Varal de Cordéis Joseenses

Contato: prbarja@gmail.com

(Sugestões de temas são bem vindas!)



Mostrando postagens com marcador professor. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador professor. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

CJ 97 - UM CORDEL A ANTONIETA (e a todos os professores)



A cada 15 de outubro,

nós precisamos lembrar

de uma grande professora

que soube nos ensinar

muito além até da sala,

pois quem sabe não se cala

- e vale a pena escutar.


Antonieta de Barros

foi formada professora

e a sua história de vida

é muito esclarecedora:

mostra a força feminina

de quem revelou ter sina

de mulher batalhadora.


Nascida em Florianópolis

em 1901, 

Antonieta teve infância

bem humilde, até comum.

Seu registro só aponta

nome da mãe, que desponta;

mas nome do pai? Nenhum.


Catarina, sua mãe,

viveu a escravidão.

Liberta, foi lavadeira

e depois abriu pensão

onde abrigava estudantes;

vivia melhor que antes,

mas luxo não tinha não.


Foi assim, nesse ambiente,

que Antonieta estudou:

com os jovens da pensão

é que se alfabetizou

e, para adquirir cultura,

no universo da leitura

Antonieta mergulhou.


Não tinha nem 20 anos

quando abriu curso: queria

alfabetizar adultos

daquela periferia,

mas deu aula até pra elite,

depois que ganhou convite

de escola da burguesia.


Em seguida, acumulou

no currículo outro ofício.

Em seus textos pro jornal,

só abordou tema díficil:

preconceito, educação,

política - por que não?

Cada texto era um míssil.


"Mulher não tem que opinar,

  pois nasceu para servir!"

"Seja rainha do lar,

  não queira nos dirigir!"

Os homens da oligarquia

reclamavam todo dia:

"Ela não vai desistir?"


"Não somos virgens de ideias",

respondia Antonieta,

que afrontava aqueles ricos:

era mulher, pobre e preta!

E com sua visão crítica,

embrenhou-se na política:

não fugia de uma treta.


Foi na década de 30

que a novidade surgiu:

uma deputada negra,

a primeira do Brasil

- era ela, Antonieta!

Brancos fizeram careta,

porém, firme, ela seguiu.


Voz da luta feminina

em meio ao patriarcado,

escreveu diversos trechos

da Constituição do Estado,

mas quando Getúlio veio,

seu destino ficou feio:

o mandato foi cassado.


Passou-se então uma década.

A ditadura acabou

e Antonieta, no voto,

para a Assembleia voltou;

Porém, simultaneamente,

sua carreira docente

ela nunca abandonou.


Neste segundo período,

ela criou o projeto

depois oficializado

numa lei plena de afeto,

cidadania e valor:

o Dia do Professor

foi aprovado sem veto.


Na década de 40,

a data era estadual;

foi no governo de Jango

que o Brasil, afinal,

aprovou sua extensão

e o 15 de outubro então

passou a ser nacional.


Mesmo depois disso tudo,

houve um historiador

que ofendeu Antonieta

com uma frase de horror:

"Essa negra quando fala

  é intriga de senzala!"

Mas por que falar da cor?


Antonieta respondeu:

- Fizemos do magistério

  a razão de nossa vida,

  o nosso ofício mais sério.

  Respondo aqui no jornal

  pois essa ofensa banal

  não levo pro cemitério.


- Sua Excelência, por sorte,

  poupa o povo da desgraça

  pois não quer ser professor.

  Há quem bem melhor o faça;

  um professor, pra existir,

  nunca deve distinguir

  nenhuma classe nem raça.


Essa professora incrível

que tanto nos ensinou

era bem jovem ainda

quando, por fim, descansou:

50 anos de idade.

Mas ganhou eternidade

pelo que realizou.


Antonieta, por certo,

sempre manteve nobreza

e dizia que, da vida,

a sua maior grandeza

estava na Educação.

Eu concordo; e vocês, não?

Seja nossa essa certeza.


P arabéns aos professores:

R espeito, afeto e coragem.

B elo é o ofício exercido:

A rte humana da mensagem

R enovada a cada dia

J unto àquele que inicia

A ulas e aprendizagem.


Paulo R. Barja,

14 de outubro de 2021.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Adivinhas Olímpicas (em sextilhas)

   Apresentamos aqui a produção coletiva final da Oficina de Cordel ministrada no SESC SJC, em maio/2016. Espero que apreciem!


Há muitos e muitos anos,
Olimpíadas existem:
Esportes tradicionais
Que aos séculos resistem
E outros até bem modernos
Que nossos jovens assistem.

Os jogos são uma forma
De união por toda a Terra:
Levam paz e amizade
Resistindo contra a guerra
Com a entrega das medalhas
A competição se encerra.

Desses jogos participam
Muitas nacionalidades
E agora vamos propor,
Para todas as idades,
as adivinhas olímpicas
e suas modalidades.

Você que vive correndo,
tome cuidado c´o abismo!
Mantenha-se então na pista:
nada de sedentarismo!
Acompanhe a Olimpíada
e se inspire no ___________.

Esporte tradicional,
com ação e reação,
sincronizado, de costas,
borboleta, por que não?
Faz muito bem pra saúde
a famosa __________.

Exige muito preparo,
força e atenção também.
Tem de quadra e tem de praia,
ela vai e ela vem...
Pode ser dupla ou sexteto:
é o _______! Sacou bem!

Essa outra atividade
É bela e mesmo fantástica
Tem rítmica e tem artística
Criatividade plástica
No solo, barra ou argolas:
esse esporte é a              !




Respostas (em sequência): Atletismo / Natação / Vôlei / Ginástica

domingo, 30 de junho de 2013

sábado, 29 de junho de 2013

Um Cordel dos Professores (para a sala de leitura) - I

Estamos trabalhando na coleta/elaboração/revisão de textos para o próximo cordel joseense, que será especial: fruto do curso recentemente ministrado aos professores da Rede Municipal de Ensino de São José dos Campos, trata-se de um trabalho coletivo, com participação de diversas professoras (vemos ao lado uma primeira versão da capa do cordel). Postaremos os textos aqui no blog, acompanhando a sequência do processo de revisão (abaixo, os primeiros poemas incluídos no folheto). Desde já, parabenizamos todos os participantes do processo, com um agradecimento especial à equipe da Secretaria Municipal de Educação e, em particular, à Mirian Oliveira, pelo apoio em todos os momentos. Desejamos boas leituras a todos, e viva a literatura de cordel!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Cordel na Escola (VIII) - São José dos Campos


   No início deste semestre, estive no Colégio Luce Prima, de São José dos Campos, falando sobre cordéis e fazendo o lançamento de diversos Cordéis Joseenses. Naquela ocasião, o colégio estava iniciando o projeto semestral de estudo e produção de literatura de cordel com os alunos. Foi um encontro muito bom: deu pra perceber que os alunos estavam muito interessados.
   No início desta semana, através de uma aluna da faculdade (cuja filha estuda no colégio), tive contato com o material produzido a partir do projeto - uma coletânea de cordel com textos dos próprios alunos, incluindo adaptação de histórias da tradição oral brasileira.
   Fiquei (mais uma vez) encantado com o projeto e a produção da moçada. Como é bom ver a cultura nacional sendo valorizada! Aí, acabei escrevendo um "poema-bilhete" pro pessoal. Aqui vai:

Quando eu leio uma história
recontada por criança,
acho isso uma vitória,
fico cheio de esperança:
com saúde, educação
e leitura de montão,
vida boa a gente alcança!

Parabéns aos alunos e professores!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Aplausos aos professores

Tocou o meu telefone:
fui, bem depressa, atender.
Logo que eu falei "Alô",
ouvi uma voz dizer:
"É Paulo que está falando?
 Ligo pra lhe agradecer!"

A voz era bem simpática,
mas quem era? Eu não sabia!
perguntei: "Perdão, quem fala?" 
Ela me disse: "Bom dia!
Até o presente momento,
você nem me conhecia..."

Fui ficando curioso
e ela então se apresentou.
Disse que era professora
e em seguida me contou:
"Estou lendo seus cordéis,
uma amiga me emprestou."

Falou do País do Sonho
e também da Flor Falante;
disse coisas bem bonitas
e uma me intrigou bastante:
"Há pouco fui aplaudida
 por sua escrita elegante."

"Cheguei na sala de aula
 e li para a criançada
 um dos Cordéis Joseenses;
 a turma, toda animada, 
 quando acabei a leitura, 
 aplaudiu, entusiasmada!"

"A aula acabou há pouco
 e então vim telefonar:
 são pra você os aplausos...
 Se quiser, venha buscar
 - e com nossos professores 
   venha também prosear."

Foi um gesto tão bonito
que acabou me emocionando.
Agradeci muito a ela: 
"Vou vê-los! Só não sei quando...
 Mande um email pra mim
 que nós vamos combinando!"

Desliguei o telefone,
de uma coisa convencido:
cada aplauso era pra ELA
e era muito merecido...
quem incentiva a leitura
tem que ser mesmo aplaudido!