Para que conste.
Hoje, comprei:
"Isto".
Eis uma das faixas:
E mais "isto", uma reposição (uma, entre tantas) de um desaparecido na voragem da mudança.
Abro, ao acaso, e:
"Não me indigno, porque a indignação é para os fortes; não me resigno, porque a resignação é para os nobres; não me calo, porque o silêncio é para os grandes. E eu não sou forte, nem nobre, nem grande. Sofro e sonho. Queixo-me porque sou fraco e, porque sou artista, entretenho-me a tecer musicais as minhas queixas e a arranjar meus sonhos conforme me parece melhor à minha ideia de os achar belos.
Só lamento o não ser criança, para que pudesse crer nos meus sonhos (...)"
Pessoa, Fernando (2014). Livro da Desassossego. Lisboa. Tinta de China, pág. 74
Depois? Bem, depois era inevitável!
Igualmente ao acaso:
" - Dama de quê?
a minha irmã feia, eu assim assim que a beleza não é o nosso forte, nenhum namorado que eu saiba, os homens não a olhavam na rua, a minha avó com pena
- Infelizmente não tem gracinha nenhuma
parecia sempre fevereiro em torno dela no género dessas paragens de autocarro que os transportes esquecem com uma criatura de saquito de supermercado o dia inteiro à espera no banco como esperam nos hospitais, nos correios, tanto sítio para esperar neste país, tao pouca coisa que vem e quando vem é engano
- Não é para o senhor desculpe"
Antunes, António Lobo, (2014). Caminho como uma casa em chamas. Lisboa. Publicações D. Quixote. pág. 224.