Varal de Cordéis Joseenses

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sábado, 1 de outubro de 2011

Cordéis Joseenses no teatro de bonecos


   Depois de um certo silêncio cordelístico, aqui vai a boa nova: o cordel joseense "Satanás pedindo arrego vende o inferno a bom preço" está sendo adaptado para teatro de bonecos! Estou muito contente com a ideia - já faz tempo que sonho com essa interface e o convite veio bem a calhar.
   A estreia deve acontecer aqui em São José dos Campos, ainda em 2011.
   Aguardem mais informações...!
   Saudações cordelísticas,
P.Barja

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Cordel na feira

Domingo joseense de céu nublado, e a gente na feira do bairro de Santana (S.J.Campos) divulgando a literatura de cordel...


... e celebrando a parceria com grandes artistas: viva Edmilson Santini! Salve, Santos Chagas!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A Seca d´Alma é tão dura quanto a Seca do Sertão


   Fiz o poema abaixo para registrar o momento atual vivido na cidade de São José dos Campos, onde a população (jovens estudantes, principalmente) aos poucos vai acordando para a necessidade de manifestação nas ruas, contra os abusos de tantos (mas não todos, importante que se diga) políticos locais. Temos que estar muito atentos às questões ambientais, e o poema fala disso também, fazendo a ponte com a Seca do Sertão, tema de "A Seca da Alma", performance teatral que estamos apresentando por aqui:

A SECA D´ALMA É TÃO DURA
QUANTO A SECA DO SERTÃO

No galope cavalgamos
criando nossa poesia
porém, nesse dia-a-dia
é nossa dor que cantamos;
muitas vezes trabalhamos
sem ganhar nenhum tostão,
enquanto muito ladrão
aumenta a própria fartura
- A seca d´alma é tão dura
Quanto a seca do sertão.

O transporte anda pra trás,
teatro é abandonado
e o Banhado é vitimado
por crimes ambientais.
Já ninguém aguenta mais:
vão aprovar a extração
de areia em votação
no meio da noite escura?
- A seca d´alma é tão dura
Quanto a seca do sertão.

Não dá pra aceitar de novo
essa velha ladainha:
distribuem a farinha
mas privatizam o ovo!
Há quem se lembre do povo
só na hora da eleição,
mas nossa reclamação
tanto bate até que fura:
- A seca d´alma é tão dura
Quanto a seca do sertão.
 
   A ideia é usar esse poema também no início da performance teatral "A Seca da Alma", em que discutimos a situação dos nordestinos que, após sucessivas secas no sertão, acabaram migrando para o Sudeste em busca de oportunidades. Essas pessoas trabalharam e batalham muito, aqui ao nosso lado, e merecem respeito e aplauso. Por fim: VIVA A POESIA CIDADÃ - utilitária, sim, como diria o grande Moacyr Pinto, mas essencial para o bom combate.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Teatro-cordel - Prólogo (parte II)

(...)
Nosso empório nasceu antes
de ter sido descoberto;
no ano de 1500,
o negócio foi aberto
com índios e degredados,
talvez uns pobres coitados
- quem pode dizer ao certo?

As matas virgens que havia
prenunciavam fartura
e as índias - que maravilha! -
tinham a cabeça pura
e as vergonhas destapadas,
qual belas, morenas fadas
levando-nos à loucura.

A República nasceu
quase 400 anos
depois do Descobrimento,
mas não estava nos planos
ver um cenário de guerra
por causa de água e terra
- pobres dos republicanos...

Em nossas trincheiras vivem
não soldados bem armados,
mas simples agricultores,
muitas vezes desterrados.
Passando necessidade,
partem até a cidade
pra ser assalariados.

São muito trabalhadores
mas têm um defeito: pobres,
querem comer todo dia,
mesmo se lhes faltam cobres
- e, quando cantam em festa,
sua alegria é honesta,
parece até que são nobres!

Venham ver como essa gente
em São Paulo foi parar;
o suor que derramaram
fez do asfalto brotar
uma flor de aspecto novo:
uma flor, talvez, de povo
- isso é que vamos contar.
(P.R.Barja, 2011)

domingo, 31 de julho de 2011

Teatro-cordel - Prólogo (parte I)

Prezados,
no blog www.paulobarja.blogspot.com, venho registrando nas últimas semanas o processo de criação de um trabalho de teatro-cordel com a Cia Independente de Teatro, de São José dos Campos. A peça vai falar sobre nordestinos que, oprimidos pela seca, foram levados a viajar para SP em busca de melhores condições de vida. Segue abaixo a primeira parte do prólogo da peça:

PRÓLOGO

Povo amigo, agradecemos
seu tempo e sua atenção:
a história que contaremos
não deu na televisão;
qualquer semelhança vista
com a vida... dou a pista:
não é coincidência não.

Queremos falar de um povo,
uma família, um país:
gente que tinha bem pouco
(é assim que a História diz)
e andava por toda parte
com fé mas também com arte
procurando ser feliz.

Falamos – sim! - do Brasil,
terra grande, abençoada
mas que esconde em sua história
poeira mal assentada:
injustiça e preconceito,
trabalhador sem direito,
miséria mal camuflada.

Coisas que são escondidas
sob o tapete ou na fronha
tranformam-se em pesadelo,
quase matam de vergonha;
é importante falar disso:
não somos um povo omisso
- nós somos gente que sonha.

(continua)