Metereologia 24 h

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quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Eu não mudo de skin

 AS IDENTIDADES

A identidade que conferi ao meu blogger dei-a quando criei o seu conceito e ele nasceu. Mudar isso seria como querer fazer uma cirurgia plástica só para parecer mais jovem. Deixo-o seguir o seu rumo. 

Tal como acontece com coisas vivas, tenho o costume raro de não mudar as características dos meus equipamentos de interação social. Falo do telemóvel, do computador, blogger,  facebook, whatsapp, das suas configurações, imagens de monitor, tipo de icones, sons e melodia de toque. 

Tudo o que envolva identidade.


Acho que este género de utensílio também tem a sua identidade única. Quando uso um telemóvel novo, este "pede" a sua própria identidade. Não vai ter o mesmo aspecto do anterior. Tem novas características, funciona de forma similar mas diferente, sente-se diferente. Logo, não pode ter a mesma "imagem". Cada aparelho tem o seu tempo e cada tempo pertence a um momento nosso, que acaba tendo as suas características identificativas. Eu sinto qual é essa identidade e depois configuro-a. Assim fica para sempre. 

Hoje em dia é raro optar assim, quando a tecnologia oferece tanto. Mas é como prefiro. 

O toque do telemóvel só muda em caso de necessidade, quando mudo de telemóvel. Desde 2019 que tenho o mesmo. São dois diferentes, porque tem dois sims. Um para Portugal, outro para o Reino Unido. Sempre os tive personalizados, porque, para mim, só faz sentido assim. Procurei a melodia que queria online e alterei-a na velocidade e os efeitos. É um toque polifónico pois só me agradam esses. Escutava a melodia na infância, quando ligava a televisão para ver "Era uma vez o espaço".  Em três anos, nunca que alguém ouviu e disse: "esse som é-me familiar...".. Contudo, acredito que quem seja dessa altura e tenha essa sensibilidade, vai saber a identificar.  Como skin - ou seja, o grafismo dos icones, a imagem de fundo, o protector de monitor, tenho o tema do espaço. A imagem de fundo é do planeta terra e uma chuva de meteoritos aparece quando o ecran se desliga. 

Há quem não passe cinco dias sem mudar de avatar, de imagem de fundo da página do facebook ou blogger, de foto no whatsapp etc. Nada contra quem o faz, só não faz o meu género. Em muitos casos, acho que essas constantes mudanças revelam traços de personalidade que deviam permanecer na intimidade. Tais como imaturidade, insegurança, vaidade e superficialidade. Pelo menos eu identifico algumas pessoas assim, só pela escolha de foto para avatar. Não todas atenção. Mas uma maioria que varia em idades desde jovens miúdos a adultos mal-resolvidos (lol). Eu, que sou uma pessoa mais privada (?) não sinto vontade de meter a foto das minhas férias na praia, ou no alto de uma montanha, ou abraçada a uma criança, ou a ser beijada por um homem, ou ao lado do meu gato, ou nas minhas "melhores" roupas aquando convidada para um casamento, ou quando era jovem há mais de 40 anos atrás, ou a segurar copos de cerveja num destes muitos ambientes de festa em pubs... 

Não é para mim. No máximo, uma paisagem, algo belo, porque a beleza me agrada, mas não quero parecer nem fazer por convencer os outros de que a bela sou eu. 

Bom, e é isto.





terça-feira, 25 de maio de 2021

Porrtuguesinha, antes fosses chinesa!

 Desde que cheguei ao Reino Unido, o meu primeiro nome esta mal escrito no sistema nacional de saude - NHS.

Em vez de Portuguesinha, escreveram Phortuguesinha. 

Cada vez que precisavam localizar-me no sistema, levavam uma eternidade, pediam-me todos os dados (recusando sempre que lhes facultasse o n. de utente) para depois de muito teclarem no computador informarem-me com pesar que "não existo".

Isto é frustrante porque, assim que dei conta do erro, corrigi-o. Fui ate ao GP local, onde fiz o registo, soletrei letra por letra e ficou corrigido na hora, pelo computador. 

Quando recebo uma carta do NHS em casa, continua com um erro. Um novo erro.

Volto a ir ao local e desta vez, poupando na saliva, entrego-lhes o meu passaporte e peço-lhes para copiarem o meu nome pelo documento.

A jovem que me atendeu procedeu logo a mudanca do nome no computador onde teclava. Garantiu-me com um sorriso e simpatia que ja estava correctamente alterado.

Ate hoje sou a Porrtuguesinha.

Sabem com quem me identifiquei? Com os primeiro emigrantes durante o seculo 18 e 19, que chegavam ao cais de um novo pais, lies perguntavam o nome e anotavam num pedaco de papel com a fonetica que lhes era mais familiar, muitas vezes ignorando a documentacao apresentada.

Nao tinham outra opcao senao PASSAREM a ter outro nome  numa nova terra. Logo de inicio a serem despidos de alguma da sua identidade. 

Assim me senti em pleno seculo XXI, numa terra que se diz avançada e rigorosa, numa altura em que todos conhecem a extrema importancia da precisao da recolha e registo de dados pessoais. 

Um seculo em que todas as entidades tem se saber tudo sobre ti: estatus, orientacao sexual, alteracao de genero, anteriores nomes, quiça um dia proximo, ate o teu dNA. Uma época em que forcaram a "naturalidade" de  colectar as  impressoes digitais de todo o cidadao mesmo o acabado de nascer e fazem reconhecimento facial a todos os rostos no planeta. 

Mas ainda nao acertam com o teu nome escrito com a sua caligrafia original, a ser copiado de um documento oficial. 

Ora, seu eu fosse chinesa, romena, polaca, da indonesia, Russa ou algo assim, ainda entenderia. Afinal estas nacoes possuem um alfabeto diferente do ingles.

Mas nao e o caso de Portugal!

Temos as mesmas letrinhas. Uma por uma. E nao as juntamos em combinacoes Tao diferentes assim. 

Depois, para meu espanto, no curso que estive a tirar, voltam a fazer o mesmo. De 10 formandos, sou a unica com origem Europeia. A maioria vem da India, carregam nomes indianos. Dois outros  vieram de Africa e carregam nomes Africanos. 

Todos eles com nomes esquisitos, que lhes pedes para pronunciarem e o fazem rapido como se desconhecessem que para serem conpreendidos tem de pronunciar um nome de forma silabica.

Letra com combinacoes esquisitas, formando sons ate entao nunca ouvidos. 

Mas esses tiveram os seus nomes bem escritos nos certificados!

Vai-se la entender. 

Bom, talvez seja compreensivel se partilhar que a pessoa encarregue da documentacao era tambem Indiano e o formador uma mistura de Africa com irlanda. 

Ainda assim sao pessoas a viver no UK ha uns 40 anos e ainda nao se mantem confortaveis com nomes Anglo-Saxonicos!

Sinto-me uma migrante de verdade. Identifico-me com todos os Dasilva, Sylva, Rodriguez, Manel, Anthony, desta vida...

Que partiram de Portugal para um novo destino seguros de quem sao e do seu nome de baptismo. Mas chegam a um novo lugar e sao, de alguma forma, rebatizados ou expropriados das suas origens.  

Bem que disseram que a emigracao foi a substituicao da escravatura.... 

Quando esta terminou no Brasil e os emigrantes Italianos e de outras localidades comecaram a surgir, algumas destas pessoas que estavam encarregues de os registar estavam habituados era a lidar com a papelada de forma a favorecer o proprietario, nao a propriedade. Tinham experiencia era com escravos, gado... coisas a que nao atribuiam muito valor para alem de serem mercadoria. Chega gente livre, mas o trato e os habitos nao sao muito diferentes. 


Chamas-te Manuel da Silva? Tens documentos? Ok... Manel Dasilva. 

Quem ja estudou genealogia sabe de casos impressionantes e frustrantes em que erros semelhantes simplesmente terminam com a possibilidade da investigacao continuar.

No curso tambem escreveram o meu nome incorrectamente. Desta vez, o apelido. Arfh!

Desisti de ser outra coisa. Oficialmente, para o NHS sou Porrtuguesinha. Na futura profissao Terei outro apelido. Eles assim o desejaram.  Assim me batizaram. Em pleno seculo XXI com toda a tecnologia que possuimos!

Onde quer que vas o nome que te dao é aquele com que vais ficar.



segunda-feira, 16 de setembro de 2019

As redes sociais mataram o romance


Tenho reflectido sobre o papel das redes sociais nas relações de namoro. 

Não tinha até hoje percebido o quanto os hábitos de "corte" deram uma volta de 180 graus. Por causa da tecnologia. Já não se escrevem "cartas de amor", ou se fazem serenatas à janela, algo que foi mais presente e marcante numa geração que nem é a minha. Garanto-vos: tudo se tornou mais frio e cruel. Até mesmo impessoal. O que devia ser contraditório, quando a facilidade de hoje em dia para se chegar ao envolvimento físico é tão evidente e indiscriminado. Contudo, está a perder-se o contacto humano. Os olhos-nos-olhos e o respeito pelos sentimentos dos outros. Cortejar alguém tornou-se um ritual frio que facilmente opta pela crueldade. É mais a ilusão de intimidade que se está a vender.

Pobres jovens!  
Sinto angústia só de pensar por aquilo que as novas gerações podem vir a passar. Temo pelas duas adolescentes na família, que já estão mais que na idade de namorar, contudo, disseram-me, com voz segura: "Não há nada que preste".

E podem ter toda a razão. Esse é o meu MEDO.



Como cheguei a esta constatação?
Estava na internet quando decidi visualizar um vídeo de um "coach" sobre relações afectivas. Do género que explica e dá conselhos às pessoas confusas com as atitudes de outras de quem gostam. "Devo escrever-lhe?" "Ele gosta de mim?" "Porque não me contacta?"- queriam tantas saber.


Isso ressoou um pouco e então fui espreitar. Para meu espanto, os comentários que li nos sites eram TODOS (e tantos) a contarem histórias pessoais, todas com um denominador comum: Mulheres que conheceram um homem online. Iniciaram uma conversa por chat durante meses, sentiram-se envolvidas, marcam um encontro, umas saíram com o rapaz mais que uma vez,  outras só uma. Subitamente ele deixa de se comunicar com elas. As que tiveram sexo também tiveram o gajo a responder da mesma forma: com silêncio. Tendo acontecido até com quem namorava oficialmente com aquela pessoa e subitamente recebe o tratamento da invisibilidade. Cortam qualquer contacto e deixam de se comunicar. Mudam de comportamento. Mesmo aqueles que têm a cortesia de responder, fazem-no de forma vaga ou não direta. Deixando a mulher a pensar se aquilo tem volta ou não. Se ele só precisa de tempo. 

Fiquei surpresa por quase todas, acho mesmo que todas, mencionarem que conheceram a pessoa online. Hoje em dia é assim que as pessoas começam uma relação: através de um computador! Mas é que falam disso como se fosse a forma natural de acontecer. Como se não existisse outra!!! Como se todo os afectos precisassem ser filtrados com a tecnologia pelo meio. Vão a sites como o Tinder para "conhecerem" parceiros. É assim que se faz hoje em dia. Eu estava totalmente a leste disto!

As redes sociais vieram para facilitar ou para destruir a fé das pessoas nas relações humanas?
Temo pela segunda hipótese. Até mesmo "ele" cansou-se de me repetir que os "jovens estão cada vez mais sozinhos". 

Não é assustador?
Cada vez mais sós, cada vez mais EXIGENTES. Elaborando listas de IDEAIS mais próximos da fantasia do que da realidade. Sinto pena.

Vi pela miúda que viveu nesta casa. 24 anos, bebia álcool até ficar bêbada e fornicava que nem um animal no cio com quem simpatizasse online ou nas saídas nocturnas. Falava dos gajos como se fala de um produto no supermercado. É esta a "cultura" da moderna juventude. A forma como interagem uns com os outros. Ela procurava e lamentava não encontrar alguém "rico que lhe fizesse as vontades" porque "merecia". Mas entretanto, optava por este tipo de relacionamentos e também ia descartando gajos com base no nível de atracção física através de fotografias numa app.

Tudo tão fast-food. (Sem sabor, só aparência, e de consumo rápido e insatisfatório). Ela era "consome rápido e deita fora", tanto  tratava assim os gajos como se deixava ser tratada de igual forma. Aceito este estilo de experimentação, mas sinto que não é por aí que alguém vai encontrar uma avassaladora paixão, um parceiro amoroso, que a vai fazer sentir nas nuvens. Não é por abrir as pernas a tudo o que é gajo ou manter três opções ao mesmo tempo que aumentas as possibilidades de acontecer o  "milagre" do "amor para toda a vida".



O rapaz aqui de casa, com trinta anos, nunca se apaixonou por ninguém. Tem agora uma gaja mais recorrente e ouvi-o brincar com isso. Sempre manteve uma one-afternoon-stand, ia para a cama com todas, apenas uma vez. Dificilmente uma segunda - não fossem elas começar a achar que têm direitos. Depois de dormir com elas, não as quis mais. Numa ocasião cumprimentei uma destas miúdas, que era mais faladora, e quando lhe perguntei o que fazia, respondeu-me que era professora de fitness mas que seria por "pouco tempo", porque dali a seis a oito meses ia mudar-se para Nice. E lançou um olhar cúmplice ao rapaz. Eu percebi de imediato, mas nada disse. Já tinha visto tantas a entrar e a sair e duvidava que ela fosse mais do que mais uma de «foda única» na lista dele. Ia servir para o propósito que a trouxe até a casa, nada mais. Mostrou achar que ia com ele para Nice - que é para onde ele planei-a mudar-se a trabalho, daqui a dois meses!

O que me dizem disto? Não é assustador? Acho que mete medo.
Vocês têm filhos novos, netos... não temem por eles?

A facilidade com que se usa as redes sociais para se magoar e descartar os sentimentos alheios. Isso tem de transformar as pessoas em algo diferente das crianças "fofas" e respeitadoras que tanto nos esforçamos que sejam. Hoje vi um cartaz a dizer: "Triste é quando partilhar comida tornou-se mais assustador que desperdiçá-la".

E fiquei triste com esta constatação. Porque é tão verdadeira e tem implicações sérias nas relações humanas. Antigamente partilhava-se o lanche, trocavam-se sanduiches, cada qual bebia do mesmo copo ou dividia uma peça de fruta. Esse simples acto ajudava (e muito) as pessoas a se conhecerem e a simpatizar umas com as outras. Um acto de bondade. Hoje em dia se eu quisesse partilhar o (imenso) gelado de copo que comprei, porque era demais para mim, sei que nem vale a pena estendê-lo a alguém. Todos temem que a oferta venha envenenada ou, simplesmente, porque já teve a colher que levei à boca ali enfiada, tornou-se "sujo, perigoso, repulsivo". 

Esta simples alteração de comportamento já prejudicou as relações humanas a nível das amizades, das vizinhanças. Já não se bate à porta da vizinha para pedir um copo de farinha emprestada. Hábitos saudáveis de convívio, perdidos ou em extinção. E agora, a tecnologia vem dar como que a facada fatal na já muito fragilizada interacção humana.

Recordo-me dos filmes futuristas, que retratam a tecnologia como algo que vem substituir o lado físico das relações, mas compensar com o lado emocional. Descarta o sexo, mas faz as pessoas passarem por emoções fortes de ligação psicológica. Duvido muito que o futuro tenha adivinhado correctamente o papel da tecnologia nas relações de interesse amoroso. Acho que facilita demasiado a crueldade e nada faz para tornar as pessoas mais carinhosas, atenciosas. Pelo contrário. Torna-as secas, desconfiadas, dessensibilizadas e descrentes.

Deus nos valha.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Diferentes reflexos


Deve de existir alguma coisa errada com os meus olhos.
Quando vejo o meu rosto reflectido num espelho normal, penso: "OKaaay..."



Mas quando me devolve o mesmo rosto numa ligação de Whatsapp ou Messenger... Jesus!




O que é aquilo??!?!

domingo, 17 de abril de 2016

Os perigos que por vezes cruzam o nosso caminho


Não devia mesmo assistir a documentários reais tarde de noite... Mas gosto ao menos de os ouvir no youtube, enquanto estou no computador a fazer outras tarefas. Também são assim, fazem tarefas em simultâneo? Comigo é quase sempre, ehehe.

Bem, mas numa altura em que a sociedade tecnológica evoluiu tanto, esta ferramenta que é a internet, assim como outras, são um pau de dois bicos. Tanto espeta de um lado como o outro pode ser empurrado para espetar em nós. E não é a única. Vivemos num mundo todo conectado. E isso pode acarretar perigos.

Num post anterior falei sobre o Boato e como este encontrou na internet um veículo de propagação que em nada fica a dever às capacidades de contágio de um qualquer vírus infectuoso. E nele partilhei duas histórias de stalking/perseguição obsessiva, uma presencial, outra à distância, envolvendo a internet.

Agora vou falar especificamente da obsessão com perseguição, para que os sinais sejam mais conhecidos. Fico a pensar que é informação útil para a neta de alguém, para a filha de alguém, para homens também, pois como se lê no post anterior, naquele caso a vítima foi um homem.

Neste novo caso, a vítima é mulher. E o uso, ou melhor, o abuso ao recurso da tecnologia para lhe infernizar a vida não encontrou limites. Imaginem tudo o que se pode fazer... Foi feito. Se calhar mais até do que a imaginação de algumas pessoas consegue atingir porque, felizmente, nem todos temos imaginações tão cruéis e obsessivas.


Esta mulher conheceu um homem. Até aqui tudo bem. Simpatizaram um com um outro de imediato. Ao terceiro encontro ela lá lhe disse onde morava porque, até então, foi cautelosa e não permitiu que ele soubesse a morada da sua casa, onde vive com a filha adolescente. Com a morada, ele lá conseguiu enviar-lhe as flores que tanto queria. A seguir surgiram outros presentes: chocolates, lingerie... Todo o final do dia ela chegava a casa e encontrava à porta um embrulho: era um presente dele para ela, com amor.

A relação entre os dois estava naquela fase fantástica, da descoberta, dos carinhos e um dia, ele presenteou-a com um iphone. Mas a mulher começou a sentir que a relação estava a avançar rápido demais e decidiu terminá-la.

Até aqui, tudo normal, certo?
Bom, excesso de presentes pode ser romântico ou pode indicar uma personalidade obsessiva que está a querer controlar tudo. E se assim for, como reage a pessoa quando rejeitada?

Bom, na realidade ela já está a agir desde o primeiro instante. Frustrado por não conseguir os seus intentos, este homem, tão generoso que tinha inclusive oferecido um iphone, na realidade deu-lhe um presente envenenado. Ele usava o iphone como aparelho de localização. Sabia sempre onde ela estava, com quem ela falava, lia todas as suas mensagens, escutava as suas conversas... aquilo era um aparelho de vigilância! 

Para se vingar ele pegou em todos os contactos de amigos e família que já tinha copiado do telemóvel e começou uma campanha de difamação indecorosa. Enviou mensagens a todos os amigos dizendo que ela tinha contraído doenças sexualmente transmissíveis, eliminando assim qualquer eventualidade de ela encontrar um outro parceiro rapidamente. 


Fez-se passar por ela para gerar conflitos, para isolá-la. Como ela recusou-se a recebê-lo de volta, não importava os argumentos, ele garantiu que ia destruí-la, ameaçando contar a todos os amigos, família e colegas de trabalho que ela era uma puta. Depois enviou a todos os que ela conhecia, sem deixar escapar um, um link de um site de acompanhantes femininas de luxo, no qual ela aparecia. As pessoas inicialmente acreditaram que haviam tropeçado num segredo oculto daquela mulher. Ele continuou, colocando anúncios de oferta de serviços sexuais dando como contacto o número de telefone do emprego dela. Os homens ligavam constantemente, a requisitar serviços da "Soraia".


Conseguem imaginar o terror que é estar a trabalhar num banco entre colegas, escutar o som de um telefone e sentir pavor de que possa ser outro homem a requisitar os seus serviços de prostituta? A vergonha de ter os colegas a olhar de lado e a desconfiar? As piadas, as mudanças de atitudes, o desprezo? Acabou por ser demitida. Foi aí que ela foi online verificar o que se passava. Sentiu-se totalmente roubada, difamada, violentada com o que encontrou.  

Com a quantidade de informação pessoal que hoje é mantida nos aparelhos tecnológicos, contas de email, etc, ele conseguiu cancelar-lhe o serviço de água, de electricidade, gás. Tudo fez para a prejudicar. Ela foi à polícia mas... esta não pode fazer muito sem provas. Ele tinha gravado secretamente um vídeo dos dois a fazer sexo e espalhou-o por toda a parte, começando, novamente, por aquela lista de contactos e fornecendo-o a vários sites pornográficos. Fazendo-se passar por ela, ele enviou mensagens aos amigos adolescentes da filha, oferecendo-se para prestar serviços sexuais. E mais tarde, ele incluiu o nome da menor no anúncio, deu a morada da casa das duas e a qualquer hora do dia ou da noite, homens apareciam-lhe em casa, tocavam-lhe à campainha para obter serviços sexuais. Noutra ocasião ele pegou numa faca e furou-lhe todos os pneus do carro. Aqui foi preso, em flagrante.

Foi então que se descobriu que ele era casado há muitos anos e tinha um filho menor de idade. Não era rico como dava a entender, e a esposa dele começou a receber as contas milionárias dos presentes oferecidos, das viagens em deslocações. Ainda por cima, ela é que "bancava", lol. Este perseguidor, perigoso e obsessivo, casado e com um filho, que aparentava ser normal e inofensivo, acabou sentenciado a sete anos de prisão, pelos crimes de roubo de identidade, perseguição e tentativa de extorsão. A mulher que ele perseguiu e a filha ainda têm de lidar com as consequências das mentiras que ele espalhou. E que a tecnologia ajudou a propagar.

Estes detalhes todos que escrevi servem para denunciar comportamentos perigosos para que possam ser detectados a tempo e para ilustrar o quanto a tecnologia pode ser usada como uma arma que faz tantos estragos quanto uma de verdade. 

Nada na vida desta mulher alguma vez voltou a ser seguro. E até hoje ela teme que ele, doente como é, a mande matar ou lhe faça algum mal, a ela ou à filha, ainda na prisão ou quando for posto em liberdade. E tem razões para isso. 


O que não faltam são histórias de mulheres assassinadas por ex-companheiros. Infelizmente vemos disso nas notícias. Vem-me à mente a esposa morta por seis tiros à porta do emprego, depois o ex ainda colocou um aparelho explosivo no corpo dela. Esta tragédia aconteceu depois do natal do ano passado, em Sacavém. Mas enquanto pesquisava para a confirmar os factos, encontrei com facilidade e horror tantos outros casos! Alguns de anos passados, outros infelizmente já datados deste ano. Uns cá, outros no Brasil, tão gratuitos e ousadamente cometidos em qualquer lugar diante de quaisquer testemunhas.Ver aqui, aqui, aqui, aqui



sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Eu sou uma avozinha (tecnologia)


Na minha juventude começaram a surgir jogos eletrónicos portáteis, como o tétris. Os computadores spectrum surgiram com o pacMan, o chuckie egg e outros. Apareceram os diskman. Os telefones portáteis e de discar táctil. As televisões equipadas com um objecto estranhíssimo e para alguns desnecessário: um controlo remoto. Os computadores com disquetes A. O MSDos que tinha de ser introduzido nos mesmos a cada utilização. O Windows 3.0 e os computadores com 365 megas de memória... (ou muito menos). E enfim... vocês entendem.

Na juventude de agora existem outras coisas, porque a tecnologia não deixa de progredir. Existem os smartphones, os ecrans tácteis. E vou ficar por aqui. Exatamente para exemplificar uma coisa:

Aquando a minha juventude, os mais velhos viam-se "atrapalhados" em manusear estes aparelhos "avançados". Até o último dia da sua vida, a minha avó ainda não se entendia muito bem com o controlo remoto da televisão. Tinha mais de 20 canais, mas o telecomando só ia até nove... E por mais que lhe ensinasse que podia alcançar os mais "para a frente" carregando de seguida em dois números ou muito mais simplesmente avançado canal a canal no botão de mudança de canais, ela continua a gostar apenas de carregar no 1, 2, 3 ou 4.

Acho que eu sou agora esse "mais velho". Calha a todos, vai calhar a ti também (para os fedelhos de 20 eheheh). Mas sinto uma diferença muito grande que me entristece entre esta geração e a anterior - algo que lhes falta e que a mim não faltou. O GOSTO POR ENSINAR.

O gosto por transmitir o saber. Os mais novos sabem quase instintivamente como funcionar com os ecrans tácteis dos TM. E porquê? Porque é algo que se transmite uns aos outros no convívio. Aprendem sem saber que estão a aprender. Mas quando chegarem a uma idade em que terão de aprender sem ter como conviver com pessoas da mesma idade que já o saibam, isso vai mudar. Hoje em dia a juventude, no máximo, diz-te para repetires um gesto e depois vira a cara para o lado e continua a conversar mexericos. São muito interativos: usam, para comunicar, o tweeter, o sms, o facebook. Mas é só entre eles. "É o clube do bolinha" mas neste caso, os excluídos não se caracterizam pelo género, mas pela idade.

A juventude de hoje descrimina - e muito - os restantes. E é pela idade ou a aparência dela. A menos que uma pessoa mais velha seja considerada "fixe", ela perde o interesse e pode até receber desconsideração e ofensas por parte de uma certa juventude. A forma como fazem referência aos mais velhos pode muitas vezes ser desrespeitosa - é próprio da educação dessa geração. Canso-me de os escutar (aos de 20) a fazerem referência a pessoas com mais idade, com quem têm de lidar para daí retirar benefícios - como "o velho". E dizem coisas horríveis, como desejar a morte a alguém, em tom de "brincadeira". É uma característica da geração - é o que tenho observado.

Não sou ingénua para dizer que os meus bisavós não poderiam dizer o mesmo de mim. Pois claro que podiam. A primeira coisa que apontariam como diferente na educação é a forma como nos dirigimos aos pais e a todos os mais velhos em geral. Não se discutia com os pais no tempo deles. E pedia-se a benção. Para eles, as "liberdades" que a minha geração recebeu podiam roçar a falta de educação.

Mas se voltassem à vida e percebessem o que anda por aí agora, so não cometeriam arakiri porque eram rigorosamente crentes de que isso só a Deus pertence. Mas o desejariam a cada respirar.

A juventude de hoje não fica ali a explicar, bem explicado, como algo funciona. O seu espaço de paciência é reduzido a quase nada. A sua capacidade para se revoltarem também é obtida por quase nada.


sexta-feira, 14 de junho de 2013

O facebook dos adolescentes


Sinto que fico verdadeiramente conectada às cabeças de um pré-adolescente quando percebo a forma como se expressam no mural do facebook. Ao ler os comentários, ao perceber a forma como reagem às publicações, pela quantidade incessante de fotografias que colocam de si mesmos, pelos interesses que revelam em bandas de música, em roupas, em ídolos, na forma de se expressarem entrei si e às coisas e o que esperam que seja o comportamento de cada um deles perante uma publicação.

Nesse sentido acho que o facebook está a ser desprestigiado. Ele presta um benefício aos adultos como nenhuma outra ferramenta consegue, numa fase em que entender os pré-adolescentes pode ser difícil para alguns adultos mais "desmemoriados" da sua própria existência nessa idade. Não adianta vir debater se a aplicação devia ou não ser acedida por pessoas de tão jovem idade. Não adianta porque tal facto é inevitável. O facebook assim como outras aplicações e tecnologias impuseram novos hábitos em toda a sociedade. Não se pode esperar que uma criança fique atrás dos mesmos. É assim mesmo que se convencionou, é uma alteração nos hábitos da sociedade que se generalizou e por isso é até um tanto "patético" achar que os adolescentes, tão sempre na vanguarda da tecnologia como estão, alguma vez poderiam ficar de lado.

A verdade é que cabe ao adulto saber orientar o adolescente perante esta nova forma de interagir. O que até pode ser muito positivo, conforme já expliquei, porque permite ao adulto ter uma "janela aberta" para a cabeça e alma de seu filho, de uma forma que não sendo invasiva também não precisa de ser forçada.

Não se deve impedir uma criança de evoluir no sentido em que a vida evolui, pelo que não vejo na proibição do uso qualquer sentido. Todos temos de nos adaptar às mudanças sociais sem travar o desenvolvimento das crianças, pelo que mais importante do que uma criança ter conta de facebook é perceber que é uma realidade inevitável e que vem acrescida de cuidados e concelhos educativos diferentes. E estes fazem falta. Não só para o universo do facebook mas para a vida em si, pois esta também já se deixou dominar em vários níveis pela tecnologia. Ao alertar uma criança para os riscos do uso de uma tecnologia «segura/insegura» como o facebook, estamos também a incutir nela uma semente de atenção que lhe vai durar, se possível, a vida toda. Uma criança que não esteja em contacto com esta realidade fica excluída das coisas como elas são. E poderá ficar vulnerável aos perigos que ela acarreta, quando com ela começar a se expor, por não estar familiarizada com o relacionamento inter-pessoal entre pessoas por este meio.

Creio que é um grave erro menosprezar a capacidade cognitiva de uma criança - deixando por lhe explicar a razão das decisões tomadas e das preocupações. A criança é mais inteligente que qualquer adulto. Só não está munida do conhecimento de experiência de vida e de algumas consequências de gestos que possam parecer inocentes. Mas inteligência e capacidade para absorver conhecimento é coisa na qual qualquer criança supera um adulto até com uma perna nas costas. Portanto, valorize-se isso, dando a elas todo o conhecimento não-literário que possam necessitar para se adaptarem melhor ao mundo.


E como ia relatar, observar o mural facebookiano de um pré-adolescente é um aprendizado. Acho que a primeira coisa que notei e que me fez impressão é a forma como se manifestam diante da publicação de (mais) uma fotografia. O utilizador coloca uma fotografia nova da sua pessoa e logo de seguida "chovem" comentários de colegas e amigos. E estes lêm mais ou menos assim: "super gata!" Lindaaa!" - seguidos de símbolos ou abreviações que servem somente para reforçar e dar mais ênfase ao elogio. Nunca vi nada que não fosse esta "rasgação de seda", por assim dizer, o que me leva a deduzir que é da praxe elogiar sempre a fotografia de alguém com estes adjectivos.

Outra coisa que observo é a expressão "Dedicas?" - muito utilizada entre eles. Significa que quando uma pessoa coloca uma imagem sua no facebook, depreende-se uma certa "exigência", uma "regra de etiqueta" que diz, entre pré-adolescentes, que o certo é dedicar a foto a alguém. Não é de bom tom embora não seja ofensa, colocar uma foto por colocar. E sem uma descrição também não é muito bem aceite. Os pré-adolescentes gostam de saber que as coisas lhe são dirigidas. Em resposta aos comentários, o autor costuma dizer "obg, obrigadaaaa", numa modéstia recatada que faz lembrar uma donzela do século XIX quando lhe elogiam a beleza.

O mundo gira muito, mas por mais que mude, algumas coisas nunca mudam na essência. Sofrem alterações expressivas, mas está tudo lá: a recatada modéstia ao receber um elogio, a vontade de receber elogios, as primeiras preocupações "românticas" e de amizade, as mãos dadas e os primeiros beijos com o primeiro namorado, os gostos musicais, os estilos de vida admirados nos ídolos, o que acham bonito em roupas, em estilo, o papel da escola e os stresses dos testes, os concertos a que se quer ir, os bilhetes que se querem comprar, as marcas de roupa e vestuário mais apreciadas, as modas que uns seguem, as férias como lhes correram e tudo com fotografias! :)

O facebook de um pré-adolescente reflecte bem aquilo que são e a fase que atravessam. É bom aproveitar, porque acredito que ao chegarem à adolescência já serão mais restritos, saberão controlar e vão querer realmente controlar quem vê o quê e não serão, suponho eu, tão puros nas suas manifestações e opiniões quanto na pré-adolescência. Acompanhar o crescimento do indivíduo pré-adolescente pode não ser possível pessoalmente, mas através pelo facebook fica-se com uma boa ideia, quem sabe, até mais ampla. Porque, como diz a expressão, vê-se melhor uma árvore e toda a sua beleza quando à distância. Muito perto só faz perceber as saliências do tronco...















quarta-feira, 16 de abril de 2008

Meo Deos!

MAIS TANGA QUE NÃO PRECISAMOS
Os anúncios, mais de sete, passam na televisão aproveitando a imagem popular e humorística dos Gato Fedorento. Mas afinal o que estão estes a promover?





"Chegou a televisão do FUTURO, com mais de 100 canais e capacidade de gravar o que quiseres até 60 horas"


Um serviço de televisão "do futuro". Mais promessas de melhor imagem, mais canais, mais vantagens tecnológicas... mais do mesmo. Tudo muito bem pago. Só canais, são mais de 100. Quantos exactamente, não se sabe. Pois certamente isso vai depender do quanto está disposto a desembolsar. Quer canais um tanto mais interessantes? Então pague!

Mais de 100 canais servem para quê?
-Para demorar mais tempo a fazer zapping.

Gravação simultânea e até 60 horas serve para quê?
-Para nunca se ver o que foi gravado.

Tudo não passa de excessos, como são os brindes oferecidos com a compra de embalagens ou packs de comida. "Merdinhas de plástico". Tudo só serve para nos tornar cada vez mais a todos numa sociedade de excesso de consumo, apática e acomuladora de tralha que depois não usa.


Já vi televisão com 1000/mil canais (sim, mais um zero: 100-0 = 1000).
Garanto que nem eu nem as restantes pessoas que ali procuravam distração conseguiam se interessar por qualquer canal que fosse.
Além de muito "lixo" televisivo, os poucos dedicados a passar filmes repetiam-nos com tanta assiduidade que em três dias e horas diferentes não só apanhei o mesmo filme a ser exibido, como exactamente o mesmo momento da cena.

Pobre Harrison Ford! Sempre a ser esmurrado!

Como não possuo nenhum dom mediúnico, a coincidência não passa do excesso de repetição da programação. E se pensam que o filme em questão era coisa recente e boa para se ver, enganam-se. Era um daqueles que todos conhecem e já passou na televisão dúzias de vezes.

Mais uma vez, creio que estão a querer vender gato por lebre. E neste caso, usam mesmo gatos!

http://www.techzonept.com/archive/index.php/t-96292.html

domingo, 30 de dezembro de 2007

O GRITO DIGITAL


Vou soltar um grito! Ai! Porcaria do Digital! Que inúteis são os Cds e os Dvd´s quando comparados à fita magnética! Porquê praticamente nos forçam a mudar?

Preservar imagens em fita tem-se provado ser mais eficaz há décadas. As bobines de cinema centenárias ainda cá andam. Mas não consigo fazer com que o Dvd que gravei a semana passada seja lido nos muitos leitores pela casa. O que acontece? Não caiu ao chão, não sofreu danos. Não tem riscos, não ficou exposto ao calor, ao pó nem há humidade. O que se passa então? Será que gravou mal de raiz? Então o que é que se passa com o gravador? Ou são todos os leitores, todos os três, que funcionam mal?

A minha saga com esta transferência da fita para o digital tem sido uma luta que estou a perder. Comecei há um ano e meio. Passados apenas quatro meses, já estava a tentar recuperar imagens digitais que subitamente ficaram inacessíveis à leitura. De lá para cá, não fiz outra coisa. Deixei de transferir as imagens das boas cassetes VHS para os dvds, porque recuperar as imagens já transferidas para os Dvds que não se deixam ler tornou-se mais frequente. E o tempo que consome!!

E tudo para quê? Que futuro tem este novo formato que nos impigem agora, ao serem lançados para o mercado tantos aparelhos que funcionam no modo digital? Já se aperceberam da variedade de estirpes digitais que andam por aí, cada uma a querer singrar no mercado mais que a outra? É um vírus! Bem plantado, pois como se perdem as informações armazenadas, há que comprar tudo novamente! De uma fita magnética entretanto mastigada, consigo facilmente recuperar os dados. Pode cair ao chão 30 vezes, estar armazenada por muito tempo, ficar entalada no vídeo ou partir-se, não tem problema: recupero as imagens fácil, fácil. Mas com o digital, o que se perde é para sempre.

E foi assim que já perdi importantes registos da minha vida. No Cd onde com cuidado e por prevenção guardei as fotografias de infância de criança, nos natais filmados que tratei logo de passar para Dvd que agora estão perdidos para sempre. Eis o que o digital me dá: tira-me tudo! Apaga as nossas lembranças mais rapidamente que a velocidade da luz.

Mas não é só o suporte que conspira. São também os aparelhos. O gravador começou a dar sinais de avaria logo após ter sido adquirido. E até conseguir chegar a ele, passei por muito. Passei por uns quatro! Todos me obrigaram a regressar à loja, para pedir a devolução e trazer outro. Penso que o primeiro motivo foi uma má informação do empregado. Procurava um produto com uma certa função. Como as etiquetas de preço não dizem tudo e não deixam uma pessoa passar os olhos pelo manual de instruções, levei o aparelho para casa com base na palavra do empregado da loja. Após montar tudo, estava preparada para começar a trabalhar e… nada. Tive de regressar à loja. O segundo e o terceiro aparelho foram tentativas demoradas, só para os trazer da prateleira para a caixa registadora. Ora os modelos estão esgotados, ora a caixa apresenta sinais evidentes de ter sido mexida. E eis que após muito escolher, é na caixa ao pagar que vejo o tampo do aparelho aberto, e a evidenciar riscos, um dos quais bem grande. Aquele aparelho já tinha sido usado e provavelmente reparado.

Mas não é só comigo que isto acontece. Vejo acontecer sempre com toda a gente. Também com televisores que amigos compraram, de ecrãn plano, para entrarem na modernidade, por exemplo. Um deles avariou após três semanas de uso. O outro, enorme, pesado, chegou a casa do dono e só depois de retirado da caixa é que se viu uma mossa, tão forte, que dobrava para dentro o plástico na largura do meu braço.

As lojas e os fabricantes sabem disto. E não querem saber. Os produtos são devolvidos e recolocados nas prateleiras, sem estarem a 100% em termos de qualidade e são vendidos iguais aos acabados de sair da fábrica. Teria quatro leitores de Dvd em casa, ou melhor, apenas dois, se o terceiro não tivesse avariado ainda dentro da garantia. Mas sem recibo, nada feito. E assim, dois meses de uso, foi o tempo de vida que um aparelho me facultou.

Estamos a ser roubados! Vou gritar! Ai! Porcaria do Digital!!