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sábado, 8 de abril de 2023

Sexta-feira santa - feriado com sol entre semanas de chuva

 

Que bom que é quando podemos realizar uma vontade. E aquela que vinha a ter era passear, conhecer outros lugares. Para espairecer daquele onde estou. 

Estava decidida a ir fazer uma caminhada muito longa, de cidade para cidade costeira, por verdejantes colinas. Tinha tudo planeado mas, no último minuto, descobri que me equivoquei e tudo desmoronou. Fiquei sem chão, a querer desesperadamente cumprir a minha missão: IR A ALGUM LADO ONTEM, sexta-feira Santa. 

Não só por ter existido o "milagre" de ter o meu serviço dispensado por ser feriado - mas porque, segundo todas as previsões sobre o tempo, seria o único dia com SOL para esta e as próximas semanas. 


São sete da manhã e desde que amanheceu que vejo nevoeiro e o céu carregado lá fora. Sente-se um frio gelado e vento. Portanto, se fiz bem sair do trabalho às 6.30 da manhã diretamente para o autocarro, para depois não ir para casa e comprar uma passagem de comboio para Londres?

Claro que fiz. 

O tempo esteve muito bom (para os parâmetros daqui). Sol o tempo todo. Com excepção de quando me encontrava sentada na ainda meio enlameada colina de Primerose Hill, perto do Zoo de Londres, a avistar a vista da cidade recomendada por um colega. Foi aí que, não suportando mais o calor, enfiei a T-shirt que trazia comigo pelo pescoço abaixo, conseguindo a primazia de o fazer sem despir a camisola de pelúcia vermelha que uso como "uniforme". Enfiei pela cabeça a baixo, depois tirei o braço da manga da camisola vermelha e enfiei o braço em duas laçadas: a t-shirt e a camisola. Repeti o processo do outro lado e pronto: tinha duas vestidas, despi a de fora. 


Nesse preciso instante as nuvens cobrem o sol e a colina ficou à sombra. Enquanto me mantive sem o kispo e apenas de T-shirt, o sol abrasador que vinha a sentir desde que iniciei viagem, não deu ares de si. Andei colina abaixo, em direcção ao Zoo, atravessei a ponte para o outro lado do Regents Park, na esperança de encontrar a beleza que vi outrora, mas depois de muito caminhar, meus pés de pé desde as cinco da tarde do dia anterior, queriam descansar. Vi uma tábua lisa a servir de banco e sentei-me. Puxei de um livro que comprei e pus-me a ler. Só que as costas precisavam de apoio, por isso deitei-me na tábua, mochila a servir de almofada e li. Quando me cansei, decidi caminhar para o mercado de Camden, um local que gosto e onde me sinto confortável. Tive de voltar para trás e decidi seguir pelo rumo do traçado do canal - existe um canal de água com passeios de barco que liga Camden ao centro de Londres. Decidi que era por ali que queria fazer o percurso. E foi maravilhoso. 


Este passeio não podia ser adiado "para outro dia". A previsão do tempo só indicava ontem, sexta-feira santa com sendo um dia com sol e boa temperatura. Pode já ser primavera, mas o tempo ainda insiste que é inverno. Chove praticamente todos os dias. Era ontem ou nunca. 

Quando notei que fazer a caminhada costeira pelas colinas das seven sisters - o meu plano inicial, tinham saído logrados, fiquei de rastos. Até me vieram lágrimas aos olhos. É tão difícil saber o que fazer com os recursos limitados que tenho e na condição em que estou (sozinha). Tinha encontrado uma actividade que me entusiasmava. Mal podia esperar por a fazer. Fui trabalhar sabendo que, logo à saída, ia começar a minha aventura. Não ia dormir, ia aproveitar o sol. 

Mas o colega que ficou de me dar boleia desapareceu. E com isso os meus planos foram por água a baixo. Ele ia levar-me até Brighton - uma cidade costeira que é um ponto de ligação com outros locais, e daí eu apanharia um autocarro para as colinas brancas de nome Seven Sisters. 

Sem a boleia, teria de apanhar um autocarro até a cidade e daí outro para Brighton. Este leva duas horas no percurso. O propósito da boleia era somente esse: encurtar consideravelmente o tempo dispensado para chegar lá, a metade do caminho. Saí do emprego às 6.30 da manhã. O primeiro transporte para Brighton só estava disponível às 10:30! Nem tinha percebido que dependia tudo de uma boleia, era apenas para me facultar mais tempo para usufruir do local sem ter de olhar para o relógio. Sempre existem autocarros com partidas matinais. Mas como foi sexta-feira santa, feriado, os horários também deixaram de ser disponibilizados na sua amplitude habitual. Em vez de partir cedo, o primeiro horário passou para as 10.30 da manhã! Mais o percurso de duas horas para Brighton seriam 12h30. Chegada lá, teria de apanhar outro autocarro em direcção às colinas: hora e meia. Na melhor das hipóteses, seriam quase 2 da tarde quando ia poder ser possível começar a caminhada. Como o último transporte de regresso era as 17h, em Brighton, e das colinas até lá levaria outra hora e meia- na melhor das hipóteses, não me sobraria nem uma hora - que é o que leva para caminhar até a falésia. Na prática, não tinha nem um minuto disponível para fazer o passeio. 

Fiquei de rastos! Até me vieram lágrimas aos olhos. Estava convicta de que ia ter o prazer de renovar as minhas energias naquela caminhada. Trabalhei desde as 5 da tarde até aquele instante, motivada por aquela actividade pós-trabalho. Tanto planejamento, tudo por água a baixo. Fiquei decepcionada por ter sido roubada disso por um colega que podia, facilmente, ter-me dado a boleia. 

 No meio desta desilusão, pensava nas minhas opções. Ir para casa? Não! A casa não é um lar. É um sítio onde sei que vou me deparar com uma pessoa má, que me segue por todo o lado, que faz joguinhos, que me impede de ser quem sou e me força a estar demasiado centrada na sua existência. Mais que tudo, queria exatamente FUGIR disso. Daí todo o propósito de precisar de passear. 

Quando o autocarro até casa me largou na cidade, continuei a andar em frente até a estação de comboios. Supresa por já estar activa, entrei, falei com um bilheteiro que revelou estar cansado de responder a perguntas e lidar com pessoas. Depois de saber que um bilhete de ida e volta para Londres custava 20 libras (por ser feriado é que SÓ custa 20 libras - disse-me ele com ar de quem não aguenta mais a reacção do público) segui o meu instinto de «fugir» para outro lugar para que a pessoa que ainda tenho dentro de mim possa se satisfazer e ficar menos condicionada pelo que me rodeia. 

Nuns impressionantes 50 minutos, estava em London Bridge. Ia sem destino e sem propósito. O que inicialmente me causou receio. Receio de não me apetecer estar em Londres e de não sentir qualquer prazer nisso. Mas o tempo - ensolarado, ajuda a levantar os ânimos. Não acham?

Caminhei na direcção que o meu instinto e curiosidade me quis levar. Mas primeiro, um WC. Não vi placas a indicar nenhum, pelo que tive de perguntar a um funcionário que controla as passagens pelos portões de entrada com bilhete. Uma coisa tem de se dizer de Londres: AO CONTRÁRIO do bilheteiro da estação de comboios local, todos os funcionários Londrinos são exímios a dar informações. Fazem-no sempre com aparente gosto em ajudar. Simpatia, boa informação. Uma delícia. E olhem que eles são bombardeados por centenas de pessoas. Alguns de segundo a segundo. Não pára. Dirijo-me a funcionários com uniforme que pareciam estar fora de serviço, a aguardar algo. Ainda assim, escutam, prestam atenção, consultam os horários e informam bem, aconselhando e indicando a melhor escolha, e desejando um bom dia cheio de simpatia. 

Gosto de Londres por causa disso. Vejo pessoas normais, a agir de forma normal. Que não "esquentam" quando uma brisa passa. A maioria culta, interessada, educada. Para mim o cartão de visita de Londres são estas pessoas, a normalidade dos comportamentos. As conversas com que esbarro são normais, também. Onde vivo tudo é mesquinho. É curioso, que era isso que o bully da primeira casa sempre me repetia: "Sai desta cidade, aqui todos são mesquinhos. A mentalidade das pessoas. Ninguém presta. É tudo lixo." - dizia ele. Só que ele também era mesquinho, com uma mentalidade egoísta e vingantiva. Tinha como propósito de vida alcançar status superior, por enquanto só o aparentava dentro do local de trabalho. Talvez devesse ter-lhe dado mais crédito neste patamar. Afinal, é preciso um para reconhecer todos. 

Adiante. 


A ida improvisada a Londres proporcionou-me a serenidade que procurava. O tempo estava bom e quente. A normalidade dos comportamentos serenou o absurdo que constato no dia a dia, principalmente dentro de casa. Pessoas a fazer jogging, turistas, tudo parece normal. 

Quando me mudei para Inglaterra, não quis viver em Londres. Farta de cidade grande estava eu. Senti prazer na ideia de morar num lugar mais tranquilo, pequeno, com casinhas e jardins. Não conhecia era a realidade social destes locais. Talvez não deva julgar todos os locais pequenos, vilarejos etc, por esta amostra. Mas a verdade é que FANTASIAMOS os vilarejos como locais idílicos, cheios da beleza da natureza, com algumas pessoas a viver nele, que são pacíficas, amistosas, hospedeiras, humildes, bem educadas, cheias de valores, justas, amigo do amigo. 

Não é bem assim. Muitas vezes são fechadas no seu próprio mundinho, que é pequeno, tal como é a visão e percepção das coisas. Podem ser mesquinhas, aversas a estranhos, dados a fofoquice constante porque é isso que consideram a actividade social habitual. 

Cidade grande tem fama de ser fria. Pessoas indiferentes umas às outras. Isoladas. Concentradas nas suas vidas, com pouco tempo para olhar em redor. 

Mas olhem: aqui nesta pequena quase-cidade, as pessoas são indiferentes também. Existe muito sem abrigo. Passam por eles como todos na grande cidade passam. Existe muita juventude demasiado agarrada a charros, drogas, bebida.  

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Um banho de beleza e arte

 

Já me apetecia ir a Londres à bastante tempo. Ontem foi greve no local de trabalho e também greve de comboios. Fiquei chateada, por pensar que não ia poder aproveitar um dia livre para concretizar essa vontade. 

Informei-me e descobri que os comboios continuariam a circular, mas de forma limitada. Lá fui eu! Digo-vos: da próxima vez espero que também existam greves. Porque nunca tudo foi tão rápido ou imediato. Andei pela gare de London Bridge de um lado para o outro e sempre havia um comboio pronto a partir. Foi só escolher. Sinceramente, tanto para ir quanto para regressar, foi um acto contínuo. Quase sem espera no terminal. 

Infelizmente o tempo passa muito depressa, principalmente agora, no inverno. A pesar de ter chegado a Londres as 9 da manhã já achava que estava a ser tarde para as voltas que queria dar e, principalmente, se quisesse investir tempo a ver as vistas. O bilhete que comprei por 20 libras era de retorno no próprio dia e o regresso estava agendado para não mais tarde que as 17.50, hora do último comboio disponível. 

Não deu para fazer sight-seeing. Para ver a paisagem e caminhar. Tinha dois objectivos em mente: visitar o National Gallery (NA) e o Royal Arts Academy (RA). Ambos museus. Em particular, quis ir ver com os meus próprios olhos o famoso quadro de Van Gogh, "girassóis", exposto na sala n. 43 da NA e uma obra pintada por Jan Davidsz de Heem - uma das suas naturezas mortas, já que essa imagem que tinha num quadro lá em casa despertou a minha imaginação enquanto criança. Esse exposto na sala 17. No Royal Arts o objectivo era ver com os meus próprios olhos a tela "A Última Ceia", de Michelangelo. Bom, uma cópia identica pintada nas mesmas dimensões e pela mesma altura por dois de seus discipulos. 

Fui para Londres com tudo anotado: numero da sala, museus, nomes das paragens de metro próximas. Mas sabem o que mais? Foi tudo tão orgânico, tão acessível. Não existiu tempo de espera, filas. Nem para transportes, nem para entradas. Lamento que em Lisboa não seja assim. Tudo pessoal simpático e acessível. Até os funcionários claramente focados em vendas, lucro e atendimento rápido nas lojas de souvenirs, foram sempre afáveis e acessíveis. 

Agora tenho de ir para o trabalho. Não dá para escrever mais sobre esta minha ida relâmpago a Londres. Deixarei mais detalhes para outro post. Aqui ficam duas imagens de um edifício na Oxford Street, ao qual rapidamente tirei duas fotos e fiz um vídeo. Foi transformado num calendário de advento. 




O relógio ao centro no edifício tinha dado badalas segundos antes de ter carregado no botão para gravar, e apenas por dois ou três segundos. Estava a assinalar os quartos-de-hora.



terça-feira, 10 de maio de 2022

Visitar o Japão

 Alguém conhece quem tenha vivido no Japão?

É um país que me atrai desde menina. Queria visitá-lo por inteiro. Quero conhecer a cultura e os costumes. Mas não entendo nada de japonês. Este tipo de país merece ser conhecido de uma forma apropriada. Não basta fazer "turismo". Talvez seja preciso viver nele por uns tempos. Ou fazer férias com alguém que viva lá e que possa te apresentar nesse curto tempo a sociedade, cultura, os hábitos, costumes e história

Não me atrai tanto o corriqueiro nas grandes cidades. Metros, comboios, filas de gente a precisar entrar... isso existe em todo o lado. Embora sinta atracção por tudo o que seja tecnologia e inovação! Quero conhecer também as aldeias, os campos a natureza. O "Sol vermelho" do Japão. Kioto, Nagazaki, Hiroshima... lugares que gostaria de visitar. 

Alguém por aí tem o privilégio de ter no seu círculo de amizades alguém a viver no Japão? 

sábado, 10 de julho de 2021

Um testemunho à quarentena (isolamento) e o que penso do levantamento

Daqui a nove dias, a 19 de Julho, o governo Inglês vai decretar o fim da não-recomendação de viagens a países na lista ambar (Portugal). Também vai deixar de impor uma quarentena de 10 dias no retorno ao UK - desde que a pessoa tenha completado as duas doses de vacinas.

Como é de conhecimento geral, por esta altura, já quase todos estão totalmente vacinados. O governo antecipou a segunda dose da população exatamente para esse fim. Que fim? Dar início à recuperação da economia. Sim, porque se fosse pela saúde, com os casos de COvid a aumentar em flecha e o surgimento de novas variantes do virus ainda mais transmissíveis - como é que alguma vez esta decisão faz sentido??

Antes de mais, quero aqui deixar o meu testemunho sobre o que foi, para mim, viajar cumprindo as actuais regras de imposição de isolamento à chegada. 

E o que penso do facto destas serem levantadas.

1) Fiquei com a sensação que se tratou muito mais de um negócio do que de uma legítima preocupação com a saúde. Se nada mais o provasse, esta decisão de levantamento de restrições numa altura em que os casos aumentam de Covid aumentam bastante em todo o mundo, em particular no UK, dissipam quaisquer dúvidas.

2) Existiu muita intimidação e tom de "ameaça" (bem ao estilo Inglês) avisando das consequências caso as regras de isolamento não fossem cumpridas. Multas elevadíssimas, pena de prisão. Achei isso ridículo - subitamente transformarem as pessoas que só pretendem viajar em criminosas e fazerem ameaças. Para semanas depois - isso já ser irrelevante. 

3) O dinheiro extraído do viajante não foi nada mais do que VERGONHOSO. Faz sentido dizer que nos fazem sentir como se estivéssemos num processo de extorsão.

 * Exigiram um teste PCR até 72h antes da viagem de ida. Custo médio: 100euros
 * Exigiram um teste PCR até 72h antes da viagem de volta. Custo médio: 100euros
 * Exigiram um isolamento domiciliar de 10 dias com dois testes PCR. Custo médio: 200euros

Esta regra de isolamento com a exigência de  DOIS TESTES ao covid é absurda.
Descaradamente uma forma de extorsão. Já não bastassem os 200 euros gastos nos PCRs antes e depois da viagem, o isolamento, ainda era realmente preciso mais dois PCRs? Para quê? Só se for para encher os bolsos aos laboratórios! Depois das máscaras de rosto e do gel desinfetante vendidos a preços exorbitantes, agora vêm os Kits de teste ao Covid.  

Nem pessoas anteriormente DIAGNOSTICADAS com COVID 19 tiveram de fazer testes durante o seu isolamento de 10 dias. Minha amiga, que apanhou em Novembro passado, foi mandada se isolar junto com a família por apenas 10 dias, período após o qual ela, o marido e as filhas puderam sair. Não tiveram de fazer um único teste ao covid depois disso!

Como podia o governo garantir que estas pessoas - sem serem sujeitas a testes - já não tinham o virus e não iam contaminar outras? E o que é pior: na altura a quarentena era suposto durar 15 dias. A dela foi logo reduzida para 10.

Eu vou viajar negativa, regresso negativa, e ainda tenho de fazer quatro testes e pagar do meu bolso! Parece-me que, num caso positivo, é ainda mais URGENTE efectuar testes. Eu sou um caso negativo, isolo-me em casa por 10 dias, e isso não basta porquê?

O que fez o governo impor a obrigação de DOIS testes ao COVID durante o isolamento?
E agora retira-a! 
Que cara-de-pau.

Essa imposição era tão incontornável que, para viajares, tinhas de ter o Kit de teste ao Covid já comprado. A compra fornece uma referência e essa referência é necessárias para completar com sucesso o preenchimento do passenger allocation form (formulário de passageiro), sem o qual nenhuma companhia aérea te deixa embarcar no avião. 

Essa compra foi tão imposta, como se não bastasse por ser obrigatória antes da viagem - como o governo disponibilizava um link no formulário com centenas de contactos de laboratórios espalhados por todo o Reino Unido, encarregues de vender esses Kits. Foi muito fácil encontrar onde comprar. O difícil era saber qual escolher, tal era a dimensão impressionante da "oferta".

Eu carreguei num ao acaso - o primeiro da lista. E até hoje estou à espera que me enviem o Kit de teste ao Covid para o dia 2 e 8 de isolamento. Gastei 155 libras - quase o equivalente em euros. 

Como já revelei noutro post, o custo da deslocação a Portugal foi muito acida do que podia ter sido. 

Para uma viagem de avião de ida e volta - terminei por adquirir CINCO passagens.
Para uma viagem de ida e volta ao UK - fiz QUATRO testes PCR, um antigenio (para não gastar mais 100 euros noutro PCR) e vários auto-testes. 

Se era preciso IMPOR QUATRO PCR testes? 
Acho que não! Definitivamente não. 
Sabiam muito bem que isso implica a compra de QUATRO testes por pessoa. A 100 euros cada teste (preço mais barato), só uma família gasta um ABSURDO para estes testes ao COVID. Parece-me a mim que estavam mais interessados em CASTIGAR a pessoa que persistisse em viajar. Impondo estes gastos absurdos.

E para quê?
Para ao final de três semanas, com casos a aumentar ao nível vermelho, levantarem tudo.

Vai lá viajar! Não te preocupes!
Vai... agora que os casos positivos estão alarmantemente a aumentar como já estás vacinado - vai. Expõe-te. Precisamos saber se a vacina é eficaz. Vai lá, cobaia. Se morreres saberemos.  

quinta-feira, 24 de junho de 2021

O Negócio do COVID


Viajei para Portugal no dia em que se soube que o UK ia colocar o país, na terça-feira seguinte, na lista ambar. O que significa que o meu regresso não seria mais efectuado com Portugal na lista verde. As implicações são grandes - e daí as correrias de estrangeiros em Portugal para o aeroporto. Pessoas que tiveram de encurtar as suas férias porque não poderem dar-se ao luxo de permanecer em isolamento. 

Essa é a condição de ter um país na lista Ambar de viagens. Ao chegar ao UK, tem de se efectuar um isolamento de 10 dias à chegada

Pensam que é só isso?

Não. Não é. As implicações são maiores.

PRIMEIRA FASE

Para embarcar do UK para Portugal, é preciso efectuar, no máximo até 72h antes da partida, um teste negativo ao Covid. Não é qualquer um teste que é aceite, só o PCR. Custam 100 euros.

 Sabendo que no regresso vão exigir outro, calculo que outros 100 euros serão gastos. No total, 200 euros só em testes ao COVID. Um investimento que achei que valia a pena, visto que sentia falta de Portugal. Saudade e necessidade de voltar a estar sobre a luz de Lisboa, já tão distante e a cair no esquecimento. Tirando esta necessidade física e sensorial, outros motivos mais importantes tornaram a viagem essencial. Burocracias que não consegui resolver à distância, como renovação de documentos de identidade e urgências médicas. 

Pisei na minha terrinha com tudo encaminhado. Só tinha de aguardar DUAS SEMANAS para a renovação dos documentos de identidade na loja do Cidadão. Mas era tempo demais. Bóris Johnson ia revelar, dia 21 de Junho, novas medidas. Temi que ele fosse fechar o espaço aéreo, tal como o fez no ano anterior. Bem organizado, podia suportar os 10 dias de isolamento de modo a não me prejudicar com o emprego. Este é oscilante, variável, pelo menos essa realidade permite-me viajar. Escrevi um email ao serviços de Notariado da loja do Cidadão a pedir (a explicar) porque necessitava de antecipar a data para algures antes do dia 21 - altura em que o Boris Johnson, PR do UK, ia anunciar novas medidas. 

Todos têm medo das decisões do Bóris, porque foram sempre não benéficas e põem todos a correr desesperadamente de um lado para o outro, frustrados por terem os seus planos arrasados. No Verão passado, apenas duas semanas depois de ter decidido abrir o espaço aéreo a Portugal, Bóris anunciou que o ia voltar a fechar.  (lembram-se???).

Eu lembro, porque fui uma das pessoas que correu para o aeroporto para comprar um bilhete - que quase não encontrava em lado algum, muito menos um directo para o aeroporto de meu interesse. Lá consegui com uma companhia aerea na qual nunca tinha viajado ou ouvido falar. Foi a minha salvação, e custou-me pouco mais de 200 euros.

Desta vez, e tendo ele acabado de meter Portugal na lista ambar, temi que voltasse a fechar o espaço aéreo. Todos os naturais e emigrantes trabalhadores que não podiam se dar ao luxo de 10 dias de isolamento já estavam no país, a contribuir para o PIB. Os que ficaram para trás, naturalmente seriam os reformados, os jovens em férias, os "menos úteis".  

O que ia impedir Bóris de fechar o espaço aéreo, que esteve, inclusive, PROIBIDO a viagens não-essênciais? 

Por isso pedi à loja do cidadão encarecidamente para me anteciparem a data em que me poderiam atender, imaginando que haveriam desistências. A resposta foi imediata e a marcação foi antecipada uma semana antes da data inicialmente prevista. 48h antes da temida terça-feira das decisões: dia 21 de Junho de 2021. 

Foi então que antecipei a viagem de regresso para o dia 20. Teve um custo adicional de 60 euros.

A estada em Portugal foi prolífera: consegui ir ao dentista, tratar de assuntos nos bancos, actualizar os meus dados, recuperar um investimento expirado em certificados de Tesouro que tinha realizado seis anos antes - quando os media fizeram um grande alarido sobre aquele ser o último ano em que as taxas de juro valiam a pena e depois tudo ia mudar. Descobri que o dinheiro seria depositado automaticamente na minha conta - uma conta que entretanto foi fechada - exatamente por volta do ano do investimento. 

Quis então saber para onde foi o dinheiro - já que não o recebi. O assunto pareceu-me complicado - com a pessoa a me dizer que o dinheiro foi transferido. Eu já a pensar que a Caixa Geral de Depósitos aceitava dinheiro em contas inexistentes, a imaginar a burocracia que daí advinha, mas tudo se resolveu em segundos. Assinei uns papéis e aguardo que a quantia seja depositada na conta - que convenientemente é nos correios. Não sei se é por isso que facilitaram, não entendo as implicações. Mas posso dizer-vos uma coisa: estou satisfeitíssima com o banco CTT. Nunca nenhum outro banco foi tão simplista e menos inconveniente. Não só não me enchem de marketing, não tentam impingir-me este e aquele serviço, seguros de saúde, investimentos de poupança - NADA. Talvez o facto se explique com quantia baixa que lá tenho. Ainda assim, não me massacram.

O mesmo não posso dizer com a Caixa Geral de Depósitos ou o Santander - que exatamente por não verem grandes números na conta, arranjaram maneiras de me fazerem pagar extras. O Santander então foi asqueroso. A mulher que me atendeu, irascível e abrasiva no trato, chegou mesmo a dizer-me que não tinham interesse em manter contas de clientes como eu.

Uau! 

Voltando ao tema central: O custo de uma viagem de ida e volta do UK para Portugal tendo o Covid como restrição. O que eu não entendi bem nas regras de Portugal ser colocado na lista de países AMBAR, significando que 10 dias de isolamento serão exigidos - é que TINHA DE COMPRAR ANTECIPADAMENTE um outro teste ao Covid-19 para o dia 2 e dia 8 após a chegada. 

Três dias antes da partida para o UK fiz um teste PCR ao Covid. Custo? 100 euros.

Na manhã da partida, não me deixam embarcar. Faltava-me o papel de passageiro. Tinha-me esquecido disso! Como? Não sei. Pensei ter passado tudo a pente fino. Mas não seria difícil preencher um na hora. Afinal, considero-me PIONEIRA, pois o ano passado, cumprindo à risca o que o site do Governo dizia, preenchi às pressas um desses documentos, na altura do êxodo antes que o espaço aereo fechasse, e depois ninguém mo pediu! Fui eu que o mostrei aos serviços de Fronteiras ao chegar ao UK, perplexa que ninguém mo tivesse solicitado em todas as etapas anteriores.

Anyway...

Desta vez, sem esse papel nem embarque fazia. A Easyjet foi bastante clara. 

Passager location form

Seria rápido preencher e poderia mostrar o comprovativo online. (Graças a deus pela internet, a tecnologia e os smartphones). Estou no aeroporto com o check in feito dias antes, pronta a deixar a mala de porão e já a ter de correr para embarcar a tempo.... tendo que passar pela morosa segurança... e perder tempo caso me separem as malas depois de passarem pelo raio-X...

Mas ainda dava tempo. Comecei a preencher aqueles infindáveis dados... até que chego à realização de que se não comprasse um KIT ao teste ao Covid simultaneamente, o passager location form não seria concluído e finalizado

E sem este preenchido, não me deixavam embarcar!

Era obrigatório a compra antes da viagem. 

Não sabia. Pensei que ia comprar o kit à chegada no aeroporto. No mesmo laboratório onde fiz o teste para partir, que fica, convenientemente localizado a dez passos da saida de passageiros. Às pessoas que perguntei informações antes de viajar, só me souberam dizer que não sabiam, que tinha de consultar o site do governo. O que fiz. Mas de alguma forma, esta noção de compra antecipada ou simultanea não surgiu. Para ser sincera, acho que não está bem explicada. Porque poderia tê-la comprado antes mesmo da viagem, caso soubesse que não podia comprá-la no regresso. 

O site do passanger location form fornecia um link com inúmeros, centenas na realidade, de nomes de LABORATÓRIOS que providenciavam o KIT. Carreguei no primeiro existente, estava com pressa. Tanta pressa.... E muito calma para a urgência com que deparei. Depois de colocar os dados do número de cartão de Débito, etc, etc.. carrego para finalizar e não é permitido. 

Fico atónita. Tento cinco vezes mais. Os minutos a passar, a consciência de que teria de correr para a porta de embarque... Até que li com atenção a mensagem que surgiu cada vez que tentei comprar o Kit e não deu resultado: "NÃO PODE COMPRAR O KIT NO MESMO DIA DA VIAGEM".

A sério???
Então era inútil. 

Nunca que alguém que não preencheu o formulário antecipadamente ia conseguir viajar. Estava eu mais outras três pessoas, estrangeiras, inglesas, na mesma situação. Agachados no chão do aeroporto, encostados num pilar, a tentar finalizar aquela operação. 

Para quê? Se não se podia COMPRAR o kit sem o qual não se completa o formulário?

Falei com o funcionário da Easyjet que me respondeu para continuar a tentar, porque antes de Portugal ser colocado na lista Ambar, pelos vistos a compra de kits de testes era possível no próprio dia. Eu tomei como verdadeira as palavras escritas no formulário. Ainda assim decidi fazer batota. Ao invés de dizer que ia viajar naquele dia, coloquei a data do dia seguinte. E assim procedi com todo o preenchimento do formulário novamente. No final, após preencher pela sexta vez os dados bancários, pareceu-me que as etapas seguintes continuava sem ter sucesso. 

Desisti. Perdi a viagem. Faltavam 30 minutos para a porta de embarque fechar. Mesmo sabendo que eles nunca cumprem esse horário, pareceu-me absurdo ter esperança, visto que não me permitiam viajar sem o documento e este estava dependente de uma compra de um teste ao COVID, que só podia ser realizada até 24h antes.

PORQUE NÃO INFORMAM AS PESSOAS DISSO??

Porque o que interessa é FAZER DINHEIRO. 

Mesmo à custa de uma pandemia mundial.


Não foi fácil ouvir as reprimendas da minha família que, naturalmente, culparam-me pelo desconhecimento. 

Em casa, comecei o processo por etapas - todas pescadinha de rabo na boca - para adquirir nova viagem. Teria de fazer outro teste ao Covid para embarcar. (100 euros!) Porque - estupidamente, fiz o anterior exatamente três dias antes da suposta viagem. Tivesse eu feito um dia depois e ainda estaria válido por mais 24h. Tanto o formulário do teste ao Covid como para completar o Passenger location form precisava de ter o número de assento e de voo. Mas não ia comprar a passagem sem antes ter o Kit e certeza de que iria conseguir realizar com sucesso um outro teste ao Covid. E o Kit era comprado ao preencher o Passager allocation form.

Sorte ou azar meu - a realidade é que, naquelas muitas tentativas efectuadas no aeroporto, acabei mesmo por fazer a compra. Talvez aquela com a data de partida alterada foi a que teve sucesso. Mas poderia eu viajar com uma data diferente da usada durante a aquisição do kit, tendo fornecendo dados de voo de uma viagem não realizada? Teria esse Kit informações anexadas a ele tornando-o de uso exclusivo?

Precisava saber. Já havia gasto 160 libras, que foi o custo do KIT. Não poderia sequer imaginar que me iam pedir para comprar um novo Kit porque perdi uma viagem, indo realizar outra. Não iam pedir para também comprar um segundo Kit, ou iam?? 

Depressa percebi que, tendo recebido o código de compra, podia utilizá-lo quantas vezes quisesse. O que achei estranho. Para isso bastava-me obter o código de um outro passageiro qualquer, provavelmente nem iam comparar dados e descobrir o acto. Ou quem sabe, poda até ter inventar um. Pelo menos para conseguir embarcar. Depois, à chegada, lá comprava um Kit de verdade, que ainda ia cumprir o dia 2 e 8 exigidos. Mas eles não colocam a possibilidade de se fazer testes à chegada, caso não se consiga na partida. O que acho de mau tom. Deviam equacionar esta hipótese, principalmente durante as primeiras viagens.

Sabendo que tinha todos os dados comigo, comprei uma passagem na TAP para a manhã do dia 22. Acabei por preencher o formulário de viagem com o código de compra desse kit, marquei um novo teste ao Covid para essa mesma tarde - tendo optado (e descoberto) que podia realizar um Antigénico, com um custo bastante inferior (30 euros).

Mas algo não estava bem. Algo não batia certo. Não consegui relaxar. A ideia de partir no DIA A SEGUIR às medidas anunciadas por Bóris Johnson deixavam-me apreensiva. Ele podia optar por fechar o espaço aéreo com efeito IMEDIATO. Nas noticias estava claro que Lisboa e outros concelhos estavam a escalar rapidamente em casos Covid e nesse mesmo dia, Lisboa passou para o Estado Vermelho. Tudo ia fechar novamente. A reacção de um país estrangeiro diante dos números não é nenhum quebra-cabeças: para mim fecharem o espaço aéreo ia ser a consequência.

Nunca tive dúvidas de que um novo lockdown vai ser implementado. Gostaria é que essa constatação fosse mais gradual. No meu entender, mal se "abrem as portas" e se deixa as pessoas sair, logo os números começam a aumentar imenso. 

Para mim o que os governos fazem é abrir uma pequena janela por esta altura das férias de Verão e tentam esticá-la o máximo possível. Mas o Covid, a propagação do virus - que nenhum especialista consegue controlar - nunca vai permitir que a normalidade regresse tão depressa. 

A vacinação não é uma solução, nem sequer funciona para o desconfinamento. Bastaram duas, três ou quatro semanas após a abertura dos comércios para os números escalarem ao que, segundo li, só tem comparação com a primeira fase de confinamento. 

Aqui em inglaterra, onde sempre achei que a maioria da população não cumpre NADA das regras de precaução, as vacinas estão bem mais adiantadas. Enquanto estive em Portugal, recebi mensagens diárias para marcar a SEGUNDA dose. Esta já estava marcada, pelo que a mensagem fez-me confusão. Tal como ditava a lei, ficou automaticamente marcada para umas tantas semanas após a primeira dose - que tomei em Abril. Em Maio telefonei para o número facultado caso quisesse alterar a data porque pretendia viajar já com a segunda dose. Foi-me dito que era IMPOSSÍVEL ANTECIPAR a vacina. Porque não podiam ir contra o sistema informático, que só permitia alterações após quatro ou seis semanas da data da primeira dose. 

Por isso muito me surpreendeu que, chegando exatamente essa data, me andassem a telefonar - porque além de mensagens também me telefonaram, para que fosse tomar a segunda dose de imediato. Ora... estando eu em Portugal, dificilmente poderia receber a segunda dose. E tendo que ficar em isolamento por 10 dias, mais adiada essa dose teria de ficar. 

Se me tivessem dado ouvidos... 

O Bóris, assustado com os números de infeções, decidiu vacinar todos rapidamente. Mas é tarde... e não vai surtir os efeitos desejados. A vacinação não é a cura. Não impede a contração do virus. Existe uma maior ameaça de momento: a variante Delta, 60% mais contagiosa e impossível de rastrear a origem.

Isto é assustador.

Pelos factos, estamos PIOR AGORA  do que durante a primeira fase, sem a vacina, sem o teste. Pelo menos no que respeita à propagação do virus. Essa ganhou mais força. Embora tenhamos alguma arma para o combater - a vacina, é quase como ir para uma batalha munido de uma agulha, quando o inimigo tem espadas.

Resta-nos a vantagem de saber que, com apenas água e sabão, se destrói a sua armadura. 

Mas quem diz que a população gosta de se munir dessas armas??

Por alguma razão a peste Negra afligiu toda a Europa lá em séculos passados...

Limpeza e Higiene era algo pouco importante.

Percebi que estaria em permanente angústia nas próximas 48h, por ter comprado uma passagem na TAP para o dia 22. Decidi então antecipar a viagem para o dia 21, sabendo que tinha de correr com a papelada, pois iria viajar dali a 16h. Alterar a viagem do dia 22 para o dia 21, mesmo tendo adquirido a passagem há menos de duas horas, ia custar mais 100 euros. (Dá para acreditar?). Por causa dos CUSTOS que a TAP cobra por alterações. Ao contrário da Easyjet, a companhia não tem uma isenção de 24h, caso queiras mudar de ideias. Comprar a passagem novamente, custaria cerca de 85 euros. É muito... mas subitamente, quando fui online, o preço desceu novamente para os 65 euros - valor que estava apresentado pela manhã, apenas horas antes. E então decidi comprar. 

Acabei por comprar TRÊS passagens de regresso ao UK, só podendo usar UMA. 

Nisto, chega o dia 21, aterro em Londres, e o Bóris fica MUDO por mais UM MÊS.

Ora, ora!

Ele sabe muito bem o que terá de fazer: fechar tudo. 

Mas como isto mal abriu, e para não ficar mal, por um mês ele vai deixar as pessoas se contaminarem umas às outras, achando que já estão livres para passear e ir onde quiserem... depois, daqui a um mês o verão já terá tido algum tempo para ser gozado, ele vai fechar as portas. Porque se pensa que a vacinação vai ajudar, eu tenho dúvidas...

RESUMO:

Viagem: easyjet: 140euros TAP: 140 euros

Testes ao Covid: 100 (ida) + 100 (volta) + 30 (volta 2)  + 160 (isolamento dia 2 e 8)  = 390 euros

Renovação de documentos de identidade: 100 euros

Consultas médicas: 40 euros

Tudo por duas semanas em Portugal.

Se valeu a pena?
VALEU!

No fundo... é só dinheiro. Este vai e vem.

Mas a possibilidade de estar onde desejo - a liberdade de movimentos - essa vale ouro.

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

 TEMA UM

Torço para que o Reino Unido não feche o espaço aéreo a Portugal, impondo uma quarentena antes do meu regresso para a semana (não pode acontecer!!). Tenho estado a contar os dias para entrar no avião. Não apenas devido a este medo, mas por achar que a estada por cá deixou de fazer sentido. Sem férias de verdade, fico por casa. Só saio para ir a consultas. Não vou a lojas, supermercados... tenho estado por casa, sem sair. Vim por mais tempo porque sempre tento conciliar necessidades e tratamentos médicos. Essa é a razão que me impulsa a viajar. Isso e, claro, desconhecer o que vai ser tentar viajar depois do Brexit em Janeiro. Temer que, nos quatro meses até lá, o Covid não permitisse viagens, também ajudou. Se não viesse agora, podia ficar sem poder pisar a minha terra, sentir o meu ar, a minha luz e não tocar ou sentir os meus por muito tempo. Tinha de arriscar. Mas três semanas? Acho que devia continuar por duas. Por isso, não pode! Simplesmente não pode. O espaço aereo tem de permanecer aberto até o final da semana que vem. Tem de ser. Vai ser. 

Tinha de arriscar. O tempo de estada foi adaptado ao tempo que me solicitaram para um tratamento médico que paguei antes do Covid aparecer. Achei que era demasiado, mas se era para solucionar a coisa, cedi. Agora noto que não precisava de tanto tempo, estão a arrastar. 

Sinto falta do meu trabalho. Já não me agrada ficar por aqui e temo a qualquer momento, vir a descobrir que o UK impõe quarentena a portugal. Mais de 600 casos em 24h... porra! Dá para manter números baixos até ao final da semana que vem, se faz favor??

Se uma quarentena me for imposta, vou ter de cumprir. Mas não é justo sair prejudicada financeiramente. E ter de cumprir uma quarentena quando aqueles que sairam um dia antes não têm. (espero não vir a ser o caso). Não só pelo salário que perco por não ir trabalhar. É por, se ficar muitas semanas consecutivas sem o fazer, o valor de remuneração à hora desce para metade. Sim, me ta de.

Atingi o patamar máximo antes da partida e não é justo cair para o primeiro, quase metade do actual. Não posso sair assim tão prejudicada, ainda mais sabendo-me sem a doença (sem contacto com terceiros) e sabendo que vou continuar a tomar as medidas de precauções que tomei sempre, antes mesmo do governo inglês decretar cuidados à população: máscara, óculos, luvas, boné, lavagem de mãos. Caramba! Se não me contagiei durante o lockdown, não vai ser agora. O grande risco reside somente na própria viagem de avião, vamos a ser honestos. É uma atmosfera fechada e de ar viciado. O risco aqui é maior. Para a viagem vou usar a melhor máscara que tiver (não vai ser daquelas de papel) e não vou tocar em nada, desinfectando tudo e tomando banho assim que chegar a casa. E a possibilidade dos aviões poderem voltar a ficar por terra e o espaço aéreo fechar? Não podemos esquecer que essa pode voltar a ser uma realidade para este Outono. 

Para ir trabalhar vou manter o uso destes utensílios, mais uma viseira e uns óculos que não consegui encontrar quando para cá vim. Vai manter-se tudo igual ao que fiz antes, durante meses.

Sempre tive estes cuidados, enquanto vi outros não terem muitos ou nenhuns. 
Não é justo sair prejudicada. É só o que acho.

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TEMA DOIS

Uma semana depois de ter abandonado a zona de praia, ainda estou a tirar grãos de areia debaixo das unhas. Mesmo após incontáveis lavagens com sabão, sabonete, duches e banhos. Se isto é assim com areia, como será com o Covid? Bom, lavando bem... o sabão destrói a camada protectora do vírus. Já o grão de areia, nada o destrói ehehe!


TEMA TRÊS

Aprender a gostar mais de mim. A pensar em mim. Em dar-me prioridade. 

Foi para isto que passei pelo que passei? - pergunto-me.

É capaz de ter sido sim. Em algumas ocasiões percebo que começo a preocupar-me menos com o que os outros sentem. Regressar ao lar da família, fez-me sentir que aqui nunca será um lugar para conquistar-me a mim mesma. Aqui, volto a pensar nos outros. a anular-me, a deixar-me usar. 

Ter passado pelos abalos emocionais do ano de 2019/2020 terá, finalmente, me transformado?

Espero que sim. Espero. 
Mas, por vezes, eu sou eu. Não há como negar.

Não quero virar uma pessoa fria. Ou insensível. Mas quero virar uma pessoa que percebe o que é melhor para si e faz essa escolha. Uma pessoa que não fica onde não se sente bem. Onde não lhe querem bem. Uma pessoa que se valoriza. E ganha segurança em si mesma.


Tudo aquilo que nasci possuindo, mas que fechei num baú e atirei para as profundezas do oceano. Para não ir junto com ele. 


E pronto, é isto. 


quarta-feira, 11 de março de 2020

Medo do Corona


Pela primeira vez desde que se ouve falar do Corona Virus, estou com receio.
Vivo com italianos, que estão sempre a viajar para itália e a voltar. Acho até que um deles está lá neste momento. Anteontem, o "rei-da-casa" apareceu para uma visitinha, acabadinho de vir de onde? Itália... da cidade dos desfiles de moda.


Também vivo nas proximidades de um aeroporto, fui a Londres... 
Quero dizer: se por acaso um portador do vírus cruzar-se contigo é por pura casualidade que podes contrair esta doença mortal. E uma vez adquirida, não há máscara, álcool etc que te salve. Basta inalar uma partícula, quem sabe? Não explicam...



Não tocar em superfícies comuns é tudo muito bonito de se dizer.
Eu já tento fazer isso por natureza própria faz anos. 
Mas é impossível, quando se respira o mesmo ar, não "apanhar" o que estiver lá para se apanhar. 


Preparo-me também para fazer uma curta viagem. Já nem sei se quero ir.
Estava contente com esta «escapadinha» rápida para resolver questões de saúde pendentes e iniciadas em Portugal. Queria ver a criança na família. Mas temo que sejam os próprios pais a dizerem que não querem, temendo que o facto de me ter deslocado internacionalmente de um lugar para o outro e cruzado com imensa gente, possa ser um factor de risco que não querem tomar.

Este Corona já nos está a afectar a todos.
Imagino que é agora que vão terminar as piadas e começar o medo.


segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Pisando o meu chão


Cheguei a Portugal.


Saí de casa tentando não deixar ninguém perceber onde ia. Em todas as outras viagens que fiz, deixei uma mensagem escrita no quadro, avisando que ia ausentar-me. Mesmo nunca tendo tido reciprocidade. 

Mas como já decidi que aquelas pessoas não me interessam, desta vez nada escrevi e fiz o mesmo que eles: saí. Como estão sempre a bisbilhotar, a comunicar uns com os outros e a trocar informações, fiz por não dar sequer possibilidade de me espreitarem pela janela e me verem a sair com uma mala de viagem.


Mas chegando ao aeroporto, vejo o inquilino-mais-recente a passar por mim. Olho para ele, faço cinco contactos. Ele tem o pescoço virado para a parede. Tenho cá para mim que me viu muito antes de eu o avistar a ele. E virou a cabeça para o lado, para fingir que não me viu. 

De seguida, ou enviou msg de texto pelo whatsapp tal como um puto adolescente a fofocar, ou esperou chegar a casa para contar a novidade: A portuguesinha foi viajar!

Ainda não é desta que vai aparecer ali dentro uma pessoa decente. Ele ser italiano já dificulta as coisas. Mas o problema é a cobra mais-velha. A italiana maledicente que começa logo a despejar veneno nos ouvidos de quem ali passa. É impressionante! Eu teria cuidado com uma pessoa assim, se viesse me encher os ouvidos de malícia sobre outras pessoas. Mas eles engolem tudo. Deve ser a força dos pares.

Acabei por sentir uma pontada de dor, por ser tratada como pessoa indesejada... 


Mas chegando a Portugal, com esta luz maravilhosa, essas pequenezas ficaram lá para trás!



Aqui também lembrei-me dele e imaginei como seria se tivesse vindo comigo. Sempre quis conhecer e podia ter-lhe dado a oportunidade. O meu telemovel, que se acendeu sozinho, foi logo parar à fotografia que tirei do seu número de telemóvel. Apaguei-o dos meus contactos. Não quero essa tentação ao alcance dos meus dedos.  
Ainda não estou curada. 


terça-feira, 6 de agosto de 2019

De ilha para Ilha


Gostava de conhecer o Japão.
Pelas mãos de quem mo soubesse mostrar.



sábado, 22 de dezembro de 2018

Londres - O segundo dia



Quando decidi ir a Londres era para voltar no mesmo dia. Os bilhetes ao fim-de-semana são mais baratos e válidos para um regresso até as 4h da manhã do dia seguinte. E dão para andar no metro, autocarros, etc. Em seis zonas. O preço de um bilhete single (só de ida) é o mesmo que o do regresso. Pelo que se o vais gastar, mais vale regressar num mesmo investimento.


Só que, pela experiência do passado, achei que o melhor era alojar-me num Hostel e passar uma noite lá. No início do ano fui encontrar-me com umas pessoas em Londres e decidi fazer uma surpresa e reservar um alojamento em apartamento. Só que fui enganada pelo cansaço e reservei por menos noites do que as pretendidas. Então, na primeira, optei por ficar num Hostel. E percebi que a experiência correu muito bem. Na realidade, valeu mais a estada no Hostel do que no Aparthotel. A relação conforto-qualidade saiu em vantagem para o Hostel, para não falar no factor "preço".


Munida com essa boa impressão de hostéis, decidi ir à procura de um. Faço-o sempre no site Booking. Em que zona pretendia ficar? Depois de ter decidido que ia explorar Londres pela London Bridge e terminar em Camden, comecei a procurar alojamento por lá. É que Camden e eu, eu e Camden... damos-nos bem. Não aprecio Londres por ai além. Comecei a gostar mais da cidade agora, após esta última visita. Mas certos lugares como a Oxford Street causam-me uma certa repulsa. Quero fugir de lá. Não têm muito a ver comigo. É um lugar todo centrado para o consumismo de bens de terceira necessidade. Um lugar mais fútil. Na rua observa-se o target próprio desse consumo: malta jovem... quase toda jovem, tudo "brainwash" (lavagem cerebral) para consumir produtos de marca, para se vestirem e maquilharem de uma certa maneira... Robots do consumismo. Nada a ver comigo que sou mais "free spirit". 




De modo que Camden tem o oxigénio que gosto de respirar: é um bairro eclético, não olha para as pessoas de lado, aceita todos os credos, é exuberante, tem de tudo, é divertida, espontânea e come-se muito bem por ali (melhor que no afamado mercado de Borough em London Bridge, onde a comida cheira sempre bem e tem um aspecto apetitoso mas, de certa forma, desilude no paladar e arrefece muito rápido). Camden era a zona que queria explorar mais a fundo até, quem sabe, navegar nos canais começando por ali direto a Hyde Park - rumo à Winter Wonderland.

Esses eram os meus planos para o segundo dia. Mas foram arruinados. Acabei por escolher alojamento em London Bridge ao invés de Camden porque prestei atenção aos comentários dos hóspedes. Não existiu nenhum hostel em Camden que me parecesse seguro. E há que pensar como é a zona à noite. Falaram inclusive em baratas, espaços pequeníssimos, falta de higiene. Pelo que a minha vontade de deitar e acordar em Camden teve de ser alterada. Encontrei um hostel com boas referências mesmo perto da estação de metro/ferroviária de London Bridge. Confesso que, de todas as áreas de Londres, considero London Bridge aquela que é mais chata de estar. Mais confusa. E menos bem sinalizada. Mas, a pesar de umas tantas voltas que, vim a descobrir mais tarde, podiam muito bem ter sido encurtadas em vários minutos, é fácil de explorar. 

Shard
Fiquei alojada com vista para o Shard - um edifício marcado para ser uma atracção turística. Estava em obras (não acontece só em Portugal). Devo dizer que não o acho nada de especial. Parece insignificante no meio da paisagem e minúsculo. Embora digam que é o ponto mais alto para se ver Londres em panorâmica. Se acho que vale a pena? Não. Não acho. Ainda se conseguem capturar boas panorâmicas da cidade que são totalmente de acesso gratuito. Como estas duas: 

Vista do último andar do Museu Tate

Basílica de S. Paul vista do terraço do Shopping local
(ao fundo, o inconfundível traço do Shard)
Mas como explicava, o meu segundo dia ficou arruinado porque queria passá-lo em Camden, seguido de Hyde Park. Mas primeiro quis tirar um empecilho do caminho: os bilhetes para o dia. Quis comprá-los de imediato, para a seguir poder explorar a cidade à vontade sem ter de me preocupar com os horários das bilheteiras. 


Já viajei sem o tal bilhete de regresso (Day travelcard) e consegui fazê-lo por seis libras. Desde que seja fora da hora de ponta, o bilhete fica barato. Aproveitei que estava em London Bridge para pedir informações na estação Ferroviária de lá. Mas pouca sorte... Bilheteiras com pessoas... não avistei. Tudo pareceu ficar após a cancela e aí só passas já com bilhete. Encontrei o posto de informações mas sobre preços nada sabiam. Após tentar encontrar a entrada mais próxima para o metro por só conhecer a perto do Hostel (cuja caminhada de acesso e no interior é longa), decidi procurar outra cujas setas indicavam para a direita (dei muitas voltas e voltas seguindo essas setas que nunca paravam de apontar) consegui então entrar na mais próxima (mesmo em frente!!!) onde um funcionário do metro ajudou-me com a primeira etapa da necessária burocracia do dia: carregar o oyster card - um cartão usado para andar nos transportes em Londres. Depois, ia tratar do bilhete de comboio

Tipos de Oyster Card
O máximo cobrado por um dia de viagem em Londres usando um Oyster Card é de 6.80 libras para viagens entre as zonas 1 e 2. O que basta! Acreditem. Existem dois tipos de oysters, o azul custa 5 libras que são refundáveis e o colorido custa 5 libras que não são refundáveis. Tinha comigo 3 azuis e um colorido (além de dois verdes, mas esqueçam esses). Cada azul vale por si só 5 libras, fora o crédito neles. Para economizar, decidi manter um cartão azul e recuperar as 10 libras que valiam os outros dois. Para essa operação precisava da ajuda de um funcionário.


Um senhor na estação do metro fez isso com uma impressionante rapidez numa das muitas máquinas para o efeito de venda e reembolso. A seguir: bilhete de comboio. Caminhei novamente em direcção ao Borough Market para  passar debaixo da ferrovia mas, ao parar no semáforo para atravessar a estrada, reparei que ia demorar pelo que decidi explorar outro caminho: o da rua ao lado. Big Mistake. Parece que se sai de um lugar mágico para um comum. Caminhei muito mas muito mais do que caminharia pelo atalho de Borough onde teria revisto uma paisagem encantadora. Subi uma avenida imensa (os pés já se queixavam do dia anterior) rodeada apenas de prédios altos e feios. Fui dar a Southwork Bridge, uma das muitas pontes Londrinas. Desci as escadas para o rio, onde estaria 10 minutos antes se fosse por Borough (2ª dica sobre Londres: Se tem pressa e não sabe que caminho seguir, vá atrás dos turistas).

Caminhando, caminhando... passo pelo Shakespeare Globe, pelo Tade onde paro um bocado com intenções de entrar. Já tinha essa pequena paragem programada. No dia anterior tinha passado ali e fotografado o edifício, mas o que quis mesmo fazer foi atravessar a ponte Milénio (mesmo à frente) em direcção à Basílica de S. Paul. E por isso não vi o que já sabia existir e me escapou à atenção: a instalação sobre o aquecimento Global mesmo à porta do Tate. Mas sobre isso, sairá outro post! :)

A Ponte Millenium - somente atravessada a pé (ou skate)
Com a basílica de S. Paul ao fundo num belo dia de sol.
Acabada a visita continuei o percurso sempre em direcção oeste, onde depressa avistei a bilheteira de comboio da estação Blackfriars e esperei para ser informada sobre os preços. Para minha surpresa e desagrado, foi-me dito que não haviam bilhetes baratos durante a semana. Qualquer um, fosse qual fosse o destino, a qualquer hora, tinha um custo de £18.90. Não pode ser! Vou perguntar noutro lado. - pensei. (3ª dica sobre Londres: Não se fie na primeira resposta, continue a perguntar, nem todos sabem dar informações completas).

Já estava a perder tempo.

Como expliquei ao senhor da bilheteira, já havia viajado daquela estação após a hora de ponta por seis libras. Como não  existia um valor mais económico? Lembro-me de pesquisar na NET valores de bilhetes de comboio com partida em qualquer estação Londrina durante um dia da semana. Nessa altura os preços variavam bastante, mas existiam preços baixos. Como é que agora só existia um valor?

Atravessei a ponte Blackfriars para o outra margem. Fui à mesma bilheteira onde meses antes fui informada que, usando o oyster card, o bilhete após as 18.30h ficaria por seis libras. O senhor do lado de lá (norte) foi muito simpático e notei-lhe uma genuína vontade de ajudar. Mas a informação não era diferente, embora ele tenha prestado um melhor serviço. O preço era mesmo £18.90 para sair de Londres por comboio, ascendendo a 25 libras se incluísse viagens locais (metro, autocarro). Este funcionário ainda me deu como alternativa ficar num destino aproximado, o que diminuiria em 6 libras o valor do bilhete. Foi a melhor e única opção que escutei, mas continuou a não ser satisfatória. 

O percalço estragou-me o dia. 
Não ia consegui «turistar», relaxar e descontrair até resolver a situação. Não podia adivinhar que a decisão de passar uma só noite em Londres ia sair-me tão caro. Sem dúvida alguma, assim não ia compensar. 32h na cidade não valem os custos do bilhete no dia anterior, a estada no hostel mais outra despesa da mesma envergadura. Três rombos... não compensa. 

Voltei a atravessar a ponte para a outra margem. O pensamento fixo no que ia fazer. Algures do lado de lá ainda estava o London Eye e quis passar pelos jardins que vão dar à atracção. Tinha como prioridade ligar-me à net para consultar os preços dos bilhetes online, habitualmente são mais baratos. Mas sem dados móveis, precisava de Free Wifi

WIFI gratuito em Londres?

4ª dica sobre Londres: Londres não tem Wifi gratuito, nem pontos de carregamento USB. Se precisar dessas coisas, tem mesmo de pagar uma estada num hotel/hostel... Nenhuma bateria de telemóvel dura mais que algumas horas principalmente se usado para filmar e fotografar.

A nova caminhada ainda foi longa. Fui olhando para os sítios... que falta faz o típico cafezinho português que disponibiliza Wifi gratuito. Mas sabia onde ia encontrar esse Wifi. No fim da rua Queens Walk, no interior do MacDonalds. Já havia lá estado. Aproveitava e almoçava um hamburguer. Embora o meu apetite tivesse desaparecido com a preocupação.

MacDonalds em 2014 - muito diferente do que se encontra agora,
cheio de pombos e de turistas (e parece-me, menos mesas se algumas)

Não foi fácil. O local é muito barulhento e não existe lugar para uma pessoa se encostar. Duas horas antes tinha a bateria do telemóvel a 100%, mas neste instante andava nos 30%. Uma mensagem de erro de conecção dos serviços google surgia em pop-up a cada segundo, impedindo-me de entrar nos links que queria abrir. Pensei que estava tudo a correr "menos bem". Mas lá consegui fazer alguma pesquisa. O que não consegui foi encontrar preços mais económicos. Quando ia para escolher outras estações de partida (Londres tem tantas e já havia passado para solicitar informações a duas distintas) um segurança "pediu-me" para sair do local mais isolado onde tinha me posicionado. 

Por esta altura já tinha decidido: se tiver mesmo que pagar um valor tão alto pelo bilhete de comboio (mais outro para o de autocarro após chegar ao destino) então vou economizar no oyster. Não vou andar de metro... (buáááá)...  vou fazer tudo a pé. Não ia almoçar a Camden, nem procurar, pela segunda vez (embora sem grandes esforços) a estátua da Amy Whinehouse ali localizada. Nem ia fazer compras no meu supermercado favorito mas em Camden... nem ia olhar com mais atenção as muitas casas de tatuagem que por ali existem. (Eu que não gosto por aí além, estou a pensar fazer uma. Mas o local onde se tatua faz parte da experiência, pelo que o local onde gostaria de fazê-la é Camden. Até agora não me ocorreu outro. O quê tatuar e com quem... vai levar anos a descobrir. Sei que preferia 1) tinta provisória e 2) tatuagem branca - nada disso existe ainda em Camden ou por Londres, pelo pouco que pude investigar.

Adiante...

Saí do MacDonalds, dobrei a esquina à esquerda e atravessei a Westminster Bridge rumo a Waterloo - outra estação de comboios, outra ponte. A estação ficava atrás do London Eye... que já havia ultrapassado. Mas não tinha como saber até estar ligada à net


Waterloo station

A caminhada até foi fácil. Chegada lá, uma estação enorme, fiquei numa fila (mais uma) e perguntei a uma funcionária se podia dar-me os horários e preços dos comboios com destino à minha cidade e a outra perto, com partida pelas 22h. Ela disse que sim, foi imprimir duas folhas de papel e deu-mas. Agradeci-lhe mas quando virei as costas  percebi o quão inútil eram os papéis que me entregou: imprimiu os horários dos comboios não os valores

E o que precisava eu com urgência, senão os valores?

Tentei novamente descobrir outros locais onde me ligar a Free Wifi mas não existe um único estabelecimento nesta estação de Waterloo a disponibilizá-lo. O MacDonalds tem wifi mas pede que se pague para aceder. 

Londres = oportunismo.

Já era tarde. Tinha de fazer algo para aproveitar o dia. Decidi então caminhar até Hyde Park. Rumo à tão falada Winter Wonderland. Se aquilo fosse giro, podia demorar-me por lá até às 22h e depois seguia para Victoria Station - outra estação ferroviária, a principal. Ali podia também apanhar um coatch (camioneta) para o meu destino. Custaria menos (cerca de 10 libras) mas ia demorar quatro vezes mais tempo a chegar. Porém, estava decidida a economizar desse por onde desse. A prova disso era a minha determinação em andar, andar, andar...

Sem me cansar. Os pés, esses, coitados... estão habituados a bolhas e desconforto de sapatos. As pernas, não podia desejar melhor: portaram-se muito bem. Caminhei sete horas seguidas a bom ritmo, tirando pequenas pausas como a do MacDonalds. Senti que podia caminhar outras sete. 

O que aconteceu quando finalmente alcancei o Hyde Park, já vos contei no outro post. Quero que percebam que saí do hostel às 9.30h, dediquei algum do meu tempo no museu Tate mas o objectivo foi sempre comprar os bilhetes para ir almoçar a Camden, entrar nos canais e "navegar" até Hyde Park. Porém, por esta altura já eram umas 15h... 

Finalmente, em Victoria, eram 17h quando recebi a informação que precisava! Se depois da hora de ponta usasse como forma de pagamento o contacto por cartão, a viagem fica por metade do valor que me foi indicado o dia inteiro.

Estava certa! Se me tivessem dito isto logo pela manhã, teria aproveitado Londres. Teria relaxado e gasto mais dinheiro em atracções, comida, tinha usado o Oyster card... Mas como me disseram um valor de bilhete de comboio tão alto, a mente sintonizou-se de imediato na necessidade de poupar.

Londres não se ajuda a si mesma...
Ou os caminhos-de-ferro não ajudam Londres.



















sábado, 22 de setembro de 2018

Sou tão inventiva!


Não pude deixar de sentir um pouco de um vaidoso contentamento pela minha engenhosidade. 

Vou partilhar convosco a história. Mas primeiro, um pouco de blá, blá, blá para a contextualizar.

Gosto de criar. Reciclar materiais, etc. Quando passeio na rua e vejo uma pedra, um pedaço de tronco, alguma coisa que me chame a atenção, sei que aquilo pode ser aproveitado, transformado e tornado noutra diferente, bela e desejável. 

Sou assim desde criança. Mas refreio-me. Não tendo oficina nem nada que se pareça, não posso agarrar tudo o que me chama a atenção e armazenar. Por isso deixo a maioria das pedras, troncos e coisinhas mais para lá... todos esperam "o dia".


Ao longo dos anos, tenho aproveitado esta minha necessidade de criar e ser artística (cof, cof) escoando essa criatividade para as alturas de presentear alguém, fazer embrulhos, decorar a árvore de natal, oferecer uma lembrança, etc. Sem ter dado conta, toda a família e alguns desconhecidos têm pelas suas casas coisas feitas por mim. Sou uma nódoa no desenho e na pintura - mas até isso existe, algures. Não que tenha particular gosto no resultado, mas muito prazer na execução. Pintar é uma aprendizagem contínua. 

Em suma, de vez em quando, preciso e tiro prazer em "inventar" coisas a partir de nada ou pouco. A minha capacidade criativa diminuiu bastante com o tempo mas, recentemente, achei que seria uma boa ideia meter as mãos à obra para criar uma bagagem.

Vou passar uns dias a Portugal e aqui comigo só tenho uma pequena mala e uma grande, de porão. Uma é pequena demais, a outra grande. Como a viagem inclui apenas uma mala de cabine e na volta pretendo trazer a média, decidi pegar numas caixas de cartão e fazer uma «mala» com dimensões mais aceitáveis. Pesquisei então quais as dimensões que a easyjet, companhia que vou usar, aceita: para malas de cabine são 45X25X56cm.

E sem limite de peso!

Venceu o bichinho pela criação, pela experiência, pela tentativa e a expectativa do resultado. 

Em dois dias concluí a "obra". O resultado surpreendeu-me. 

Não esperava NADA decente. Só queria um invólucro satisfatório. Tenho visto pessoas a viajarem com todo o tipo de coisa - inclusive simples sacos de plástico ou aqueles tipo cesta, que se vêm nas feiras. E pensei que uma caixa sempre dá um pouco mais de descrição e chamaria menos a atenção.

Mas agora que está concluída tenho receio. Não parece passar despercebida, por causa das dimensões. E nem sequer a decorei ou pintei com várias cores. Forrei-a com sacos plásticos para o lixo e outro que recuperei de uma encomenda, em material mais resistente (sempre reciclar). Agora que a tenho à minha frente, acho que chama bastante à atenção. Porque é enorme!! 

esquerda: Mala de porão
Direita: mala feita por mim com as dimensões de cabine
Minha gente, estamos todos a ser enganados com esta coisa de viajar com malas padrão todas iguais. A maioria do peso e do espaço é ocupado pela armação das bagagens em si. Sempre achei aborrecido passar do peso e sentir que não levo quase nada. Peso aqui não é a questão, mas volume é. Como tenho de transportar umas coisas compridas e volumosas, malas para roupa não adiantam nada. Criar uma caixa de raiz era a solução.

E que solução!
Agora nem sei que mais la enfiar dentro. Ahahah.
Reparem: à direita na imagem, está a caixa que fiz. Tem as dimensões aceites pela companhia aérea. Mas nem parece. Na realidade, até tem um centimetro a menos no que respeira à "largura". Ainda bem que assim é porque já a acho enorme. Cinco centímetros, afinal, fazem mesmo diferença.

E é assim que estamos a ser "roubados" nas viagens. Quantos não têm de pagar uma fortuna porque a companhia aerea não aceita as dimensões da sua mala? Eu sei, vi acontecer. Uma senhora contou-me que pagou 100 libras (!!!) porque a mala tinha 1.200g a mais de peso e as rodas não cabiam no cubiculo... Ridículo, roubo. Mais vale deitar fora a mala e enfiar tudo numa caixa de cartão ou num saco.

 Pretendia descartá-la mas agora acho-a a coisa «málinda» eheheh. E útil. Mal dá para ver na imagem mas acabei por instalar uma alça (reaproveitei uma daquelas em plástico, ou então também servia de cordão - é outro elemento que sempre achei de utilidade e gosto de armazenar) e criei um sistema de "trinco" de forma a que, se necessário, possa abrir a mala para ser inspeccionada e voltar a fechá-la novamente. Não é linda?  Bom, mas o meu contentamento criativo de à momentos não surgiu pela criação desta bagagem.

Surgiu pela ideia que tive a seguir.

Consciente de que, se calhar, devido à capacidade de armazenamento proporcionado pelas dimensões o problema seria transportar esta mala cheia (muito peso), ocorreu-me adicionar-lhe umas rodas que depois pudesse tirar. Mas como fazer isso? E sem custos?

A escolha:

AHAHAH!
E vai resultar, tenho a certeza absoluta!

Adicionar um carrinho de brinquedo e uma cinta... de génio!
Não pude deixar de sorrir pela minha engenhosidade.