Varal de Cordéis Joseenses

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sábado, 15 de setembro de 2018

Décimas para Gero

Com a vinda de Gero Camilo para a FLIM, aqui em São José dos Campos, era inevitável que a poesia se derramasse:


A Vida fica mais bela
e o Brasil, mais brasileiro
quando aqui nesse terreiro
aparece na janela
Adriana Couto. É ela,
sempre um sorriso no olhar,
que chega pra anunciar
um cabra que vale xilo:
o grande Gero Camilo
que veio nos visitar.

O Brasil é grande assim,
do Ceará à Paraíba:
vem por baixo, vai pra riba,
mora em você, mora em mim.
Esse Brasil não tem fim,
por mais que tenha inimigo;
nós protestamos, eu brigo,
posso até perder o centro,
mas trago sempre aqui dentro
o país que é meu abrigo.

Gero diz grande verdade
já no primeiro momento:
"Penso que o distanciamento
  me trouxe profundidade."
Poeta, canta à vontade
e acerta em nós sua seta.
Chama então outra poeta:
Maria Vilani diz:
“Grajaú é o meu país!”
Eis a verdade completa!

Mas poesia é mesmo time:
pessoal e coletiva.
Se mantém a voz ativa,
é em grupo que se redime.
Isso não é nenhum crime,
como posso constatar:
no interior e no ar
vive a poesia de Hilda;
quem traz Adélia é Zenilda
cotidiano a brilhar.

Beleza que não se inventa:
Paulo Freire segue em nós.
Maria aprumou a voz;
foi estudar aos 40!
Talento que assim se esquenta
é uma receita de bolo
que se improvisa e dá rolo
porém tem final feliz...
Essa mulher hoje diz:
“Eu sou a mãe do Criolo!”

“Minha primeira leitura
Foi um livro manuscrito",
disse Gero. Que bonito
é o processo da Cultura!
Biblioteca, que loucura:
pelo título escolhia
e, a cada livro que lia,
aprendia, o que é normal;
o seu referencial
ele aos poucos construía.

Percebeu assim, arisco:
faltava protagonismo
pra ele naquele abismo
de clássicos. Vida é risco!
“Quem sabe agora eu petisco,
lá na USP arrumo vaga...”
Poeta às vezes se caga,
porém não desiste não:
escreveu A Procissão,
que até hoje bem lhe paga!

Simplicidade é um dom
que pra sempre nos cativa.
Poeta vive à deriva,
mas isso pode ser bom.
Quando atua ou faz um som,
gera no peito escarcéu
e leva a gente pro céu
lendo quarteto e terceto;
comprou livro de soneto
com a grana do aluguel!

Nesse encontro literário,
meus versos eu ofereço
àqueles que não tem preço
e compõem meu relicário.
Gero é extraordinário
porque é próximo da gente.
Sua presença é um presente
e nos renova a esperança
de um Brasil que inda é criança
mas já fica experiente.