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27 de maio de 2013

Um pouco de solidão não faz mal a ninguém!




‘Ai, eu não aguento mais ficar sozinha!’

‘Não me apaixono há um tempão! Isso me deixa com uma sensação de vazio’... 

Escutei essas duas frases, de dois amigos - uma mulher e um homem, respectivamente - na mesma semana... e fiquei refletindo: quanto tempo se leva pra amar novamente? Será que tem tempo limite? Será que tem necessariamente algo de errado com quem está só há algum tempo? Onde estão escritas as regras e os prazos de cada coração? 

Bem, a amiga que reclamou porque não aguenta mais ficar sozinha me contou que está sem namorado faz praticamente um ano e que tem se sentido extremamente carente. Todos os encontros que teve depois deste namoro terminaram em duas ou três saídas, no máximo. ‘Ninguém se interessa por mim!’, reclamou ela num tom de tristeza e lamentação. 

O amigo, por sua vez, me contou que se sente chateado porque não consegue se apaixonar por ninguém há uns três anos. Confessou que as relações que vêm tendo durante este tempo, embora sejam afetuosas, não lhe trazem aquela sensação inexplicável de estar envolvido, entregue, com aquele sorriso fácil nos lábios... 

Eu sei que o que todos nós desejamos, no final das contas, é sentir exatamente o que canta Zeca Baleiro, na música ‘Telegrama’: 

... hoje eu acordei 
Com uma vontade danada de mandar flores ao delegado 
De bater na porta do vizinho e desejar bom dia 
De beijar o português da padaria... 

Mas o fato é que isso não acontece todos os dias... E se pensarmos um pouco, não poderia ser diferente. Se fosse banal, corriqueiro, cotidiano, não seria tão transformador, não seria tão especial... 

Só que não queremos esperar. Não queremos aprender a lidar com a tristeza, com o vazio, com a solidão. Não queremos, sobretudo, aprender com todos os sentimentos que esse tempo em que ficamos sós nos traz. Aliás, sequer nos permitimos descobrir o quanto pode ser bom ficar sozinho de vez em quando. 

Muitas vezes, entramos numa ansiedade exagerada, destrutiva, que mina nossa auto-estima; e, assim, somos esmagados por uma cobrança interna que nos rouba o bom senso e a capacidade de fazer escolhas. 

Começa a valer o ditado ‘o que vier, é lucro’, mas em pouco tempo, percebemos que o preço a pagar por escolhas mal-feitas é alto demais. Relações que não nos acrescentam; pelo contrário, servem para bagunçar ainda mais os nossos dias e aumentar a sensação de frustração e de incompetência emocional. 

Claro, ‘engolimos sem mastigar’, numa tentativa desesperada de acabar com a solidão... E aí eu pergunto: por que é que resolvemos acreditar que a solidão é algo tão ruim? Será? Será mesmo que não há nada de proveitoso, de bom e prazeroso que podemos fazer enquanto estamos descomprometidos? 

E mais: será que é possível se apaixonar a cada 15 dias ou assim que acaba uma relação? Será que é produtivo emendar uma relação na outra sem ter tempo sequer de se questionar quais são seus verdadeiros desejos? 

E, por fim, será mesmo que estar com alguém é remédio para todas as nossas dores, solução para todos os nossos problemas e o fim de todas as nossas angústias? 

Penso que é somente quando relaxamos e entendemos que estar com alguém e, principalmente, apaixonar-se e sentir-se feliz são consequências de uma harmonia interna, que compreendemos que somos seres genuinamente sós e que o outro é um presente a ser compartilhado e não uma necessidade dolorida, desesperada, insana... 

Aí sim poderemos experimentar relações mais leves, mais gostosas e mais maduras ou... ficaremos sós e nos sentiremos bem. Em fase de espera, sim, mas sem tanta tristeza; apenas respeitando o ritmo dos corações e sabendo que uma relação gostosa e apaixonada acontece quando a gente realmente tem espaço para ela...



Rosana Braga

24 de maio de 2013

A lógica do vazio




Quando o comichão do vazio rasga, surgem os questionamentos sobre o sentido da vida. Como se neste ainda infantil planeta tivéssemos condições de compreender o real significado da nossa existência. Mesmo assim, questionamos. Mas uma coisa é certa e com um nível bem fácil de compreensão: vida é energia em movimento. Quanto mais gasta, mais recebe. É a lei, "ação e reação". Não tem como escapar. 

Então, se aderir ao vazio, apenas questionar e estagnar, certamente pifará. Por uma razão lógica: 

1. A vida é energia em movimento. 


2. Você estaciona em meio ao giro de todo o universo. 


Logo: você pára de mover energia e a vida "murcha", ficando, por mais irônico que seja, vazia... 

Resumindo: o vazio tende a gerar vazio. 

Então, meu amigo, se o vazio incomoda, é porque, de alguma forma, você estacionou. Mesmo que se viva na incessante correria de compromissos "terrenos" e o dia precise de 27 horas, ainda assim, se o vazio incomoda, é porque você estacionou. Só que no universo não há vagas. É como um carro que pára no meio da rua em plena hora do rush: pode não provocar batidas, mas com certeza sofrerá a pressão infernal de todos aqueles que precisam trafegar. Não há outra maneira: ele tem de sair dali, não importa como. 

Porém, acredite, o vazio pode ser bom. Quando bem encarado, ele é uma forma, quiçá a única, de nos "empurrar". Se para frente ou para trás, depende da escolha de cada um. 

Nesses dias, em meio a uma crise existencial tipicamente terrena, disseram-me que a única coisa que eu deveria fazer seria mover energia a meu favor. As peças ainda ausentes - e que geram o vazio, pois, no fundo, sabemos da existência de todas elas - se encaixariam naturalmente, cada qual a seu tempo. Portanto, no lugar do vazio, há de entrar o movimento. No lugar do desespero, a paciência. E no lugar da frustração, a perseverança. 

Se for muito difícil, acrescente a força, a fé, a confiança e um chocolatezinho, para não abandonar o caminho. Porque mesmo se abandonar, o universo não vai parar...


Raquel de Vechi





29 de outubro de 2012

A felicidade no amor depende da reforma íntima




Ser feliz no amor é uma dádiva divina ou merecimento? Você vê pessoas aparentemente boas que vivem dramas pessoais nos relacionamentos. Outras que têm graves falhas de caráter, mas conseguem oportunidades no amor. Encontram admiradores, flertes, namorados e até casamento.

Homens com perfil de cafajeste prosseguem engrossando a fila de mulheres apaixonadas. Mulheres maltratam seu parceiro e ele insiste em ficar ao seu lado. Mulheres carinhosas permanecem em suas casas sonhando com um amor real que nunca vem. Outras que investem apenas na carreira estão cheias de admiradores e até afastam bons partidos.

Qual é o segredo da felicidade no amor?

Parto do princípio que tudo que nos acontece tem uma causa. Nada acontece por acaso e você, somente você, é responsável por suas escolhas amorosas mesmo em nível inconsciente.

O ser humano não nasceu para a solidão! No entanto, a solidão merece esclarecimento. Merecemos amor e carinho, mas temos que estar preparados para a solidão. Nossa experiência é única! Nascemos sozinhos e morreremos sozinhos! Viver um amor real carece de maturidade emocional. Só assim terá elementos para atrair um companheiro amoroso e enfrentar as provas difíceis de um convívio a dois.

Atualmente, o amor é muito mais livre! Amar não é respirar o mesmo ar que ela respira. O amor real preserva a individualidade. Um enriquece o outro com suas virtudes e características pessoais. O sexo é um meio de expressar carinho e amor, mas nem sempre fazer sexo com uma pessoa garante o amor.

Se você quer amor aprenda o valor da sua liberdade. Conquiste equilíbrio emocional e uma cabeça boa. Senão poderá caminhar pelo atalho pedregoso da paixão desenfreada e do ciúme. Essas emoções não sinalizam amor, mas sim, desequilíbrio. E esse desequilíbrio vai prejudicar os centros energéticos da sua aura. Provocar doenças e neuroses.

Cultive a paz de espírito e a saúde. Livre-se da ansiedade da espera do amor. A ansiedade afasta mais ainda a realização do sonho. A confiante expectativa de que o amor está chegando lhe trará confiança em si e autoestima. Viva o agora e aproveite sua própria companhia.

Mais do que o coração aprenda a usar sua intuição para ser feliz no amor. Se você usar somente a razão jamais vai amar. Sua mente vai racionalizar cada emoção e cada momento. A intuição é a linguagem da sua essência espiritual. E ela sabe o que é bom para você.

Insistir em relações que trazem sofrimentos, humilhações é negar sua natureza divina. Ninguém é feliz se não se sente livre. A liberdade pede saúde emocional, autoestima e paz de espírito.

O amor não pode ser uma prisão. O amor é um sentimento livre e intenso que, se for verdadeiro, permanece após a morte. O amor é dinâmico e necessita de uma constante reforma íntima para permanecer mesmo perante à adversidade.

Preste atenção aos seus infortúnios amorosos. O que eles dizem? Qual é o sinal que eles mostram? Aprenda com o sofrimento a fazer escolhas. Mesmo que erre em suas escolhas amorosas tudo é caminho para amor verdadeiro. Relações sofridas amadurecem e fortalecem nosso caráter. Devemos aprender com nossos erros para não repeti-los.

O amor é uma emoção natural que independe do seu controle, mas o livre-arbítrio depende de você. O medo da perda atrai a perda. A insegurança amorosa favorece a infelicidade. O ciúme atrai a separação.



Sandra Cecília F.de Oliveira

18 de junho de 2012

Sobre estar sozinho




Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.

O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

A ideia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei.

Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma ideia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal. A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.

Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.

O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral. A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade.

Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.

Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto. Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal.

Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.

O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.


Flávio Gikovate 

23 de novembro de 2011

Solidão nunca mais...




Recentemente, escrevi sobre o tema "solidão". Minha intenção era transmitir que, apesar das dores que esse sentimento causa, precisamos tentar assumir o controle, transmutando as angústias em boas energias e absorvendo somente o que de fato nos proporcionará alegria e bem-estar.

Quando comecei a escrever, nunca poderia imaginar que o universo seria tão poderoso e sábio, até mesmo comparecendo em momentos de inspiração...

Por mais que já tenhamos vivido uma situação difícil e, imaginando tê-la vencido, somos colocados à prova, ou melhor, à contraprova para uma certeza profunda de que aquele obstáculo, aquele teste foi, de repente, deixado para trás.

Em 30 anos, nunca havia me distanciado tanto da minha família, mesmo vivendo em outra cidade. Às vezes, sentia-me sozinha e inevitavelmente batia aquela sensação de vazio, de abandono. Pois bem, hoje me encontro em outro Estado do País, muito, muito longe de todas as pessoas queridas...

Escrevi que a solidão causa dor e que não é tão fácil conviver com ela, também comentei que podemos revertê-la em algo positivo, por mais difícil que seja, pois temos, em nossas mãos e mentes, o controle completo de nossa vida.

No entanto, existe uma questão, sobre a qual ainda não tenho resposta... mesmo sem querer, às vezes, as lágrimas descem pelo meu rosto só de lembrar o vulto da minha querida mãe... e, quando menos percebo, começo a rir e logo penso: "que sentimento bom"... e sinto algum tipo de ajuda, percebo que não estou só.

A mente com suas infinitas capacidades, como por encanto nos supre de doces e boas lembranças e isso me conforta, porque sei que está tudo bem, que todos estão com saúde e esperando com alegria um precioso encontro. E ainda, podemos nos falar a qualquer momento... basta pegar no telefone ou acessar a internet. É claro que não é a mesma coisa, mas conforta e permite boas risadas juntos...

Hoje, infelizmente, muitas pessoas se tornam feito zumbis diante da Internet, esquecendo de viver, mas não poderia deixar de comentar que a Net também proporciona muita satisfação e alegria pelo outrora inimaginável fato de podermos ver instantaneamente a outra pessoa em qualquer lugar do mundo... Uma boa imagem da webcam nos permite captar nos fundo dos outros aquele brilho que toca nossa alma, emociona e nos passa alegria e felicidade... assim como o timbre e a vibração que as palavras sinceras transmitem, amenizando a saudade de ambas as partes.

Por causa dessas condições, não há mais lugar para a solidão... as distâncias, como por encanto, encurtam-se e ao final cada contato sentimos que fomos revitalizados, que recebemos uma energia amorosa que nos nutre até o seguinte...

Para aqueles que ainda não conseguem utilizar a contento a ferramenta da internet, sempre podem dispor do telefone, dos Correios... Sim, mesmo tendo a internet disponível, também gosto de fazer uso dos Correios e enviar umas cartas-surpresa, algo que, afinal, durante centenas de anos foi o único meio de comunicação entre os seres humanos e, por mais demorado que seja, ajudou profundamente muitos corações distantes.

Agora, vivenciando por completo a experiência da mudança, acredito que possa fechar o tema. Estou a cada dia em um lugar diferente, de culturas e valores preciosos e ricos em diversidades, agregando à minha bagagem o melhor de tudo. Estou cada dia mais feliz e em crescimento profundo, porque consegui vencer, superar de vez um sentimento de dor tão temido por muitos, e que agora não faz mais parte da minha vida, porque... eu nunca estou só!

Não posso deixar de comentar que sei existirem muitas pessoas que lutam, mas não conseguem se libertar... para elas vai um recado, que sinceramente espero possa ajudar, motivar: "Procure seguir o coração mais do que a mente. Se sentir saudade de algo ou de alguém, reveja a estratégia, jogue pra bem longe o orgulho e... tente começar do zero, não importando o número de tentativas. Procure seguir outro caminho, procure fazer o que realmente lhe faz bem... faça algo novo, condicione sua mente a viver cada dia com muita intensidade e alegria. Não viemos por aqui para passarmos despercebidos, para vivermos acamados e depressivos. É preciso resgatarmos nossa forças e tomarmos as rédeas de nosso destino, escrevendo com coragem e determinação nossa história, sem sermos derrotados, mesmo que, ao final, fiquemos com o corpo todo marcado por profundas cicatrizes...
 
 

Lidiane de França 

21 de outubro de 2011

Solidão criativa ou destrutiva? Você decide!



O peso da palavra solidão parece que a faz ecoar. O mundo dá um valor muito negativo à solidão. Tentaremos aqui ter uma compreensão um pouco mais abrangente sobre como encarar e lidar com ela.

Todos nós, em alguns momentos de nossas vidas nos sentimos sozinhos. A solidão revela a necessidade que temos do outro. Tudo na nossa vida parece ser definido a partir de nossas relações e o outro é parte fundamental nisso.

Somos definidos por papéis: pais, filhos, marido, esposa, viúvo, solteiro... e essas conceituações só existem mediante um outro. Quando nos percebemos sem o outro nos deparamos com a condição de solidão: estamos sós. Quando falamos em nos perceber sem o outro, não nos referimos a ausência concreta e material de uma pessoa, afinal ela pode estar lá e nós estarmos nos sentindo sozinhos.

Mas como lidar com esse sentimento?

Parece fundamental compreendermos que a solidão pode ser destrutiva ou criativa. Criativo é tudo que fertiliza, que traz a vida e destrutivo é tudo que leva a desagregação e a morte.

Às vezes, nos deparamos com uma solidão terrível, como se a falta do outro representasse também a ausência de nós mesmos. Ou seja, só existimos se o outro nos dá condição para tal, se não nos permite sentirmos só, como se a falta do outro fizesse presente internamente a sensação de um "buraco" que nos deixa pela metade, não estamos mais inteiros. Nesse caso a falta do outro impossibilita a percepção de que somos uma unidade, que podemos sentir a ausência de alguém, mas que isso não nos faz deixar de existir como indivíduos. Muitas vezes, as pessoas nem percebem que foram esquecendo de si mesmas aos poucos. A solidão revela aqui uma característica destrutiva.

A solidão também pode emergir e nos revelar com mais profundidade a impossibilidade de configurarmos junto com o outro uma unidade: percebemos que somos um, um sem o outro, um sem ninguém. Só nós mesmos compomos essa unidade. Nesse caso, a percepção de que "também existo a partir da consciência que o outro tem da minha existência" se faz presente, porém não nos impede de compreendermos que somos um.

Há pessoas que utilizam a solidão como meio para produzir. Sabemos de inumeráveis artistas, escritores, etc... que produzem na condição de estarem sozinhos. O que é produzido foi pensado a partir da existência do olhar do outro, seja na fantasia ou na realidade. Também podemos lembrar de momentos na nossa vida que estamos sozinhos e em paz: como se essa fosse a mais pura possibilidade de perceber, sentir a vida.

A solidão criativa assemelha-se à verdadeira solidão relatada por Thomas Merton: "A verdadeira solidão limpa a alma, abre-se completamente para os quatro ventos da generosidade.(...) A verdadeira solidão separa um homem de outros para que ele possa desenvolver o bem que está nele, e então cumprir seu verdadeiro destino a pôr-se a serviço de uma pessoa".

Faz-se fundamental portanto, entender a solidão e suas diversas possibilidades. Se buscamos uma vida amorosa rica e verdadeira, temos que admitir o risco de ficar só. Caso contrário, vamos aceitando qualquer coisa, nos acomodando, por medo de encarar a solidão. Só se sente sozinho, quem abandonou a si mesmo...



Noely Montes Moraes



25 de abril de 2011

O amor no terceiro milênio



Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o início desde milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.

O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

A ideia de uma pessoa ser o remédio para nossas felicidades, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.

A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso - o que é muito diferente.

Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa alguma. É apenas um companheiro de viagem.

O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria, ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral. A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade. Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva.

A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém. Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.

Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se toma menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.

O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.

"A pior solidão é aquela que se sente quando acompanhado".


Flávio Gikovate

19 de março de 2011

Por que a Internet é uma grande aliada da solidão?



Desde o seu advento, a Internet já foi alvo dos mais diversos tipos de considerações acerca dos malefícios e benefícios que poderia causar, especialmente aos seus mais ardorosos adeptos, que passam horas e horas do seu dia envolvidos nas malhas da rede.

Já passados os primeiros tempos da sua pouco tímida inserção na vida do homem pós-moderno, até os dias atuais - já integrada à mobília de muitos lares -, a leitura que hoje fazemos dela agrega múltiplos elementos para uma avaliação menos passional e mais fidedigna dos seus efeitos. Se num primeiro momento temia-se que viesse a provocar o isolamento familiar e social do usuário, que uma vez ligado à rede, desconectava-se do mundo real ao seu redor, hoje há dados que nos levam a supor exatamente o inverso: a Internet como companheira das mais requisitadas e benéficas entre os solitários e os isolados do convívio social. Blogs e sites como Facebook, Orkut e Twitter são uma grande prova.

Pesquisa realizada no Canadá demonstrou que a população não usuária apresenta um índice maior de problemas psicológicos do que entre os usuários habituais da rede. Entre esses últimos, encontram-se aqueles que têm na net uma grande aliada contra o isolamento, inserindo-os num universo de contatos imediatos e solidários, e lhes proporcionando uma oportunidade de relacionamentos sociais que, de outro modo, não lhes seria possível. Às pessoas mais introvertidas, o anonimato permitido pela rede também vem facilitar o estabelecimento de novas relações, dentro do limite de exposição que julgar mais confortável. Assim, podemos até pensar em atribuir ao computador um caráter terapêutico, enquanto promotor de interação entre os indivíduos, que por razões pessoais, sociais ou culturais encontram-se afastadas do convívio com outras pessoas.

Mesmo entre aqueles que não padecem de dificuldades de relacionamento, os mais sociáveis também encontram nos jogos online, por exemplo, um canal lúdico de comunicação. Os games que acontecem em rede têm atraído um número cada vez maior de jogadores, cujo perfil predominante é de homens jovens, com formação universitária. No jogo, a modalidade em si não é o mais importante; o objetivo maior é a interação entre os jogadores, ainda que numa relação virtual.

Desta forma, não há como negar que a Internet é, hoje, dentre os veículos de comunicação, aquele através do qual o homem tem experimentado novas formas de relacionamento e interação social, e que ainda lhe delega o privilégio de modelar a direção na qual essas relações poderão evoluir. Ainda assim, vale lembrar ao internauta que, mesmo com tantas virtudes e possibilidades, é preciso ficar atento aos perigos que ela também contém, tomando os devidos cuidados ao realizar suas escolhas interativas, seus parceiros, suas relações virtuais e o destino que dará a elas, para que a Internet seja de fato uma companheira de muitas horas.


Maluh Duprat Teixeira da Silva 


18 de março de 2011

Autoconhecimento: antídoto para a solidão




Solidão. Todos nós de alguma forma já nos sentimos sozinhos. Ainda que muitos se ocupem em excesso para sequer sentir a falta da companhia de alguém, mesmo quem diz não ter tempo para se sentir sozinho, que solidão é sinal de depressão, doença, coisa para quem não tem amigos, família, com certeza já se sentiu só em alguma fase da vida, em alguma situação. Quem nunca ficou até mais tarde no trabalho apenas por não querer ir para casa? Ou saiu do trabalho e foi se encontrar com os amigos?

Quem nunca se sentiu só após uma separação? E quem nunca entrou em casa e foi logo ligando a TV, o rádio, o computador? Por querer saber as notícias, ouvir música, receber e-mails, conectar-se com outras pessoas? Não, essas podem até serem as justificativas que a maioria diz, mas lá no fundo, o que desejam mesmo é fugir da solidão. E o que significa estar só senão estarmos em nossa própria companhia?

É, a solidão é antes de tudo a oportunidade que temos de nos confrontar com tudo que está bem dentro de nós, e assim, nos conhecer, cada dia um pouco mais. Mas para algumas pessoas, talvez a maioria, estar consigo mesmo, se conhecer, é sentido como algo doloroso, difícil, e até mesmo, insuportável.

Muitos moram com outras pessoas, não porque gostam de estar com essas pessoas, mas para não se sentirem sós. Outros mantêm seus relacionamentos pelo mesmo motivo e não por sentirem amor com quem dividem a mesma casa e a mesma cama. Mas por qual motivo a solidão é tão temida, causando verdadeiro pânico, fazendo com que pessoas mantenham relacionamentos destrutivos, infelizes?

Desde pequenos somos ensinados a sermos amigos de todos, a quem devemos dividir nossos brinquedos, sermos bonzinhos; na adolescência o que mais desejamos é ter muitos amigos e com isso nos sentirmos aceitos; vamos crescendo, casamos, temos filhos, e conforme o tempo vai passando, surgem as separações, perdas, decepções, e por opção ou falta dela, muitos vão continuando seus caminhos sozinhos. Mas o que fazer com aquele, que até então, era um total desconhecido? Passamos anos valorizando o que os “outros” querem, sentem, falam, e parece que se esqueceram de nos ensinar a olhar para dentro de nós.

Aprender a ficar só traz autoconhecimento. Portanto, não se culpe se você não sabe ficar só, é natural. Mas sempre é tempo de aprender. Aprender a se ouvir, se conhecer. Como é natural também sentir medo de olhar para quem você sequer foi apresentado. Como querer conhecer alguém que só ouviu críticas a respeito de si, fazendo-o sentir que tudo que faz, pensa, fala, sente, é errado? Não, não é nada fácil!

A própria sociedade discrimina quem não tem tantos amigos, sendo muitas vezes taxado como anti-social. Os tímidos que o digam... como sofrem por serem mais fechados. Os extrovertidos sim, têm muitos amigos, parecem agradar a todos, e por isso são felizes. Será? Esses mesmos “alegres crônicos” também chegam em casa, e muitos se deparam com o silêncio como companhia. E será que continuam se sentindo tão bem quanto demonstram? Nem sempre. Sem falar que mesmo acompanhados podemos nos sentir sozinhos, e essa parece doer ainda mais. Que paradoxo, não? Quando estamos sós queremos companhia e, mesmo com companhia, continuamos a nos sentir sozinhos.

Mas o fato é, como lidar com a solidão? Será que o mais apropriado não seria: como lidar com nossa própria companhia? Nessa pergunta creio que já está a resposta. O fato não é como lidar com a solidão, mas, sim, como lidar com nós mesmos. Sim, é muito bom estarmos com outras pessoas, principalmente com aqueles que nos amam e que amamos também, mas nem sempre isso é possível e pelos mais diversos motivos. 
O que é preciso pensar é que não se pode estar na companhia, de quem quer que seja, apenas para não ficar só, isso sim é pura falta de coragem para olhar para dentro de si e enfrentar os mais diversos sentimentos que tal encontro poderá despertar. A solidão pode doer para qualquer pessoa, mas dói muito mais em que não gosta de si mesmo, quem não se admira, não vê em si mesmo qualidades, quem não percebe seu próprio valor, não se ouve, não aprendeu a se amar e se respeitar. 
Creio que o maior antídoto para a solidão seja exatamente isso: autoconhecimento. Para isso, procure se observar mais, valorizar suas conquistas, identificar seus sentimentos, ouvir sua própria voz e respeitar aquilo que ouve e sente, aos poucos irá conhecendo um pouco mais sobre você mesmo e gostando desse ser especial que é você. Só se sente só quem não aprendeu a apreciar a própria companhia.

Rosemeire Zago
 

2 de março de 2011

O prazer de ser só




O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) afirma em Ser e Tempo que estar só é a condição original de todo ser humano. Que cada um de nós é só no mundo. É como se o nascimento fosse uma espécie de lançamento da pessoa à sua própria sorte. Podemos nos conformar com isso ou não. Mas nos distinguimos uns dos outros pela maneira como lidamos com a solidão e com o sentimento de liberdade ou de abandono que dela decorre, dependendo do modo como interpretamos a origem de nossa existência. A partir daí podemos construir dois estilos de vida diferentes: o autêntico e o inautêntico.

O homem se torna autêntico quando aceita a solidão como o preço da sua própria liberdade. E se torna inautêntico quando interpreta a solidão como abandono, como uma espécie de desconsideração de Deus ou da vida em relação a ele. Desse modo não assume responsabilidade sobre as suas escolhas. Não aceita correr riscos para atingir seus objetivos, nem se sente responsável por sua existência, passando a buscar amparo e segurança nos outros. Com isso abre mão de sua própria existência, tornando-se um estranho para si mesmo, colocando-se a serviço dos outros e diluindo-se no impessoal. Permanece na vida sendo um coadjuvante em sua própria história. Você já pensou nisso?

Sendo autêntico, você assume a responsabilidade por todas as suas escolhas existenciais, aceita correr os riscos que forem necessários para atingir os seus objetivos, e passa a encontrar amparo e segurança em si mesmo. Com isso, apropria-se da existência, torna-se indivíduo, torna-se autônomo, torna-se dono da sua própria vida, dono da própria existência, torna-se senhor de si mesmo. Você se percebe sendo o senhor de si mesmo?

A angústia provocada pela solidão é o sentimento que muitas pessoas experimentam quando se conscientizam de estarem sós no mundo. É o mal-estar que o ser humano experimenta quando descobre a possibilidade da morte em sua vida, tanto a morte física quanto a morte de cada uma das possibilidades da existência, a morte de cada desejo, de cada vontade, de cada projeto.

Cada vez que você se frustra, que você não se supera, que você não consegue realizar seus próprios objetivos, você sente angústia. É como se você estivesse morrendo um pouco.

Muitas pessoas sentem dificuldade de estarem a sós consigo mesmas. Não conseguem viver intensamente a sua própria vida. Muitas vezes elas acreditam que o brilho e o encantamento da vida se encontram no outro e não nelas mesmas. Sua vida tem um encantamento, um brilho, algo de especial porque é sua, apenas sua. Independentemente do que você esteja fazendo, sua vida pode ser intensa, prazerosa, simplesmente pelo fato de ser sua e por você ser único. Cada um de nós pode ser uma pessoa especial para si mesmo.

A solidão é a condição do ser humano no mundo. Todo ser humano está só. Esta é a grande questão da existência, mas não significa uma coisa negativa, nem que precise de uma solução definitiva. Ou seja, a solução não é acabar com a solidão, não é deixar de sentir angústia, suprimindo este sentimento. A solução não é encontrar uma pessoa para preencher o vazio existencial, não é encontrar um hobby ou uma atividade. A solução não é se matar de trabalhar e se concentrar nisso para não se sentir sozinho. Também não é encontrar uma estratégia para driblar a solidão. A solução é aceitar que se está só no mundo. Simplesmente isso. E sabendo-se só no mundo, viver a própria vida, respeitar a própria vontade, expressar os próprios sentimentos, buscar a realização dos próprios desejos. Quando se faz isso, a vida se enche de significado, de um brilho especial.

O objetivo não é fingir que a solidão não existe, não é buscar a companhia dos outros, porque mesmo junto com os outros você está e sempre será solitário. O outro é muito importante para compartilhar, trocar. O outro é muito importante para a convivência, mas não para preencher a vida, não para dar sentido e significado à uma outra existência. A presença do outro nos ajuda, compartilhando, mostrando a parte dele, dando aquilo que não temos e recebendo aquilo que temos para dar, efetivando a troca. Mas o outro não é o elemento fundamental para saciar a angústia ou para minimizar a condição de solidão.

Cada um de nós nasceu só, vive só e vai morrer só. A experiência de cada um de nós é única. O nascimento é uma experiência única, pois ninguém nasce pelo outro. Da mesma forma que a morte é uma experiência única, pois ninguém morre pelo outro. E a vida inteira, cada momento, cada segundo da existência, é uma experiência única pois ninguém vive pelo outro.



Jadir Lessa

24 de janeiro de 2011

Sobre a amizade



O sentimento é nobre e já inspirou poetas, filósofos e escritores. Tida já pelos gregos antigos como a forma mais sublime do amor, a amizade passou a interessar, mais recentemente, também aos cientistas. Aumenta o coro dos que acreditam que trata-se de algo verdadeiramente especial e que um amigo pode fazer a diferença no mundo. Sem contar os benefícios para a saúde.

Quem não cultiva a amizade e a fraternidade cede a vez para o seu reverso, que é a solidão. E é preciso, antes de tudo, preparar o espaço e o espírito. "Não pode haver amizade onde há desconfiança, deslealdade, injustiça. Entre os maus, quando se reúnem, é um complô e não companhia. Eles não se entretém, entretemem-se. Não são amigos mas cúmplices", pregava Étienne de La Boàtie, no século XVI, em seu Discurso da Servidão Voluntária.

Sócrates, um dos mais expressivos filósofos gregos, declara no Lísis, de Platão, que em toda a sua vida, sempre teve um ardente desejo de amizade, mais que qualquer outra coisa no mundo. Talvez lá, já vislumbrasse o que os cientistas constatam agora. A tese de que ter bons amigos pode prolongar a vida.

Para avaliar os fatores sociais, físicos e psicológicos que afetam a longevidade, o Estudo Longitudinal do Envelhecimento na Austrália - ALSA, em inglês -, acompanhou, desde 1992, cerca de 1,5 mil pessoas com mais de 70 anos em Adelaide.

Trata-se de uma das mais longas pesquisas já realizadas. No decorrer dos anos, os participantes responderam a questões sobre o tempo que passavam com filhos, netos e parentes, o número de amigos e o tipo de atividade social que exerciam. No final, as estatísticas apontaram que os que dispunham de uma rede de amigos mais firme sobreviveram mais.

Como uma das principais características da amizade á que se trata de uma escolha voluntária, o que elimina a obrigatoriedade do encontro, fortalecer os laços é uma via para uma existência mais solidária. E a amizade, constatam as pesquisas, ajuda não apenas a viver mais, como a viver melhor. Quanto mais amigos, mais chances de chegarmos à velhice sem problemas físicos e com maior capacidade de adaptação e aceitação das dificuldades inerentes ao envelhecer. Do contrário, pessoas que não têm amigos, são mais vulneráveis a doenças.

Ter o bom amigo não significa, no entanto, esquecer de si mesmo. É preciso buscar um significado para a própria vida e a partir daí, reconhecendo seus valores pessoais, buscar o que há em volta. Deve haver uma busca ativa. Aceitar a solidão ou esperar que os outros a resolvam é negar o valor de si mesmo.



Maria da Luz Miranda

Solidão




...Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.

Clarice Lispector