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26 de novembro de 2012

Pressões sociais e liberdade individual




Acredito que possa ser de enorme valia dissecar certas peculiaridades das relações interpessoais e suas correlações com a questão da liberdade do ser humano. Apesar de já ter sido enfático na afirmação de que o prazer derivado da coerência entre os conceitos e a conduta - é assim que defino a liberdade - está na dependência da maturidade individual, não se pode subestimar o caráter pernicioso das pressões do meio. É preciso uma grande força interior para ter condições de não ceder às repressões externas; se o meio social fosse menos homogeneizador, sem dúvida alguma mais pessoas teriam mais força para buscar um modo de ser coerente com suas convicções.

Fica claro também que os esquemas econômicos e políticos repressivos - e que sempre estão a serviço de trazer benefícios materiais exagerados a um pequeno grupo - têm um maior interesse na imaturidade e consequente fraqueza emocional das pessoas; é evidente que, nessas condições, elas ficam totalmente submetidas às ordens do meio, por não terem forças para suportar qualquer tipo de dor derivada das críticas e maledicências. E estas pessoas mais inseguras também atuam de um modo repressor em relação às outras pessoas.

Um exemplo, bem característico do que costuma acontecer no seio da família, poderá nos esclarecer bem. Um pai ou uma mãe inseguros se comportam exatamente conforme as normas de uma dada sociedade; se sentem profundamente infelizes e frustrados com suas vidas, sendo capazes de se perceber como covardes - ao menos consigo mesmos - por não terem dado às suas vidas uma direção diferente. Temem o julgamento dos vizinhos, dos parentes e amigos e acham isto abominável. Porém, se tiverem um filho que, na adolescência, tende para condutas extravagantes e pouco convencionais, imediatamente se transformam nos repressores dele. Temem, por ele, represálias que eles, pais, seriam incapazes de suportar; temem também as críticas diretas relativas ao seu modo de educar os filhos; e, principalmente, agem de modo repressivo por causa da inveja, que é um impulso agressivo derivado da admiração.

Os esquemas repressivos podem ser diretos - autoritários - ou mais sutis. Os esquemas autoritários são de natureza primitiva, tanto através do exercício do poder efetivo que uma pessoa tenha sobre a outra (o pai pode impedir um filho de sair de casa, suprimir sua mesada etc.), como através da subtração das manifestações de afeto (ficar sem falar com um filho, mostrar-se indiferente e decepcionado etc.).

Os esquemas sutis são de natureza mais intelectualizada, tendo, por isso mesmo, uma aparência racional e lógica. O mais em voga tem a ver com o uso que muitas pessoas fazem das interpretações psicológicas. O modo como o conhecimento da subjetividade humana foi difundido pelos meios de comunicação em massa guarda apenas uma pálida semelhança com a grandeza do pensamento, sério e refinado, do grande nome e iniciador da psicologia como ciência, que foi Freud. Estabelecem-se rápidas e fáceis correlações entre os comportamentos atuais e eventuais experiências "traumáticas" do passado, todas elas com a finalidade de desqualificar a racionalidade da conduta afetiva.

Assim, se os jovens se opõem aos padrões convencionais de sua família, isso será porque teve uma forte carência afetiva na infância e está agora apenas querendo chamar a atenção e atenuar suas frustrações afetivas. Será que as coisas são mesmo assim? Será que se opor a padrões oficiais - mesmo quando seus seguidores não estão satisfeitos e se percebem como frustrados e covardes - é apenas uma manifestação de inadequação psicológica? Não será um esforço sincero no sentido de buscar uma solução individual mais satisfatória, ao menos como ingrediente fundamental?


Flávio Gikovate
 
 

12 de agosto de 2012

Peso na alma



Em muitos trechos do caminho, às vezes bem longos, carregamos muito peso na alma sem também notar. A gente se acostuma muito fácil às circunstâncias difíceis que às vezes podem ser mudadas. A gente se adapta demais ao que faz nossos olhos brilharem menos. A gente camufla a exaustão. A gente inventa inúmeras maneiras para revestir o coração com isolamento acústico para evitar ouvi-lo. A gente faz de conta que a vida é assim mesmo e ponto. A gente arrasta bolas de ferro e faz de conta que carrega pétalas só pra não precisar fazer contato com as nossas insatisfações e agir para transformá-las. A gente carrega tanto peso, no sentimento, um bocado de vezes, porque resiste à mudança o máximo que consegue, até o dia em que a alma, cansada de não ser olhada, encontra o seu jeito de ser vista e de dizer quem é que manda. Eu fiquei pensando no que esse peso todo, silenciosamente, faz com a alma. No que isso faz com os sonhos mais bonitos e charmosos e arejados. No que isso, capítulo a capítulo, dia-a-dia, faz com a nossa espontaneidade. No que isso faz, de forma lenta e disfarçada, com o desenhista lindo que mora na gente e traça os risos de dentro pra fora. E o entusiasmo. E o encanto. E a emoção de estarmos vivos. Eu fiquei pensando no quanto é chato a gente se acostumar tanto. No quanto é chato a gente só se adaptar. No quanto é chato a gente camuflar a própria exaustão, a vida mais ou menos há milênios, que canta pouco, ri pequeno e quase não sai pra passear. Eu fiquei pensando no quanto é chato a gente deixar o coração isolado para não lhe dar a chance de nos contar o que imagina pra nós e o que podemos desenhar juntos nessa estrada. Mas chega um momento em que me parece que, lá no fundo, a gente começa a desconfiar que algo não está bem e que, ainda que seja mais fácil culpar Deus e o mundo por isso, vai ver que os algozes moram em nós, dividindo espaço com o tal desenhista lindo que, temporariamente, está com a ponta do lápis quebrada. Sem fazer alarde, a gente começa a perceber os tímidos indícios que vêm nos dizer que já não suportamos carregar tanto peso como antes e a viver só para aguentar. Devagarinho, a gente começa a sentir que algo precisa ser feito. Embora ainda não faça. Embora ainda insista em fazer ouvidos de mercador para a própria consciência. Embora ainda estresse toda a musculatura da alma, lesione a vida, enrijeça o riso, embace o brilho dos olhos, envenene os rios por onde corre o amor. Por medo da mudança, quando não dá mais para carregar tanto peso, a gente aprende a empurrá-lo, desaprendendo um pouco mais a alegria. Quase nem consegue respirar de tanto esforço, mas aguenta ou pelo menos faz de conta, algumas vezes até com estranho orgulho. Até que chega a hora em que a resistência é vencida. A gente aceita encarar o casulo. A gente deixa a natureza tecer outra história. A gente permite que a borboleta aconteça. Nascemos para aprender a amar, a dançar com a vida com mais leveza, a criar mais espaço de conforto dentro da gente, a ser mais felizes e bondosos, a respirar mais macio, essa é a proposta prioritária da alma, eu sinto assim. Podemos ainda subestimar a nossa coragem para assumir esse aprendizado. Podemos nos acostumar a olhar o peso e o aperto, nossos e dos outros, tanto sofrimento por metro quadrado, como coisa que não pode nunca ser transformada. Podemos sentir um medo imenso e passar longas temporadas quase paralisados de tanto susto. Podemos esgotar vários calendários sem dar a menor importância para o material didático que, aqui e ali, a vida nos oferece. Podemos ignorar as lições do livro-texto que é o tempo e guardar, bem escondido do nosso contato, esse caderno de exercícios que é o nosso relacionamento com nós mesmos e com os outros. Apesar disso tudo, a nossa semente, desde sempre, já inclui as asas. Já inclui o voo. Já inclui o riso. Já é feita para um dia fazer florir o amor que abriga. E, mais cedo ou mais tarde, ela floresce.


Ana Jácomo
 

10 de agosto de 2012

Entendi o que é liberdade



A gente demora muito tempo para aprender a ser livre. Passamos parte da vida nos amarrando a conceitos, a medos estabelecidos, com ou sem fundamento, construindo pontes para não cair na lama, sonegando alegria, regulando os termômetros das sensações. Isso sem contar as inúmeras vezes em que deixamos de ser ou fazer por receio do julgamento alheio, nos tornando assim perversos juízes de nós mesmos. Quanto mais sufocados, mais exigentes. Quanto mais exigentes, mais implacáveis nos atos de compreensão de si e do outro. Menos consideração, menos perdão, mais raiva do mundo. Tudo por nada.

Daí que é preciso aprender (ou reaprender) a ser livre, antes que a manhã seguinte mate de vez a delicadeza que nos resta. Então é necessário ter coragem para destruir medo por medo, libertar cada ser que tomamos como refém, resgatar sonhos socados nas vísceras.

Trata-se de um processo longo e dolorido, pois não sabemos o que restará ao abrirmos mão das bases sobre as quais sobrevivemos por tanto tempo. Quem garante que não morreremos soterrados nas próprias ruínas? Fato é que, enquanto desaba uma parte do que acreditávamos ser, renasce outra que supúnhamos não existir. Junto com esta ressurgem sentimentos de profundo respeito por si e pelo outro, e se diluem inquietações, culpas, fantasmas, crenças, falsas raízes.

Somos indivíduos em busca da felicidade e ela está no que somos na essência. Redescobri-la é uma questão de tempo e há que se respeitar o tempo de cada um, já que estamos em níveis diferentes de aprendizado. Um dia desses, peguei a estrada, coloquei o som bem alto e fui dar um mergulho no mar. Voltei agradecida, em paz. Reencontrei minha leveza e delicadeza perdidas num passado remoto. Foi o fim de um longo processo.

Parafraseando a brilhante escritora Ana Jácomo, voltei desejando que nenhum gesto meu aperte o coração de alguém, intimide o sorriso, desperte medos ou machuque a espontaneidade de quem quer que seja. E assim entendi que liberdade é libertar.

Fernanda Santos
 

29 de outubro de 2011

Limites




O nosso direito termina onde começa o direito do outro.

E quando nós mesmos não respeitamos o nosso direito, permitindo que sejam invadidos os nossos limites, e nem percebemos? Ao contrário, nos queixamos dos outros mas não nos damos conta que a responsabilidade é toda nossa, ao não avisarmos o outro até onde ele pode ir...

O outro não possui a capacidade de adivinhar até onde vai a nossa tolerância a não ser que comuniquemos a ele. Enquanto não fizermos isso, ele se sente confortável e não percebe nada demais...

Acontece que muitas vezes na ânsia de agradarmos (crescemos ouvindo que devemos ser "bonzinhos" ou o Papai Noel não vem, o coelho da Páscoa passa reto, o presente de aniversário fica para próximo ano...) somos levados a tolerar mais que o tolerável.

Sendo assim, um dia tudo foge do controle e explodimos. Ou surtamos. Ou continuamos tolerando até que o nosso humor se esvai, nossa vida parece não ter sentido, porque nos sentimos presos à necessidade de continuarmos tolerando, uma vez que já o fizemos até o momento.

Este comportamento é cruel. Cruel conosco, cruel com o outro.

Nós sofremos e o outro, por ignorância, sofre também por não saber a razão de certas atitudes hostis em relação a ele. Sim, porque embora estejamos tolerando, não nos sentimos confortáveis e, em certas situações, não há como esconder a insatisfação.

Muitas vezes, não percebemos ao mantermos este tipo de atitude e o desconforto parece descabido.

É saudável olhar ao redor e verificar se existem situações deste tipo na nossa vida; um diálogo muitas vezes ajuda muito. Concordo que possa haver um certo constrangimento ao colocarmos o assunto em pauta, podemos num primeiro momento encontrar mil justificativas para manter a situação como está. Mas isto é somente o medo da mudança e da reação do outro.

Nada justifica nos mantermos nesta prisão fazendo do outro nosso algoz. É justo conscientizarmos o outro do que sentimos em relação a ele para que ele possa fazer algo a respeito, ele não pode ser acusado de algo que nem sabe que está fazendo.

Vamos nos dar a chance de expor os nossos limites e respeitar o limite dos outros.

Respeitar e ser respeitado significa liberdade.


Mônica Turolla






24 de agosto de 2011

Saia de cima do muro, pule....



Às vezes é difícil, mas precisamos nos posicionar diante da vida. Não podemos ficar inertes sem tomar posição, com medo do julgamento dos outros ou da aceitação deles por causa das escolhas que fazemos. Precisamos entender que é quase impossível agradar a todo o mundo.

Fazer escolhas faz parte do nosso processo evolutivo e é através delas e da nossa posição diante de certas coisas e pessoas que direcionamos os nossos passos para o nosso objetivo que é ser luz. É preciso ser fiel à nossa natureza interior para que possamos ser felizes e isso quase sempre está ligado às escolhas que precisamos fazer.

Qual é a direção que você quer tomar? Quer seguir em direção à luz, à verdade ou vai querer fingir que não sabe de nada, dar uma de ingênua e ficar exposta às circunstâncias que querendo ou não podem influenciar e muito a sua pessoa. Não pensem que ficando em cima do muro estarão livres de consequências, pois agindo assim vocês podem ser associados tanto com um lado ou com outro. E aí?

Ficar em cima do muro não é a atitude mais coerente que podemos tomar. Não nos posicionarmos diante das questões que nos são apresentadas pode atrasar a nossa caminhada ou nos levar a fazer coisas que não condizem com aquilo que realmente acreditamos serem certas, e isso na verdade seria um retrocesso.

Só para ilustrar podemos dar um exemplo: se alguém trabalha em uma empresa e o seu chefe pede para fazer algo que esta pessoa sabe que vai prejudicar outra, e só para não perder o emprego ela aceita fazer, esta pessoa está se distanciando do seu "eu"e também corrompendo a sua natureza divina. Isso causa imensa dor naquele que é naturalmente bom.
Ou outro caso, se alguém sabe que um amigo seu não é "flor que se cheire", mas mesmo assim continua a conviver com ele sem questionar os seus atos... Imaginem como a consciência de uma pessoa assim deve ficar; num eterno conflito entre questionar e se afastar por saber que está no caminho errado ou continuar ao lado e ferir a si mesmo por ter um medo exacerbado de ser rejeitado.
Pessoas assim precisam acreditar mais em si mesmas, na sua capacidade de realização independente e portanto não precisam aceitar ir contra os seus valores para serem aceitas por este ou aquele grupo, por esta ou aquela pessoa.

Precisamos criar coragem e pular. Para evitar o equilibrismo em cima do muro é preciso escolher um dos lados, de preferência o da luz. Olhar atentamente tudo o que está acontecendo em torno da questão, meditar, tentar ver as coisas como um observador atento e imparcial, consultar no nosso interior os reais valores espirituais e decidir, pular para um dos lados assumindo a responsabilidade das nossas escolhas, enfrentando as consequências, sejam elas boas ou ruins.

Somos livres para decidir e de preferência sempre buscando o amor, a paz e a compaixão.



Márian Marta Magalhães  

Van Halen - Jump


28 de outubro de 2010

Voar




Voa, que há liberdade,
Voa por inteiro,
escuta tua vontade,
Voa em devaneio,
abandona a sanidade,
Voa o vôo do nobre anseio,
e retorna quando der saudade…



Rafael Vecchio

26 de setembro de 2010

Hora de voar


E se você não puder incentivar-me para o salto, se você não puder empurrar-me em direção à vida, então não me segure, não me prenda, nem me amarre. Não envenene com teu medo a minha dança. Seja só uma silenciosa testemunha desta vertigem, porque agora, agora é hora  de voar, é hora de abrir-me a todas  as possibilidades, e saltar num vôo livre e sem destino para dentro de mim mesma.

Edson Marques

21 de julho de 2010

Liberdade



"Quando não se colocam limites aos representantes
do povo, eles não são mais defensores da liberdade
mas candidatos à tirania".


 Benjamin Constant