber da comocao, sem interagir. La dei o meu telemovel a uma estranha, que foi para casa de taxi enquanto o meu colega estava ligado a um aparelho cardiaco e a ser injectado com morfina.

Quando regressar vai ser mimado. Algum bem tem de sair deste mal. Aposto que e desta que vai deixar de fumar. Ele tentou, mas so conseguiu por 3 dias. Voltou a fumar em força e coincidiu nessa altura começar a ter pior aspecto. Fiquei preocupada e tomei uma nota mental para estar atenta.

Mas ele nao me disse hoje que estava com dores no peito. Tem-se mantido afastado, devido a suspeita da rapariga dele ter Covid.

Foi para o hospotal, onde esta a ser vigiado e espero que, bem tratado. O coracao dele nao estava a funcionar bem. Espero que consigam reverter isso e que ele nao fique com problemas.

O melhor que podemos possuir e a nossa saude. Bjs e cuidem-se.


terça-feira, 7 de julho de 2020

Tudo a correr para o.... baieta!

Esta segunda passei pelo centro da cidade e fiquei surpreendida por ver tudo voltar ao normal. Todas as lojas estavam abertas, algumas a exibir frutas e legumes expostos ca fora, quando antes tudo ficava dentro.

Esplanadas com pessoas a comer bifes com batatas fritas, acabados de sair do café. Tinham as mascaras ao pescoco e eram, talvez, os unicos com uma.

Mas sabem onde vi fazerem fila?
No barbeiro. Homens esperavam ca fora para entrar, todos animados.


Vi mas nao dei muita importancia a isso. Nisto a noite chega, vou para o trabalho e o que vejo? Cabeca atras de cabeca masculinas todas de cabelo acabado de cortar!!

E o ar todo gaibao?

Ainda falam das mulheres e a sua vaidade.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

O covid está a fazer a todos um favor

Me perdoem os profissionais de saúde na primeira linha. Mas também eles estão incluídos nesta apreciação.

Tenho lido que o confinamento resultou em muitos "divórcios". Pois então: se ficar a viver junto sem poder sair muito do lado um do outro ou procurar outras companhias afastou casais, então o confinamento poupou-lhes anos de tormenta. Sim, porque provavelmente era o que ia acontecer com essas pessoas num relacionamento. Viviam juntas até o limite, a suportar coisas na esperança de que, mais para a frente, tudo se acerta, e vai que a relação esta condenada desde o inicio e o casal nao percebe, investindo anos na tentativa de "resultar".

Veio o confinamento e economizou-lhes tempo. Agora podem ir as suas vidinhas sabendo que, com aquele/a, não vai resultar.

O Corona/Covid-19 também mostrou que os prodissionais de saúde arriscam-se, porque risco fazia parte do todo quando escolheram a profissão. Medicos reformados voluntariaram-se para ajudar com os pacientes infectados.

O covid mostrou-nos, povo nao ligado à comunidade medica, o coração e intregridade destes profissionais.

Se o povo, no geral, lhes dá valor?

Acho que não, na minha modestia opinião. O covid também nos mostrou isso. O mundo da celebridade e ficção continua a exercer um maior fascínio e é o que mais facilmente conduz grande volume de pessoas a mostrar indignação que as leva a organizar manifestações ou festas.

Quando tivermos um Dr. House português, uma celebridade televisiva, então o povo sente mais a luta da classe.

Fica-se pelas palmas e vai para a praia ou sai a rua sem mascara e a não querer saber do distanciamento social.

Clao, não são todos. Muitos ficaram em casa, nao abracaram um ente querido, desinfetaram cada embalagem trazida do supermercado, lavou as maos até encarquelharem, usou máscara, luvas, etc.

Mas basta um pequeno grupo, um pequeno aglomerado de gente e o Covid espalha-se como uma fuga de petróleo no mar.

Já há lares de idosos novamente cheios de infectados. E eu, muito provavelmente, vou novamente perder o dinheiro da passagem de aviao que comprei nos saldos, para usar em Agosto. Mas se tiver de ser, será. Tudo por culpa daqueles que nao tomam cuidado. 

É que não percebem as implicações. As companhias aéreas vão ter de fechar novamente, empregos deixados em stand-by vão ter de ser eliminados, as pessoas vão ficar desempregadas. Aumenta a criminalidade, a loucura, as dividas, o Estado endivida-se e a China compra tudo.

É isso que querem, ó cab@&$ que ainda não perceberam que ser desleixado é mostrar cobardia pelo desconhecido?

Enchem-se de coragem, como eu em Fevereiro, e coloquem uma mascara no rosto. Digam aos amigos onde podem arranjar as suas. E lavem as mãos sempre e antes de tocarem no que seja.

O covid nao vai desaparecer. É uma doenca, veio para ficar. Mas temos de a tornar rara tao rara, que deixe de haver casos em qualquer pais.

Isso so é possivel com prevenção sem excepcao.



quarta-feira, 10 de junho de 2020

A portuguesa é louca (diz a italiana)


O primeiro ministro ingles vai liberar, a partir de sabado, as visitas a familiares em outras casas. 

E eu tenho seis (!!!!) ITALIANOS na sala.
Gente que nunca vi, que entram por este espaco a dentro como quem esta na sua casa, não na de outros.

So dois ca vivem. Um ha apenas 10 dias! Trouxe de imediato bagagem: uma namorada. Com quem me cruzei na cozinha eram 6.30 da manhã.

Disse-me que tinha acordado e nao conseguia dormir. E eu tinha acabado de entrar em casa, ainda de capacete na cabeca, casaco, luvas, mascara.

Conto com este horario matinal para usufruir um pouco do espaco comum da casa. Porque depois das 9am ate a meia noite, isso nao é possivel. Todos os italianos tomam conta. Como se isto fosse o longe de um hostel.
Nao desgrudam mais. Parece que nao tem outra vida, nada para fazer, sem ser ficar na sala a ver TV e pela cozinha a fazer comida.

Eram 18h ontem quando desci no intuito de fazer uma pizza no forno.

 Para mim que trabalho à noite, esta hora é como a hora de pequeno-almoco. Para eles, que nao saiem para trabalhar, que estao ali desde cedo de manha, julgo que podia ser de lanche.  Encontrei tudo na cozinha a funcionar: forno, fogao, microondas, lavatorio, armarios a serem abertos, frigorificos.... e todos la enfiados. Nao estava uma pessoa num quarto.

Nao tinha espaco de manobra. E a casa permite isso com facilidade.

É incrivel como se apoderam. Ha algo anormal na postura. Parece que fazem de proposito para que outros nao encontrem o espaço vazio e dele possam usufruir  sozinhos.

Já intuia que o meu horario matinal de chegada pudesse ser  "roubado". Gato escaldado... é que a gorda mais o "rei da casa" tinham o habito de combinar partidas e chegadas de forma a que um deles estivesse sempre no dominio da sala/cozinha.

Que agora passe a haver um italiano com "insonia" toda a manha que chego a casa nao é algo que me va surpreender. Ainda assim entristece. Sempre entristece.

Assim como entristece perceber a natureza ruim da maioria das pessoas pos lockdown.

Mais cedo, apos uma amiga me acordar com um telefonema, desci à cozinha e a gorda, claro, estava la. Quando se afasta para a sala é quando consigo ir à torneira. Nisto ela retorna e passa a coŕrer para enfiar-se na utility room, que e onde esta a maquina de lavar roupa. O espaco tem tambem uma porta para o exterior, que da para o jardim e para a frente da casa. Nunca ninguem, Sem ser o senhorio, usa o portao que da para a rua.

A propria gorda contou-me uma  vez que um ex-inquilino (pobre coitado) era muito esquisito, nao falava com ninguem na casa, fechava-se no quarto de onde so saia de noite para cozinhar, deixando a casa empestiada (lol,lol) e ela uma vez queixou-se de algo e ele passou a deixar o portao destrancado para entrar pelas traseiras.

Assim que ela me contou esta historia, eu soube que havia uma outra versao para o mesmo acontecimento.

O descaramento é sempre o mesmo: critica os outros e levanta falsos testemunhos, manipulando as situacoes como lhe convem.

Agora para introduzir uma nova pessoa na casa sem dar nas vistas, (nao me contava ali) usa o portao e a porta das traseiras. Os outros dois italianos que se seguiram ja entraram pela porta da frente.

Seja como for, esta rapariga italiana, loura, aparece do nada, diz ola, senta-se na Mesa e as suas comecam a falar.

Entendi perfeitamente quando o assunto fui eu. E quando nao sou, realmente? A mulher esta obcecada por mim.

E empenhada em me tirar daqui. Sem manchar a maquilhagem, claro. Tera de ser o senhorio a fazer o trabalho sujo dela.

Contou a loura que eu lhe disse que ela nao me conhecia. E deu como resposta a loura que sabe que sou louca.

Gostava de saber de onde vem essa loucura...  Do respeito sempre demonstrado? Da tolerancia para com os abusos psicologicos? Da cedencia de espaco?

Ela criou na sua cabeca, ou melhor, projectou em mim  o que esconde dentro de si. E depois chama louco a outro.

Um dia a mascara cai.
Tem de cair.








quinta-feira, 4 de junho de 2020

Novidades sem novidades

Já passaram alguns dias desde que fiz um post. Isso deve-se maioritariamente ao facto de ter mudado de horario de trabalho.

A agencia estava a cancelar, reduzir para metade e a limitar os turnos para tres por semana. Em alternativa disponibilizaram o turno da noite. Por enquanto este tem a duração de oito horas, cinco dias por semana. Mas também este pode ser cancelado.

Sinto-me um pouco manipulada, porque sei que outros continuam a receber ofertas para o turno da tarde, aquele que eu fazia.

Suspeito que tem os seus favoritos e numa lista à parte, colocam os nomes daqueles que acham que podem dispensar.

Mesmo sendo dificil aguentar as noites a trabalhar, porque de seguida mal se consegue dormir, prefiro que me dem turnos certos do que estar diariamente a temer receber a temível mensagem: "o seu turno foi cancelado".  Isso causava-me profunda ansiedade.

No último sábado fez-me chorar baba e ranho por umas três horas. (Pronto, ate o dia seguinte, mas presumo que foi apenas o catalizador para o facto de tudo parecer estar a desmoronar).

Tenho uma vida laboral incerta.

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Quanto há casa, ao final de um mês ainda estou à procura. Aquela que partilhei aqui como estando a ser renovada para ser ocupada em uma semana, continua fechada e sem sinais de estar pronta.

A busca tem-me feito perceber que estou numa excelente casa. Feita à medida das minhas necessidades. Facto que a gorda sabe muito bem. Por isso é tão possessiva a respeito do espaço e quer ser ela a mandar e a tomar as decisões que a afectam: novos inquilinos, material de limpeza, arrumos, decoração, uso do espaço comum, etc.

Quando fala diz que a "decisão é do senhorio" mas ela age como o grilo falante: está sempre a sussurrar no ouvido dele o que este deve pensar e como deve agir.

Puro veneno manipulador destila a Godzilla.

(Pronto, ficam a saber o cognome que lhe atribuí depois de sentir o chão da sala a tremer e a mesa a abanar à sua passagem).

E não, nao foi imaginação. Deve ter pisado num sitio especifico que provocou o abanar mas se nao fosse tao pesada, não teria surtido efeito. E conhecendo-lhe o caracter de vibora venenosa, achei que de subito tinha-me surgido o equivalente ao trato dado por ela quando falava de mim com outros "fratelos".

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Quanto as dores da paixonite, que haviam regressado devastando-me por dentro tal como aconteceu no verão passado, depois da reza a Eles, fiquei muito mais serena. Nem quero pensar nisso. Não me foge o pensamento para ele. Isso sim, é um milagre. Sei que é, só pode ter sido intervenção vinda do além. Pode não durar mas agradeço que esta dor- a pior de todas- tenha desaparecido.

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E é isto. Novidades sem novidade.

E vocês? Têm alguma?






quinta-feira, 21 de maio de 2020


Why when bad people get inside a house, they never leave?

Falo, claro, no caso de casas com quartos partilhados.

Enquanto estou aqui sentada na relva do jardim,  procuro a paz às aflições que me atormentam.

Primeira fotografia de mim no blogue.
Yeah!
Costuma ajudar. Mas já produz pouco efeito. Tenho de ir para outros jardins, onde o espaço não está carregado de hostilidade.

Na véspera de tudo acontecer (a gorda dizer ao senhorio: "tira-a daqui senão não trago ninguém para morar cá"), trouxe estas flores que colhi de noite, pelo caminho, enquanto regressava do trabalho.


Não são lindas?


Meti-as num copo de vidro alto, despejei água para dentro e coloquei esta jarra improvisada no centro da lareira, para embelezar o espaço.

No dia seguinte, como se qualquer intervenção minha na casa fosse intolerável, chamam o senhorio e enfiam-lhe pela goela abaixo um monte de malévolas mentiras juntamente com um pedaço de bolo pascoal e um cafezinho.

Antes e depois.
  Só desviei dois bonecos da esquerda para a direita 
e reposicionei o ovo.
É preciso frisar que antes do "antes", a jarra
 que vem a esquerda estava ao centro mas foi
rapidamente relegada para dar espaco a isto:

Uma especie de lareira
que vira prateleira de despensa
(Para armazenar paes, bolos e multiplos
ovos de chocolate exclusivos para consumo italiano)

Depois daquele dia comecei a procurar uma nova casa para morar, mas fui hesitante na seleção e nao tive sucesso. A ideia era sair de imediato. Percebi que já estava a demorar demasiado tempo e isso desagradou-me. Quanto mais tempo passar na casa, mais intrigas vão inventar para reforçar as mentiras inventadas sobre o meu caracter e comportamento. Uma coisa que não lhe devia ter dito quando a confrontei, foi que nenhum dos amigos (que supostamente não gostam de mim), me conhecia. Ela ficou espantada. Prestou atenção. Como já a temer que eu pudesse ter encontrado uma brecha na sua história inventada.

Deve ter pedido a uns para confirmarem a sua versão com o senhorio. Isso justificaria a presenca de uns deles na casa, ontem, anteontem e noutro dia. Deixando moedas e mensagens como que encantamentos.

Mas a verdade é que nunca fui mal educada. Eles traziam pessoas cá para dentro sem nunca partilharem comigo essa informação. Eu ficava a saber por esbarrar nas pessoas, geralmente quando tentava aceder à cozinha. Convivios, jantares... Nada me foi dito. Era propositadamente colocada de parte por eles e depois davam a entender aos convidados que era eu que me excluia.

Tudo manipulação. Sempre falsos, sempre alertas à percepção dos outros.

Naturalmente, sou surpreendida quando entro na sala e encontrou um bando de gente. Digo "hello" e meio que fico à espera de uma apresentação. Mas não me diziam o nome, não se apresentavam, não me apresentavam a ninguém.  Muitos nem me olhavam na cara quanto estabelecia com eles contacto visual e lhes dava um timido mas genuino sorriso, quanto mais me falar.  Nem uma curta interacção, uma pergunta, nada. OK, não me querem junto deles. Fazem-me sentir uma intrusa na propria casa onde pago para morar, pelo que faço o que tinha ido ali fazer e deixo-os sossegados.

A ela só lhe disse que muitos nem um "hei" diziam e respondi à resposta dela sobre os colegas "ninguém nesta casa gosta de ti" com:

-"isso é porque tu dizes a todos que aqui entram "que terrivel portuguesa mora aqui!"

Voltando aos malmequeres, ao fim de algumas noites, reparei que continuavam resplandecentes. Deixei-os ficar. Não pensei que durassem tanto. Mais uns dias se passaram, a busca por um novo quarto atingiu uma percepção de calamidade e desânimo. Os malmequeres continuavam visosos. Contudo, comecei a associar a presença deles com o início deste novo tormento.

Será que, enquanto ali estivessem não ia arranjar um novo lugar para morar?

Se nada aparecesse dentro de dias, ia deita-los fora.

 Assim, 18 dias depois de os ter colhido. Removi-os, para ver se me trazia sorte.


Passaram-se mais quatro e até agora, nada.

Só mais uma epifania:
Quando no pico do medo e pânico comparas um virus mortífero como o Covid29 com os teus colegas de casa e concluís que este é uma ameaça menor, ficando feliz por poderes sair de casa todos os dias para ir trabalhar, isso devia ter servido de pista.

Estou só a tirar estas coisas dentro de mim.
I was blind but now I see!
(Will I ever, really?)

segunda-feira, 13 de abril de 2020

A Páscoa correu bem



Passei um Domingo de Páscoa agradável, porque estive a trabalhar. Trabalho intenso, físico, de longa espera até poder fazer uma pausa. Mas relaxado, num ambiente amigável. 

Que melhor podia pedir?

Dentro de casa sei que ia encontrar o oposto. O que ia estragar o meu dia, fazer-me ficar deprimida, magoada, em sofrimento e a soltar lágrimas. O trabalho foi a minha salvação.



Quando regressei, os sinais de farra estavam visíveis. Os italianos decidiram comer no jardim - factor raro - e moveram a mesa de ferro forjado para junto da vedação do vizinho. Porquê? Não sei, não me interessa. A mais-gorda quis logo saber, ao me ver entrar, se tinha ido trabalhar. Respondi-lhe que sim. 


Troquei-lhe as voltas. Ela tinha preparado todo um festim para mo exibir debaixo do nariz, mas no qual me deixava excluída. Como sempre fez. Inclusive, mudou-o para o jardim, lugar onde eu costumo estar, onde costumo ir para comer. Também queria privar-me desse prazer, decerto. E eu não estive presente para lhe dar esse gostinho. Nem dei sinais de ausência. Deixei o saco que uso todos os dias no lugar, para que a sua ausência não lhes servisse de pista. Ouviram-me sair, mas decerto deduziram que podia voltar a qualquer instante.

Na sexta-feira Santa montaram um jantar todo caprichado, mas não me convidaram, nem sequer mencionaram que tinham esses planos. Não foram capazes de oferecer um chocolate dos muitos que abriram nem uma taça de vinho (com tanta garrafa que trazem e armazenam logo quatro no meu frigorífico). Não escrevi eu aqui que ela precisava recordar-se do significado da quadra, por isso o escreveu  "Esta é a semana santa" no quadro negro na cozinha?


Eles não têm um conceito real do que significa a Páscoa. Continuam maldizentes, intriguistas, mesquinhos e pateticamente embrulhados nestes actos de ostracizar o semelhante.

Assim que o senhorio abandonou a casa nesta sexta-santa, (veio cá com o pretexto de acabar de arranjar o WC), eles começaram logo a preparar a sala. Dava para sentir no ar, que só estavam à espera que ele saísse. Pouco depois, escutei baterem à porta da rua. 

Convidados? Em pleno Covid-19 lockdown?? Anda a polícia a divulgar cartazes para que as pessoas não se reunam em grupos nas suas casas nesta altura da Páscoa, para não fazerem churrascos e festas no jardim, com convidados... e estes italianos trouxeram cá para dentro um outro italiano. Sei lá eu se saudável! É simplesmente um comportamento que não se pode tomar. E eles tomaram-no. Em plena quarentena.


Tenho sorte em poder ausentar-me desta casa para ir fazer algo útil, mais útil ainda neste conceito de Pandemia Mundial. O meu trabalho de armazém consiste em separar correio postal. Ajudo a que as pessoas que estão fechadas em casa possam receber, enviar e ter em suas mãos algo que alguém que lhes quer bem desejou lhes enviar. Esse é o trabalho que mantenho há quase dois anos, mas por uma agência, como trabalhadora ocasional. Dava muito pouco dinheiro - nem o suficiente para metade da renda.

Agora com a situação que vivemos, perdi o emprego principal que tinha há dois meses e que podia gerar um contrato, mas em contrapartida ganhei horas e turnos decentes neste que já dura muito mais e com o qual estou satisfeita. Ali muitos me conhecem, muitos gostam e mim e no geral é um ambiente simples e descomplicado onde se trabalhar. Tudo o que quero. Pagam melhor do que em qualquer outro lugar, mas não davam nem 10h por semana. Com o Covid, isso mudou. Está muito melhor agora. É lamentável que esteja a correr riscos, mas penso que é o mesmo risco que qualquer outra pessoa que tem de se deslocar para o trabalho corre. Excluindo os profissionais de saúde, que esses estão mesmo no epicentro das pessoas contaminadas que procuram auxílio. Porém, quantas contaminadas que não o sabem podemos nós nos cruzar na rua e emprego?

No armazém onde trabalho, que é enorme, estão também outras três centenas de pessoas. Lidamos com camionistas, que viajam por todo o lado e carregam e descarregam os camiões com os carrinhos de correspondência e encomendas. Tocamos em mais de 1000 pacotes por dia. Sabemos lá qual deles pode transportar um vírus.

Sem dúvida, é um risco.
Mas para ser honesta, o Covid fez-me perceber que ficar em casa é-me muito mais prejudicial.

Hoje, segunda-feira, é feriado. Então fiquei mesmo por casa. Não é bom. Dos poucos segundos que tive em contacto com outra pessoa, passaram-me a sensação de não me desejarem por perto. Se não aguentam a minha presença nem por segundos num único dia da semana... Até conversa de treta não consegui estabelecer por mais que alguns 5 segundos. Tal era o desinteresse.

Não me rala. A única coisa a que tenho de estar atenta é onde ponho as mãos, o que uso para comer, para preparar comida... Porque não sei onde os restantes andam com as suas, nem para onde espirram. Sei que não são de tomar tantos cuidados quanto eu. Tenho estado atenta ao comportamento da rapariga do andar de baixo, que praticamente tem estado a viver enclausurada dentro do quarto. Não é muito habitual e fica claro que algo se passa. Com ela ou com o namorado, que está ainda mais "invisível" que ela. Se algum deles apresentar sintomas de gripe ou constipação, SEI que vão procurar ocultá-lo de mim, do senhorio. Vão mantê-lo em segredo, tentando que eu não o perceba. Sei que não posso contar que tenham um comportamento exemplar e atuam como pessoas decentes e responsáveis. Têm demonstrado não saberem o que isso é. Para os italianos, qualquer sintoma é de outra coisa qualquer, não é Corona. "Como ousas insinuar??" - é o tipo de atitude que têm. Claro... como se desse para saber.

A rapariga do andar de baixo não só anda muito enclausurada no quarto, como começou a fazê-lo depois de regressar de uma interrupção de quarentena. Ela e o namorado ausentaram-se por três dias. Não sei para onde foram, com quem estiveram, nem o que andaram a fazer. Sei que regressaram faz duas semanas, e quase de imediato comecei a ouvir a rapariga a tossir e a assoar-se constantemente. Parece estar a querer evitar o contacto e vive enfiada no quarto. Daí vai para o WC tossir e assoar-se, e de volta para o quarto. Deixa as suas coisas espalhadas pela casa, as toalhas que usa nas cadeiras, sofás, etc e sai de vez em quando, para alimentar-se e parece estar bem... mas hoje ao passar por mim na cozinha, olhou-me intensamente. O que não é habitual. Geralmente recebo aquele olhar "mal olham para ti". Que foi o que ela me deu na sexta-feira Santa, quando cá receberam o italiano. Fiquei ali parada a olhar para eles, à espera que se dignificassem a dizer algo, a apresentarem-me o indivíduo (porque o sabia um candidato) ou a mexerem-se para que eu pudesse passar e alcançar a cozinha. Ela só me olhou de relance, com um desdém do tamanho do universo. Típico de quem sente que está a aumentar em número... Quando recebo olhares não de relance mas que olham no olho,  sei que está a acontecer algo menos bom. Isso e mostrarem-se mais afáveis na voz. É sempre mau sinal. Para mim aquele foi um olhar de "estou a esconder alguma coisa", que me disse que se estava a passar algo que eu ainda não sabia, mas que ela sabia e estava a rejubilar-se nisso.

Uma dessas coisas pode ser o facto de estarem à procura de outro italiano para cá vir morar. Foi isso que os espevitou há dias, depois da rotina desta quarentena já estar a desmotivá-los. Um dos rapazes abandonou o quarto, por estar em quarentena em Itália e não querer pagar renda. O quarto vai vagar no final do mês, Mas já está tudo em movimento para cá enfiarem alguém do seu agrado. Alguém com o "selo de qualidade". Estão a falar com todos os italianos, procurando encontrar quem queira mudar-se para cá. Pintam a casa como um lugar ideal, toda italiana, com festas e festins italianos. Só tem um inconveniente... ainda cá mora uma portuguesa. Mas ela é posta de parte, não conta.

A necessidade de meter outra pessoa cá dentro tem-nos dado um novo alento, um novo propósito. Têm estado a sondar quem pode vir para cá, quem é o melhor candidato. Ontem à noite, estava quase a adormecer, quando tenho de ir buscar algo lá abaixo e voltar para a cama. Nisto quando estou a passar rapidamente pelo sofá, a mais-velha, que está a falar por video-chamada no telemóvel, no alto do seu cinismo, chama o meu nome, o que é insólito, vira o telemóvel  para mim e diz: "Fulano está ao telemóvel".

Fulano é o "rei", o ex-colega que saiu desta casa. Nunca quiseram saber de mim. Não falaram comigo cá dentro. Passavam-se horas com nós os dois na sala e ele não abria a boca para me dizer um ai. Não me desejou feliz ano, nem feliz Natal... Nada. E agora, subitamente, estava interessado em me cumprimentar?

Claro que não. Foi só mais uma provocaçãozinha, porque entretanto, eu já deixei claro que não gosto dele. Quando cá esteve limitei-me a cumprimentá-lo secamente. Queria o quê? Reverência? Nunca fui uma das suas vassalas. Fui simpática porque é de minha natureza e porque dividi o mesmo espaço que ele. Mas depois disso, não tenho qualquer obrigação, sem ser por minha natureza cordial. Não sou hipócrita, não vou perguntar como lhe está a correr a vida. Mesmo que a minha natureza seja essa - e é - no caso dele e de outros cá dentro, não são merecedores desse tipo de carinho. Sim, porque se trata de uma forma de mostrar carinho por alguém - perguntar como está. Nem isso quero saber.

O que é revelador, é a atitude da mais-velha. Para agir como agiu, mal me viu, é porque estava muito feliz. Provavelmente estava a "descascar" na minha pessoa nesse preciso momento. O "rei" deve ter sido contactado para dar continuidade a uma das suas principais anteriores funções: recrutar italianos-moradores. Se bem que é uma pessoa muito narcisista. A partir do momento em que deixa de ser um problema que o afecte, não vai perder muito tempo com isso. A menos que lhe seja fácil. Se for difícil, não se dá ao trabalho. Mas por maldade... fazem tudo.

Já escrevi muito. Mas apeteceu-me ir aos detalhes. Resta-me incluir que a minha reacção quando ela virou o telemóvel para mim e mostrou-me o rosto dele, outra forma de continuar a invadir o espaço, eu reagi assim:
"Quem é fulano?" "Olá, boa páscoa".

E foi só isso.
Fulano ainda pronunciou, com atraso considerável "Olá portuguesinha".

Lol.
Nunca usou o meu nome enquanto pode. Privou-me de vários olás cordiais enquanto cá esteve.
Agora pode enfiá-los todos num lugar que eu cá sei. AHAHAH.

Boa semana para todos.
E acreditem, estou bem.
Quero que estejam bem também.

Noutra ocasião, vou deixar-vos ideias com que possam se entreter enquanto se prolongar a quarentena. Forte abraço, obrigada e Força.