Metereologia 24 h

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quinta-feira, 1 de junho de 2023

A idade tem cheiro

 

Já me sinto a envelhecer de uma forma com a qual não me identifico. Nunca pensei que envelhecer ia perturbar-me, porque presumi que se vivia cada momento da vida em pleno. Só que não aconteceu assim. Agora a idade "apanha-me" algo desprevenida. 

O que descobri é que não gosto do meu cheiro. O cheiro da minha pele é uma das últimas constatações sobre mudanças em mim que a idade me traz. Não é falta de higiene - nunca tive mais do que agora. É alteração biológica.  Estranho isto, não é? Não me identificar com o meu próprio odor corporal! 

Não tresando - sosseguem. Mas tenho um suave trave a algo que estranho, me desagrada e não me é familiar. Tomo banho e visto roupas perfumadas, acabadas de lavar na máquina, deito-me em lençóis lavadinhos. 

Será que é das máquinas de lavar? Todos sabemos mas escolhemos ignorar, que são reservatórios imundos por dentro cheias de bactérias e contaminantes. Experimentem lavar as roupas sem recorrerem a amaciadores perfumados e vão sentir um odor desagradável, que detergente e água não elimina. 

Com tudo lavado e fresco, sinto-me bem. Mas isso pode durar apenas umas horas. Em menos de um dia, já não sinto as roupas agradavelmente aromáticas e o odor das mesmas mistura-se com um outro que não me agrada. Busco perceber de onde vem. Quero eliminá-lo. Lavo tudo: lençóis de cama, toda a roupa, colchão, passo detergente aguado na carpete e salpico os cortinados com aroma de lavanda. OK. Agora sim! Vou viver num espaço permanentemente agradavelmente perfumado - penso. Passadas umas horas, depois de estar deitada na cama com lençois lavados, vestindo roupa lavada e fresca, principalmente se adormecer, ao despertar já sinto um suave "trago" a cheiro corporal que me desagrada. Só pode emanar de mim, mas não o reconheço.

Será isto a que chamam "cheiro de velho" ?


Pensava que "cheiro de velho*" era apenas uma expressão para a falta de higiene mais regular que a terceira idade exige, em particular em casos de incontinência. Uma vez que a pessoa está mais cansada e debilitada, é completamente compreensível que deixe de conseguir manter essas rotinas tão amiúde. Agora já não sei se assim é.  Se calhar, não é bem uma escolha, assim como o próprio envelhecimento. "Cheiro a velho" é, na realidade, cheiro a decadência. A podridão. Não me levem a mal, refiro-me ao ciclo da vida.  Somos como uma flor: nasce botão, floresce perfumada e apodrece. 

Subitamente me lembrei de um outro cheiro que quase todos adoram - inclusive eu: "Cheiro a bebé". Nossa! Como o cheiro a recém-nascido é uma coisa maravilhosa. Gostosa. Costumava ser um odor desse género a emanar da minha pele por muitos anos, até quase aos 30, fresquinho, sempre presente, mesmo quando ficava uns dias sem tomar banho e os hábitos de higiene não seguiam as normas da altura. Cheirava sempre bem, adorava "snifar" meu próprio odor. Dava-me prazer. Outros me diziam que cheirava bem e queriam saber que perfume usava. Lembro-me de responder que não usava nenhum e também não usava cremes para o rosto ou produtos para o cabelo sem ser champôo normal - o que os surpreendia.  E não, não eram perguntas irónicas. Eram sinceras. 


Santa ignorância! Porque desaprendemos a nos familiarizar com o ciclo da vida? Lições que pais passavam aos filhos por gerações - desapareceram ou estão a desaparecer. Estes dizeres nos tornava  conscientes, conhecedores, simpatéticos, caridosos. Foi tudo substituído pela falsa sensação de que se pode manter a juventude a todo o custo, se se comprar bons cremes, se submeter a procedimentos cirúrgicos, etc. Como se "ser velho" fosse indesejável e para evitar, quando, na realidade, é inevitável - para todos os que vivem. 

Encontrei uma fotografia onde estou debruçada sobre um bolo com velas acesas e um gigante número indicando: "35". 

O que me lembrei ao ver aquela fotografia, foi que já me sentia no final da vida, sem muita esperança. Uma autêntica parvoíce! Mas também recordei-me das razões que me levavam a sentir assim: Naquele instante de celebração que devia ser feliz, todos na família me disseram que estava velha. Lembro-me em particular de uma frase habitual, sempre dita pela minha irmã com um tom de prazer na voz: "Estás a ficar velha, vais ficar para tia". e que os outros repetiam. Neste instante desta foto em particular, lembro-me que reforçaram a dose e me disseram isto, que instantaneamente senti como uma ferroada em mim: "Tu nunca vais ter filhos!



Porquê deixei? Porquê me abandonei? Porquê não combati eu esta opressão? Porque não me rebeliei - que é o que a juventude DEVE fazer? 

O tempo passou e eu fui deixando que passasse. Agora estou desfasada do mesmo e o que ele me traz é justíssimo - só não foi justo não ter vivido com o tempo.

Podem até me ter dado vinte e poucos anos recentemente. Podem achar que estou ainda na casa dos trinta. Podem dizer-me que pareço mais nova. (será que pareço? Não acho mais!). Mas é o meu corpo que escuto, que vive comigo e que me mostra, por vezes de forma cruel, que o que as pessoas dizem não corresponde à realidade. 

Um destes dias o corpo colapsa de vez, tudo fica flácido, mostrando todo o seu horror e desmistificando de uma vez só o real tempo que estou sobre esta terra.


https://www.campograndenews.com.br/colunistas/em-pauta/-cheirando-a-velho-o-odor-corporal-que-comeca-aos-30

https://www.uol.com.br/tilt/ultimas-noticias/redacao/2016/08/16/clique-ciencia-o-que-causa-e-por-que-os-idosos-tem-um-cheiro-diferente.htm


segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Tomara que fosse tão rápido....

 


Era bom se os traumas emocionais passassem tão rápido quanto as marcas de traumas físicos.


As feridas já estão a sarar. A pele regenera. Libertou a crosta e está cor-de-rosa. 

O hematoma que surgiu dias depois da queda, continua a pintar de castanho escuro a minha pele branca. Ainda não mexo o braço, mas tenho-o mantido em repouso. Conto que o osso partido esteja em pleno processo de fabricação daquilo que precisa para se voltar a unir. Não tenho tido acompanhamento algum da parte da fisioterapia ou do hospital. É "deixar andar" - dizem. 

Nunca parti um osso do meu corpo. Pelo menos oficialmente. Sem ser oficialmente, penso que parti o das pernas, quando era apenas uma criança. Num episódio que não quero contar por ter um elemento que me custa relatar.  

Vão-se as feridas, as crostas, talvez até fiquem pequenas marcas do trauma físico. Mas as dores emocionais... essas podem manifestar-se para sempre. 

Não devo ocupar o meu cérebro com coisas que me entristecem ou me deprimem. Já andei a lembrar de uma certa pessoa e devia saber melhor que isso. E em casa, pequenas coisas... pequeninas... já me estão a tirar do sério. Vou precisar ser frontal com as mesmas. Jamais passar pelos mesmos erros do passado - é a lição a tirar.

É impressionante a regeneração das lesões físicas. 

Gostava que as emocionais tivessem uma duração igualmente curta.  

sábado, 25 de abril de 2020

Nunca digas Nunca


Tábua de engomar - é assim que me percebo quando vejo o reflexo do meu peito ao espelho. Calma, seus malandros! Estou vestida. Eheh.

Poucas pessoas falam sobre isto.
Eu vou falar.

Porque nunca me ocorreu que fosse acontecer comigo ou, sequer, era coisa que me preocupava a mente. Recordo tão perfeitamente as palavras que disse à minha amiga:

"Se há coisa que sei que nunca vou fazer é isso!"


Foi há vinte anos. Ela queixava-se do tamanho dos seus seios porque quase não os tinha e disse que, se pudesse, fazia implantes para os aumentar. A minha muito sincera e espontânea resposta, foi (vou repetir):

"Se há coisa que sei que nunca vou fazer é isso."


Nunca digas nunca.
Mesmo. Nunca. Mesmo que te apeteça dizer "Nunca vou assassinar alguém" e saibas que isso é verdade. Não o digas. Porque a vida dá voltas e não é preciso imaginar muito, basta pensar nos jovens que foram para a Guerra de Ultramar para se perceber que até um pacifista pode ser forçado a disparar contra um ser humano.

Adiante...


Seios. Os meus, há 20 anos, eram bem perfeitinhos. Subidos para caraças. Bem cá no alto, nunca os tive descaídos nem formados mais abaixo. Tinha colo, eles sempre se encostaram um no outro. Desconhecia o que era ter espaço entre os dois e olhava para as fotografias das modelos sem perceber porque razão os colares compridos lhes ficavam tão bem e a mim ficavam horríveis. Era porque elas eram tábuas e eu não! Ou simplesmente porque, tendo-os tinham daqueles afastados um do outro, o que deixava o "caminho livre" para os cordões. Mulheres de muito peito (que nunca foi o meu caso, eu tinha-as no tamanho ideal para o meu protipo) não usam muito colares compridos porque é como usar um medalhão que vai do pescoço até à ponta do seio e desce para ficar a balançar em frente da  barriga. Nada lisonjeador!

Mas só fui entender isso mais tarde, quando os malandros decidiram começar a esvaziar como um balão. Reduzi o número de soutien e agora não me reconheço mais. Pareço não ter mais seios. Se me despir, estão lá. Ainda no mesmo formato, bonitos. Mas... não têm o volume de antes. Falta a "carne" em cima, o contorno do seio a começar uns quatro dedos acima de onde começam no presente.

Não me incomoda envelhecer, mas acho que muitos sinais estão a aparecer de forma precoce! Isso é que me incomoda. 

Estão menores, queria-as de volta normais :)
Assusta-me o "moderado" e acho que o severo é a morte!




Tenho a minha mãe como referência do que se deve esperar das fases do envelhecimento de acordo com as idades. As nossas mães são quase sempre o reflexo do nosso futuro, ainda mais se formos anatomicamente parecidas, o que é o meu caso. 

Mas a minha mãe nos entas... parecia uma jovem! Magra, pele perfeita, nenhuma ruga. Ela sempre teve um ar muito jovial. Ainda o preserva, abençoada. Vai completar 70 anos. Os sinais de envelhecimento que ela apresenta com esta idade são os mesmos que eu, FILHA, apresento sendo 30 anos mais nova!


Não pode ser. Tirando a pele mais madura que ela tem, as rugas são mais acentuadas em mim do que nela. Nem se pode comparar os papos, que ela quase não tem. De resto, as rugas de expressão em torno da boca e a flacidez debaixo do queixo que exibe aos 70 são as mesmas que eu tenho aos 40. Então alguma coisa está mal... Porque eu sou filha da minha mãe, não sou irmã :)

Ela teve os seus seios bem formados até avançada idade. Só depois de passar pela menopausa e posteriormente lhe ser removido o útero é que notei uma ligeira diferença. Mas para quem tem 70, ainda são espetaculares. E nada de serem daqueles descaídos até à cintura. É espantoso! Se eu não me cuidar, aos 70, tenho-os nos joelhos. Mas tão vazios que mais parece um balão comprido sem ar com uma alvéola na ponta. 

Exagero?
O pior é achar que não.


Tenho a certeza que muito se deve aos níveis de stress. Mas também uma razão pode estar na alimentação. Mudou tanto de uma geração para a outra. Ambas não bebemos, não fumamos... A diferença maior é mesmo a alimentação e as horas de sono. Ela sempre foi dormir cedo e quando está cansada, tem de dormir. Eu sempre fui de estar desperta. O SONO da beleza não é uma invenção da indústria de beleza. É uma realidade do organismo. Dormir faz melhor que uma série de cosméticos. 

Bom, mas o que posso fazer eu?
Começo a aceitar a minha nova imagem. Vejo os ossos, toco-lhes e sinto-os onde antes sentia uma "almofada"... Noto a diferença de trato que uma pessoa recebe conforme o "tamanho" dos ditos. Pois é verdade!!

Nunca usei uma camisa que não fosse abotoada até acima, até ao botão do colarinho. Porque se desabotoasse o seguinte, eram os olhares todos a tentarem espreitar disfarçadamente, quando julgavam que não seriam detectados. Roupa justa, a mesma coisa. Decote em V ou em U, camisas de alças no pico do verão... não usava. Só se disfarçassem, de algum modo ou na privacidade da casa, longe de olhares. 



Uma fotografia que me tiraram num desses momentos sempre me incomodou. Só via seios grandes expostos, um rosto gordo... o desconforto foi tão grande que acabei por a rasgar em pedaços, sentindo de imediato um alivio reconfortante.  

E agora nos meus entas... sinto falta dos MEUS seios.
Daqueles seios que não deixava ninguém ver mas que eram parte da minha identidade. Quero-os de volta. 

Isso não vai acontecer, não é assim que a vida funciona. Tive uma colega que, aos 40, decidiu fazer um (novo) implante mamário. Era magra e pequena, mas muito mamuda. E vejo agora a razão de o fazer. Era sem graça... o tamanho do peito chamava mais a atenção e proporcionava-lhe momentos de muito interesse masculino. 

Sei como é o pós-operatório por ter visto incontáveis programas sobre cirurgias plásticas. Não me apetece, não tenho nenhuma queda para esse recurso MAS, aqui também entra o "NUNCA DIGAS NUNCA". 


Não gosto de ver seios falsos. Acho que dá sempre para estranhar alguma coisa ali não está bem. Acho que dá para detectar. Porque será que não dá para injectar "gordura" nessa zona e ficar tudo bem, hei? Deflectiu? Torna-se a "encher" ehehe. Tal como um pneu que vai perdendo o ar. Ah, isso seria o ideal. 

Já fui a uma consulta médica e falei deste assunto. Recomendaram-me um certo procedimento - cerca de 8.000€, dura "dois anos" e vai levantar "ligeiramente" os ditos, causando a sensação de também ficarem mais cheios. 

Não me convence porque, o que quero, é ter de volta o que tinha. O que não vai acontecer. 
E aquelas almofadas de silicone... Jesus. Terei eu de recorrer a isso??




Já não digo "NUNCA".
É só o que sei. 


Onde raio foram eles parar??



segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Branca como um fantasma


Simpatizei com a beleza da atriz principal de um filme que estava a ver. Reparei no canto dos olhos, azuis e grandes como faróis, mas que exibiam uma tristeza (representada) que, por algum motivo, a tornava ainda mais bela. Não tinha uma ruga. Todo o rosto pareceu-me genuinamente dotado da elasticidade da juventude. 

Mas a beleza dela estava a falar comigo por outro motivo, e rapidamente percebi qual: a candura da pele. 


Há tempos, muitos anos idos, era eu que exibia aquela candura. Tanto que ganhei uma alcunha relacionada com a brancura "excessiva" da pele. 

Este verão senti vontade de apanhar um pouco de cor nas pernas e ombros. Porém, hoje, senti saudade daquela beleza branca, cândida, pura, jovem, com a qual ainda me identifico. O tempo não volta atrás mas certamente existe quem saiba como criar essa ilusão! Pois curiosa pela total ausência de rugas no rosto da atriz e por achar que tinha a pele tão jovem, decidi googlar a sua idade.  Qual foi o meu espanto quando vi que tem a mesma idade que eu!!!

Opá! Ela que partilhe aqui com a malta o que é que fez para criar essa ilusão de ser mais jovem, e de eliminar do seu rosto as marcas da flacidez que os 40 começa a introduzir no corpo da gente...

Vendo fotografias suas mais antigas , dá para perceber que o rosto era jovem sim, mas mais natural. Neste filme de 2018, aparece perfeita. O cabelo negro, sempre apanhado, fica-lhe bem porque a sua pele é branca calva e os olhos azuis dão um ar leve e simpático. As sobrancelhas parecem estar desenhadas para lhe tornar o rosto perfeito. 

Fiquei com um pouco de saudade de uma parte de mim que já fez parte da minha identidade como pessoa. 

E subitamente fiquei com vontade de regressar ao tom de pele "branca como um fantasma"!
Independentemente de tudo, há que celebrar as diferenças.



sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Branca de Neve



Quando estive em Portugal estive dois dias a tentar uniformizar o bronze. 
Passo a explicar: aqui na chuvosa Inglaterra, também há sol. Vai que apanhei um pouco durante o verão, só por andar na rua. Quando fui a ver, tinha os braços a "condutor de automóvel" - bronzeados onde a manga da T-shirt não tapa e totalmente branquinha no restante.


Ora, eu sou muuuuito branca. Porém, acho que com a idade, se apanharmos sol, a pele não recupera a brancura original. Pelo menos foi a conclusão a que cheguei nos anos anteriores com os pés! Ahaha!! Bastou um passeio costeiro de calças arregaçadas e pronto: os pés até meia-perna mais os braços até a t-shirt ficaram "cor-de-bronze" e o resto do corpo branco-fantasma-translúcido consigo-ver-te-as-veias tipo de pele.


Virei um "colibri": era multicolor, dependendo das áreas de pele que tinham ficado a descoberto no verão anterior.


Tive de tomar uma decisão: ia preservar a minha brancura ou submetê-la aos poderes do sol e tentar ganhar uma cor? Optei pela segunda. Sabem há quanto tempo não fazia praia? Desde que era pré-adolescente. Sempre gostei de estar na praia, da maresia, do vento, do cheiro - mas nunca gostei de fazer praia ou torrar ao sol. Nem de andar quase sem roupa. Preferia andar mais vestida que despida e isso sempre era apontado como um comportamento incorrecto. "Fica mal" - diziam-me, não tirar a camisa, não estar somente de biquini ou de fato de banho. Mas não me sentia confortável. Felizmente tenho reparado que esse preconceito está a cair em desuso: cada vez existem mais pessoas na praia com roupa! Calções, t-shirts... mesmo vestidas dos pés à cabeça. E eu acho isso bem! Não se pode continuar a descriminar as pessoas que gostam de ir à praia vestidas :DD

Dispondo apenas de dois dias para ficar na praia, temi não conseguir uniformizar nada. Por isso não apliquei protector solar logo na primeira exposição. Após umas três horas perto do oceano, senti as pernas a queimar, e foi aí que me retirei do sol. Mas já era tarde: fiquei "escaldada"! Dias depois a pele começou a fazer flocos e decidi que é uma estupidez não aplicar protector solar. Até porque o bronze vem com ele.

Em resumo: hoje olho para os meus ombros e noto um ligeiro tom dourado, que, a combinar com as minhas pernas, tornam o meu aspecto algo mais uniformizado. Além disso, a maldita depilação que me atormentava por os pêlos já estarem à vista ainda nem tinham saído da epiderme, também saiu beneficiada. É impressão minha ou o sol retarda o crescimento?

Bom, e é isto.
Não quero maçar os poucos que me lêm só com histórias tristes.
Pelo meio, tento ter alguma coisa idiota para dizer, ahah!

Tenham uma excelente sexta-feira!

sábado, 1 de março de 2014

Algumas coisas a se saber sobre o envelhecimento que não nos dizem

Algumas coisas a se saber sobre o envelhecimento que não nos dizem:

1 - Pode acontecer de um momento para o outro. Num piscar de olhos. O «mito» de que algumas pessoas envelhecem bastante da noite para o dia tem fundamento. É verdade que se pode sofrer um trauma no organismo ou um choque emocional tão intenso que os cabelos ficam subitamente brancos, por exemplo.

2- Usar cremes anti-rugas não está comprovado em lado algum que seja eficaz ou faça o efeito pretendido. Mais vale prevenir, está certo. Mas é MENTIRA que tais cremes vão fazer desaparecer ou atenuar os sinais de envelhecimento. Pessoas com a mesma idade podem apresentar sinais diferentes de marcas de envelhecimento ainda que a mais marcada use cremes e a menos marcada não.

3- Sofrer envelhece. 

4- Usar e abusar da expressividade facial NÃO CRIA RUGAS. Não as traz mais depressa. É mentira.  Cada qual é propenso às suas. Pode dar gargalhadas até ficar com os músculos doridos e franzir a testa continuamente por quatro horas. É indiferente. 

5- A exposição ao sol ENVELHECE. É verdade. Pele e sol é bom, mas com muito protector solar. 

domingo, 30 de dezembro de 2007

DADOR DE ÓRGÃOS

RENNDA



Por volta de 1996 tomei consciência de uma mudança significativa numa Lei que nos diz respeito a todos: a colheita de órgãos humanos. Embora a lei tenha sido alterada em Abril de 1993, duvido que a maioria dos Portugueses saiba que, a menos que se pronuncie ao contrário, após a morte será esquartejado como se faz a um animal no matadouro, a fim de lhe ser retirado o maior número de peças reutilizáveis possíveis.

Não queria ser tão gráfica e estabelecer uma comparação de tão mau gosto. Mas assim é. Já o vi em documentários que passaram pouco na televisão e fiquei espantada e angustiada com a quantidade de utilizações post-mortem que o nosso corpo tem. Desde pele, a cabelo para transplante, a qualquer espécie de músculo, a tendões, à córnea ocular, a membros motores como a maioria já conhece, e claro, a órgãos mais interiores como o coração, os rins, um fígado, os pulmões e não sei mais o quê. Será que deixam alguma coisa?

O que me aflige nisto tudo é que, em vida podem não nos dar valor algum. Um indivíduo pode não receber respeito, ser maltratado e viver desalojado. E é na morte que ele se torna valioso.

Quando era criança e até adolescente, esteve sempre nos meus planos tornar-me dadora. Mas quando soube da lei, os meus sentimentos alteraram-se. Não tive dúvidas: ia buscar o tal papel e tornar-me Não Doadora, nem que fosse para depois desmanchar tudo para que a decisão de o SER pertencer a mim e não a mais ninguém.

Muito bem. E onde se obtém esse documento?
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Uma ida casual ao ministério de Educação facultou-me essa informação: um indivíduo tem de fazer comunicar ao Ministério da Saúde a sua intenção, e para tal “basta” fazer uma inscrição num Centro de Saúde ou extensão RENNDA, solicitando um “impresso-tipo” que deve estar “devidamente preenchido”. A RENNDA (Serviço Nacional de Não Dadores) é “um serviço informatizado, onde se encontram todos os que manifestaram junto do Ministério sua total ou parcial indisponibilidade em doar post mortem, certos órgãos ou tecidos” (fonte wikipedia, link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Transplantação_de_órgãos)

Vou deixar que reflictam no possível significado, a meu ver dúbio, das palavras destacadas em negrito. Por agora vamos “seguir” os passos de quem está interessado em obter este “impresso-tipo”.

O local, conforme reforça este outro link:
Parece simples. Mas claro, não é.

Por centro de saúde conheço o da minha área de residência e aí, onde nem sequer existe um balcão de atendimento geral, ninguém conhece o que é isso de RENNDA e seu respectivo impresso. Noutra ocasião em que me vi num hospital, decidi procurar informações a respeito do procedimento sobre a doação de órgãos humanos após a morte. Perguntei onde ficava a recepção, já que me encontrava nas urgências. Apontaram para fora do hospital, à direita, ao fundo. Caminhei até chegar ao fim da rua, li todas as placas, mas o mais próximo que cheguei de algum lugar foi da casa mortuária.


E assim, mais de uma década se passou e sou ainda, dadora de órgãos á força. Sou por falta de oportunidade, não por falta de conhecimento. Acredito que muitos desconhecem esta lei. E segundo uma notícia da TSF, no ano em que esta lei entrou em vigor, cerca de 20 mil indivíduos fizeram a sua inscrição. Dez anos depois, em 2004, apenas 64. Não 64 mil, mas apenas 64 indivíduos, menos de uma centena. (link: http://www.tsf.pt/online/vida/interior.asp?id_artigo=TSF155488).


Reforço a noção de que poucos portugueses conhecem esta Lei que dita para que fim se destina os seus corpos mortos. Muitos pensam que nem autopsiados são e que o consentimento da família é fulcral para qualquer intervenção invasiva. Enganam-se.
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Tenho um familiar a ir à faca dentro de dias pela primeira vez na sua vida. Naturalmente, está nervoso com o que desconhece. Calhou ter mencionado que somos todos dadores por lei e este não quis acreditar. Insistiu que o consentimento dos familiares tinha de ser escutado para qualquer procedimento, especialmente este, em que “ele não deu permissão”.


Pois então fica já para se saber: desde 1993 a lei Portuguesa dita que qualquer indivíduo residente em Portugal quando morre é um potencial dador (TSF) e cada pessoa a partir do momento em que nasce adquire este estatuto (Portal da Saúde).


Se tem alguma objecção ou desconforto com esta ideia, tem de se registar no RENNDA. Para tal dirige-se a um qualquer centro de saúde apenas com o seu Bilhete de Identidade. O documento não tem qualquer custo. Lhe será entregue o impresso tipo, que tem somente de preencher e que pode entregar nesse mesmo posto de Saúde.


Simples, mas cruze os dedos e faça figas. Para que consiga os seus intuitos com a facilidade descrita.
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É que não só o seu centro de Saúde pode nem saber do que está a falar, como o historial português de tudo o que respeita a serviços simples, mas burocráticos, tem a fama que tem porque a merece. Se tivesse de apostar, diria que as pessoas que contactar, desconhecem o paradeiro desse impressso-tipo e estão mal informadas para prestar informações. O melhor a fazer é se certificar que o documento chega mesmo ao Ministério da Saúde, e faça por confirmar se os dados facultados no papel são os mesmos que constam no sistema informático. Quem a/o atender irá com certeza negar-se a isso ou mostrará indisponibilidade e antipatia por tal lhe ser pedido. Tome a iniciativa de fazer a sua própria cópia do documento e guarde-a. Não é necessário um cartão de Não Dador mas, como os sistemas informáticos e os erros humanos acontecem, peça-o á mesma. E prepare-se para enfrentar possíveis juízos de valor, pois aparecem sempre pessoas ávidas para realizar criticas. Podem não ter tido um único gesto altruísta em vida mas acham que o vão ter na morte, e isso lhes dá o direito de julgar a decisão alheia sobre o direito à identidade.


Já não parece tão simples…


O OUTRO LADO DA QUESTÃO

É claro que, por detrás da questão da obrigatoriedade portuguesa de dadores de órgãos, está PORQUÊ estes fazem falta.


Quando reflectimos que existem pessoas necessitadas, o estar em desacordo com o ser dador não nos faz sentir totalmente bem. Afinal, já estamos mortos. Será que faz diferença? Dizem que não se sente nada. O corpo é um casulo em decomposição. Mais vale aproveitar algumas peças para alguém viver mais alguns anos.


Sobre isto, cada um sabe por si.


Outra razão apontada para esta mudança de lei é o tráfego e o mercado negro de órgãos. E aqui já tenho muitos mais dados a dizer sobre a questão!


Ao que parece, nunca deixou de existir escassez para a quantidade de procura. Ou seja: a quantidade de mortos dadores é muito inferior à quantidade de pessoas necessitadas. Até porque temos outros factores a ajudar para que este prato da balança sofra uma maior inclinação: as pessoas estão mais expostas à poluição, a medicina chegou mais longe e é hoje capaz de mais feitos, pois no passado um doente estaria simplesmente condenado a vir a falecer. As pessoas são também mais sedentárias e abusam dos limites. Quem fuma, quem bebe e quem vive em atmosferas que sabe lhe serem nocivas e continua a ter estes comportamentos de risto até lhes doer.


Lamento que na televisão não passem mais documentários e notícias sobre este tema. Mas vou deixar aqui escrito, tudo o que já ouvi falar a respeito de transplantes, transplantados, colheita de órgãos, tráfego e dadores. Vai surpreender-se! Alguma desta informação fez com que repensasse tudo.


Por onde começar?! Há tanto para se dizer!


Vou começar pelo meu princípio: pelo xenostransplante e pela mecânica.


A necessidade humana de substituir órgãos defeituosos por outros ou outra coisa que os ponha a funcionar, é uma necessidade antiga, sobre a qual muitos estudiosos e cientistas se debruçaram. O primeiro transplante de coração humano foi feito em 1967, antes do homem pisar a lua. Mas mesmo antes muitas outras experiências foram efectuadas. Uma delas foi a possibilidade de órgãos de animais poderem fazer a vez de um órgão humano. A ciência centrou-se no porco, por ser um animal com a fisiologia mais semelhante à do ser humano. Chegou-se a fazer transplantes e a acreditar no sucesso desta técnica. Desconheço agora os pormenores mas existem ou existiram pessoas cujo coração ou outro órgão no seu corpo não era mais o seu, mas o de um animal.


Outro caminho a seguir será o uso de aparelhos mecânicos que consigam reproduzir as funções dos órgãos a morrer. Devo dizer que é neste ponto que sinto um tanto de revolta. Pelo que consegui compreender através da informação a que fui submetida, esta possibilidade é a melhor escolha possível. Não compreendo porquê não existem mais avanços nesta área.
A inserção de aparelhos mecânicos seria uma mais-valia em todos os aspectos da vida humana. Primeiro que tudo, terminava com o tráfego.
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Por todo o mundo mas principalmente nos países muito pobres, são cometidos rituais macabros de pura violação aos direitos humanos. Tudo porque um órgão vale mais que ouro no mercado negro.


Um indivíduo de recursos de um país desenvolvido, se souber que consegue um órgão no mercado negro, aproveita as brechas da legislação, viaja para ser operado num terceiro mundo qualquer e regressa ao seu país, num estado de saúde que não experimentava à muito. Para tal só teve de fechar os olhos à forma como obteve de novo a dádiva da vida. Claro que o desejo é legítimo, mas a forma como muitas vezes se concretiza, é terrível. Prova que quem tem dinheiro compra tudo. Inclusive a vida de meninas que são assassinadas para extracção de órgãos ou de homens e mulheres que acordam com uma misteriosa incisão lateral por lhes ter sido removido um rim enquanto estavam desacordados. Existe também o caso de a extrema pobreza levar uma mulher, por exemplo, na Índia, a vender o seu próprio rim por uma ninharia e depois, sente-se sem energia para continuar a levar a vida dura que sempre levou ou lidar com efeitos secundários que desconhecia poderem existir.
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Na América foi perguntado a um casal a quem o filho recém-nascido acabara por falecer, se autorizava a doação de órgãos. O casal reflectiu e decidiu que gostaria de enterrar o bebé inteiro na terra. Passados dois meses receberam uma conta do hospital. Nessa factura vinha um extracto de quatro páginas, indicando detalhadamente cada intém retirado ao corpo daquela criança. Os pais ficaram horrorizados.


Por tudo isto e mais, não entendo porquê não se investe no uso e estudo de órgãos mecânicos. Serão as questões económicas que ditam estas escolhas?


Um indivíduo transplantado compra também uma despesa vitalícia na farmácia. É grande e dispendiosa a quantidade de fármacos que um indivíduo tem de tomar para levar o seu organismo a aceitar aquele órgão que não lhe pertencia a trabalhar para si. E por maior sucesso que a cirurgia prometa ser, a esperança média de vida é sempre um risco, uma incógnita. Tanto pode ter “comprado” ao tempo mais dois anos, como trinta. E durante esse período a indústria farmacêutica tem um cliente que a ela recorrerá todos os dias. O transplantado é co-dependente de fármacos.


Depois, infelizmente, vêm aqueles que vou chamar de (e desde já peço desculpas se ferir susceptibilidades) “transplantados ingratos”. Trata-se, a título de exemplo, dos indivíduos que não tomam as devidas precauções após o transplante. Como é o caso de um senhor que vi numa peça exibida pela Sic. Este português recebera um transplante duplo de pulmão (irei confirmar se foi mesmo de pulmões). Por causa do transplante, o indivíduo tinha de usar máscara devido ás impurezas no ar. Outra coisa que ele não podia fazer, era dedicar-se ao seu hobbie favorito: criação de pombos. É sabido que os pombos e as suas fezes são do pior que existe para a saúde humana. Mas este indivíduo gosta demais dessa parte da sua vida para prescindir da satisfação que cuidar dos pombos lhe traz. Acontece que não existem tantos pulmões assim, para quem os receber poder arriscar-se a perdê-los. Ao menos assim me parece, que há algo de errado nestes casos.


São muitos os riscos, poucas as garantias, e muitas as incógnitas. Gostaria que esta fosse uma área onde se pisasse solo mais firme e, por isso, estou a torcer para que os interesses mudem e se passe a considerar mesmo a sério, o fim do recurso a órgãos humanos em substituição de outros e se passe a olhar em frente, em direcção á tecnologia. Em laboratório já se consegue muita coisa: fazer pele artificial, cultivar células, moldar uma orelha e criá-la em pele. Porquê não ir mais longe? Afinal, a lua, os planetas e todo o mistério, está dentro de nós.
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Tanto assim é que afloro agora outro assunto mais transcendente sobre a transplantação de órgãos humanos: a transferência.
.Tenho gravado algures um documentário sobre pessoas transplantadas que começaram a ter sonhos, visões e emoções após o transplante. Vieram a descobrir que nos sonhos escutavam o nome do indivíduo cujo órgão possuíam agora. Em sonhos viam-lhe o rosto. Os desejos mudaram para ficarem de acordo com os do falecido dador. Acredite quem quiser. Eu acredito. Há mais mistérios entre a terra e o céu... já se diz.
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Mas não é mistério. É energia. O homem não compreende totalmente a energia. Já Heinstein e outros fizeram as suas tentativas.
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Em Portugal tudo é anónimo. O dador é anónimo, a identidade do receptor também. Sou contra o anonimato. Acho que uma família que sabe que um órgão de um ente querido, por sua vontade, estaria destinado a ajudar a viver uma outra pessoa, tem o direito de saber para onde foi e para quem. Eu quereria saber, embora não queira agora me imaginar a passar por isso. Mas eu ia querer saber se foi para a China, para o Tibete, para o Alentejo, para homem ou para mulher, para menina ou menino, com que idade, com que estilo de vida. Acho bem, acho de direito.
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Termino com o pensamento naqueles que vivem uma realidade que pessoalmente desconheço e espero nunca vir a conhecer. A todos aqueles que neste instante vivem esta situação na primeira pessoa, desejo tudo de bom e mais ainda.