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07/08/13

 
 
Não pronuncies a palavra esperança
ela está fora de ti é vã quando não sabemos
dos círculos que traçamos com o corpo
 
inventa um animal e dança com os passos
suspensos de todas as formas exactas, respira
se necessário cai, cai sem medo
o erguer recomeça sereno
 
anela os afectos sempre que tocares
uma árvore uma flor a água
envolve-te neles profundamente
como se Deus fosse a urgência do Amor
 
tudo o que sabes é um anel que cresce
sem que possas antecipar a ave
que vai migrando nos teus olhos
haverá um momento iminente em que estarás
por detrás do olhar sabendo
que o corpo é uma encruzilhada do tempo
nele os sinais modelam um mapa legado
em cada acto presente
 
colhe o futuro nesse momento
 
 
   Rosa, Gisela Ramos. Tradução das manhãs. Póvoa de Santa Íria: Lua de Marfim Editª, 2013, p 23.
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03/09/09


"Vi - Ana do Castelo "

Nesta moldura branca a cidade és tu

escrevo-te como condição e semelhança
plena sem limites ou esquinas
contigo nesta página componho a grama pulsada
pelo tempo rememorando o sol e o silêncio
que em ti grafei um dia
e persisto na claridade e na folhagem
que despontam no leito que sublima o bulício dos dias
num disperso labor ou tráfego

em ti giram o espaço o rio
as horas os séculos o tempo e a foz
é no castelo que repousas serena
rodeada pelas muralhas outrora abrigo

pouso devagar os pés entre as ameias
e avisto-te por entre sílabas esguias
desenho o teu desejo e as ruas percorrem-me
trespasso o castelo e os muros numa incandescência ocre
e desaguo junto à margem do tempo
que reflecte um presente perpétuo
e vejo nesta página o nome
que eleva a ponte das raízes

Gisela Ramos Rosa In "Viana a Várias Vozes", Ed. Câmara
Municipal de Viana do Castelo, 2009.
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29/10/08




          "As palavras"


As palavras germinaram por entre as pedras
que se soltaram dos meus pulsos dos meus braços
e agora são pérolas transformadas
que se sucedem como figuras solares
espessas como o sangue ou a seiva
de um fruto de Ariadne.


                Gisela Ramos Rosa
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