Metereologia 24 h

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quinta-feira, 24 de junho de 2021

O Negócio do COVID


Viajei para Portugal no dia em que se soube que o UK ia colocar o país, na terça-feira seguinte, na lista ambar. O que significa que o meu regresso não seria mais efectuado com Portugal na lista verde. As implicações são grandes - e daí as correrias de estrangeiros em Portugal para o aeroporto. Pessoas que tiveram de encurtar as suas férias porque não poderem dar-se ao luxo de permanecer em isolamento. 

Essa é a condição de ter um país na lista Ambar de viagens. Ao chegar ao UK, tem de se efectuar um isolamento de 10 dias à chegada

Pensam que é só isso?

Não. Não é. As implicações são maiores.

PRIMEIRA FASE

Para embarcar do UK para Portugal, é preciso efectuar, no máximo até 72h antes da partida, um teste negativo ao Covid. Não é qualquer um teste que é aceite, só o PCR. Custam 100 euros.

 Sabendo que no regresso vão exigir outro, calculo que outros 100 euros serão gastos. No total, 200 euros só em testes ao COVID. Um investimento que achei que valia a pena, visto que sentia falta de Portugal. Saudade e necessidade de voltar a estar sobre a luz de Lisboa, já tão distante e a cair no esquecimento. Tirando esta necessidade física e sensorial, outros motivos mais importantes tornaram a viagem essencial. Burocracias que não consegui resolver à distância, como renovação de documentos de identidade e urgências médicas. 

Pisei na minha terrinha com tudo encaminhado. Só tinha de aguardar DUAS SEMANAS para a renovação dos documentos de identidade na loja do Cidadão. Mas era tempo demais. Bóris Johnson ia revelar, dia 21 de Junho, novas medidas. Temi que ele fosse fechar o espaço aéreo, tal como o fez no ano anterior. Bem organizado, podia suportar os 10 dias de isolamento de modo a não me prejudicar com o emprego. Este é oscilante, variável, pelo menos essa realidade permite-me viajar. Escrevi um email ao serviços de Notariado da loja do Cidadão a pedir (a explicar) porque necessitava de antecipar a data para algures antes do dia 21 - altura em que o Boris Johnson, PR do UK, ia anunciar novas medidas. 

Todos têm medo das decisões do Bóris, porque foram sempre não benéficas e põem todos a correr desesperadamente de um lado para o outro, frustrados por terem os seus planos arrasados. No Verão passado, apenas duas semanas depois de ter decidido abrir o espaço aéreo a Portugal, Bóris anunciou que o ia voltar a fechar.  (lembram-se???).

Eu lembro, porque fui uma das pessoas que correu para o aeroporto para comprar um bilhete - que quase não encontrava em lado algum, muito menos um directo para o aeroporto de meu interesse. Lá consegui com uma companhia aerea na qual nunca tinha viajado ou ouvido falar. Foi a minha salvação, e custou-me pouco mais de 200 euros.

Desta vez, e tendo ele acabado de meter Portugal na lista ambar, temi que voltasse a fechar o espaço aéreo. Todos os naturais e emigrantes trabalhadores que não podiam se dar ao luxo de 10 dias de isolamento já estavam no país, a contribuir para o PIB. Os que ficaram para trás, naturalmente seriam os reformados, os jovens em férias, os "menos úteis".  

O que ia impedir Bóris de fechar o espaço aéreo, que esteve, inclusive, PROIBIDO a viagens não-essênciais? 

Por isso pedi à loja do cidadão encarecidamente para me anteciparem a data em que me poderiam atender, imaginando que haveriam desistências. A resposta foi imediata e a marcação foi antecipada uma semana antes da data inicialmente prevista. 48h antes da temida terça-feira das decisões: dia 21 de Junho de 2021. 

Foi então que antecipei a viagem de regresso para o dia 20. Teve um custo adicional de 60 euros.

A estada em Portugal foi prolífera: consegui ir ao dentista, tratar de assuntos nos bancos, actualizar os meus dados, recuperar um investimento expirado em certificados de Tesouro que tinha realizado seis anos antes - quando os media fizeram um grande alarido sobre aquele ser o último ano em que as taxas de juro valiam a pena e depois tudo ia mudar. Descobri que o dinheiro seria depositado automaticamente na minha conta - uma conta que entretanto foi fechada - exatamente por volta do ano do investimento. 

Quis então saber para onde foi o dinheiro - já que não o recebi. O assunto pareceu-me complicado - com a pessoa a me dizer que o dinheiro foi transferido. Eu já a pensar que a Caixa Geral de Depósitos aceitava dinheiro em contas inexistentes, a imaginar a burocracia que daí advinha, mas tudo se resolveu em segundos. Assinei uns papéis e aguardo que a quantia seja depositada na conta - que convenientemente é nos correios. Não sei se é por isso que facilitaram, não entendo as implicações. Mas posso dizer-vos uma coisa: estou satisfeitíssima com o banco CTT. Nunca nenhum outro banco foi tão simplista e menos inconveniente. Não só não me enchem de marketing, não tentam impingir-me este e aquele serviço, seguros de saúde, investimentos de poupança - NADA. Talvez o facto se explique com quantia baixa que lá tenho. Ainda assim, não me massacram.

O mesmo não posso dizer com a Caixa Geral de Depósitos ou o Santander - que exatamente por não verem grandes números na conta, arranjaram maneiras de me fazerem pagar extras. O Santander então foi asqueroso. A mulher que me atendeu, irascível e abrasiva no trato, chegou mesmo a dizer-me que não tinham interesse em manter contas de clientes como eu.

Uau! 

Voltando ao tema central: O custo de uma viagem de ida e volta do UK para Portugal tendo o Covid como restrição. O que eu não entendi bem nas regras de Portugal ser colocado na lista de países AMBAR, significando que 10 dias de isolamento serão exigidos - é que TINHA DE COMPRAR ANTECIPADAMENTE um outro teste ao Covid-19 para o dia 2 e dia 8 após a chegada. 

Três dias antes da partida para o UK fiz um teste PCR ao Covid. Custo? 100 euros.

Na manhã da partida, não me deixam embarcar. Faltava-me o papel de passageiro. Tinha-me esquecido disso! Como? Não sei. Pensei ter passado tudo a pente fino. Mas não seria difícil preencher um na hora. Afinal, considero-me PIONEIRA, pois o ano passado, cumprindo à risca o que o site do Governo dizia, preenchi às pressas um desses documentos, na altura do êxodo antes que o espaço aereo fechasse, e depois ninguém mo pediu! Fui eu que o mostrei aos serviços de Fronteiras ao chegar ao UK, perplexa que ninguém mo tivesse solicitado em todas as etapas anteriores.

Anyway...

Desta vez, sem esse papel nem embarque fazia. A Easyjet foi bastante clara. 

Passager location form

Seria rápido preencher e poderia mostrar o comprovativo online. (Graças a deus pela internet, a tecnologia e os smartphones). Estou no aeroporto com o check in feito dias antes, pronta a deixar a mala de porão e já a ter de correr para embarcar a tempo.... tendo que passar pela morosa segurança... e perder tempo caso me separem as malas depois de passarem pelo raio-X...

Mas ainda dava tempo. Comecei a preencher aqueles infindáveis dados... até que chego à realização de que se não comprasse um KIT ao teste ao Covid simultaneamente, o passager location form não seria concluído e finalizado

E sem este preenchido, não me deixavam embarcar!

Era obrigatório a compra antes da viagem. 

Não sabia. Pensei que ia comprar o kit à chegada no aeroporto. No mesmo laboratório onde fiz o teste para partir, que fica, convenientemente localizado a dez passos da saida de passageiros. Às pessoas que perguntei informações antes de viajar, só me souberam dizer que não sabiam, que tinha de consultar o site do governo. O que fiz. Mas de alguma forma, esta noção de compra antecipada ou simultanea não surgiu. Para ser sincera, acho que não está bem explicada. Porque poderia tê-la comprado antes mesmo da viagem, caso soubesse que não podia comprá-la no regresso. 

O site do passanger location form fornecia um link com inúmeros, centenas na realidade, de nomes de LABORATÓRIOS que providenciavam o KIT. Carreguei no primeiro existente, estava com pressa. Tanta pressa.... E muito calma para a urgência com que deparei. Depois de colocar os dados do número de cartão de Débito, etc, etc.. carrego para finalizar e não é permitido. 

Fico atónita. Tento cinco vezes mais. Os minutos a passar, a consciência de que teria de correr para a porta de embarque... Até que li com atenção a mensagem que surgiu cada vez que tentei comprar o Kit e não deu resultado: "NÃO PODE COMPRAR O KIT NO MESMO DIA DA VIAGEM".

A sério???
Então era inútil. 

Nunca que alguém que não preencheu o formulário antecipadamente ia conseguir viajar. Estava eu mais outras três pessoas, estrangeiras, inglesas, na mesma situação. Agachados no chão do aeroporto, encostados num pilar, a tentar finalizar aquela operação. 

Para quê? Se não se podia COMPRAR o kit sem o qual não se completa o formulário?

Falei com o funcionário da Easyjet que me respondeu para continuar a tentar, porque antes de Portugal ser colocado na lista Ambar, pelos vistos a compra de kits de testes era possível no próprio dia. Eu tomei como verdadeira as palavras escritas no formulário. Ainda assim decidi fazer batota. Ao invés de dizer que ia viajar naquele dia, coloquei a data do dia seguinte. E assim procedi com todo o preenchimento do formulário novamente. No final, após preencher pela sexta vez os dados bancários, pareceu-me que as etapas seguintes continuava sem ter sucesso. 

Desisti. Perdi a viagem. Faltavam 30 minutos para a porta de embarque fechar. Mesmo sabendo que eles nunca cumprem esse horário, pareceu-me absurdo ter esperança, visto que não me permitiam viajar sem o documento e este estava dependente de uma compra de um teste ao COVID, que só podia ser realizada até 24h antes.

PORQUE NÃO INFORMAM AS PESSOAS DISSO??

Porque o que interessa é FAZER DINHEIRO. 

Mesmo à custa de uma pandemia mundial.


Não foi fácil ouvir as reprimendas da minha família que, naturalmente, culparam-me pelo desconhecimento. 

Em casa, comecei o processo por etapas - todas pescadinha de rabo na boca - para adquirir nova viagem. Teria de fazer outro teste ao Covid para embarcar. (100 euros!) Porque - estupidamente, fiz o anterior exatamente três dias antes da suposta viagem. Tivesse eu feito um dia depois e ainda estaria válido por mais 24h. Tanto o formulário do teste ao Covid como para completar o Passenger location form precisava de ter o número de assento e de voo. Mas não ia comprar a passagem sem antes ter o Kit e certeza de que iria conseguir realizar com sucesso um outro teste ao Covid. E o Kit era comprado ao preencher o Passager allocation form.

Sorte ou azar meu - a realidade é que, naquelas muitas tentativas efectuadas no aeroporto, acabei mesmo por fazer a compra. Talvez aquela com a data de partida alterada foi a que teve sucesso. Mas poderia eu viajar com uma data diferente da usada durante a aquisição do kit, tendo fornecendo dados de voo de uma viagem não realizada? Teria esse Kit informações anexadas a ele tornando-o de uso exclusivo?

Precisava saber. Já havia gasto 160 libras, que foi o custo do KIT. Não poderia sequer imaginar que me iam pedir para comprar um novo Kit porque perdi uma viagem, indo realizar outra. Não iam pedir para também comprar um segundo Kit, ou iam?? 

Depressa percebi que, tendo recebido o código de compra, podia utilizá-lo quantas vezes quisesse. O que achei estranho. Para isso bastava-me obter o código de um outro passageiro qualquer, provavelmente nem iam comparar dados e descobrir o acto. Ou quem sabe, poda até ter inventar um. Pelo menos para conseguir embarcar. Depois, à chegada, lá comprava um Kit de verdade, que ainda ia cumprir o dia 2 e 8 exigidos. Mas eles não colocam a possibilidade de se fazer testes à chegada, caso não se consiga na partida. O que acho de mau tom. Deviam equacionar esta hipótese, principalmente durante as primeiras viagens.

Sabendo que tinha todos os dados comigo, comprei uma passagem na TAP para a manhã do dia 22. Acabei por preencher o formulário de viagem com o código de compra desse kit, marquei um novo teste ao Covid para essa mesma tarde - tendo optado (e descoberto) que podia realizar um Antigénico, com um custo bastante inferior (30 euros).

Mas algo não estava bem. Algo não batia certo. Não consegui relaxar. A ideia de partir no DIA A SEGUIR às medidas anunciadas por Bóris Johnson deixavam-me apreensiva. Ele podia optar por fechar o espaço aéreo com efeito IMEDIATO. Nas noticias estava claro que Lisboa e outros concelhos estavam a escalar rapidamente em casos Covid e nesse mesmo dia, Lisboa passou para o Estado Vermelho. Tudo ia fechar novamente. A reacção de um país estrangeiro diante dos números não é nenhum quebra-cabeças: para mim fecharem o espaço aéreo ia ser a consequência.

Nunca tive dúvidas de que um novo lockdown vai ser implementado. Gostaria é que essa constatação fosse mais gradual. No meu entender, mal se "abrem as portas" e se deixa as pessoas sair, logo os números começam a aumentar imenso. 

Para mim o que os governos fazem é abrir uma pequena janela por esta altura das férias de Verão e tentam esticá-la o máximo possível. Mas o Covid, a propagação do virus - que nenhum especialista consegue controlar - nunca vai permitir que a normalidade regresse tão depressa. 

A vacinação não é uma solução, nem sequer funciona para o desconfinamento. Bastaram duas, três ou quatro semanas após a abertura dos comércios para os números escalarem ao que, segundo li, só tem comparação com a primeira fase de confinamento. 

Aqui em inglaterra, onde sempre achei que a maioria da população não cumpre NADA das regras de precaução, as vacinas estão bem mais adiantadas. Enquanto estive em Portugal, recebi mensagens diárias para marcar a SEGUNDA dose. Esta já estava marcada, pelo que a mensagem fez-me confusão. Tal como ditava a lei, ficou automaticamente marcada para umas tantas semanas após a primeira dose - que tomei em Abril. Em Maio telefonei para o número facultado caso quisesse alterar a data porque pretendia viajar já com a segunda dose. Foi-me dito que era IMPOSSÍVEL ANTECIPAR a vacina. Porque não podiam ir contra o sistema informático, que só permitia alterações após quatro ou seis semanas da data da primeira dose. 

Por isso muito me surpreendeu que, chegando exatamente essa data, me andassem a telefonar - porque além de mensagens também me telefonaram, para que fosse tomar a segunda dose de imediato. Ora... estando eu em Portugal, dificilmente poderia receber a segunda dose. E tendo que ficar em isolamento por 10 dias, mais adiada essa dose teria de ficar. 

Se me tivessem dado ouvidos... 

O Bóris, assustado com os números de infeções, decidiu vacinar todos rapidamente. Mas é tarde... e não vai surtir os efeitos desejados. A vacinação não é a cura. Não impede a contração do virus. Existe uma maior ameaça de momento: a variante Delta, 60% mais contagiosa e impossível de rastrear a origem.

Isto é assustador.

Pelos factos, estamos PIOR AGORA  do que durante a primeira fase, sem a vacina, sem o teste. Pelo menos no que respeita à propagação do virus. Essa ganhou mais força. Embora tenhamos alguma arma para o combater - a vacina, é quase como ir para uma batalha munido de uma agulha, quando o inimigo tem espadas.

Resta-nos a vantagem de saber que, com apenas água e sabão, se destrói a sua armadura. 

Mas quem diz que a população gosta de se munir dessas armas??

Por alguma razão a peste Negra afligiu toda a Europa lá em séculos passados...

Limpeza e Higiene era algo pouco importante.

Percebi que estaria em permanente angústia nas próximas 48h, por ter comprado uma passagem na TAP para o dia 22. Decidi então antecipar a viagem para o dia 21, sabendo que tinha de correr com a papelada, pois iria viajar dali a 16h. Alterar a viagem do dia 22 para o dia 21, mesmo tendo adquirido a passagem há menos de duas horas, ia custar mais 100 euros. (Dá para acreditar?). Por causa dos CUSTOS que a TAP cobra por alterações. Ao contrário da Easyjet, a companhia não tem uma isenção de 24h, caso queiras mudar de ideias. Comprar a passagem novamente, custaria cerca de 85 euros. É muito... mas subitamente, quando fui online, o preço desceu novamente para os 65 euros - valor que estava apresentado pela manhã, apenas horas antes. E então decidi comprar. 

Acabei por comprar TRÊS passagens de regresso ao UK, só podendo usar UMA. 

Nisto, chega o dia 21, aterro em Londres, e o Bóris fica MUDO por mais UM MÊS.

Ora, ora!

Ele sabe muito bem o que terá de fazer: fechar tudo. 

Mas como isto mal abriu, e para não ficar mal, por um mês ele vai deixar as pessoas se contaminarem umas às outras, achando que já estão livres para passear e ir onde quiserem... depois, daqui a um mês o verão já terá tido algum tempo para ser gozado, ele vai fechar as portas. Porque se pensa que a vacinação vai ajudar, eu tenho dúvidas...

RESUMO:

Viagem: easyjet: 140euros TAP: 140 euros

Testes ao Covid: 100 (ida) + 100 (volta) + 30 (volta 2)  + 160 (isolamento dia 2 e 8)  = 390 euros

Renovação de documentos de identidade: 100 euros

Consultas médicas: 40 euros

Tudo por duas semanas em Portugal.

Se valeu a pena?
VALEU!

No fundo... é só dinheiro. Este vai e vem.

Mas a possibilidade de estar onde desejo - a liberdade de movimentos - essa vale ouro.

domingo, 15 de março de 2020

Regresso ao Reino Unido e o Covid-19


Estou de volta ao Reino Unido, de regresso à vida numa casa partilhada com assistentes de bordo italianos. Aparentemente está tudo bem. E assim pretendo que continue. O medo mesmo, reside na falta de acção do Governo e no Sistema de Saúde. Não parece que existam medidas a ser tomadas para prevenir seja o que for. Escolas não fecham, ajuntamento de pessoas não tem qualquer nova regra imposta, os centros comerciais continuam a abarrotar de gente... está tudo a levar a sua vidinha como se nada fosse. Em caso de sintomas de gripe, o NHS (sistema de saúde) não quer saber se se trata de COVID-19 ou uma simples constipação. Dizem que qualquer pessoa que tenha sintomas deve"ficar em casa". 

E é só isto. É isto que o SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE BRITÂNICA tem para oferecer aos seus cidadãos: absolutamente N_A_D_A. Eu pergunto: se for o Covid-19 que a pessoa tem, como é que entra para as estatísticas? Só se  vier a falecer e então ser-lhe facultado o teste! Se sobreviver, nunca saberão se o que a afligiu foi o Covid ou não. Ou será que à posteriori já aceitam que a pessoa seja testada só para aproveitamento político, do tipo, "curaram-se X", ainda que nenhuma cura esteja relacionada com a acção dos governantes e do sistema de saúde mas à pura sorte?

E quantas pessoas de saúde mais fragilizada, como doentes, pessoas que sofrem de asma, diabetes, pessoas mais idosas com o sistema imunológico pouco resistente... essas, o governo está a condenar à sua própria sorte. E os factos dizem qual é: a morte.
É uma postura vergonhosa e se nada mais me incentivar, esta falta de consideração pela vida humana dos próprios contemporâneos confirma aos meus olhos o quanto se pode contar com o governo britânico em caso de verdadeira necessidade. Não se pode. Em que país vou ficar a morar??


Mas vinha falar de outro tema: no vôo de regresso, fiz uma paragem no Porto. Aproveitei, ainda com receio mas tomando todas as precauções, para dar um pulo à cidade. Mantive-me afastada de pessoas, mas foi difícil, porque as havia por toda a parte. Quase todas turistas. A zona ribeirinha do Porto estava lotada de gente, que por ali se aglomerava até bem depois da hora de almoço. Inclusive carteiristas, disfarçados de vendedores de óculos escuros. Nenhuma pessoa usava luvas ou máscara. Só no metro é que encontrei algumas pessoas com máscaras no rosto. 

O mesmo verifiquei em Lisboa, no curto período de tempo que caminhei pela Gare do Oriente, querendo "matar" saudades do rio. Muitos turistas, todos despreocupados, a turistar e alguns jovens - também eles estrangeiros, outros talvez nacionais. Dentro do shopping, muita gente e o supermercado Continente, lotado de pessoas. 

Mas quero também partilhar outra coisa que notei e que é de louvar: a preocupação dos gerentes em sanatorizar os espaços. Vi os corrimões das escadas rolantes do centro Vasco da Gama a serem desinfectados, a WC onde precisei de ir estava bem limpa e no geral, notava-se que o comércio tinha consciência do vírus, havendo aqui e ali quem estivesse de luvas e máscara. 

No aeroporto de Lisboa, a mesma coisa: muita desinfecção, o WC no qual entrei foi o mais limpo que alguma vez vi. Nas palavras apanhadas aqui e ali pelos funcionários, notava-se preocupação e também cada qual tinha a sua opinião sobre a medida a ser tomada: encerramento total do espaço aéreo - foi a que mais escutei. 

Uma vez no Porto, verifiquei que os mesmos cuidados estavam a ser tomados. Consegui registar isto aqui: a limpeza de uma das paragens de metro.


Mas também entrei num outro centro Comercial, um perto de um oculista de nome "Adão", onde fui por precisar de um WC e, quando nesse espaço quis entrar, tive de esperar à entrada onde um fita me impedia a passagem, pois o mesmo estava a ser limpo. Cá fora, mais um corrimão de escada rolante a ser desinfectado...

Portugal a tomar precauções. Muito bonito de se ver.

(já o UK...)

Espero não me arrepender de ter regressado a este país, onde, claramente, corro maior riscos de contaminação. Tudo pelo trabalho... que me ocorre agora poder vir a desaparecer. Por causa do vírus em si. Com esta falta de controlo, vivendo tão perto de um aeroporto, com a descida de encomendas e exportações, o mercado económico está a sofrer imenso com o Covid-19. Maldito ano de 2019 que chegou mesmo para nos dar terríveis experiências! Este vírus começou em 2019 e «transitou» para o ano seguinte. 

Mas nem tudo é mau e quero partilhar convosco outra impressão com que fiquei durante a minha rápida passagem pelo Porto. Nomeadamente pelo aeroporto do Porto... Então não é que cada gajo que ali estava a trabalhar, desde o tipo do café, a um outro qualquer atrás de um guiché, ao ground-force (equipa de terra) que aparece para fazer coisas no avião, até aos tipos da segurança ou do check-in... tudo homem bem constituído, interessante. Um ou outro com um tom de voz daquela que me faz sentir como se escutasse uma melodia de embalar... só que sexy. 

Zona ribeirinha, Porto, pós emergência Covid-19, dia 14 de Março 2020

E por fim, desta vez dispensei a Easyjet e voei pela Tap. É uma companhia aérea que pode nos dar dor-de-cabeça antes da viagem. E o aeroporto de Lisboa é sempre caótico, pequeno, desorganizado... Mas uma vez dentro do avião na viagem em si, tirando os passageiros barulhentos e que parece que ali viajam todos os que não aprenderam que é para usar auscultadores nos ouvidos se forem ouvir músicas ou ver filmes, a equipa a bordo é sempre simpática. A comida não é vendida. Se fizer parte do "pacote" do bilhete, tens direito a ela. E esta é-te dada com simpatia e cortesia. Nada de te "enfiarem" aquilo à frente dos olhos com ar de frete... Acho até que se pedires reforço de bebida eles dão-te-na, sem cobrar. Fiquei na dúvida, após o casal ao meu lado pedir uma segunda cerveja. Não vi quaisquer trocas de dinheiro.

Muito diferente da companhia aérea laranja, que tem como objectivo a venda a bordo, o lucro, lucro, lucro! E se formos a ver, diante de certas condições (como a stop-over no Porto que até foi mais uma vantagem que desvantagem), a Tap faculta passagens económicas. Infelizmente não tanto quanto as que faculta caras. A mesma passagem de Lisboa ao Porto custaria quase 200 euros, caso o meu destino final fosse esse. Um horror! Fiquei até pasmada a olhar para o monitor. Lisboa-Porto não devia ser mais que uns 50 euritos... Mas como o meu destino final era esta terrinha onde chove e faz frio (já a sentir falta do sol que encontrei em Portugal), o preço do bilhete não chegou a 50 euros. 


Acabou de me ocorrer um facto que não aprecio mas que constatei ser real: cada vez que me demorei pelo Reino Unido, levei comigo para Portugal algo mau e de efeitos duradoiros. A primeira vez que pisei nesta terra, foi como aluna Erasmus. E foi quando apanhei a minha primeira gripe. Fiquei de cama, tudo doía e não conseguia mexer-me. Nos anos seguintes - três, quatro o que não é pouca coisa, apanhava constipações fortes com extrema facilidade, várias no inverno, sendo que a última deu-se em pleno verão. Antes disso era raro. Todos tinham ar condicionado ligado devido ao calor e aquilo para mim era um suplício, causava-me ataques de espirros que não conseguia conter. E sentia muito frio. 

Pensei estar "condenada" para o resto da vida, ter ficado com o meu sistema imunológico comprometido, tudo devido a um virus inglês que apanhei na Inglaterra. Pouco depois vim trabalhar uns meses para o Reino Unido, e, mais uma vez, surgiu um "surto" qualquer no local de trabalho, julga-se que com o sistema de água, que fazia com que a pele das pessoas ficasse seca, gretada, solta. Apanhei isso na minha mão direita e desde então "tenho" comigo essa condição adormecida. Regressou no primeiro ano que emigrei para cá e trabalhei num restaurante, onde lavar as mãos, ter as mãos húmidas, sujas, esfregar e limpar era rotina constante e diária. A coisa "surgiu" novamente mas com muita força. Fiquei com as mãos a sangrar e todas peladas. Numa consulta médica com um dermatologista em Portugal fiquei a saber que não era uma bactéria, era um vírus e que não tinha cura. Só podia gerir a coisa. Como?
-"Não lavar as mãos" - respondeu-me ele. 
- "Não posso lavar as mãos?! A sério?" - disse, incrédula e sabendo desde logo que isso era impossível. 

Não posso ter as mãos húmidas.

Escusado dizer que não cumpri a  recomendação do médico, continuo a lavar as mãos com muita frequência, devo tê-las lavado ontem somente umas 100 vezes. Mesmo de luvas, lavava-as a cada toque no telemóvel para tirar uma foto, para consultar alguma coisa, cada vez que precisei ir ao WC... muitas vezes lavei eu as mãos. Mas não se preocupem: a mão nunca mais apresentou os sintomas. Às vezes dá a "coceira", sinto-a ligeiramente áspera... mas passa. A pele, contudo, nunca mais ficou a mesma. Pouco se nota. Está "mais solta", mas só eu sei disso.

Sempre intuí que, cada vez que pisasse no UK, regressaria com uma mazela qualquer
Tenho vivido aqui nos últimos anos. Por vezes ocorre-me este pensamento. E fico a imaginar o que aí virá. Agora temo que a próxima mazela seja o Covid-19.

Se o apanhar, segundo o NHS, devo ficar "fechada em casa" e isso significa condenar todos os que cá moram a quarentena e também, à possível contaminação - caso não seja um deles a me contaminar primeiro.

Mas uma coisa é certa: o governo Inglês conta com a contaminação. Não faz NADA para a prevenir e vai ficar de braços cruzados à espera que desapareça. 

À espera que o resto do mundo, que o resto da Europa de quem se quis separar, que seja ela a tomar as precauções, que seja a Europa a ajudar os cidadãos e que seja ela a parar a disseminação do vírus. Até que este desapareça também daqui. Mas será que desaparece ou encontra um foco para permanecer?

Se assim for acabei de me condenar a ficar aprisionada numa ilha de Covis-19.  
Talvez até à morte. 


A última imagem que os meus olhos irão ver poderá vir a ser a tal vista que tenho deitada na cama, quando olho pela janela. 

Na minha ausência, a árvore floriu. 

Bem fizeram o duque ou ex-duque e a ex-duquesa: mudaram-se para a Austrália! Ou será Canadá? Não me interessa realmente... «fugiram» do Reino Unido. Foi ainda durante o surto do Cóvis-19. Será que já sabiam que os políticos daqui iam "deixar andar" e ficar o povo cair que nem moscas?

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Google maps ajuda terroristas


Procurava localizar um Hotel.
Então recorri ao Google Maps.


Por engano no nome, o google foi parar a um Hospital. 
O meu choque foi total quando percebi que o google estava a mostrar-me não a estrada onde fica o hospital, mas o INTERIOR do hospital. As recepções, as salas de espera, as salas de tratamento, a maquinaria, todos os corredores e escadarias.













Este país está a desiludir-me cada vez mais. 


Sobressai o non-sense
Dizem uma coisa, fazem parvoíces. 



O google Maps é suposto estar vedado a lugares de segurança, como aeroportos e hospitais. Vivemos num mundo com terrorismo. E o Reino Unido é um dos alvos favoritos. Têm tantos cuidados e medo de atentados terroristas e no entanto, há um hospital todo mapeado no Google maps!



E se têm um, o que impede de terem mais??


Venham terroristas, conheçam os nossos quartos, a área para as crianças brincarem... Vejam bem e decidam onde querem colocar os explosivos.




segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Holligans disfarçados


Quero apenas dizer que por mim mudava já a lei para os taxistas. A partir de hoje passariam a existir testes rigorosos para se poder ingressar na profissão. É preciso separar o trigo do joio. Estes que aparecem na comunicação social - os que estão neste instante a bloquear o trânsito das principais artérias da cidade de Lisboa, são e escória, a infâmia os dispensáveis. Não passam de holligans.

A UBER está LEGAL.
Não há nada que estes patéticos sub-desenvolvidos possam fazer.
Adaptem-se ou desapareçam. E acreditem, todos queremos que desapareçam!

Façam um favor à classe e PÁREM de envergonhar aqueles, que, pertencendo à mesma categoria profissional, são de uma classe muito superior. 


domingo, 31 de julho de 2016

Quando se sente que uma tempestade está próxima (aeroporto invadido)

Foi a semana passada, na sexta-feira.
Folheava uma revista e deparo-me com uma fotografia de uma multidão de pessoas em corrida. A imagem ilustrava um texto sobre uma corrida em Lisboa, a Global Energy Bimbo. Vai acontecer a 25 de Setembro e tem a peculiaridade de querer ficar no Guiness Book. É uma corrida que vai decorre no mesmo dia também noutras cidades e países pelo mundo. Achei interessante e fiquei a contemplar a hipótese. Mas aí...

Voltei a olhar para a imagem - gosto sempre de observar as imagens. Desta vez um pensamento bem diferente assolou-me a mente quando bati o olhar novamente na fotografia. Ao ver os corredores, centenas deles, todos coladinhos em corrida, pensei: «mas isto é ideal para um atentado terrorista!». 

Assustei-me com o pensamento e algo em mim ficou a temer este tipo de evento. Imaginem só o que seria, centenas de pessoas bem dispostas, felizes, desafiantes, porém, totalmente encurraladas num carreiro... e bombas posicionadas em lugares estratégicos. Não teriam chances. Seria uma chacina! 

Depois li no cartaz: CORRIDA PELA PAZ.

Esse detalhe só me alarmou.  
Lembrei-me depois do quão indefesas estavam as pessoas naquela Maratona de Boston...


Quase que fiz um post sobre este inesperado pensamento, que do nada me ocorreu, mas depois deixei passar. Uma semana depois, neste sábado dia 30, por volta da hora de almoço, até um pouco antes, detectei uma regularidade de sons de sirenes a passar na rua... Fui espreitar. É raro escutar muito movimento porque há pouco trânsito. Nenhuma das sirenes eram de carros de polícia, o que é mais comum. Uma pertencia a uma ambulância e outra a um carro de Inem... Passaria-se alguma coisa?

Bom, acidentes e mau-estares não escolhem dias da semana... Também podem ocorrer durante um sábado sereno, com temperaturas bem mais amenas que as dos dias anteriores. Tento convencer-me disso e não ser alarmista. 


Por volta das 13h da tarde, alguém menciona que o trânsito perto do aeroporto estava impossível. Algo devia ter acontecido ali. Uma pessoa avança com uma hipótese: Se calhar alguém sentiu-se mal...

Vou eu e digo: «Se calhar apanharam um grupo de estrangeiros terroristas com passaporte falso».

A seguir não ligo a TV, não oiço as notícias, não faço a mínima ideia do que se passa pelo mundo. Acordo domingo bem cedo, antes das galinhas, ligo o computador e no facebook surge o link para uma notícia que pelo título logo imaginei alarmista. Daquelas que dá a entender uma coisa mas é outra. 


Ainda assim, abri para entender se estavam a falar de aves, de um jogo estratégico, de uma campanha de marketing, de um filme ou, como o leitor iria deduzir, de pessoas que factualmente e por alguma razão de grau de gravidade variável, tenham de facto ido para onde não é permitido circular dentro do aeroporto. 

Bom, no momento em que escrevo este post, ainda não sei bem o que aconteceu, nem a gravidade. Não fui ainda ler as notícias. Só espreitei esta, que resume o ocorrido mais ou menos desta forma: "um grupo de 5 homens argelinos fugiu da zona de embarque por uma porta de emergência de volta à pista. Foram detidos. Isto aconteceu à noite e a pista teve de ser encerrada entre as 20-00h e 20-30h".

Na realidade, nada se sabe, esta é daquelas notícias que apresentam factos, sem os explicar, porque só isso foi comunicado aos jornalistas. Notícias que não transmitem grande sensação de alarme (feliz e oportunamente), têm um desfecho tranquilizador e não esquecem de mencionar ao de leve a eficiência das forças policiais. 

No entanto -  e talvez por isso mesmo, fiquei alarmada com o que ficou por dizer. Para já, seja o que for que tenha acontecido, talvez tenha começado bem mais cedo do que a notícia indica.

Será que se tratou de uma manobra de distração? Pretendiam estes homens de nacionalidade argelina proteger algo maior? Ou será que algo que ocorreu bem mais cedo lhes estragou os planos? Será que esperavam encontrar engenhos explosivos na sala de embarque e algo que ocorreu bem mais cedo preveniu esse desfecho?
Não faz sentido algum 5 homens sairem pela saída de emergência... para a pista.  Porque eles não iam a lado nenhum... A notícia não explica porquê, mas menciona que um dos homens foi transportado para o hospital.

Quereriam eles ser detidos para ficarem em solo nacional? Ou perceberam que iam e tentaram fugir? Eram terroristas ou pessoas em fuga?
Ah, teorias da conspiração...


Todos os dias a actividade de um aeroporto está repleta de ameaças. Nós, povinho, não temos noção disso. Temos de ser mantidos um pouco na ignorância. E para dizer a verdade, se não fosse assim, provavelmente andariamos em estado de guerra, cheios de receios, medos, a querer andar armados, a bater em todos e a olhar para cada estrangeiro com ar desconfiado...

Seriamos a América!

sábado, 22 de outubro de 2011

Andar de avião - experiências

Ao longo da vida viajei poucas vezes de avião (15 no total) e desta última vez descobri que não gosto muito da experiência. A começar pelos aeroportos. Já perceberam o ambiente dos aeroportos? Algo ali não está bem.

Na última vez que viajei a coisa começou a correr menos bem logo no balcão de atendimento. Um homem que pertencia ao aeroporto  - embora não tivesse ficasse claro se era segurança ou se era o flirt da rapariga atrás do balcão já que com ela e com outro indivíduo ali tagarelava - viu-me aproximar a pedir informações e adoptou uma postura de gozo. Estive quase para demonstrar o meu desagrado pela falta de respeito do senhor, que até me chamou um nome menos agradável entre risadinhas, como se eu e ele já nos conhecêssemos de longa data.

Normalmente não me perco quando existe sinalização bem colocada, mas naquele dia a coisa não estava fácil. Talvez porque ainda era de madrugada e a iluminação era deficiente, não sei. O mal-educado ainda me disse, a gozar, que estava a fazer-me um favor e que eu não o enganava porque "tinha visto muito bem que eu havia passado à frente de todas as pessoas da fila". Que fila? - pensei eu. Decerto estranhei que a única fila existente estivesse um tanto afastada daquela balcão, mas como no bilhete vinha o número daquele, não me dirigi a outro. Tive o cuidado de contornar o cordão de segurança e entrar pela abertura, mesmo tendo visto um homem abrir a fita e passar directo sem a contornar. Até pensei que aquela zona ainda estava fechada ao atendimento, embora estranhasse isso acontecer em aeroportos. Mas como a zona estava cheia de cubículos mais vazios do que ocupados e era mal iluminada, se calhar tinham acabado de iniciar função.

Fazia algum tempo que não viajava e já não me recordava dos parâmetros. Esta experiência não veio ajudar a ficar com uma boa impressão. O homem observou-me enquanto me afastava e manteve o seu ar juncoso. Fiz questão de procurar a sinalética que ele indicou. De facto, muito depois daquele balcão e completamente fora de visão por se encontrar atrás de um grosso pilar, estava no chão um daqueles postes plásticos com um papel e uma seta. Não esperava algo tão deficiente e amador no principal aeroporto do país, mas enfim...


Primeira lição que tiro com esta experiência: As pessoas que trabalham em aeroportos são desconfiadas e preferem tratar primeiro com desrespeito e desconfiança os passageiros.


Retiro esta conclusão de todas as outras experiências que tive. Tirando a primeira vez, (antes do 11 de Setembro) em que vivi episódios singulares mas positivos de recordar, acho que tive sempre experiências estranhas em aeroportos ou aviões. Numa ocasião em Amesterdão quase vivi um desacato porque a pessoa que estava a fazer o check-in tratou o meu grupo como se fossemos hollygans. Fingiu não ouvir a nossa nacionalidade e pediu para a repetir-mos. Estranhou o nosso cartão de identidade. Não nos olhou na cara uma única vez e não respondeu ao nosso cumprimento inicial. Depois iamos para entrar no avião e manda-nos recuar, dizendo que estávamos a passar à frente dos passageiros que têm de entrar primeiro: os VIP. Foi grosseira e logo nos ameaçou de não nos deixar entrar no avião e obrigar-nos a ficar no aeroporto. Não hesitou em partir para a agressão e intimidação, o que me deixou atónita!

Fiquei tão mal impressionada que fiz a viagem toda em silêncio, mas notei os olhares fixos das hospedeiras de bordo, que me tomaram como desordeira. Logo eu, que sou tão pacífica! Fechei os olhos e quis dormir. Na hora de servir a refeição estava de olhos fechados mas mexi-me. Elas passaram por mim sem me tocar no ombro e perguntar se queria tomar alguma coisa. Não fui servida. A pesar de tentar aguentar até chegar ao destino, tive de me erguer para ir ao WC, e nessa altura os olhares das hospedeiras voltaram a cravar-se em mim e uma delas começou a andar na minha direcção, seguindo-me até o WC. Este episódio foi tão marcante que, chegada a casa comecei a escrever uma carta a narrar os acontecimentos e a condenar a atitude da tripulação, tanto em terra quanto em ar. Informei-me online e fui ao aeroporto entregar no balcão a carta de reclamação. Estava indignada!

A falta de educação e o desrespeito imediato pelas pessoas fez-me deduzir que a maioria dos funcionários de aeroporto perderam a noção de como se faz um bom atendimento ao cliente. Julgo que isso se deve porque têm tanto temor de terroristas, que perderam a noção que a todos devem tratar com respeito e cordialidade. Desconfiam logo dos actos e das pessoas, gozam, intimidam, ameaçam, como se todas as pessoas estivessem ali com más intenções.


Desta última vez em que viajei, constatei que o ambiente dentro do avião também mudou consideravelmente. Já viajava um tanto triste porque na viagem anterior tinha pedido um sumo de laranja à hospedeira quando esta os estava a distribuir, mas este não apareceu. Sou daqueles passageiros que não gostam de incomodar, pelo que fiz a viagem inteira cheia de sede. Muita sede! Não nos deixam levar garrafas de água connosco -pelo menos assim pensei, mas logo vi alguém a carregar uma. Só pensava que seria a primeira coisa que ia fazer ao sair do avião! Ainda por cima o ar condicionado estava tão forte, que mesmo tendo fechado todas as aberturas de ar à minha volta, sentia-me a congelar. Não foi uma viagem confortável mas nem chamei as hospedeiras ou estas vieram ter connosco a perguntar se precisávamos de algo. Quando pisei fora do avião, ah! O SOL!! O abraço caloroso do sol restituiu a energia de volta às células do corpo :)!


No regresso aconteceu o mesmo: o hospedeiro (um homem) passou por mim e eu lá disse: "Desculpe, se faz  favor..." mas ele não ouviu, acho eu, e achei isso tão estranho! Lá continuei com sede... Esta viagem foi também diferente por outros motivos: foi a primeira vez que os meus ouvidos reagiram à mudança de pressão, tendo vibrado bastante. E tive de lidar com comportamento das passageiras atrás de mim, um grupo de adolescentes italianas, barulhentas e irrequietas. Não paravam de dar pontapés e empurrões no meu assento. Falavam alto, puxavam o assento e eu estranhei muito este tipo de comportamento ser aceite dentro de um avião! Parecia mais uma creche! Podia jurar que a miúda atrás de mim estava numa de me pregar partidas, daquelas de mau gosto, porque sentia quando ela se levantava do assento e depois sentia algo tocar nos meus cabelos. Como se tivesse a atirar para cima de mim o conteúdo que a levava estar a "inspeccionar o interior do nariz com os dedos". Quando olhava para trás, ela parecia fingir-se de despercebida e dava muitas risadas com as colegas. Tal e qual uma adolescente que se elege a "palhaça" do grupo e as gracinhas são pregar partidas a outros, achando que isso a torna mais popular e especial.

Foi uma viagem estranha e eu só desejava que acabasse logo! Bem... decidi retaliar e pregar-lhe uma partida. Já que estava a ser tão desrespeitosa e os hospedeiros a bordo nada faziam para as acalmar, à terceira ou quarta vez em que a miúda enfiou o pé por entre a janela e o meu assento,  tocando-me no braço, decidi que merecia uma surpresa. E, com uma esferográfica, fiz-lhe um desenho na biqueira do ténis. Isto sim, uma brincadeira bem colocada, porque era merecida! Achei que ela não ia olhar para os pés até se descalçar, mas depois percebi que podia, no meio de tanta agitação, perceber e chatear-se, mas não resisti. Fiquei contente por retaliar com humor! Desde que não percebesse que estava a desenhar naquele instante, os riscos podiam ter ido parar aos ténis em qualquer altura, se calhar até como partida das colegas... Só é pena não saber nenhum palavrão em italiano e não ter desenhado um símbolo grosseiro!



Chegada ao aeroporto, voltei a passar pelo cordão de fitas colocado de forma a ser um corredor em forma de serpentina. É chato andar às voltas numa pequena sala, para frente e para trás, quando atravessá-la a direito levaria metade ou mesmo 1/3 do tempo. Mas todos os passageiros têm de passar por aquilo, ás voltas e voltas... porque será? É para reconhecimento facial? Não entendo, não aprecio, mas temos de seguir esta e muitas outras regras dos aeroportos e das viagens em aviões comerciais...

Concluí então que não me agrada viajar de avião. Parece que estou a entrar numa ceita! Pode ser stressante, principalmente quando se leva com o stress dos outros. É uma pena que as viagens de navio tenham caído em desuso! Atravessar o oceano não é rápido, mas deve ser tranquilo. Será?