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domingo, 19 de novembro de 2023

Jogo "Par ou Pernão"

Deixo-vos mais uma ilustração de Laura Costa que representa uma reunião familiar no campo. Laura Costa coloriu maravilhosamente o Portugal de 1940-1950.
À esquerda da representação está uma mãe, segurando um bebé que se encontra a dormir.
Do lado direito da representação, um jovem pega na mão de uma outra criança.
Na parte central, vemos duas crianças, a menina segura uma pinha e o menino parte pinhões contra uma pedra. 
Postal dos CTT (1944), retirado daqui


Como escrevi há uns tempos: Os pinheiros mansos eram espécimes raríssimos em Forninhos, só me lembro de um, frondoso, bonito e "de passagem" apanhar pinhas e comer aqueles frutinhos saborosos, mas ao encontrar este postal, impossível não lembrar os jogos duma infância muito feliz e diversificada, o nosso património cada vez mais imaterial.
- E se jogássemos, agora, ao par ou pernão?
Vamos lá. É um jogo simples, basta palpitar e acertar.

Material - pinhões, se não houver pinhões, pode ser utilizado um punhado de feijões
Terreno - qualquer terreno
Participação - Grupos de dois
Desenvolvimento - Joga-se com pinhões ou com feijões que se escondem no bolso, onde disfarçadamente metem a mão e tiram um certo número de pinhões, por exemplo 4; com a mão fechada, mas sempre com os dedos para cima, pergunta:
- Par ou Pernão?
Resposta: Par - acertou!
Se o número for ímpar, ganha quem apostou pernão.
- Não vale ir de mãos vazias!!

Feliz Dia dia Internacional do Homem para todos (hoje, 19 de Novembro)

domingo, 30 de junho de 2019

XXXV Jogos Tradicionais

Tal como foi anunciado, aconteceram os 35.ºs Jogos Tradicionais no campo de futebol de Forninhos, 


participados pelas freguesias do concelho, como sempre acontece


Na luta da tração com corda, gosto da envolvente, 
nem sol, nem chuva, apenas a névoa ao fundo...

 é linda a nossa paisagem...

corrida de cântaros

corrida do saco

jogo da raiola

o jogo do porco ensebado, tanto quanto sei não é/era
um jogo praticável em Forninhos

Jogo da malha

Parabéns aos vencedores. Parabéns aos participantes e um obrigada aos dinamizadores. Venham os próximos. 

Fotos disponibilizados pelo Município de Aguiar da Beira. Obrigada.

sábado, 5 de novembro de 2016

O jogo do prego

Gostava muito deste jogo que se jogava durante o Outono e Inverno, altura do ano onde por causa da chuva a terra se encontrava propícia para se poder espetar o prego, um pedaço de pau de pinheiro da grossura de um dedo, mais um prego espetado no miolo do pau, mas um ferrinho afiado, ou lima pontiaguda também servia.



Para se jogar este jogo, delineava-se um grande círculo no chão de terra (nem fazia sentido que o chão da folia não fosse de terra) que representava o mundo e cada jogador, na sua vez, lançava o seu prego com o objectivo de conquistar o mundo. À medida que espetava íamos conquistando território e a conquista desse território fazia-se traçando uma linha entre o ponto onde o prego anteriormente foi espetado e o ponto actual e assim sucessivamente, apertando propositadamente o caminho para o adversário não poder espetar o prego à vontade. Tentava-se espetar o prego até atingir a linha do adversário, se possível antes do dele passar a nossa. Cada vez que o prego não espetasse no chão ou ficasse inclinado, o jogador perdia a sua vez e dava-a ao próximo. 
Não era permitido fazer "pontas", isto é, espetar  num lado e no outro e tentar unir, pois assim depressa se obteria metade do "mundo". O risco a fazer entre as espetadas tinha de ser contínuo e quando um jogador formava mais que uma "casa", isto é, uma figura no solo, apagava uma linha e assim alargava as "casas".
Depois do mundo estar dividido, passava-se à fase das conquistas, espetando o prego na área dos outros jogadores a fim de cada um aumentar a sua. Aquele que fizesse uma casa na do outro perguntava-lhe:
- Qual me dás?
O desapossado tinha de optar e ganhava aquele que conquistasse o mundo todo, a totalidade da circunferência desenhada.
Andávamos horas seguidas nisto, era até as nossas mães nos chamarem para cear!

Objectivos do jogo: interacção e assertividade.
Número de jogadores: dois ou mais.
Material necessário: um prego por cada participante, mas  podia haver só um prego no jogo, o que igualava mais as possibilidade dos intervenientes.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

O Jogo do Raminho

Hoje é dia de apanhar algumas pontas que têm ficado mal atadas nestes anos todos. Por exemplo há uns aninhos falei dos jogos que jogávamos e falei por alto do jogo 'das comadres e dos compadres',  mas afinal o jogo das 'comadres' e dos 'compadres' não era apenas um jogo ou sorteio de nomes que acabava com  os casamentos carnavalescos, o sorteio do dia das 'comadres' distinguia-se do sorteio dos 'compadres'. O jogo das 'comadres' terminava no sábado de Aleluia, em que os rapazes presenteavam as raparigas com amêndoas.
Mas acabo de saber que afinal houve um outro jogo de sugestão amorosa praticado em Forninhos, com que as nossas mães, as nossas avós e bisavós brincaram. Chamava-se o Jogo do Raminho.


O jogo consistia no seguinte:
Aos domingos e dias Santos, depois do almoço, quando não havia baile, as raparigas juntavam-se em lugar abrigado ou ao sol e aí pegavam num raminho qualquer, malmequer, oliveira, alecrim, loureiro, sabugueiro...
A moça do ramo passava-o então à parceira do lado e dizia:
- Toma lá este raminho e adeus que eu me vou.
E a outra respondia:
- P´ra onde vais?
- Vou acarta do meu amor que tu não me dás.
- Dou, dou...
- Quem tu me dás? E encostava a boca ao ouvido da parceira, segredando-lhe:
- Dou-te F...
Novamente se repetia a lenga-lenga e se passava o raminho à moça seguinte e se dizia ao ouvido o nome dum rapaz e assim continuavam até se darem 5 voltas ao grupo, dando-lhe um namorado de cada vez.
Depois cada uma das participantes era convidada a dizer qual dos 5 nomes que lhes segredaram ao ouvido era preferido ou com qual ficava.
A escolha era assim, a primeira perguntava à segunda:
Quem te veste? Fulano, um dos cinco.
Quem te calça? Fulano..
Quem te dá comer?
Quem te leva a passear?
Quem te leva para a cama? Ela citava o nome e claro era este o eleito.
Feitas as confissões o jogo terminava.
Esta simples brincadeira foi com certeza veículo de alguns casamentos, pois constituía de certa maneira o primeiro passo a dar no caminho do namoro.

(Informante: M.ª Augusta Guerra da Fonseca).

terça-feira, 7 de abril de 2015

Jogo da Panelinha

Espero que tenham passado bem a Páscoa. Nesta aldeia como é de tradição, na 2.ª Feira de Páscoa (e no domingo de Pascoela) joga-se à panelinha. A tradição cumpriu-se e na tarde de ontem, depois do regresso da romaria de Santa Eufémia e terminada a Visita Pascal, percorrendo as ruas de Forninhos jogamos à panelinha. Para se perceber do que falo, vejam as fotografias que seguem:


Para este jogo é necessário panelas de barro.
Bem-hajam: tia Agostinha, Amélia e Joana 
pelas panelas cedidas para a brincadeira!


Depois...uns atrás dos outros, o primeiro da fila lança para trás por cima da cabeça a panela de barro que é apanhada pelo outro

que corre logo para a retaguarda para tomar a mesma posição

O segundo faz o mesmo 

e assim sucessivamente

Cuidado Xico...é que uma distracção ou uma maroteira

 é o suficiente para a panela ficar em cacos!


Já agora e não estranhem, mas não resisto a chamar a atenção dos leitores forninhenses para o descrito na pág. 114 da "monografia de Forninhos": "Jogo da panelinha. Neste jogo participam rapazes e raparigas e, por vezes, gente de mais idade. Era geralmente jogado na Quaresma." (sublinhado nosso). Donde veio mais esta?

Continuação de boa Páscoa, pois dizem que vai até à Pascoela, no próximo domingo. Bom resto de semana (e de ano) também.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Erva-Relógio

O nome científico é: Erodium Moschatum

A erva-relógio é o nome popular dado em Portugal para esta plantinha de cor verde, mas que com o tempo vai tornar-se em castanho escuro. As crianças de Forninhos usavam-na como relógio, separando as várias pontas, fáceis de despegar, que rodavam lentamente como um ponteiro de relógio. 
Quem nunca brincou com a erva-relógio?
Da família das Geraciáneas, esta planta anual (por vezes bianual) cresce à beira dos caminhos e terrenos incultos, mas também nos terrenos cultivados e floresce entre o mês de Fevereiro e Abril.
Há umas horas atrás enquanto caminhava vi esta planta à beira de um caminho e florida, para mim, foi um espanto! As fotos que tirei não ficaram boas porque o tempo aqui está cinzento e chuvoso, pelo que agradeço a imagem que me apraz partilhar ao seu autor.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Jogos de cartas

forninhenses a jogar ao burro


No ano passado, no começo do Outono, falei aqui que os serões antigamente, no tempo em que as pessoas não tinham televisão, eram passados nas casas de familiares e vizinhos. As raparigas faziam renda, dobavam novelos, contavam advinhas e anedotas, jogavam às cartas ou simplesmente passavam o serão a conversar de dois assuntos: de tudo e de nada. Mas como esta forma de viver e conviver perdeu-se na voragem dos tempos e hoje tudo é diferente decidi publicar esta foto tirada num domingo ou dia santo e arquivar o nome e técnica dum jogo de cartas - o jogo do burro - um dos jogos de cartas tradicionais que pelo conjunto limitado de regras e as estratégias de jogo simples, era especialmente jogado pelas crianças, mas geralmente os pais, mães e avós também se entretinham a jogar com os filhos e netos, pois podem jogar entre 2 e 6 jogadores, assim como rapazes e raparigas. A foto foi cortesia da Natália 'Cavaca', mas se alguém de Forninhos reconhecer os elementos ou reconhecer-se que identifique ou identifique-se. Não dói nada.

***
No início cada jogador recebe 4 cartas, sendo as restantes (o burro) colocadas no centro da mesa, iniciando o jogo o jogador à direita de quem distribui as cartas. 
As regras são simples:
É obrigatório assistir, isto é, jogar uma carta do mesmo naipe;
Ganha o direito a iniciar a próxima jogada o jogador que colocar a carta mais alta;
Se não tiver para assistir o jogador vai ao baralho - retirar cartas até sair uma do mesmo naipe - no caso de acabar o baralho, passa a vez ao jogador seguinte;
O jogo termina quando um jogador fica sem cartas;
O número de cartas na mão dos restantes jogadores, que são o número de anos de burro, é registado e pode dar-se início a um novo jogo, após baralhar as cartas e distribui-se novo jogo; 
Os resultados são mantidos ao longo de vários jogos.

***
Jogava-se também muito à bisca dos 7 ou dos 9; a sueca e o chincalhão (ou truque/truco) jogavam mais os homens nas tabernas. Ainda hoje são jogos populares praticados por homens nos cafés de Forninhos. O jogo da sueca, dizem, foi inventado por 4 mudos, ao contrário o chincalhão é um jogo "falado" e de "bluf" com truques e sinais. A origem é incerta; especula-se que tenha surgido dos mouros, porém não há consenso a esse respeito. Se calhar na noite que um ataque surpresa dos cristãos, incendiou, destruiu e expulsou o povo da mourama o rei e a sua corte jogavam ao chincalhão (ou truque/truco). Para melhor entender vale a pena ver aqui: A Lenda da Cadeira do Rei.

sábado, 1 de março de 2014

Casamentos do Entrudo

Naquele Entrudo, como era de lei, a rapaziada andou a casar as donzelas pelas portas das quintãs e dos serões e encruzilhadas das ruas.
Aquilino Ribeiro,Terras do Demo.

funil

Há uns quatro anos, falei aqui por alto dos casamentos satíricos alinhavados nas "Quintas-Feiras das Comadres e dos Compadres", tradição peculiar da nossa cultura que, entretanto, não sobreviveu no tempo e no espaço devido à falta de mocidade.
A geração a que pertenço sabe do que falo, mas os mais jovens já nem sabem que isto alguma vez foi assim, mas é bom que o saibam...
Primeiro, era o dia das comadres que era a quinta-feira antes do Domingo Magro e havia o hábito em Forninhos de oferecer fritas, também conhecidas por rabanadas, especialmente às comadres. Depois, vinha o dia dos compadres, que era a Quinta-Feira antes do Domingo Gordo e os compadres comiam uma choiriça.
Os casamentos satíricos do Entrudo, esses, realizavam-se ao Sábado (Sábado Magro e Sábado Gordo) por rapazes que assumiam o papel de sacerdotes e de acólitos e serviam mais como pretexto para se poder dar livre curso à crítica, do que como uma forma de aproximar os "proclamados noivos". 
Mas sabem como em Forninhos eram feitos os casamentos das comadres e comprades?
Os rapazes juntavam-se no Forno Grande, aproveitando com certeza o quentinho que ali se sentia nas noites de Inverno, para fazer os papelinhos (tipo sorteio) com o nome dos rapazes disponíveis e, noutro, papelinhos com os nomes das raparigas nas mesmas condições, que colocavam em boinas; tiravam à vez esses 'bilhetes', um da boina dos rapazes e outro da das raparigas e assim acasalados resultavam os casamentos e as comadres e compadres! Realizado o sorteio afixavam um papel (tipo edital) na desaparecida árvore da Fonte Lameira, pois ali se dirigiam todos os habitantes que sabiam ler e procuravam "os avisos". De manhã, bem cedo, todos os que por ali passavam tinham conhecimento de quem casava com quem, embora o edital desaparecesse rapidamente.
Os casamentos do Entrudo esses eram feitos por rapazes no Sábado (magro e gordo) à noite. Munidos com um funil, para distorcer a voz, e um em cada ponto mais elevado da aldeia para serem claramente ouvidos e, ao mesmo tempo, encobertos pela escuridão da noite para não serem identificados, procediam ao ritual que, resumidamente, descrevo:

- Ó camarada!
- Olá companheiro!
- Há aqui uma rapariga boa para se casar...
- Quem é que lhe havemos de dar?
- Damos-lhe fulano...
- E que prenda lhe havemos dar?
- Damos-lhe uma toalha de estopa!

Ah! Havia sempre no sorteio um burro para uma rapariga, assim como uma burra para um rapaz!
A esse propósito, um desses rapazes, o Tónio Lopes, contou há 4 anos a história que hoje lhe trago. Um episódio que ocorreu nos fins dos anos 70:

«É verdade Paula nesta quadra carnavalesca fiz muitas vezes os casamentos; é uma das brincadeiras de que me fazem muitas saudades da minha juventude, ainda quase todos os anos vou ao meu terraço com o funil matar saudades.
Mas voltando ao passado, nos fins dos anos 70, eu e o meu irmão Zé Carlos e vários colegas (mais de 10) fomos casar as raparigas. Como tu referiste e muito bem, fazíamos o sorteio com os papelinhos. O burro tinha de calhar a uma rapariga, assim como a burra a algum rapaz, mas tive a infeliz sorte de ser eu a fazer o casamento duma rapariga com o burro; o pai dela não gostou e veio à rua com umas correias na mão para nos assapar. O pessoal toca todo a fugir e só fiquei eu e o meu irmão.
No dia seguinte tínhamos a G.N.R. à porta para irmos ao Posto de Aguiar da Beira prestar declarações (isto só eu e o meu irmão). No Posto, os Guardas disseram que não éramos nenhuns padres para andarmos a fazer casamentos e queriam que pagássemos setecentos e coroa (700 Escudos + 50 Centavos). Mas como nessa altura não era fácil vergar-nos, dissemos aos Guardas que não tínhamos dinheiro, que não pagávamos e viemos embora.
Passados dois meses fomos a Tribunal pagar, cada um, 3.500 Escudos (cinco vezes mais que a multa). Andou o nosso pai a trabalhar meio mês para nos dar o dinheiro, por causa de um Sr. que não se lembrou que na sua juventude também casou muitas vezes as raparigas, tal como nós.
Não foi por causa disto que a tradição acabou, continuou-se sempre com os casamentos pelo Carnaval, pelo menos, até ao princípio dos anos 90.».
Esta é uma história dos finais dos anos 70. Haverá muitas outras e até mais engraçadas.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Os jogos que jogávamos

Andar "ao" arco era um desporto popular. O objectivo era correr o mais possível com a roda (arco) e com o gancho para impulsionar.


Depois do Carnaval cessavam quaisquer demonstrações de alegria, porque na Quaresma não se cantava senão na Igreja, nem se tocava qualquer instrumento, muito menos dançar! Até às crianças se proibia o simples assobio. Os miúdos e juventude entretinham-se somente com alguns dos jogos sempre iguais de há décadas.
Armava-se o pelão que era uma pedra espalmada levantada a pino e com a face mais lisa virada para o campo de jogo (jogo que já vinha da Alta Idade Média). O lugar escolhido era a estrada da oliveirinha. Escolhia-se os elementos de cada grupo. Um grupo ficava junto ao pelão, o outro "ia acima". Julgo que para se escolher qual dos grupos ficava primeiro junto ao pelão deitava-se uma moeda ao ar e perguntava-se: «cara ou coroa».
Cada parceiro do grupo atirava, i.é, jogava a bola de péla diante de si, com a esquerda e batia-lhe com a direita para "os de cima". Se algum a "acanava" - apanhando-a sem a deixar bater no chão - ganhavam os de cima 3 tentos. Senão jogava-a rasteira para o pelão. Batendo neste era "mão morta"; caso contrário era 1 tento para os de baixo. Quando os de cima tivessem morto a mão de todos os de baixo, alterava-se a posição dos 2 grupos.
Acho que era assim.
-/-
O Jogo da "Reza" começava na Quarta-Feira de Cinzas e acabava no Sábado de Aleluia e consistia numa espécie de acordo celebrado entre duas pessoas. Uma delas propunha à outra: «Queres andar à Reza comigo?». Aceite, quem primeiro avistasse a outra gritava-lhe: «REZA!». Isto tinha de ser ao ar livre, porque debaixo de telha não valia. Originalmente, só se deitava a reza 1 vez por dia, depois da luz da rua acender (antes de haver luz eléctrica deitava-se a reza depois do sol se pôr), mais tarde já podia ser quantas vezes quisessem e até se podia andar com um caco de telha na cabeça. Era muito engraçado. Quem ficasse com a Reza no Sábado da Aleluia perdia o jogo e tinha de oferecer à outra as amêndoas. Também havia as "Bodas da Reza".

Por se enquadrar perfeitamente neste tema, ao que jogávamos e com que brincávamos nós mais?

terça-feira, 1 de junho de 2010

Porque todos temos uma criança dentro de nós...

Hoje celebra-se o Dia Internacional da Criança. A origem deste dia foi devido a na 2.ª Guerra Mundial (1945), muitos países entrarem em crise e, consequentemente, a qualidade de vida decresceu bastante. Assim, para fazer face à crise, muitos pais retiravam as crianças da escola e colocavam-nas a trabalhar, o que levou a que várias organizações lutassem contra este problema, mas só em 1950, a Federação Democrática Internacional das Mulheres propôs às Nações Unidas que se criasse um dia dedicado às crianças de todo o mundo - e assim nasceu o Dia da Criança.

Desde o tempo dos nossos avós, brincar sempre foi o entretenimento favorito das crianças, mas com o tempo, as brincadeiras antigas e tradicionais de rua, onde muitas vezes fazíamos os nossos brinquedos, que estimulavam a nossa criatividade, estão em desuso e as crianças de hoje preferem ficar horas a jogar jogos num computador onde a fantasia não precisa ser criada e crescem sem conhecimento de brincadeiras tão sadias, como saltar à corda, ao elástico, jogar ao pião, ao berlinde, etc...
A verdade é que, o entretenimento mudou muito em pouco tempo. E eu pergunto-me se todas estas coisas boas que eu e muitos de vós vivemos na nossa infância, não fará falta na vida das crianças de hoje. Será que no futuro, esta geração saberá o que é ser feliz com coisas simples? Qual o futuro das crianças que nascem e vivem em Forninhos?
Um dia muito feliz para todas as crianças :))

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Quarta-Feira de Cinzas

‘Lembra-te que do pó viestes e ao pó, hás de retornar.’


Nos meus tempos de garota, na quarta-feira de cinzas não comia carne e, durante a quaresma, havia mais dias em que também não me era permitido comer carne – eram as sextas-feiras. A seguir, no Domingo, começava a Via Sacra.
Também se jogava ao pelão e à reza, para depois se receber as amêndoas no dia de Páscoa. Nas vésperas da aleluia, andávamos sempre a ver quem é que perdia as amêndoas. Por isso, escondia-mo-nos debaixo de telha, porque aquela que primeiro deitasse a reza era quem ganhava as amêndoas. 
Numa comunidade pequena como a nossa foi uma pena terem deixado morrer o jogo da "reza" que mais que ganhar umas amêndoas proporcionava verdadeiros momento de amizade, laços fortes entre o grupo que jogava. Um dos jogos que se vai mantendo parece que é o jogo da panelinha (na 2.ª Feira de Páscoa).
Um aparte, parece ser intenção do actual executivo da Junta de Freguesia de Forninhos a criação de um dia da freguesia para realização de diversas actividades o que a, a meu ver, poderá ser o dia "D" para retomar alguns jogos tradicionais e mais costumes que aos poucos foram desaparecendo.
Eu gostava muito da Procissão de Ramos, da preparação do meu ramo, enfeitado com laranjas, rebuçados, alecrim e loureiro, que depois seria benzido.
Embora já um pouco longe, também me lembro da tradição de "Cantar às Alminhas" (à capela) nas sextas-feiras da quaresma, onde se percorria todos os cruzeiros, com uma cruz:


À porta das Almas Santas
Bate Deus a toda a hora
Almas Santas lhes respondem
Que quereis meu Deus agora