Metereologia 24 h

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quarta-feira, 15 de junho de 2022

Fiz algo que não sou de fazer

 
Fiz algo que não sou de fazer. Arrependo-me e não me arrependo ao mesmo tempo


Estava na praia quando duas mulheres sentam-se por perto. Escuto a conversa das duas. Uma a dizer que não quer perder a sua massa muscular e que falou com a nutricionista e a outra a criticá-la sem parar:

-"Massa muscular! É gordura! Não fazes exercício. Tens de fazer exercício! Tens de pesar 60 quilos. Pesas 75. Só queres saber de estar ligada à tomada. Só queres é comer. A comida que escondes. Porque é que não dás uma caminhada? Depois quando tiveres um AVC vais para o hospital público e quando ficares imobilizada vais para aquelas instituições que acolhem pessoas. Depois dos 30 é ainda pior!"

Escutei aquilo porque a senhora falava bem alto. A rapariga - que fiquei então a saber que era uma jovem na casa dos 20, teve de escutar coisas horríveis. Coisas que não ajudam ninguém. 

Depois ouvi silêncio. E percebi que só a rapariga restou sentada na areia. A fungar do nariz e a passar o dedo debaixo do olho, tapado pelos óculos de sol. A engolir a seco e a olhar para o mar. Consegui sentir a sua tristeza a emanar até mim. 

Não ia para me meter. Mas acabei, passado um tempo, por me levantar e ir ter com ela. Disse-lhe que escutei a conversa e que cada pessoa tem o seu tipo de corpo. Não temos todos de ser magros. A magreza nem é melhor - disse. Contei que perdi peso o ano passado e fiquei horrível, parecia uma caveira. Ainda acrescentei que a minha irmã fez exercício a vida toda por ser instrutora de fitness. É mais forte do que eu, está bem mas não é magra. Não existe melhor exemplo. Desejei-lhe boa sorte. Pedi-lhe desculpas, mas achei que, por vezes, as palavras de um estranho podem ajudar. 

Ela disse pouco. Desabafou de forma aliviada estar a escutar aquilo a vida toda. E que tem de fazer algo porque tem um problema de saúde. 

Tudo bem que com esse problema de saúde - que vou supor ter a ver com o coração para a pessoa que estava com ela lhe dizer que vai ter um AVC (olhem a simpatia!!) implica melhor cuidados. Mas falar assim com uma pessoa não é construtivo. Quando será que as pessoas vão aprender a falar com as outras?

Se gostam e querem ajudar - NÃO É ESTE O CAMINHO.

Causar stress, ansiedade e tristeza - só faz a pessoa com problemas sentir-me PIOR. Deixar de acreditar em si, ver o futuro sombrio. Ela estava a chorar. Não estava a sorrir. Palavras derrotistas de crítica negativa constante, que nem uma metralhadora podem até contribuir para o suicídio. Ou outras loucuras. 

Meus pais também só sabem falar desta maneira. Cada vez que eles, ou outros, fosse qual fosse o tema, falam assim, eu acabava por ir à despensa. O conforto vinha da COMIDA. 

Quando fui viver para FORA, longe do criticismo negativo, pude ser eu mesma. Não tinha vontade de comer a toda a hora, principalmente depois de escutar palavras duras, injustas. 

Perdi volume em gordura, porque não havia ninguém à minha volta a insultar-me e a deixar-me triste. 

A rapariga pareceu-me bem. Fisicamente, achei-a linda. Nem era gorda. Talvez com um pouco de curvas - tal como eu também as tenho. Mas gorda, obesa, nem pensar! 

Porque será que não aceitam esta forma de corpo? O que tem de errado? É que não dá para mudar. A menos que se seja obscenamente rico para se andar em cirurgias plásticas destrutivas, que tiram osso, chupam gordura, colocam implantes. E para quê? Para ficar permanentemente a projectar uma imagem de que algo não está bem?

Duvido muito que a rapariga alguma vez chegue a pesar 60 quilos. É um absurdo que coloquem essas metas tão definidas. Cada caso é um caso e esse cálculo não passa de uma média criada numa tabela, que está em vigor hoje, mas amanhã pode mudar. Desde a adolescência que não peso 60 quilos. Duvido que volte a pesar, a menos que fique doente. Noutro dia, achando que rondava os 65, pesei-me no consultório médico e estava com 72 ou 75. Muito peso na balança, mas não me sinto gorda. Está certo, as calças que usei o ano passado por esta altura não apertam mais na cintura e isso por uns três dedos. Tenho barriga. E depois? Que mal há nisso??

Estou bem. Sinto-me bem. Tenho 1m60, peso 75 quilos. Fiz exames e os resultados foram todos bons. O bom colesterol compensa o mal colesterol. Fiz um despiste a um AVC - estou bem. Tenho um emprego fisicamente exigente e consigo executá-lo. Caminho horas e horas. Subo e desço rampas, escadarias. Fui para a praia as 7 da manhã e saí ao meio-dia. Passei horas a caminhar e outras duas a vergar a coluna a apanhar mais uma centena de conchas. (Oh Jesus! Será que estou a desenvolver outra mania? Tanta concha...). Dobrei-me centenas de vezes para apanhar cada conchinha que trouxe, e outras tantas para descartar outras. Dobrei-me novamente para lavar a areia de cada uma delas na ondulação do mar. Isso é PURO EXERCÍCIO.

Se tivesse de me baixar tantas vezes para apanhar algo no chão no trabalho, teria me custado imenso. Mas conchinhas coloridas, meio na areia meio na água... foi diversão. Exercício sem se dar por ele.

E porquê digo que me arrependi do que fiz?
Porque fui falar com a rapariga sem saber o que ia lhe dizer. Então acho que não falei como deve de ser. Se calhar só pareci uma intrometida. Faltou explicar ou acrescentar coisas. Quando lhe disse que minha irmã é parecida a ela - não quis que ficasse sem esperanças sobre o exercício físico. Acho minha irmã optima mas nunca será esguia - porque não é o tipo de corpo que ela tem. Contudo, ela não é esguia, mas também não é gorda. Ela não tem barriga - eu é que tenho. Ela é simplesmente mais larga e volumosa. Mais peito, mais anca. Mas não mais gordura. Nunca poderá ser colocada na "categoria" das magras porque não tem esse tipo. Cada pessoa tem um tipo e ainda bem! Porque a beleza está na variedade. 

Estavamos na praia, um lugar cheio de corpos de todos os feitios, e aquela senhora estava a exigir a uma jovem que fosse uma vara de palito. Ignorando a saúde que emanava dela, adivinhando-lhe um AVC por não fazer exercício. Também falhei por omitir que pessoas MAGRAS que fazem regularmente exercício TAMBÉM têm AVCs. Geralmente fatais. Mesmo com todos os cuidados com a alimentação, com o corpo. 

Esqueci também de dizer que, se ela tem problemas de coração, conheço outras mulheres que o têm e tudo o que lhes foi dito que talvez fosse difícil ou pudesse acontecer - não aconteceu. Inclusive serem mães e darem à luz. Mãe de gémeos! Mãe mais que uma vez - tudo mulheres a quem, na JUVENTUDE ou infância lhes foi dito por médicos que a maternidade seria improvável ou fatal. 

Nunca foi o meu caso. Nunca me disseram que não podia ter filhos por sofrer do coração ou outra patologia não relacionada com a fertilidade. No entanto não os tenho! Foram aquelas jovens mulheres com sopro no coração e sobreviventes de cancro - a quem foi dito que não os teriam que os tiveram. PRESUMIRAM que comigo não haveriam problemas. Afinal não sofro dessas patalogias. No entanto, não os tive. Elas os tiveram. PRESUMIRAM que comigo tudo correria de feição - por ser a mais bela, a mais formosa. Mas foram as outras, mais rechonchudinhas, menos bonitas de rosto - que estão casadas e com filhos. Minha irmã, larga e volumosa - é casada. Nada a ver... Nada a ver. 

Isto para dizer que a vida... ninguém sabe o que vai ser. 

Nem os médicos. É mais IMPORTANTE receber daqueles que nos cercam as palavras certas para nos deixar felizes, afecto, APOIO, do que ser infeliz a escutar aquela enxurrada de tragédias e calamidades - sempre atribuídas à postura da pessoa visada.  

Se a mulher que estava com esta jovem quisesse que ela cometesse suicídio - disse as palavras certas

Agora, se pretendia ajudar... não sabe como isso se faz. Tem de aprender. Porque não é SÓ A PESSOA que PRECISA de ajuda que tem de mudar. Os outros também.



sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Rir para combater a tristeza

 Porque é nos momentos mais tristes das nossas vidas que precisamos sorrir.


Dona Ana decide comemorar o seu 80º aniversário passando essa noite num bom hotel. Chega lá, regista-se, fica com um quarto simpático, com um mini frigorífico e uma televisão. Na manhã seguinte, faz o check out e o empregado entrega-lhe uma conta de 500 euros.

Chocada com o valor, Ana pergunta:
-"Quero saber porque é que o preço é tão alto!"
-"É o valor do quarto".

-"Mas eu nem tomei o pequeno-almoço! Não pode ser tão caro! Quero falar com o gerente!"

Chega o gerente, D. Ana reclama e diz que acha o valor muito caro por apenas uma noite de estada. O gerente responde:
-"Este hotel é cinco estrelas, tem uma piscina interior aquecida, um jacuzzi nas suites, serviço de massagens, uma sala de cinema, outra para conferências, um parque de diversões e uma sala de jogos".

-"Mas eu não usei nenhuma dessas coisas!" - responde D. Ana.
-"Mas podia, elas estão disponiveis" - responde o gerente.

Cada vez que D. Ana sublinhava que não usou nenhuma das comodidades do hotel, o gerente respondia que estas estavam disponíveis para serem usadas.

Irritada, D. Ana decide passar um cheque. Preenche-o e entrega-o ao gerente.

-"Mas isto é um cheque de apenas 50 euros!" - diz o gerente.
- "Decidi descontar 450 euros por ter dormido comigo".

-"O quê?!?! Mas eu não dormi consigo!!"

-"Mas podia, eu estive disponível".

quarta-feira, 24 de junho de 2020

O que e que eu vos disse?

O senhorio passou quase 3h na casa, na conversa com o novo inquilino italiano. As tantas penso te-lo escutar dizer ao outro: "Ela parece simpatica de inicio. Mas nao dura muito".

Era sobre mim que falavam.

EU nao disse aqui que a gorda ia usar outra pessoa para continuar a pratica de envenenar a mente dos que ca entram?

E o senhorio a prestar-se a esse papel. Marioneta sem se dar conta. Aliado agressor.

Fico plasma com.isto. ela limita-se a ficar calada a assistir ao espalhar do que ela espalhou. E impressionante o poder de manipulação que tem e como sabe usa-lo tao bem.

O senhorio nunca viveu comigo para saber se a minha simpatico dura ou nao dura. Esse comentario visperido dele é uma reproducao do dela. Sera que nao o percebe?

Com ele sempre fui a mesma. Ate me sentia grata quando ele andava por ca, porque era alguem que falava comigo. Quando percebi isso, fiquei um pouco surpresa. Nao tinha realmente entendido o quanto estava excluida nesta casa ate perceber que eu so tinha conversas com alguem quando ele aparecia.

Ofereci-lhe o que comer, quando ca andou a fazer obras e tinha fome. Dei-lhe bolo de Rei pelo natal, para levar para a esposa. Dei-lhe um presente (dei a todos) natalicio, coisa que a italiana nunca se lembrou de fazer. Ela so metia presentes literalmente dentro da meia natalicia, aos italianos. Fui super compreensiva quando cheguei das ferias e as obras no quarto nao estavam concluidas. E esperei mais do que o necessario para que ficassem. Ainda nao estao. Ele aparece quando e chamada pelos outros para preparar qualquer coisinha. Nunca esta demasiado ocupado. Comigo parece estar sempre e eu limitei-me a acreditar nele e a esperar que ficasse disponivel.

Onde e que isto demonstra falta de simpatia??? Porque sao estas as interaccoes que tive com ele.

E fiz tudo isto sem interesse algum. Apenas por pura bondade que e a minha natureza.

Nao tenho como vencer.  Os outros vao sempre olhar-me, observar as minha accoes e tentar interpretar nelas tudo o que de mal ouviram falar sobre mim.

Nunca me vao olhar como sou. Vao estar a procurar os sinais do que lhe contaram.

O outro rapaz tambem estava na sala e assim, estava incluido na conversa. EU que pretendia estar a descansar antes de ir trabalhar, estou triste e a chorar.

Nisto tudo, NUNCA que eu falei mal dos que mal falavam de mim a ninguem ca dentro. E podia. Se fosse feita do mesmo tecido vulgar e reles.

Pelo contrario: nao falo com a gorda e evito dar a entender isso aos outros. Tento nao influenciar ninguem. Calo-me quando elogiam o senhorio pela simpatia. Porque sei que ele e como ela: no inicio muito simpatico e passa a sensacao de ser alguem em que se pode confiar. Mas se ele nao gostar um tanto da pessoa, esta passa de bestial a besta.

Nem todos os inquilinos que ca viveram o tinham em tao alta consideracao assim. A primeira a mo dizer foi a Vanessa. Detestava-o. Mas tambem me detestava a mim, so nunca mo disse porque, a boa maneira italiana, na frente sao uma simpatia, pelas Costas Sao execraveis. Seguiu-se a Micaela, etc.

Nem todos iam a bola com a sua personalidade e ideias.

Mas falo eu disso? Fazendo com que aqueles que nao o conhecem o olhem com desconfianca?  Nao.

Nao esta nos meus Genes.
E e por isso que sofro tanto.



terça-feira, 19 de novembro de 2019

O que me ajudou a recuperar (do sofrimento)



Três meses de sofrimento diário e uma intensa dor que, não tendo origem física, é ainda mais devastadora e maléfica do que uma maleita na carne. Dia e noite, qualquer instante de consciência, foi passado a pensar nisto. A senti-lo. A disfarçá-lo quando em público com pessoas conhecidas, a senti-lo intensamente a cada distracção dos seus olhos. A chorar por ter soltado um riso e estar triste. 

Pensei que não ia parar nunca. Mas rezei para que isso acontecesse. Orei a santos, a Deus, a Jesus, a Maria, a várias Nossas senhoras, aos pássaros, às árvores, às flores, ao vento, à chuva, ao sol, ao mar, à lua, às estrelas, às nuvens, ao céu, aos gatos vadios que me miravam na rua... Fui a igrejas, acendi velas, orei, pedi, supliquei. Supliquei muito, com muita fé, angústia e desespero.

Mas por algum motivo, não estava a surtir efeito. Ninguém me escutou, nenhuma mezinha resultou. Era suposto sentir-me assim por quanto mais tempo? Talvez se ele se dignasse a aparecer e me contasse o que lhe deu, talvez só assim passasse. Mas ele não o ia fazer. Sabia disso. Restava-me continuar a orar, mas também isso não estava a resultar!

Na noite de terça-feira passada, chovia bastante e decidi ir a pé a hora e meia do emprego para casa. Chuva, vento, o caminho todo em lama, pés e pernas ensopados... nada disso me afectava. O meu pensamento estava nele e só nele, como sempre. Como água que escorre para terreno mais baixo. É inevitável.

Mais sofrimento, mais lembranças, mais e mais dor! Parecia que não ia terminar nunca. Três meses haviam passado e eu nisto! Queria que terminasse. Se ele não vai aparecer-me à frente e dignar-se a conversar comigo, então que algo me fizesse esquecer que ele alguma vez existiu! Que me desse uma amnésia selectiva e pudesse esquecê-lo a ele, só ele. A dor, tão intensa, fez-me novamente rogar, suplicar, pelo fim desta emoção tão dolorosa.

Foi então que dirigi as minhas preces diretamente a pessoas de quem muito gostei e há muito partiram. E disse do fundo do coração e cheia de emoção: "Por favor, (....), acaba com isto, faz com que a dor pare!" "Por favor, (....), não posso mais com este sofrimento! Faz com que pare!".


Talvez um minuto depois, por uns instantes, consegui perceber uma mudança. Ténue. Mas senti-a. Por uns instantes, o meu pensamento voou para outro lado, deixou de se fixar nele. E isso foi o sinal. A dor, ainda que presente, pareceu pela primeira vez, que ia transformar-se em não dolosa. Ia ser ultrapassada.

Foi há uma semana. De lá para cá, continuo a tê-lo na minha mente quase 24h por dia. Ainda faço "filmes" sobre o que poderá acontecer caso o encontre e lhe consiga falar. Mas tenho agora pequenos e breves instantes em que o consigo afastar. Não totalmente, mas do consciente ele passa para o sub-consciente e mantenho-o lá o máximo de tempo que conseguir.

Segunda-feira pela manhã, ele acordou comigo e logo com intenções de dominar-me o pensamento e encher-me de mais uma sessão de "porrada" emocional. Mas quando desci para a sala, a paz e o sossego que lá senti, fez-me querer ficar por ali. Senti que o quarto está povoado de lembranças e era o pior lugar para me enfiar. Fiquei pela sala, onde estava a sentir-me bem. Mesmo quando outros logo apareceram para marcar lugar, esperando que saísse dali, não o fiz. Se voltasse ao quarto, ia fazer o mesmo que na véspera: a clausura ia fazer-me pensar, sentir, chorar e ia terminar a desabafar horas em vídeo tudo o que quero dizer. Não queria isso. Já tenho uns 100 vídeos... Precisei contar esta história em voz alta, contar o meu ponto de vista, o que penso, o que sinto. Não para alguém, mas para mim mesma.

Ainda não estou curada, mas sinto que também já não estou totalmente presa. Começo a pensar que sou alguém e preciso cuidar de mim. Não por dor, mas por merecer. Por ser uma pessoa, por já não ter muito tempo de vida na terra, e por isso ter de aproveitá-la melhor, para ser feliz, não miserável. Já chega de tristezas. Esta dor também irá ser (mais) uma que vai passar (?). Espero não esquecê-la, para que possa aprender a não voltar a cair em nada parecido. Mas quero, sinceramente, começar a viver a vida pelo prisma oposto àquele que me é mais oferecido: O sofrimento. Quero explorar as alegrias, o bem-estar, a felicidade.

Tenho esta dor como entrave e muitas outras contrariedades também. Mas faz parte da vida. Não se pode deixar que nenhuma delas tenha mais importância ou se sobreponha à vontade/necessidade de se viver feliz.

E acredito mesmo que "eles" é que me ajudaram.
Eles escutaram-me. E logo a bondade neles se compadeceu.
Onde estão só há amor e amor é o que sentem por mim.

Temos de nos sentir abençoados.

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Telefonema de Domingo


Afinal estava enganada. (será que alguma vez estive certa?).
Este Domingo, o Jason voltou a ligar.

Além do telefonema que atendi, depois reparei que tinha uma chamada perdida e duas mensagens não lidas dele no telemóvel.

Achei estranho.
Depois de, no Domingo anterior, termos conversado, pensei que tinha desistido. Mas o que eu entendo das pessoas? Pelos vistos nada!

Queria encontrar-se comigo. Mas fui clara a respeito do que podia sair dali. Amizade, nada mais. "Ao menos és honesta" - "Sim, claro". - respondi-lhe.

Não me custa nada ser honesta.
Custa-me mais o contrário.
Custa-me imenso (e pensei já estar curada) não saber o que o afastou radicalmente. 

Porque é que a honestidade, a franqueza e o diálogo não são ferramentas que todos gostem de usar?

Hoje sinto-me deprimida.

Os efeitos benéficos de ter andado pela praia à beira-mar já estão a desvanecer.
O espelho não ajuda, o tic-tac do relógio da vida também não. 

Enfim...

domingo, 1 de setembro de 2019

Jardim das tabuletas


Ao passar pelos campos de várias vilazinhas não se pode deixar de reparar em certos cemitérios que aqui pelo Reino Unido existem amiúde por todo o lugar. São tabuletas e mais tabuletas daqueles que um dia foram pessoas e respiravam como eu.


Não sei porquê perdemos tanto tempo na vida, quando não sabemos quanto dele nos resta. 
Hoje sei disso. Mas creio que, quando mais jovem, isto nem nos passa pela cabeça. Tudo parece distante demais. Como se o tempo passasse de forma diferente e não igual para todos.

Hoje vejo essas placas nos cemitérios e penso que já não tenho muito tempo. A vida devia ser melhor aproveitada. Remoer em mazelas é atrasar essa vivência. "VIVE" - lembram as tabuletas. "APROVEITA ENQUANTO ESTÁS VIVA".


Mas não...
Há sempre alguém que pensa que se pode dar ao luxo de dispensar uma alegria aqui, outra ali.
Porque "tem tempo".


sábado, 18 de fevereiro de 2017

Admiradores Secretos - a inveja


Recentemente contaram-me que, aquando a minha estada em Portugal, fui reconhecida por uma pessoa dos tempos da adolescência. Uma pessoa que... não me lembro sequer de conhecer. Nunca! Mas, pelos vistos, mais de 20 anos depois, ela me conheceu. Ou melhor: reconheceu porque, garanto-vos, não estou parecida com o que fui aos 15 anos.

O que me surpreende é como EU, que não me considero nada, que me sinto derrotada em tantos sentidos, possa ter marcado alguém de qualquer forma, ao ponto de se entusiasmarem ao me voltarem a ver passadas décadas. Não foi a primeira vez que isto me aconteceu, nem a segunda, nem a terceira e temo não ser a última. Mas sempre me incomoda, ao invés de me deixar contente ou envaidecida. É algo que não sei se dá para explicar mas consigo entender. Fico surpreendida, constrangida, embaraçada, preocupada e até um pouco alarmada.

Este e outros detalhes levam-me à reflexão de hoje. Que por ora, vou adiar.


Antes quero explicar a motivação por detrás de um recente post que escrevi sobre a inveja. O que me motivou foi um vislumbre de um olhar dirigido a mim. Não durou mais que um segundo. Mas foi o suficiente para me atingir o coração.

Uma rapariga desses tempos, que vinha sempre às minhas festas de aniversário encher o buxo de comida e com a qual nunca tive razões de queixa de qualquer espécie, vim a descobrir há uns 10 anos, que não simpatiza comigo. E desde esses tempos! Descobri-o por a sentir a passar por mim fingindo que não me conhece de lado algum. Começou a frequentar o meu bairro, mas ao cruzar-se comigo, era como se não me conhecesse de outros carnavais. 

Reparei que cumprimentava outras pessoas desse tempo, até fazendo questão de ser especialmente muito simpática. Falando-lhes com a voz doce e o jeito aparentemente meigo que sempre exalou naturalmente. Embora desconfie hoje que essas características físicas eram mais ferramentas de utilidade e manipulação. Numa ocasião foi interpelada por uma pessoa mais velha que me acompanhava. Cumprimentou-a com dois beijos, sorriu e manteve uma entusiástica conversa com essa pessoa, ignorando-me. Nem um olhar me dirigiu! 

Eu estava lado a lado com a mais velha, abri a boca para dizer "olá" e inclinei-me para a cumprimentar, quando me notei ignorada e não obtive qualquer reacção à minha presença. Foi um acto intencional. Malicioso. O que me mais me entristeceu nem foi este seu comportamento - senti pena que o tivesse, não que mo dirigisse. O que me cortou o coração foi a falta de atitude da pessoa que ia comigo.

Cega por uma admiração inexplicável pela outra, nada fez para me defender de uma situação insultuosa e indigna. Continuou entusiasticamente a conversa, só sorrisinhos amarelos e cheia de rapapés, enquanto eu estava ali parada que nem uma estátua. Daquelas que ninguém vê. Fui insultada e vítima de uma tremenda falta de educação. Que quem me acompanhava não tivesse mandado a outra às urtigas, ou reagisse obrigando-a a reconhecer a minha presença e me cumprimentar - isso é que me atingiu o coração de uma forma cortante. Depois que se separaram, deu continuidade aos elogios copiosos, ainda embevecida pela ilusão das recordações alimentadas pelo ainda real jeito meigo e doce da outra se apresentar.  

Fez-me entender o poder que o poder das aparências tem. (As conveniências sociais. O status...) 

Pensando bem, quem inveja os outros, inveja tanta vez sem motivo. Essa miúda magoou-me uma primeira e única vez quando eu andava lá pelos meus 10 anos. Foi criado um boato a meu respeito e um dia, durante brincadeiras entre os miúdos do bairro, escutei-a a espalhá-lo... com malícia na voz. Inclinou-se para a frente para ser melhor escutada por outra rapariga, meteu a mão à frente da boca, olhou para mim para perceber se não a iria escutar e com o olhar brilhante escutei-a dizer: "É esta aqui que (blá-blá-blá). Bem feita! Nunca gostei dela!". 

Não dei muita importância à afirmação... achei apenas que, ao contrário do que julgava, ela não era mais inteligente que os outros, era igual. Gostava de um mexerico e espalhava-os com a mesma maldade e boa vontade. Embora quando convivíamos ela me parecesse por vezes desinteressada e distante, os adultos garantiam que era um doce de menina, muito bem educada, simpática (muito mais que eu), inteligente, muito doce e atenciosa. Só que um pouco tímida, "de poucas falas". (Calculista). E qualquer má impressão minha era defeito meu. Os nossos pais se falavam, frequentávamos a casa uma da outra com certa regularidade, ela aparecia nas minhas festas de aniversário... E em todas essas ocasiões ela não gostava de mim? 

Aquela criatura bonita, com voz doce como a de um anjo, com um rosto a condizer, um jeito tímido e carinhoso de ser? - Como tantos adultos evidenciavam? Não... ela não seria FALSA. 

Segundo as aparências e os relatos de terceiros, que valem o que valem, ela vive bem porque casou com um rapaz com dinheiro - como era o seu sonho, tem uma prole considerável de filhos, continua esbelta e bonita - como sempre foi e, com certeza, como o dinheiro ajuda a se manter. Não entendo esta inveja. 

Acho que o meu instinto, que ignorei preferindo acreditar no que diziam os mais velhos, estava certo. E é essa uma das lições que estou sempre a re-viver. O meu instinto dá o alerta sempre, mas eu ignoro as coisas feias que me sopra ao ouvido. 

Até hoje, o que me envenena a alma são estas pequenas coisas... 

reflexão de hoje. fica para outro dia.



sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Quatro OLHARES


Hoje ninguém deve ter reparado no meu olhar, 
mas eu reparei em três.

O do rapaz sentado a comer na mesa da esplanada que ao me ver passar olha e desvia logo o olhar.
O da celebridade que ao me ver olhar para tentar situar de onde conheço aquele rosto, com desprezo desvia o olhar e dá aos pés.
O da jovem rapariga sentada a comer na esplanada que olha-me naturalmente e de imediato desvia o olhar e o pescoço também, com mais do que desprezo: repugnância pela minha cor de pele.

Hoje andei muito sensível. E captei alguns olhares. Será que alguém captou o meu?


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Com banda Sonora


Imagem retirada da net