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4 de junho de 2013

Explosivos demais...



Todos nós poderíamos escrever livros e mais livros sobre estórias de mal entendidos, sobre engolir "sapos e lagartos", sobre as pessoas que falam e agem por impulso e sem pensar deixam profundas marcas tanto nos outros como em si próprias.

O fato é que, invariavelmente, sempre que alguém fala de modo impositivo a outra pessoa, um pacote repleto de imagens, emoções e de certezas cegas é direcionado com a finalidade de atingir um caminho certeiro de ataque. O problema maior é que na hora da emissão e muitas vezes até depois da mesma, há total falta de consciência sobre o derradeiro impacto causado. As palavras mal ditas são arremessadas sem a menor prudência ou cuidado para com o semelhante e devastadoramente costumam atravessar o espaço como relâmpagos explosivos estragando e danificando tudo o que estiver à frente, no caso, pessoas.

A energia exalada nessas ocasiões é altamente letárgica. A fachada é a de impaciência, ódio, superioridade e autoritarismo. Estes costumam ser os carros-chefes deste comportamento ditatorial.

E neste pacote cognitivo, explodem-se as mais diversas emoções e palavras desmedidas que voam como uma flecha aos seus destinatários.

Depois do suposto "estouro", o mais frequente de acontecer é o arrependimento, a autopunição e a culpa, somando-se ainda aos sentimentos de inadequação. Junte ainda o pensamento comum do "Faço tudo errado..." E esta pronta a receita do conhecido pensamento: "O que foi que eu fiz!?"

A partir, de então, a autoestima do acusador, esquentado demais, vai a menos infinito. Como resultado desta triste equação, o drama relacional fica instalado permanecendo entalado na garganta e no coração de todos os envolvidos.

Vítimas e acusadores da mesma questão emocional costumam serem reflexos espelhados um do outro. O que acusa explodindo, no fundo, tem sentimento e crença de impotência para resolver algo que o perturba. Aquele que é atacado por sua vez, também se sente impotente para se expressar, pois seja o que fosse falar mediante a tamanha explosão ou viraria fumaça ou acirraria mais ainda os ânimos do acusador.

A ideia é de que tanto acusador, como vítima, pudessem rever seus mais profundos conceitos sobre resolução de conflitos. Pudessem revisitar situações onde não foram ouvidos (desamparo) ou onde talvez tivessem sido ouvidos acima de tudo e de todos (mimados). Só a partir de busca interior sincera, e de ressignificação desses conteúdos internos mal resolvidos é que se consegue perceber que na atualidade as pessoas, verdadeiramente, podem ser diferentes das pessoas do convívio lá detrás.

Nosso sistema físico é uma maquina, nossos registros cerebrais fazem parte dessa máquina. Nossos padrões de respostas automáticas para a vida vêm de registros muito primitivos que o nosso cérebro fez.

Todos nós, sem exceção, acabamos reproduzindo reações ao longo da vida que estão de acordo com as situações que a nossa máquina cerebral associa com os primeiros eventos que passamos. O que acontece e que muitas vezes dificulta as mudanças de comportamento é que o cérebro age como se fosse por camadas, ou seja, uma percepção se sobrepõe a outra quando eventos semelhantes ocorrem. Com o passar do tempo, também passamos a sofisticar nosso linguajar e estratégias mentais devido as nossas subsequentes experiências de vida. Por este motivo, o próprio intelecto desenvolvido, muitas vezes na tentativa de ajudar o sistema a sobreviver, acaba dificultando a visão clara da realidade. A imposição de aspectos racionais e mesmo emocionais defensivos, sofisticação adquirida ao longo da existência, paradoxalmente, dificulta o contato com as origens dos conflitos que como resultado geram, por exemplo, pessoas explosivas demais...

Enquanto não se toma uma atitude drástica promovendo mudança total, a vida das pessoas, implicadas neste tema, passa a ser infernal girando repetidamente nas emoções de desconfiança, medo, ataques de fúria, mágoa, tristeza, sofrimento e insegurança.

Desgastado e traumatizado, o receptor do explosivo também corre o risco de acabar vertendo imagens impregnadas de amor, na emoção contrária. E enquanto a mente engana, a alma vai sofrendo.

- JÁ É HORA DE ACORDAR!

Enquanto não se faz um reprocessamento efetivo, defesas emocionais, se não trabalhadas, dificultarão o livre acesso ao conhecimento imediato.



Silvia Malamud

5 de fevereiro de 2013

Expressando o que sente: chorar




Já percebemos que a repressão das emoções, seja qual for, é extremamente maléfica para o organismo e devemos evitá-la. As mulheres em geral acabam por expressar muito mais o que sentem, enquanto os homens, em razão da educação que institui que homem não chora, muitas vezes faz com que eles reprimam muito mais o que sentem. Um homem de negócios, um político, ou seu marido, deve ser puramente racional, frio, insensível e calculista, certo? Errado! O que as mulheres mais procuram no companheiro hoje é a sensibilidade, alguém que não só entenda seus sentimentos, mas que também se permita sentir e principalmente, demonstrar o que sente. Como diz a letra da música do Gonzaguinha: "Um homem também chora, menina morena, também deseja colo, palavras amenas, precisa de carinho, precisa de um abraço, da própria candura..." Homens, mulheres, todos devemos aprender de alguma forma a expressar nossas emoções, seja verbalizando-as, ou mesmo escrevendo, o que não podemos é reprimir, fazendo como se não as sentíssemos. Mas o que tudo isso tem haver com doenças? Tudo! Pois as pessoas que expressam seus verdadeiros sentimentos tendem a não somatizar o que sentem no corpo, e assim não somam insatisfações que podem gerar muitas brigas sem fim... assim, esperamos ter relacionamentos mais saudáveis, não só com os outros, mas principalmente conosco e as doenças podem diminuir muito. Na maior parte das famílias é imposta algumas regras que nos induzem e condicionam a reprimir a expressão do que sentimos, o que não é nada saudável.

Por exemplo, o choro é uma das maneiras que temos para expressar nossos sentimentos e a repressão deste pode estar relacionado com a asma. Algumas pesquisas mostram que a maioria das pessoas que têm asma sente muita dificuldade em chorar. Como se a crise de asma substituísse o choro reprimido; e as crises geralmente cessam quando a pessoa consegue dar vazão aos seus sentimentos através do choro. O mesmo também se diz sobre a sinusite, como se fosse um "chorar para dentro".

Chorar quando possível é um dos mais eficazes meios que temos para restabelecer nosso equilíbrio interior, tendo sido abalado pela tristeza, dor, ira, e até, pela alegria e amor. Quantas vezes depois que choramos nos sentimos mais leves? Existe até aquela expressão popular: "Lavei a alma" depois de uma crise compulsiva de choro. Mas por que para algumas pessoas é tão difícil se permitir chorar? O que nos ensinam desde cedo? Que não devemos chorar, que devemos "engolir" o choro. Quando uma criança cai e se fere, ou desobedece, a maior preocupação dos pais não é com o fato em si, e sim que ela pare de chorar. Como se o fato de parar de chorar significasse o desaparecimento do sentir que motivou o choro. Quando crescemos, sejamos homens ou mulheres, sabemos que não devemos chorar, como se fosse um sinal de fraqueza, ou o fazemos escondidos, no silêncio de nosso quarto, afinal, chorar é coisa de criança. É preciso lembrar que ser fraco não é chorar, mas não se permitir sentir.

Para segurar o choro contraímos os músculos do peito, ombros e garganta, impedindo os soluços. Enrijecemos os lábios, para que não caiam, na expressão típica do choro. Seguramos ainda as sobrancelhas para cima, pois se vierem para baixo começaremos a chorar. Para conter as lágrimas absorvemos toda essa energia negativa em contrações musculares que determinam a repressão emocional. Essas contrações musculares ocorrem também nos vasos sanguíneos, estômago, intestinos, etc, causando os mais diversos sintomas, ou seja, a tensão sentida pela situação acaba por se acentuar diante de mais tensão gerada pela repressão.

A razão pelo qual o choro é benéfico decorre da descarga muscular que provoca, dando vazão a toda tensão do corpo. E lembre-se que a tensão é uma das fases do processo de adoecer. Se pudermos eliminar essa tensão com nossas lágrimas, por que reprimir? Havendo o sentimento, seja qual for, em nada nos beneficia reprimir sua expressão. Mas como agir frente a outras emoções como a ira, se não devemos reprimir nossas emoções? Dar um soco em quem te fez sentir raiva de nada irá adiantar, mas podemos socar uma almofada, um travesseiro, gritar no quarto fechado ou dentro do carro, ou fazer uma atividade física, onde toda energia reprimida possa ser liberada.
Mas diferente dos animais, dispomos de uma outra forma de expressar o que sentimos: as palavras. A tristeza compartilhada, a dor revelada, diminui as tensões geradas pelas perdas e angústias. E por que nos negamos a expressar em palavras o que sentimos? Muitas vezes por medo de demonstrar insegurança, de sermos julgados, da falta em ter com quem confiar.

As pessoas que suportam suas dores sozinhas adoecem com maior frequência e de maneira mais grave que aquelas que verbalizam suas emoções e dores. Mas a importância e o benefício de verbalizar o que sentimos não deve se restringir apenas na tristeza e dor, mas também nas coisas boas que nos acontecem. Mas algumas pessoas, talvez a maioria, sentem muita dificuldade de se expressar emocionalmente, reagir com afeto. Tanto que temos a alexitimia: do grego alexo = afastar, expulsar, e tymos = alma, desejo; literalmente, "afastamento do desejo ou d'alma". A alexitimia caracteriza um distúrbio afetivo pela incapacidade de identificar e expressar sentimentos. Mas esse distúrbio não pode ser confundido com alguém que não consegue expressar o que sente como um mecanismo de defesa. Muitas vezes quando se foi muito criticado ou não recebeu atenção aos seus sentimentos quando criança, quando adulto poderá fazer o mesmo consigo próprio. Por isso que os sentimentos devem ser sempre respeitados, independente da idade.

A incapacidade de comunicar com palavras os pensamentos e sentimentos faz com que se "fale" com a linguagem dos órgãos, ou seja, o adoecer de determinado órgão é a forma inconsciente de manifestarmos nosso sofrimento, por não conseguimos fazê-lo de outra maneira; criando dentro de si verdadeiras prisões emocionais, por isso que a incapacidade de expressar as emoções é um fator importante na origem das doenças e devemos aprender, ou reaprender, a falar, chorar, enfim, sentir, e acima de tudo, expressar o que sentimos. Pense nisso antes de "engolir seu choro" ou fazer que nada sente.

Rosemeire Zago

31 de outubro de 2012

A sombra: ou você trata, ou ela domina a sua vida




Todos nós carregamos um lado negativo, também chamado de"sombra" por alguns autores. Mas o que seria mais precisamente essa negatividade? São sentimentos que acumulamos desde que somos concebidos no útero materno até os dias atuais: medo, culpa, raiva, frustração, mágoa, rejeição, abandono, tristeza, etc.

Cada experiência negativa que vivemos pode nos deixar uma marca emocional gravada. Essas marcas vão se acumulando e aumentando a nossa sombra. E quando a sombra não é curada, influencia nossos pensamentos, ações e escolhas de uma maneira muito sutil, difícil de perceber, gerando diversos tipos de problemas e sofrimento. Vou dar um exemplo baseado em um caso de uma cliente que atendi.

Essa cliente é uma pessoa bem sucedida profissionalmente, mas tem dificuldades em ter relacionamentos amorosos mais profundos e duradouros. Normalmente acontecia de ser deixada pelos namorados, gerando sentimentos de abandono e rejeição. Estava se relacionando com um homem que lhe transmitia muita segurança, mas no fundo ficava sempre com uma sensação de que ele poderia a qualquer momento acabar.

Ao aprofundarmos um pouco mais o trabalho, descobrimos que as causa mais fundamentais dessa insegurança tiveram origem na infância. Quando era criança, sentia que sua mãe nunca ficava satisfeita. Dizia sempre que ela não sabia arrumar nada, que não fazia nada direito. Por mais que se esforçasse, nunca era reconhecida e se sentia rejeitada.

A mãe tinha um comportamento instável e a qualquer momento poderia brigar com ela por um motivo banal. Essas experiências geraram vários tipos de crenças e pensamentos do tipo: “Não posso confiar em ninguém, a qualquer momento as pessoas podem me rejeitar; por mais que eu faça, ninguém vai me aceitar e me amar; deve ter algo de errado comigo pois por mais que eu tente nunca consigo agradar; eu não sou boa o suficiente; ninguém vai querer ficar comigo; etc”.

Toda essa negatividade acumulada virou uma grande sombra. Essas emoções da infância geraram problemas de autoestima que a levavam inconscientemente a criar relacionamentos onde ela era rejeitada. Os sentimentos que surgiam durante os relacionamentos e ao término dos mesmos eram muito parecidos com o que ela sentia na infância: abandono, rejeição, desconfiança...

Essa repetição de sentimentos da infância não era algo claro para a minha cliente, ela só percebeu isso com nitidez durante o trabalho terapêutico, causando-lhe muitas vezes surpresa ao detectar essas conexões.

A sombra é como um fantasma que habita dentro de nós e que comando de uma forma sutil a nossa vida. Nos faz agir de uma forma sabotadora, sem que a gente perceba, nos levando a entrar em situações de sofrimento. A maioria das pessoas não percebe a ação sorrateira da sombra. Elas pensam que estão comandando livremente suas vidas, e não fazem ideia do quanto essas forças inconscientes estão gerando problemas em todas as áreas.

A nossa tendência é não olhar para a sombra. Muitos ignoram completamente a sua existência. Outros sabem que ela existe mas a subestimam, por não terem uma real noção do quanto a sombra está presente em nossos pensamentos e ações, como um pano de fundo que influencia tudo.

Outra vezes não queremos olhar para a sombra para não entrarmos em contato com sentimentos dolorosos e outros que não gostamos de admitir que temos (medo, inveja, raiva, etc). Essas emoções são então reprimidas, gerando mais sombra. O fato de não olhar para elas de nada resolve. Pelo contrário, quanto mais empurramos essas emoções para o inconsciente, piores os estragos na nossa vida. A sombra prospera e cresce pela falta de "luz". Essa luz seria a nossa observação e percepção consciente dessas emoções. Assim elas podem vir a tona para serem curadas.

A sombra gera um desconforto interior também chamado de ansiedade; nos leva para os vícios e compulsões, nos faz comer mais do que deveríamos. Os mais diversos tipos de comportamentos negativos surgem. A maioria das pessoas não tem a menor noção de que existem forças inconscientes que as levam a agir dessa forma. Pensam que suas atitudes negativas se devem a preguiça, burrice, ou falta de força de vontade. Enquanto não enxergam a verdade, a sombra prospera.

Dessa forma, quando os pensamentos se tornam mais claros e positivos, a autoestima melhora, e os processos de autossabotagem começam a diminuir.


Andre Lima
 
 
 

21 de setembro de 2012

Que tal falar sobre o que sente?




Todos nós temos um pouco de dificuldade em lidar com nossos sentimentos. Tudo começa quando ainda somos crianças. Naquela época, raramente tínhamos alguém que nos desse apoio para que pudéssemos demonstrar sentimentos como raiva, ciúme, inveja, vergonha, nem chorar nos era permitido. Nos ensinavam, com raríssimas exceções, que nada devíamos demonstrar e, aos poucos, aprendemos a reprimir o que sentimos.

Quando não tivemos quem nos ajudasse a lamentar nossos momentos de dor, solidão, tristeza, acabamos por bloquear, esconder, até para nós mesmos, tudo aquilo que sentimos. Queremos ser fortes e conseguimos, mas só nós sabemos qual o preço que pagamos. Com o tempo, começamos a perceber que tudo aquilo que por anos ficou muito bem guardado, começa de alguma forma a pedir, para não dizer gritar, que precisa sair.

É neste momento que, inconscientemente, criamos situações nas quais estes sentimentos possam ser experimentados novamente.

Quando vivemos situações de desprezo, rejeição, abandono, solidão, quando criança, e não havia quem pudesse suportá-la ao nosso lado, passamos a recriar situações e relacionamentos para podermos expressá-los aqueles mesmos sentimentos que foram reprimidos, com a fantasia inconsciente de resolver o trauma original. Nem sempre recriamos as mesmas situações, mas, sim, qualquer situação que nos faça sentir os mesmos sentimentos.

Sentimentos de rejeição, abandono e abusos vividos durante a infância são os mais difíceis de serem superados. É como se registrássemos que não somos dignos de sermos amados, nem aceitos por aquilo que somos, gerando assim muitas dificuldades nos relacionamentos pela necessidade constante de aprovação e reconhecimento.

Por exemplo, uma pessoa que viveu situações de rejeição e abandono durante sua infância, pode buscar, é isso mesmo, buscar inconscientemente, situações que a façam se sentir abandonada e rejeitada.

Se teve um pai e/ou mãe que a rejeitaram, foram ausentes, distantes, poderá fazê-la recriar relacionamentos com pessoas que a façam se sentir igualmente rejeitada e abandonada. Com qual intenção? Para que possa se libertar daqueles sentimentos que tanto machucaram e continuam a machucar, mesmo depois de muitos anos.

Mas para isso é importante ter alguém com quem possa contar o que sentiu, lamentar, e receber todo apoio que não recebeu na época que aconteceu. Há pessoas que perderam pessoas significativas quando crianças e até hoje, já adultas, não choraram, nem elaboraram, e muito menos superaram essa dor.

Ser capaz de falar sobre a dor que sentimos significa que inconscientemente estamos dispostos a aceitar e superar o que nos aconteceu. O que nem sempre é fácil, pois assusta, causa medo de sentir mais dor, o que faz com que as pessoas evitem tocar nestes assuntos, o que só causa mais dor. O fato de não falar sobre o que sentimos, não nos isenta de senti-los.

Quando passamos uma vida sendo machucados e passamos por cima, ignorando como se nada tivesse acontecido, pois do contrário ficaríamos completamente sós, acabamos por permitir que outras pessoas nos machuquem mais e mais. Assim, perdemos o foco em nossa própria vida, deixando de nos ouvir para ouvir aos outros, deixamos de ser nós mesmos para sermos quem gostariam que fôssemos, e é assim que nos perdemos de nossa essência, de quem somos verdadeiramente.

É preciso lembrar e ter consciência que se um dia alguém não o aceitou, o abandonou, muitas outras lhe deram valor, gostam de você e estão ao seu lado.

É preciso parar com essa busca incessante de aprovação, seja de quem for, geralmente dos pais, e que pode se estender por toda uma vida, do contrário, de vítima poderá se tornar em algoz de si mesmo.Se a rejeição ainda está viva como se existisse no momento presente é porque, de alguma forma, você assim permite. Interrompa esse círculo vicioso de dor. Libere este sentimento para que ele se dissolva e pare de se torturar.

Hoje você não precisa mais passar pelas mesmas agressões, indiferença, desprezo, vergonha, humilhação, entre tantas outras situações que já vivenciou. Hoje você pode viver na harmonia, paz, tranquilidade, pois essa condição só depende de você.

Enquanto criança, não temos muitos recursos para nos defender, mas, hoje, adultos, podemos, e temos todo direito de sermos pessoas inteiras, felizes, sem implorar por carinho, apoio, compreensão, amor.

Com certeza, você deve ter muitos momentos agradáveis registrados em sua mente. Traga isso para o momento presente. Por que se sentir desvalorizado, diminuído, inferior, rejeitado, porque uma pessoa não o aceitou ou demonstrou aquilo que você precisava? Por que não permitir que o amor de outras pessoas, que com certeza há ao seu redor, cheguem até seu coração? Quais são as pessoas que lhe demonstram amor, carinho, atenção, que lhe tratam com respeito, dignidade e consideração? Valorize essas pessoas, deixe que o amor que sentem por você seja muito maior que a rejeição e o desprezo que recebeu um dia. Você pode reagir!

A vida não pode ser contabilizada apenas por dor, mágoas, tristezas... mesmo que um dia existiram elas podem ser substituídas por alegria, paz, harmonia.Saber valorizar o que recebemos de bom e partilhar com quem nos faz sentir vivos, alegres, pode ser um antídoto contra a dor que nos fizeram um dia sentir. Solte essa dor, chore o que não chorou, procure quem possa ouvi-lo, só assim irá conseguir se libertar daquilo, que por mais que negue, ainda dói dentro de você.



Rosemeire Zago 
 
 
 

5 de junho de 2012

Com mais leveza



Em algumas fases da jornada, às vezes longas, carregamos um bocado de peso na alma. Nem um pouco raro, às vezes sem sequer notarmos. A gente costuma se acostumar fácil às circunstâncias difíceis que, vez ou outra, podem ser mudadas até sem grandes elaborações e movimentos, sem que se precise contar com sorte, promessas, milagres e cercanias. A gente costuma se adaptar demais ao que faz nossos olhos brilharem menos. A gente costuma camuflar a exaustão. Inventar inúmeras maneiras para revestir o coração com isolamento acústico para evitar ouvi-lo. Fazer de conta que a vida é assim mesmo e pronto. Que somos assim mesmo e ponto. A gente costuma arrastar bolas de ferro e agir como se carregássemos pétalas só pra não precisar fazer contato com as insatisfações e trabalhar para transformá-las. A gente costuma mudar de calçada quando vê certos riscos virem na nossa direção, mesmo que nos encantem. A gente carrega muito peso no peito, tantas vezes, porque resiste à mudança o máximo que consegue. Até o dia em que a alma, com toda razão, cansada de não ser olhada, encontra o seu jeito de ser vista e dizer quem é mesmo que manda.

Eu me flagrei pensando nessas coisas um dia desses. No que esse peso todo, silenciosamente, faz com a alma. No que isso faz com os sonhos mais bonitos e charmosos e arejados da gente. No que isso, capítulo a capítulo, dia após dia, faz com a nossa espontaneidade. No que isso faz, de forma lenta e disfarçada, com o desenhista lindo que nos habita e traça os risos de dentro pra fora. E o entusiasmo. E o encanto. E a grata emoção de estarmos vivos. Eu fiquei pensando no quanto é chato a gente se acostumar tanto. No quanto é chato a gente só se adaptar. No quanto é chato a gente camuflar a própria exaustão, a vida mais ou menos há milênios, que canta pouco, ri pequeno, respira míngua e quase não sai pra passear. Eu fiquei pensando no quanto é chato deixarmos o coração isolado para não lhe dar a chance de nos contar o que imagina pra gente e o que ainda podemos desenhar juntos nesta história. Se a ficha cair. Se rolar afeto. Se houver diálogo.

Mas chega um momento, acredito, em que, lá no fundo, a gente começa a desconfiar de que algo não está bem e que, embora seja mais fácil culpar Deus e o mundo, nominar réus, inventariar frustrações, vai ver que os algozes moram em nós, dividindo espaço com o tal desenhista que, temporariamente, está com a ponta do lápis quebrada. Sem fazer alarde, a gente começa a perceber os tímidos indícios que vêm nos dizer que já não suportamos carregar tanto peso como antes e viver só para aguentar. Queremos mais: queremos o conforto bom da alegria e o entusiasmo capaz de nos fazer levantar da cama de manhã com vontade de ajudar a florescer, mais ou finalmente, o que nos importa.

Devagarinho, a gente começa a sentir que algo precisa ser feito. Embora ainda não faça. Embora ainda insista em fazer ouvidos de mercador para a própria consciência. Embora às vezes ainda estresse toda a musculatura da alma, lesione a vida, enrijeça o riso, embace o brilho dos olhos, envenene os rios por onde corre o amor. Por medo da mudança, quando não dá mais para carregar tanto peso, a gente aprende a empurrá-lo, desaprendendo um pouco mais o prazer. Quase nem consegue respirar de tanto esforço, mas aguenta ou pelo menos faz de conta, algumas vezes até com estranho orgulho. Até que chega a hora em que a resistência é vencida. A gente aceita encarar o casulo. A gente deixa a natureza tecer outra história. A gente quer tecer junto. A gente permite que a borboleta aconteça.

Nascemos também para aprender a amar. Para dançar com a vida com mais leveza. Para, presentes, curar passados e perfumar futuros. Para criar mais espaço de bem-estar dentro da gente. Para ser mais felizes e bondosos. Para respirar mais macio. Podemos ainda subestimar a nossa coragem para assumir esse aprendizado e acolher, passo a passo, no nosso ritmo, essa experiência. Podemos nos acostumar a olhar o peso e o aperto, nossos e alheios, tanto sofrimento por metro quadrado, como coisa que não pode nunca ser transformada. Podemos sentir um medo imenso e passar longas temporadas quase paralisados de tanto susto. Podemos esgotar vários calendários sem dar a menor importância para o material didático que, aqui e ali, a vida nos oferece. Podemos ignorar as lições do livro-texto que é o tempo e guardar, bem escondido da nossa prática, esse caderno de exercícios que é o nosso relacionamento com nós mesmos e com os outros. Apesar disso tudo, a nossa semente, desde sempre, já inclui as asas. Já vislumbra o voo. Já sorri pro riso. Já é feita para um dia fazer florir o amor que abriga. Mais cedo ou mais tarde, floresce. É o propósito dela.



Ana Jácomo 



25 de maio de 2012

As prisões de cada um



Todos cometem pequenos ou grandes delitos. E no amor, como fica esse balanço? Uns nem imaginam que fizeram faltas com consequências tão graves; outros acham que estão no máximo do pecado e se julgam criminosos hediondos, quando na verdade ninguém foi prejudicado a não ser eles mesmos.

O amor tem leis próprias e uma infinidade de jurisprudências. Só que o coração é o juiz, o poder supremo – ele prende, liberta, absolve, perdoa, pune. Há que respeitá-lo, pois nele ninguém manda. No máximo, podem afrontá-lo de forma dura, ou enganá-lo por vias escusas. Quem tem essa capacidade? A razão, sem dúvida. Embora não tenha poder absoluto, é dotada de força avassaladora, já que é ela quem, de fato, descumpre as ordens do coração.

Essa conversa está muito burocrática né? Tudo isso para dizer que o coração tem razões que a própria razão desconhece; que a razão sufoca, invade, invalida e, acima de tudo, aprisiona o sentimento de um jeito implacável. Infelizmente, não dá para sair por aí fazendo tudo o que o coração quer, mas tornar-se refém da razão também não está entre as dez atitudes mais saudáveis do mundo.

Outro dia li uma frase que diz mais ou menos o seguinte: quando alguém está na sua cabeça é porque ainda não saiu do seu coração. Existem pessoas que esmagam o coração alheio sem entender que o primeiro a ser machucado é o delas.

Assim como existe gente que brinca com o coração do outro sem esperar que o seu próprio um dia lhe pregue uma peça. E finalmente ainda há aqueles que são sinceros, mas acabam engolidos pelo aprisionamento da razão. Choram em silêncio, travam uma disputa desleal entre o querer e o não poder, não arriscam, não extravasam, apenas sentem um ritmo acelerado, tão acelerado que, a qualquer momento, vencem a barreira da razão e se permitem transgredir. Resta saber se esse coração será punido ou absolvido.


Fernanda Santos 






22 de março de 2012

O analfabetismo emocional





Até mais ou menos o ano de 2006, eu era um analfabeto emocional. Diferente do analfabetismo comum onde a pessoa tem consciência de que não sabe escrever, o analfabeto emocional não tem a percepção da sua falta de conhecimento.

O que é então ser um analfabeto emocional? É desconhecer coisas básicas sobre o que são as emoções, como elas funcionam, como influenciam a nossa vida em todas as áreas. O que aprendemos durante a nossa formação escolar diz respeito de forma geral ao intelecto. Aprendemos e desenvolvemos o raciocínio lógico, a memória, a capacidade de aprender conceitos sobre coisas do mundo. O analfabeto emocional investe apenas no aumento da sua capacidade intelectual pois pensa que isso é o mais importante.

Esse aprendizado é útil, entretanto, fica faltando algo vital, que entendo como mais importante e que irá influenciar nossa vida de uma forma mais profunda. Formamos seres humanos dotados de uma grande capacidade intelectual mas que não conseguem criar uma vida feliz, em paz, próspera e saudável. 

Tive uma boa educação e sempre fui considerado uma pessoa inteligente. Entretanto, minha vida profissional se tornou um caos, e a ansiedade me consumia. Se eu era tão inteligente isso não era para acontecer. A maioria pensa que a única coisa que podemos fazer para ajudar um ser humano a ser feliz e bem sucedido na vida é dar uma boa educação formal e uma boa educação caseira. A educação que temos em casa é fortemente contaminada pela negatividade dos nossos pais, que eles acabam nos passando de forma inconsciente.

São essas as ferramentas que damos às crianças até que completem sua formação. A partir daí, temos a ilusão de que a pessoa tem toda a base que interessa e assim ela terá condições seguir na vida de forma satisfatória. Se ela não consegue o resultado esperado não compreendemos a razão. 

Apesar de ter tido uma boa educação, eu desconhecia sobre os aspectos emocionais, e o quanto essa área em desequilíbrio sabotava a minha vida. Talvezeu tivesse uma leve noção sobre essa influência, mas eu pensava que ela era mínima. Eu achava que se eu estudasse mais e tomasse as atitudes que me parecessem mais lógicas, eu encontraria as soluções. Só que as minhas ações e escolhas eram totalmente influenciadas pelo estado emocional, inconscientemente, e eu não tinha a menor idéia disso. A escolha da profissão, dos relacionamentos e as atitudes tomadas no dia a dia eram mais reflexo do meu estado emocional interior do que da minha inteligência.

A forma como eu lidava com a vida, de uma forma sutil e inconsciente, levava a mais e mais resultados negativos. Eu não percebia os erros que eu cometia. Tudo o que eu sabia é que as coisas davam errado e mais sofrimento surgia. E as razões por trás de tudo isso? Eu nem sabia que haviam razões. Parecia acaso, má sorte, qualquer coisa, só não parecia que tinha uma explicação tão óbvia como eu consigo enxergar hoje.

Depois de muito sofrimento e de não entender o porque tudo dava tão errado, percebi que somente estudar e ser inteligente não era o suficiente. Despertou, então, o interesse pelo autoconhecimento. Comecei então um lento e gradual processo de alfabetização emocional. Aprendi muito com GaryCraig, criador da *EFT.

Durante esse aprendizado foi ficando cada vez mais claro pra mim o quanto as crenças que eu carregava, e os problemas de autoestima (muitos que eu nem sabia que tinha) estavam criando resultados negativos. Somente a inteligência intelectual jamais seria capaz de me levar a bons resultados. Pela primeira vez, eu comecei a entender profundamente que eu era o criador de tudo aquilo e que precisa curar muitas coisas dentro de mim para que a minha vida mudasse. E foi o que aconteceu. Passando por diversos processos terapêuticos, lendo livros, textos na internet, vídeos, meditação e outrascoisas, o interior foi mudando e o resultado foi aparecendo em todas as áreas: melhora da saúde física, dos relacionamentos, da parte profissional, diminuição da ansiedade.

O analfabeto emocional não tem uma consciência profunda deque quando a sua vida não está indo bem, ele é a única pessoa que pode mudar a situação e que somente curando o seu interior sua vida vai mudar. Ele normalmente vai achar que são fatores externos a ele são os principais responsáveis pela sua infelicidade: seu pais, seu sócio, sua mulher, o Brasil, a cultura da cidade, o governo. Na sua lógica inconsciente, são esses fatores que precisam mudar para que ele seja feliz. Ele mesmo gerou muito sofrimento para si mesmo e não percebe. Não criou de forma proposital, mas sim inconscientemente. Mesmo assim, ele é o responsável.

O analfabeto emocional também não sabe que ele cria suas doenças físicas a partir de sentimentos negativos que vão se acumulando dentro de si. Toda emoção negativa é produzida quimicamente pelo nosso corpo e afeta a nossa fisiologia gerando: tensão nos músculos, alteração do hormônios, mudança do PH sanguíneo. Sentimentos vão ficando guardados dentro de nós e se somando até que começam a provocar reflexos mais visíveis na parte física: diabetes, pressão alta, câncer, doenças de pele, alergias, doenças cardíacas e etc. 

É muito provável que a pessoa desenvolvida intelectualmente, mas analfabeta emocionalmente fique com raiva de mim ao ler esse texto. Pois ela tem certeza de que as doenças são causas por fatores externos, e que se sua vida está mal em outras áreas, a maior causa está em coisas fora do seu interior. Seu ego defenderá a posição da vítima, que gera muito sofrimento e não permite que a pessoa mude, mas é o que ela está acostumada a ser.

Seria muito bom que aprendêssemos desde criança a perceber nossos sentimentos. Saber o que é raiva, o medo, a culpa, a frustração. Perceber a manifestação física dessas emoções. Sim, toda emoção quando surge provoca um desconforto no corpo, é a sua química afetando a fisiologia. Deveríamos aprender como os sentimentos negativos sabotam a nossa vida de forma inconsciente, influenciando nossas escolhas. Poderíamos aprender na escola sobre crenças limitantes, quais são e como elas nos prejudicam. Se aprendêssemos a detectar aspectos da autoestima baixa, jogos de manipulação familiar, padrões negativos que se repetem, teríamos muito mais condições de nos libertamos dessa negatividade. Mas nossos pais e professores também são analfabetos emocionais, eles não sabem lidar com nada disso. Normalmente, só vamos aprender na idade adulta, depois de muito sofrimento, buscando professores nessa áreas através de livros, palestras, vídeos e terapeutas.



Andre Lima