Varal de Cordéis Joseenses

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segunda-feira, 8 de junho de 2020

Cordel da COVID19



Venho aqui dar um recado
ao amigo cidadão;
aprendi que ensinamento
só existe em comunhão
e falar do isolamento
hoje é a minha missão.

Nestas semanas difíceis,
nós todos muito aprendemos
sobre o vírus da COVID,
ameaça que não vemos,
mas cujos tristes efeitos
todos já compreendemos.

Muitos perderam a vida;
outros foram internados
em hospitais que, por vezes,
chegam a ficar lotados
deixando seus funcionários
seriamente preocupados.

As equipes de Saúde,
assim como professores,
tem feito jornada múltipla...
Então, pedem 2 favores:
- Fiquem em casa! Só saiam 
de máscara, meus senhores!

A curva de novos casos,
numa pandemia assim,
tem 1 formato de sino,
já estudado, vai por mim:
não é de um dia pro outro
que o problema chega ao fim.

O isolamento é importante,
nisso já demos um show.
O desafio continua:
a gente ainda não chegou
"do outro lado da montanha"
- o perigo não passou.

Um retorno consciente
ao convívio social
não pode ser confundido
com baile de carnaval
nem com a corrida às compras
na véspera do Natal.

Por isso é que nós pedimos:
- TOME CUIDADO, MOÇADA!
Não façam a festa agora;
sigam de mente focada
pra Saúde da cidade
ser logo recuperada!

Paulo Barja

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Apresentação do Cordel Joseense 91 em evento no INPE

   Segue o link para a apresentação do CJ91, cordel sobre um projeto social e educativo desenvolvido por René Novaes Jr (INPE) e diversos parceiros. Viva a pesquisa social e colaborativa!


quinta-feira, 24 de outubro de 2019

terça-feira, 6 de novembro de 2018

CJ 84 - Contradições da Cidade


A seguir, disponibilizamos a capa (feita por Claudia Regina Lemes) e a terceira parte (final) do Cordel Joseense 84, que destaca as contradições de uma cidade rica: São José dos Campos.




quinta-feira, 26 de abril de 2018

Conferência Livre em Cordel

     Neste mês de abril, estivemos no Pinheirinho dos Palmares, em São José dos Campos, onde participamos do Projeto Conferências Livres, etapa da Conferência Nacional dos Direitos da Criança e Adolescente:

     A participação dos Cordéis Joseenses no evento teve dois momentos: i) acompanhamento das atividades de acolhida e integração, registradas em cordel; ii) orientação da criação de poema coletivo em métrica de cordel, vinculado ao tema proposto aos jovens.
     Destacamos dois pontos, no que se refere à participação dos jovens no evento: i) a participação foi majoritariamente feminina (os meninos apresentaram maior tendência à dispersão, enquanto as meninas participaram ativamente); ii) quase todos os participantes apresentavam idades entre 8 e 12 anos, ou seja, a participação infantil superou em muito a dos adolescentes. 
     Seguem os poemas compostos:

INTEGRAÇÃO

- Você veio aqui pra que?
Pode agora responder.
- Eu não tô fazendo nada;
 vim aqui só pra comer,
  mas minha amiga me disse:
  temos muito a aprender...

E uma coisa importante
desse nosso aprendizado
é perceber que aprendemos
com o colega do lado
e que acaba, nesse instante,
de nos ser apresentado.

Ouvir é muito importante:
é a primeira condição.
Para aprender e ensinar,
tem que prestar atenção
e perceber o que o outro
tem a ensinar, como não?

Na teia que a gente forma,
todo mundo colabora:
o sentimento de dentro
podemos botar pra fora
e construir a união
dia a dia, hora a hora.

Nossas mãos são diferentes:
são diferentes na cor,
diferentes no tamanho,
diferentes no calor
- mas todas são criativas:
a do aluno e a do doutor.

As diferenças que temos
são positivas pra gente:
o arco-íris é bonito
e é todinho diferente.
Quanto mais cores unidas,
mais belo é o nosso ambiente.


NA ESCOLA

Quando estamos na escola
e queremos aprender,
passamos a aula inteira
estudando pra valer,
escutando a professora
e o que tem a nos dizer.

Quando, no meio da aula,
alguém mostra preconceito,
magoando o coleguinha
sem que tenha esse direito,
isso dói no coração,
pois demonstra desrespeito.

Outros exigem respeito
mas não tem educação:
fazem barulho na aula,
falam muito palavrão
atingindo o professor
no ouvido e no coração.

Se você chuta a parede
ou agride o companheiro,
desperdiçando a merenda
e também nosso dinheiro,
mude logo de atitude:
deixe de ser barraqueiro!

A gente veio aprender,
mas pode conscientizar,
respeitando e dando exemplo
de como compartilhar
um espaço que é de todos
e que pode melhorar.

Temos oportunidade,
com caneta e com papel,
de expressar nossas ideias
escrevendo até cordel.
Somos arco-íris vivo;
nosso bairro é o céu.


CONCLUSÃO

Percebemos que a escola
tem muita diversidade;
cada aluno tem a sua
própria personalidade,
mas calma, que isso não dói:
a diferença constrói,
se existe boa vontade.

Convivência é desafio
que a gente deve encarar
para aproveitar a vida
sem jamais menosprezar
aquele que ainda não sabe
mas, antes que o ano acabe,
muito vai nos ensinar.


Ao lado de uma professora da escola, o cordelista inicia os trabalhos.
Na mesa, as pesquisadores Vanda Siqueira e Paula Carnevale.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Cordel da RM Vale

(composto em 14/12/2015, a partir do I Colóquio Diálogos Sobre a RMVale, ocorrido na Univap Urbanova)


Abertura de um diálogo
É sempre um grande momento
Para aprimorar ideias,
Repensar planejamento
E falar de estudo técnico:
Conexão e Movimento.

É bom ver aqui presentes Muitas instituições Unidas pelo interesse Em propor as soluções A partir de experiências E até de provocações. Janeiro, 2012: Foi, por lei estadual, Criada a RM Vale. Eis o marco oficial: 39 municípios Unidos neste canal. No passado, já tivemos Outras iniciativas De macrozoneamento, Experiências ativas Que devemos estudar Por serem propostas vivas. Nós precisamos, agora, Ampliar a consciência Sobre a RMVale, Exercitar transparência E trazer para o debate A voz forte da ciência. Sandra Fonseca falou: Pensamos “Diversidade” Como algo bem positivo, Porém, tem que haver vontade De ouvir CADA município E sua necessidade. De Taubaté vem a ideia: Valorizar por igual Tanto a tecnologia Quando a área CULTURAL, Que no setor de Turismo Sempre foi essencial. Uma vez reconhecida A nossa diversidade, Pergunta-se: como, então, Construir identidade? “Região” é muito mais Do que “soma de cidade”. Temos Parques Tecnológicos Em diferentes locais, Mas ainda estão isolados: Precisam se integrar mais, Para formar uma rede Sem fronteiras, com canais. Voltando à universidade: Montar os laboratórios E falar com a cidade Através de observatórios Pede simplificação Dos textos dos relatórios... Procurar as parcerias Entre público e privado É um gesto que já não pode Ser somente criticado; É necessário atrair Também o empresariado. Pedro Ribeiro alertou Sobre os Planos Diretores Que usam termos diferentes, Cada qual com suas cores... Capacitação vem bem, Para evitar dissabores. Vou entrar nesse debate Trazendo a provocação: Percebo ser importante Levantar a discussão Sobre a RM Vale Na escola, na Educação! A RM BH E o Consórcio do ABC Mostram metodologias Que vamos, sim, conhecer: Pensar “fora da caixinha” É o caminho pra aprender. Penso que a RM Vale Nessa reunião avisa: Para que existam bons ventos E não somente uma brisa, Parece fundamental Uma RM Pesquisa! Somos muitos, vamos juntos Criar metodologias, Integrar nossos discursos, Sociais tecnologias, Dialogar hoje e sempre: Abrir muitas novas vias.
Paulo R. Barja

domingo, 16 de agosto de 2015

CJ 58 - Uma História (de) Menor

O cordel joseense 58 traz uma narrativa ficcional que busca servir de ponto de partida para um debate a respeito da maioridade penal no Brasil.
        Arte da capa: Cláudia R. Lemes

Texto INTEGRAL do cordel:

Eu tenho 16 anos;
sempre fui pobre, é verdade.
Cheguei a ir para a escola
na Zona Sul da cidade,
mas na rua é que aprendi
sobre a tal maioridade.

Gostava muito da escola
e de futebol também.
Sou craque, modéstia à parte,
mas ver jogo não convém:
é muito caro o ingresso;
custa às vezes mais de 100...

Queria juntar dinheiro
também pra ajudar em casa.
Seu Ricardo é um cara grande
e, quando o aluguel atrasa,
ele grita com a gente:
“O barraco é meu, que brasa!”

O problema: eu sou pequeno,
fraco pra carregar peso.
Mas um dia me apontaram:
“Pula muro, sai ileso
 e tem cara de coitado, 
de pobre mesmo, indefeso!”

Pra fazer umas entregas
eu fui então contratado.
Recebia por semana
e fiquei aliviado:
ao fim de um ano, comprei
nosso barraco alugado.

Comecei a perder aulas, 
mas os jogos não perdia:
agora eu tinha dinheiro
e a todos eu assistia.
As entregas, que eram muitas,
Mudaram meu dia-a-dia.

Minha irmã tem 17;
É garota de programa.
Capitão e deputado
ela já levou pra cama
e um pastor a visitava
dizendo ”Jesus te ama”.

Todos eles preocupados
por ser negócio ilegal:
“Menor de idade é problema;
se pegam, vai ficar mal”
- mas acharam solução
pra seguir no bacanal.

Aprovaram redução
dessa tal maioridade:
“Agora a barra tá limpa,
vamos ficar à vontade
para curtir as meninas
dentro da legalidade!”

Alguns têm até interesse
comercial na questão...
Possuem motéis e bares:
mais lucro agora terão.
Vender bebidas aos jovens?
Agora eles poderão!

Eu seguia nas entregas
e um dia fiquei com medo:
“Agora eu posso ser preso?
 Digam pra mim, sem segredo!”
Com desprezo, então, meu chefe
me deu um sorriso azedo:

“Moleque, fica tranquilo!
 Falei com o presidente 
e ele foi compreensivo: 
aliviou para a gente. 
A redução não te pega. 
Só se matar um gerente...”

Falou e mostrou a arma
que levava na cintura.
O cara era meliante
desses fortes, linha dura.
Nessa hora, eu cometi
uma estúpida loucura.

Disse pra ele: “Tô fora!
Não vou mais fazer entrega.
Eu quero voltar pra escola!”
“Meu dinheiro não se nega! 
Vem aqui, moleque, eu vou
 te apresentar minha adega.”

Fomos pra um recinto escuro.
Tinha garrafas de vinho.
Ele serviu uma taça,
mas me disse: “Um minutinho!
 Entrei aqui com você,
porém vou sair sozinho!”

Naquele instante, o safado
apontou arma pra mim.
Fui mais rápido que ele
- eu tinha uma arma, sim!
Matei o cara ali mesmo,
mas esse foi o meu fim.

Os tiros que eu disparei
chamaram muita atenção.
Saí do local correndo,
mas não adiantou não:
em minutos, fui jogado
pra dentro de um camburão.

“Foi legítima defesa!”,
eu tentei argumentar.
“Preto e pobre não tem dessa!
 Moleque, cê vai mofar
 numa cela da cadeia,
 seu legítimo lugar.”

Daqui da cela eu escrevo.
Tô preso. Peço uma chance...
Eu quero voltar pra escola;
virar rapper é meu lance.
Tenho 1 sonho: que a justiça
no nosso país avance!




Paulo R. Barja

sábado, 13 de junho de 2015

CJ 57 - Quem sofreu com Pinheirinho...

... Não quer a Via Banhado!

O Cordel Joseense 57, disponibilizado na íntegra a seguir, faz parte de um esforço de cidadãos joseenses para conscientizar a respeito da necessidade de preservação da área do Banhado, SEM a construção de uma via expressa ali:


Serpente cruel e dura,
maior até do que um trem:
quatro quilômetros tem,
30 metros de largura;
feita de ganância pura,
destrói o campo lavrado,
massacra o pobre coitado.
Nunca vi, mas adivinho:
Quem sofreu com Pinheirinho
não quer a Via Banhado!

Para quem não é daqui,
depressa vou explicar:
o Banhado é um lugar
dos mais lindos que já vi.
Fiquei triste quando ouvi
que estaria ameaçado
por empreiteiro assanhado
e governo sem carinho:
Quem sofreu com Pinheirinho
não quer a Via Banhado!

Área de preservação,
brisa fresca da cidade,
bem merece, na verdade,
ambiental proteção.
Pra que fazer construção
extinguindo um povoado
e deixando degradado
quintal nosso e do vizinho?
Quem sofreu com Pinheirinho
não quer a Via Banhado!

O projeto é elitista:
transformando casa em barro,
só prevê estrada pra carro!
Promete um monte de pista
só pra rico e pra turista,
pois o pobre é descartado,
expulso, desalojado
pra não ficar no caminho:
Quem sofreu com Pinheirinho
não quer a Via Banhado!

Argumento sem razão
tem quem diz que o ambiente
já não serve para a gente
porque tem degradação.
Ao contrário, meu irmão:
Sem discurso esfarrapado!
Seja então fiscalizado
o esgoto, bem direitinho.
Quem sofreu com Pinheirinho
não quer a Via Banhado!

Quem diz que o trânsito deve
melhorar, sabe que existem
alternativas. Se insistem,
é porque têm a mão leve...
O poeta aqui se atreve
a supor negociado
um recurso avantajado
por interesse mesquinho:
Quem sofreu com Pinheirinho
não quer a Via Banhado!

Nos Campos de São José,
três anos atrás, eu vi
desocupação aqui
e a gente perdendo a fé.
Achando não dar mais pé,
teve um povo que, acanhado,
recolheu-se assim, calado,
porém não está sozinho:
Quem sofreu com Pinheirinho
não quer a Via Banhado!

Cordelista joseense,
eu moro aqui bem no centro
da cidade, estou por dentro
e quero que você pense:
Via Banhado? Dispense!
É projeto equivocado,
que deixa o povo assustado,
sem mais flor, só com espinho:
Quem sofreu com Pinheirinho
não quer a Via Banhado!

Paulo R. Barja

sábado, 23 de maio de 2015

O Cine Teatro vive!

(sobre o início das obras de restauração do Cine Teatro Benedito Alves da Silva, em São José dos Campos)


Foi em São José dos Campos.
Um teatro foi fechado.
Diziam: "Só por 3 meses...
logo abrirá, reformado!"
Passaram-se 12 anos
junto a tantos desenganos
- e o teatro? Abandonado.

Porém a comunidade
dele nunca se esqueceu.
Pra manter acesa a chama,
cada artista se valeu
da força dessa lembrança:
teatro, música e dança,
tudo que ali se viveu.

Dizem uns que a Vida é Sonho;
hoje o sonho é bem real.
Nenhum grilhão aprisiona
a força de um ideal:
cumpre-se agora a promessa
e a restauração começa
- Engenho & Arte, afinal!

Depois de tanta batalha,
tanta manifestação:
a todos os que fizeram
e a todos os que farão
do Cine Teatro novo
espaço pra voz do povo,
nossa imensa gratidão!

Paulo R. Barja



segunda-feira, 20 de abril de 2015

CJ55 - Máquina presta serviço; o Homem é mais do que isso


Um trecho do cordel novo:
(...)

Mais que a máquina, é a Vida
que me interessa, por fim.
Eu só sei viver assim:
não automatizo a lida.
Quando a máquina convida
a viver sem perguntar,
“Não podemos nos calar!",
diz a voz da consciência:
nossa humana independência
precisamos preservar.

(...)
(P.R.Barja)

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Cordel Joseense 54: Atentado Terrorista - NÃO foi a religião

Segue trecho inicial do Cordel Joseense 54, que fala sobre o recente atentado à revista Charlie Hebdo, na França, que resultou na morte de 12 pessoas:


Janeiro, 2015:
bem na capital da França,
um atentado terrível
mostrou que o mal não se cansa
de bater forte na gente
e ferir nossa esperança.

(...)
Editor e cartunistas
foram mortos, um por um
- entre eles, Georges Wolinski,
grande mestre do cartum -
e os assassinos fugiram
com uma calma incomum.

(...)
Doze mortes confirmadas,
sangue e lágrimas no chão;
o mundo inteiro chocado
com grande consternação,
mas de uma coisa estou certo:
NÃO FOI A RELIGIÃO!



* para ler a versão completa (folheto impresso),
entre em contato (paulobarja@ig.com.br)