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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Das conferências e das chatices das manifestações



Pararam grande parte da cidade? Pararam.

Bloquearam as artérias principais de acesso ao bairro europeu com os seus 500 tratores? Bloquearam.

Deu muita chatice a muita gente que ia trabalhar? Deu.

O Parlamento quase fechou as portas por causa do protesto? Sim.

Íamos ficando sem lugar para a conferência que andámos a preparar durante meses, correndo o risco de mais de cem pessoas ficarem à porta? Pois, e trememos muito durante duas horas.

Metade das pessoas chegaram atrasadas? Chegaram.

Houve muito barulho? Se houve.

Tem razão? Não faço a mínima.

É justo que milhares de pessoas sejam afetadas porque uns quantos agricultores se sentem injustiçados? Absolutamente.

O direito à manifestação é um direito ileanável  dos cidadãos de um país democrático. Independentemente das chatices que possa causar  - e normalmente causa - a terceiros. Acho sempre muita piada a quem é contra as greves pelo incómodo que lhe causa. Estes foram especialmente perspicazes em dirigirem os seus protestos a quem é realmente responsável pela política agrícola europeia - as instituições europeias em Bruxelas. E, desculpem mas borrifar a polícia de choque com jatos de leite é ridicularmente engraçado.


A conferência correu muito bem, obrigada. 



S.

domingo, 6 de maio de 2012

Sobre a Democracia

Há qualquer coisa de fascinante em ouvir líderes políticos a conceder derrota. Digo isto sem qualquer ironia ou ponta de sarcasmo. É mesmo fascinante. O momento em que, após os resultados eleitorais desfavoráveis, admitem que perderam e concedem a vitória ao seu oponente é sobrenatural. Acredito que é nesse momento em que dão os parabéns ao seu adversário, no que geralmente se julga apenas um gesto de cortesia, que toda a democracia é legitimada. 

Não tinha de ser assim; o normal, aliás, ao longo da história e ainda por demasiadas partes do mundo, é não ser assim. Tudo na natureza humana, no poder que se estabelece entre os fortes e os fracos, tende para o absoluto e para a ditadura. Afinal, aquela pessoa no poder, que controla o Estado temporariamente e, potencialmente, a força das armas, tem que se afastar porquê? O stepping-aside voluntário é uma coisa tão recente, tão contrária à natureza do poder e por isso tão sublime que comove. É a personificação mais completa do respeito pela vontade do povo.





S.