Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165
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sexta-feira, 18 de abril de 2014

Passar, libertar e ressurgir

Tide of Life, Vladimir Kush

«Eles não mudaram o seu nome»


Tresure island, V. Kush

«Não mudaram a sua Língua»


Above the world, V. Kush


«Não revelaram os seus segredos»


Vita memoriae, V. Kush

«E não aboliram o Brit Milá»

Midrash Sohar Tov, 114




segunda-feira, 23 de novembro de 2009

hispano - árabes


PICT0233 por jose.tapadas.

Souk de especiarias, Marrocos, José Tapadas/09


Meu coração acolhe tudo:
é pradaria de gazelas e claustro de monges cristãos,
templo de ídolos e Kaaba de peregrinos,
tábuas da Tora e livro do Corão.
Sigo somente a religião do amor
(...)
Minha única fé, e minha crença, é o amor.

Ode XI - Ibn 'Arabî ( Murcia 1165-1240)

P8170088 por jose.tapadas.

Chefchaoen,Marrocos, José Tapadas/o9


Os poetas hispano-árabes são um manancial de musicalidade e de tolerância. O Alentejo viu nascer alguns. Perdê-los no esquecimento é uma tentação perigosa - negação de nós mesmos e desta proximidade suave com cheiro de flores de laranjeira.

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sábado, 20 de junho de 2009

Shabat


Quem não se lembra da nossa professora nos ensinar palavras de origem latina e árabe como promontório, república, ditador, ou então, almocreve, alface e oxalá. É algo que ficou na nossa herança cultural e que até hoje perdura, mas, significativamente, em relação a palavras com procedência hebraica, permanecemos de uma maneira geral desconhecedores da sua presença no nosso dia-a-dia.

Mesmo quando o cristianismo adoptou palavras hebraicas como aleluia, ámen, maná, Jeová, Messias e Páscoa, entre muitas outras, as pessoas têm tendência a não as identificar como termos de raiz hebraica ou aramaica.

Vejamos, seguidamente, palavras e costumes que ficaram na nossa memória como povo:

-Cabala, ramo místico do judaísmo, é actualmente usado erradamente por pessoas que se afirmam vítimas de teorias da conspiração.
-Abracadabra,”abra cidabra”, do aramaico.(Eu criarei à medida que falo). Palavra muito recorrente no mundo da magia.
-Azeite, do hebraico ha-zeit.
-Sábado, como diria o escritor israelita Amos Oz, “…Um dos maiores legados transmitidos a toda a civilização pelos judeus…”Vem de shabat, dia sagrado no judaísmo.
-Desmazelo, de “mazal”, pouco cuidado, desleixo.
-Tacanho, de “katan”, pequeno, estatura baixa, acanhado.
-Servir a carapuça, expressão que vem desde tempos medievais, quando os judeus eram obrigados a usar chapéus pontiagudos de estilo frígio, ou de três pontas, para serem mais facilmente identificados e deferenciados dos cristãos.
-Pedir a benção aos nossos pais ao entrar e sair de casa, tradição em desuso, mas que remonta à benção sacerdotal bíblica, e também, quando os pais abençoam os filhos em shabat.
-D’us te crie, depois de um espirro, sua origem é Hayim Tovim.(Que tenhas uma boa vida).
-Que maçada, quando se tem um contratempo ou qualquer outro azar. Forma alterada de uma referência à fortaleza de Massada. Local esse, tomado pelas legiões romanas no ano 73 d.C. aos zelotes que ali resistiam, preferindo os nacionalistas judeus o suícidio colectivo, à escravidão de Roma.
-Passar o mel pela boca, aquando da circuncisão, o rabino passava o mel na boca do bébé para evitar o choro da criança.
-Não cortar unhas e cabelo à Sexta-feira, ditado antigo, que revela o receio que os cristãos-novos tinham em ser denunciados por um qualquer vizinho à inquisição. Manter a higíene pessoal em preparação para shabat (sábado), era algo que poderia denunciar as suas práticas judaizantes, e consequentemente, um acto perigoso a partir dos finais do séc.XV e posteriores.
-Passar a mão pela cabeça com o simples propósito de perdoar alguma falta. Quando os pais pousavam suas mãos na cabeça dos filhos, e as desciam até às suas faces, pronunciando a respectiva benção.
-Ficar a ver navios, alusão ao facto de que em 1497, o rei D. Manuel, promete aos judeus que queiram partir, que se desloquem aos portos do litoral, pois disponibilizaria navios que os levariam para outros destinos. Só ao porto de Lisboa foi facultado o acesso a milhares de pessoas, pois os restantes portos, permaneceram encerrados. Alegando que não havia navios suficientes, D. Manuel ordenou o baptismo forçado de uma grande maioria deles. Clérigos chegaram mesmo a arrastar pelos cabelos e barbas muitas das pessoas, para lhes ser administrada água benta no Convento de S. Domingos, enquanto que as crianças eram lançadas às águas do Tejo, para deste modo serem convertidos mais rápidamente.
A expressão ficou até hoje como sinónimo de embuste, de esperança traída.
-Obras de Santa Engrácia, termo para designar um trabalho demasiadamente longo, interminável na sua conclusão, e que está associado a um cristão-novo de nome Simão Pires de Solis, que mesmo humilhado e torturado, não revela a sua paixão por uma jovem noviça do Convento de Santa Clara.
Acusado de furtar relíquias religiosas, é queimado vivo. Em pleno tormento e já meio tresloucado, grita bem alto que: “Será tão certo que sem crime, vou morrer, como certo não minto, que nunca se darão por realizadas por mais somas utilizadas, as obras de Santa Engrácia, que aqui vedes começar”.
Anos depois é comprovada a sua inocência, mas é tarde de mais para o coitado Simão Pires, e com maldição ou não, o facto é que a construção da igreja iniciada em 1682, só será concluída a sua finalização em 1966. (Foram precisos 284 anos para o fim das obras).
E assim nasceu a lenda…
-És mesmo judeu, ou só fazes judiarias, com certeza que todos nós já ouvimos isto em alguma determinada ocasião, é bem representativo do estereótipo anti-semita peninsular, ligando os judeus como alguém mau, que só faz asneira e maldades.
-Facas cruzadas dá azar, outro mito ligado aos cristãos-novos, tudo o que fosse uma cruz era sinal de profunda repulsa, dando origem a ditados populares como este.
-Meninos Rabinos Pinta Paredes, após Abril de 1974, foi a designação escolhida para identificar um movimento político português, que tinha por hábito pintar grandes murais revolucionários.


Enviado por: José Manuel Tapadas Alves Obrigada, Filho!









sexta-feira, 12 de junho de 2009

Avaliação pelo Coordenador do Departamento


Mérida - 1o de Junho


Andei à procura do sol quente destes dias. Na origem remota daquilo que somos, talvez possa encontrar a coexistência necessária para este labor interminável...

Mérida - 10 de Junho
Fuga estóica pela planície. Quero ver o passado, a sedimentação dos dias, a ruga vincada da História. Como te quero velha Ibéria! Aqueces e alimentas este ecletismo que nos constrói. Sublinhas as coisas necessárias...

Mérida - 10 de Junho

Quero lá saber desta fronteira. Eu desejo uma coisa singela, como este gaspacho fresco e perfumado. Assim posso: avaliar, avaliar-me, avaliar-te! Quero esse rendilhar feito de sol e da sombra das claridades longas.
Mérida - 10 de Junho
Anda! Refugia-te comigo. Esta é a ataraxia necessária, o relato dos momentos relevantes. O resto? O resto eu resolvo quando terminar o kéfir de cabra adocicado, memória do tempo a que pertenço e donde emigrei para olhar estas grelhas absurdas que eu própria, escrava helénica, tive que recriar...
Mérida - 10 de Junho

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Caligrafias...

Babilónia, Shamash, B. Museum


Recebi de Luz de Luma o desafio/brincadeira de, no tempo das teclas, mostrar-mos um pouco das nossas caligrafias. Saudosamente, recordei os velhos cadernos de duas linhas e os milimétricos, os aparos de letra inglesa e os da letra gótica, as canetas que ainda uso...sim, sou fanática por canetas de tinta permanente e só cedo a uma «bic» de trabalho. Faço parte dos que escrevem a preto e a minha caligrafia tem dias, mas, assim, numa folha branca sem linhas perde toda a rigidez e certezas do costume...que se cumpra a brincadeira!
E, cá vou eu desafiar cinco «bloguistas» amigas, neste caso, um pouco vítimas:


Isabel

Janaína

Juli

Helô

Cristina






escrita babilónica, Portal da História




quarta-feira, 8 de abril de 2009

Cultos Remotos


Antas da Ordem



Quando viajamos para Norte, neste pequeno país, ficamos noutro mundo. Os cultos adensam-se de religiosidade Católica e falar de religião enquanto se come abundantemente parece coisa necessária. Depois...haja boa disposição! Brinca-se com tudo, mesmo com a divindade.
A Regra está lá, salvaguarda-se o cânone. Foi imposto o limite. Roma o ditou. Estamos seguros no Norte. Temos certezas...


*mitraísmo - Senhora dos Prazeres


Nestes instantes - ser inquieto - a minha imaginação ruma para Sul. Cultos remotos vêm-me à memória: velhos jejuns; jantares de leite, obrigatórios; o «atabefe»; a ida à sacristia da velha capela para apreciar a enigmática relíquia e a noite bem dormida em pleno campo, acantonados, adivinhando a Primavera e ouvindo o balir longínquo dos rebanhos.
Havia magia...que uma pontinha de medo sublinhava. Nada era seguro, excepto o ângulo que a capela recortava na limpidez pura do amanhecer.



Senhora dos Prazeres




Boa Páscoa

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Olhar transformante

Mérida - plano da cidade romana



Mitra

“Se o cristianismo tivesse sido detido em seu crescimento

por alguma doença mortal, o mundo teria sido mitraísta.”

Ernest Renan, Marc Aurèle


Casa do Mitreo

«Mitra pertence às mitologias persa, indiana e romana. Na Índia e Pérsia representava a luz (deus solar). Representava também o bem e a libertação da matéria. Chamavam-na de "Sol Vencedor". Entre os persas, apareceu como filho de Aúra-Masda, deus do bem gerado em uma virgem, a deusa Anahira.

O culto de Mitra chegou à Europa onde se manteve até o século III. Em Roma, foi culto de alguns imperadores, denominado Protetor do Império.

O símbolo de Mitra era o touro, usado nos sacrifícios à divindade. A morte do touro, que representaria a Lua, era característica desse mistério que se espalhou pelo mundo helênico e romano por meio do exército. A partir do século II o culto a Mitra era dos mais importantes no Império romano e numerosos santuários (Mithraea, singular Mithraeum) foram construídos. A maior parte eram câmaras subterrâneas, com bancos em cada lado, raras vezes eram grutas artificiais. Imagens do culto eram pintadas nas paredes, e numa delas aparecia quase sempre Mithras que matava o touro sacrificial.

Algumas peculiaridades do mitraísmo foram agregadas a outras religiões, como o cristianismo. Por exemplo, desde a antigüidade, o nascimento de Mitra era celebrado em 25 de dezembro.

O mitraísmo entrou em decadência a partir da formação da Igreja Católica como instituição, sob ConstantinoWIKIPEDIA

http://www.freemasons-freemasonry.com/19carvalho.html



Encontramos sempre algo de importante entre as velhas ruínas, se o nosso olhar souber ainda ler os vestígios incólumes daquilo que nos constrói.
Viajamos para regressar...quem sabe se para buscar a Cidade Ideal - lugar do Homem.

Mitra esperava-nos em Mérida, para nos recordar que o Bem, a Justiça e a palavra Amigo se podem ainda ler nas velhas pedras.
Sabes... é a força do olhar transformante, tal como a definiu Aristóteles: a prevalência do núcleo sensível justificando o inteligível.




sábado, 18 de outubro de 2008

Estela do Guerreiro


Fotos: Elizabete Rodrigues

Assim se escrevia na velha Ibéria, aqui pelos lados do Alentejo. Bela escrita tartéssica, vulgarmente designada por «escrita do sudoeste».
Vale a pena visitar o Museu da Escrita em Almodôvar, no Alentejo, e olhar de frente o enigma.
Um dia saberemos o que escreveram os meus velhos ancestrais, aí pelo séc. VII A.C. ...

Ana