Neste 23 de julho,
Suassuna foi pro céu.
A Compadecida, ao vê-lo,
fez o maior escarcéu:
"Eis que chega mais um cabra
que sempre amou bom cordel!"
"Amei cordel e soneto;
mais que tudo, amei meu povo
e o sertão que me inspirou
a fazer teatro novo;
com a força Armorial
até hoje me comovo."
"Chego bem, venho tranquilo,
não pedi nenhum socorro.
Testamento do escritor
não é como o do cachorro:
sei que as minhas obras ficam
mesmo bem depois que morro."
O sertão fica mais pobre,
mas o céu fica mais rico:
Ariano Suassuna,
nas asas de um tico-tico,
foi visitar Rubem Alves
e acabou dizendo: eu fico.
Juntos viram João Ubaldo
e outro Poeta querido.
Essa feira literária
vem causar grande alarido:
com escritor de primeira
eis que o céu tá bem servido!
Estou certo de que o céu
nem se abrisse um edital
conseguiria uma equipe
de tanta força e astral
para compor a mais nova
redação celestial.
Com esse rol de escritores
de talento extraordinário,
o Brasil, em verso e prosa,
enriquece o relicário,
tornando assim nosso céu
cada vez mais literário.
(Paulo Roxo Barja)