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Podcast - Perfil: a magnífica trilha do pianista Horace Silver, do hard bop ao jazz-funky !!!

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Horace Silver Trio (1953)
Horace Silver with Jazz Messengers (1954)
6 Pieces of Silver (1956)
Blowin' the Blues Away (1959)
Song for My Father (1964)
The Jody Grind (1967)
Serenade to A Soul Sister (1968)
It's go to Be Funky (1993)
Hardbop Grandpop (1996)

Olá colegas! Sejam bem vindos a mais um programa do nosso Podcast Farofa Moderna. Este episódio, que foi ao ar originalmente em meados de 2010 quando eu andava a escrever um blog no Portal MTV, trata da grande contribuição do pianista e compositor americano Horace Silver para o jazz no período do hardbop, iniciado em meados dos anos 50, até o desabrochar do jazz-funky e do soul jazz nas décadas de 60 e 70. Na verdade, o próprio Silver foi um dos fundadores do estilo de jazz conhecido como hard bop quando se associou com o baterista Art Blakey para formar, em 1954, o lengendário The Jazz Messengers, provavelmente a maior banda e "escola" da história do jazz. Mas o hard bop foi apenas um início para Horace Silver... Acima está a seleção de discos abordados neste podcast. Ouçam!

Radio Farofa Moderna - Hard Bop & Soul Jazz: blues, gospel, spirituals, swing, funky, soul!

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E aê galera, senhoras e senhores! Além do já existente canal do 'jazz contemporâneo', o blog Farofa Moderna tem o prazer de vos apresentar mais um canal da Radio Farofa Moderna, dessa vez especializado nos estilos de jazz conhecidos como hard bop e soul-jazz -- e já quero vos deixar a expectativa de que, no decorrer de um curto prazo, estaremos concluindo outros canais com outros estilos de jazz, procurando abranger os mais variados gostos e exigências dos nossos visitantes e, claro, mantendo nossa visão de autenticidade do jazz, independente da sua abordagem tradicional, moderna ou contemporânea. Este canal, que aqui vos apresento, abrigará mais de 70 sonzeiras dos estilos de jazz conhecidos como hard bop e soul jazz, compreendidos entre meados dos anos 50 até o final dos anos 60. O player é automático e a seleção é aleatória, ou seja, a cada vez que o ouvinte clicar sobre o canal uma nova sequência de faixas será tocada: isso possibilita que o ouvinte conheça novas faixas e novos músicos a cada vez que ele clicar no canal para ouví-lo, além de evitar um certo “cansaço” em caso do mesmo ouvinte querer ouvir a seleção inúmeras vezes.

O estilo chamado hard bop foi desenvolvido por músicos negros em resposta ao cenário dos músicos brancos do estilo cool jazz e do West Coast americano que praticamente passaram a dominar o jazz no início dos anos 50. O hard bop é nada mais do que uma retomada e uma extensão do bebop, linguagem fundada pelo genial saxofonista Charlie Parker e pelo trompetista Dizzy Gillespie em 1945. Porém, no hard bop a “levada”, o “swing”, é quase sempre mais lenta do que no bebop, que já nascera como um estilo muito rápido e que exigia do instrumentista uma capacidade excepcional de tocar uma quantidade absurda de notas abruptas em velocidade. O hard bop, ao contrário do bebop dos anos 40, se formalizou através de andamentos mais lentos e balançantes – até mesmo a ponto de se aproximar muito da dança, do swing, só que numa abordagem mais afro e lenta --, isso porque ele condensou outras influências afro-americanas que foram englobadas no jazz nos anos 50 e que não eram englobadas na primeira versão do bebop nos anos 40: há, portanto, uma maior abordagem das variabilidades harmônicas e melódicas em torno dos “riffs” do blues, gospel e da emergente soul music da época (ou Rhythm'n'blues).



No podcast vocês ouvirão nomes conhecidos que fizeram história a partir do hard bop tais como: Max Roach, Horace Silver, Art Blakey, Miles Davis, John Coltrane, Donald Byrd, Wes Montgomery, Lee Morgan, Lou Donaldson, Hank Mobley, Charles Mingus, dentre outros. Entre os nomes menos tarimbados estão: Lucky Thompson, Gigi Gryce, Eric Dolphy, Oliver Nelson, Booker Little, entre outros. Apesar da preponderância do blues, gospel e soul, também há uma tênue influência afro-latina por meio de rítmos como o calypso, o boogaloo, a salsa e o mambo, haja vista que músicos como Dizzy Gillespie e Art Blakey já vinham adicionando elementos afro-latinos na rítmica tradicional do jazz. Contudo, a maior herança deixada pelo hard bop foi o elemento “funky”, um “beat” (batida) que foi se desenvolvendo e se distanciando do swing tradicional do jazz: dois dos grande pioneiros da "pegada" funky foram o saxofonista Lou Donaldson e o pianista Horace Silver. Nos anos 60, a partir das enérgicas batidas do rock'n'roll (talvez originadas da batida “shuffle” já existente nas levadas das bandas de que englobava variabilidades mais animadas do blues, como o boogie-oogie), da síncopação “funky” já existente no jazz e da espiritualidade do gospel e da soul music (o chamado elemento “spiritual” da música negra americana), o cantor James Brown fundou o gênero conhecido hoje como “Funk”, uma marcação rítmica inicialmente simplificada e marcante que se caracterizou e desenvolveu suas variantes a partir dos anos 70. Já o Soul Jazz é uma versão mais “spiritual” do hard bop, onde o gospel é o que fica mais evidente: os expoentes são os organistas Jimmy Smith, Richard Groove Holmes, o saxofonista Lou Donaldson, o guitarrista Wes Montgomery, entre outros. Essas delimitações – entre bebop, hard bop, soul jazz e funky – foram frutos de anos de desenvolvimento musical, onde vários fatores étnicos, folclóricos e, de um modo geral, culturais, foram protagonistas através dos vários músicos que colaboraram com suas personalidades, inovações e abordagens: portanto é muito difícil, até mesmo para o jazzófilo já “macaco velho”, saber exatamente onde acaba um estilo e se inicia o outro. Mas, apesar de tentarmos, por meio de palavras, definir essas variantes do jazz, o objetivo mesmo é esquecer um pouco dos rótulos e deixar que nossos ouvidos e nossas emoções se encarreguem de definir, pra nós mesmo, o que é o bom e velho jazz. Clique nas imagens para saber mais e/ou acesse nossa sessão de rádio e ouça os outros canais!!!


A desconhecida arte do piano-trio de Herbie Nichols

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Herbie Nichols: voz própria, improvisações angulares e ostracismo.

Absolutamente, Monk não é o único pianista de toque singular no jazz, mas sim apenas o mais mitológico deles. E a arte do piano-trio de Bill Evans - a cultuada interatividade entre piano, bateria e baixo - não é a mais rebuscada, mas sim apenas a mais famosa. Ok...tú, caro leitor, já estás a pensar: "Que audácia! Quem, em sã consciência, tentaria desclassificar dois dos maiores mestres do piano de forma tão categórica?". Mas aqui vai a explicação: No quesito singularidade harmônica e improvisacional, o desconhecido Herbie Nichols teria méritos mais do que suficientes para peitar o monge Thelonious, ao mesmo tempo em que peitaria facilmente Bill Evans no quesito da ênfase ao estilo de combo chamado piano-trio - ressaltando que essas comparações não são, necessariamente, para efeito de disputa, mas sim para análise. E o motivo pelo qual a maioria dos jazzófilos não sabem disso ainda é que Nichols foi um dos mais subestimados pianistas dos anos 40 e 50, fato que resultou em um ostracismo que permaneceu desde seu início de carreira até sua morte prematura em 1963, aos 44 anos de idade. Consequentemente, Nichols gravou pouquíssimas vezes. Entre suas gravações solos estão o conjunto de composições próprias num total de 3 discos para a Blue Note (conferir no catálogo de box da Mosaic), editadas entre os anos de 1955/ 56, além de um último álbum gravado pela Bethlehem Records em 1957.

Ora, num primeiro momento ninguém diria que, durante o efervescente cenário do bebop, Herbie Nichols já figurava entre os grandes músicos que frequentavam clubes do Harlem, como o Milton's Playhouse, por exemplo. Na verdade, Nichols começou sua carreira no final dos anos 30, chegando a alcançar considerável respeito como compositor em meados dos anos 40. Aliás, foi como compositor que Nichols se assegurou nos cenários da sua época, já que, enquanto músico, não era muito chegado aos climas de disputas entre instrumentistas virtuoses, fato tão comum na era dos beboppers. Tanto que, em 1951/52, a grande pianista Mary Lou Williams gravou um disco com suas composições e, quatro anos mais tarde, Nichols comporia a grande canção Lady Sings the Blues em parceria com ninguem menos que Billie Holiday, carinhosamente conhecida como Lady Day.

Em se tratando da sua maestria ao piano, Herbie Nichols parecia se dispor de características aproximadas às de Monk, assim como este chegou a ser influenciado pelo estilo "stride" de tocar de Mary Lou Williams - e pelo pouco que se sabe, eles, Monk, Nichols e Mary Lou, eram colegas próximos, gênios que frequentemente trocavam figurinhas entre si. No entanto, Nichols firmou seu próprio estilo, sem ficar taxado como um mero seguidor de Monk. Ao contrário, Nichols chega a soar melodicamente mais ousado que Monk e tão angular quanto este, ainda que menos fragmentado e harmonicamente menos "escuro". Ou seja, pra facilitar o entendimento, basta crer que Herbie Nichols era um improvisador de mão cheia, utilizava menos pausas e suas harmonias não chegavam a ter tantas dissonâncias quanto às harmonias escuras de Monk, esse sim afeito ao uso de pausas - como efeito para fragmentar a música - e com uma improvisação mais econômica, ou seja com uma quantidade menor de notas.


Em relação ao estilo de combo denominado como piano-trio (combo composto de piano, baixo e bateria), o qual Bill Evans foi o responsável por popularizar com incomparável sensibilidade, o trio de Herbie Nichols já mostrava uma interação única e avançada para os anos de 1955 e 1956, muito antes de Evans aparecer com seu power trio constituído de Scott LaFaro no contrabaixo e Paul Motian na bateria. E essa arte interativa de tocar num econômico grupo constituído de apenas três dos principais instrumentos - piano, baixo e bateria - pode ser apreciada num box de três discos lançado pela Blue Note/ Mosaic, intitulado Herbie Nichols Complete Blue Note Recordings, onde ele grava 1/3 das suas 170 composições, acompanhado de um trio composto por músicos como Al McKibbon e Teddy Kotick (revezando-se no contrabaixo), além de Art Blakey e Max Roach (revezando-se na bateria). Trata-se, então, de um registro imprescindível que não só mostra a singularidade de Herbie Nichols como pianista, mas é um registro precioso com um dos maiores trios da história do jazz, ainda que esse seja totalmente desconhecido do grande público.


Curiosamente, um outro pianista que mostraria um estilo singular e avançado - e também gravaria pelo selo Blue Note - seria Andrew Hill que, coincidentemente ou não, iniciou sua carreira em 1956 gravando o album So in Love justamente com piano-trio (constituído do desconhecido baterista James Slaughter e do contrabaixista Malachi Favors). Ambos, Herbie Nichols e Andrew Hill, moldaram seus estilos de improvisar com as influências da música erudita moderna: Nichols adorava Bela Bartók e Erik Satie, enquanto Hill chegou a estudar com o grande compositor Paul Hindemith. Sobre a comparação entre Thelonious Monk, Herbie Nichols e Andrew Hill no quesito de singularidade, o produtor Michael Cuscuna disse em uma entrevista ao canal NPR (National Public Radio) logo após a morte de Hill, em Março de 2007: "He (Hill) had a different way of looking at things. A completely different view point - not unlike Thelonious Monk or Herbie Nichols - people that just develop their own vocabulary. And like Herbie Nichols or the Thelonious Monk, there was no mistaking four bars of Andrew Hill piano, or a Andrew Hill composition. There was no mistaking them". Conclusão: enquanto pianistas contemporâneos, como Brad Mehldau e Keith Jarrett, ampliam a arte de tocar em trio como forma de mostrar influências diretas do supra-reverenciado Bill Evans, o peculiaríssimo Nichols perdura esquecido em mais de uma centena de composições, folhas quase que totalmente intocadas. Há algumas ressalvas. Como aconteceu em 1984, quando o pianista do free jazz europeu Misha Mengelberg lançou o disco Change of Season: The Music of Herbie Nichols, com o saxofonista Steve Lacy, o baterista Han Bennink, o contrabaixista Arjen Gorter e o trombonista George Lewis. Mais recentemente, o grupo de compositores do Jazz Composers Collective (Ted Nash, Ben Allison, Frank Kimbrough, Ron Horton e Michael Blake) criaram um projeto chamado The Herbie Nichols Project, que foi um dos principais acontecimentos a resgatar as singulares composições do "underrated" pianista. Esse projeto merece, portanto, uma outra ocasião com uma resenha que faça jus ao seu esmero.

East Coasting - Charles Mingus 1957

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SharingPioneiro do jazz moderno e excelente contrabaixista, Charles Mingus percorreu do bebop ao post-bop tocando com inúmeros músicos do jazz por quatro décadas. Além de um dos maiores bandleaders, foi compositor de mais de 300 músicas e participou da gravação de mais de 100 álbuns. O ano de 1957 de Mingus deu ao mundo grandes frutos, sendo um desses o álbum "East Coasting", o menos conhecido de Mingus entre os amantes do jazz. No entanto, trata-se de uma preciosidade fonográfica que não pode faltar na estante dos fãs do contrabaixista. Este é um álbum de características mais cool, mais tranqüilas e comportadas, considerando a intensidade das outras obras deste gênio visceral e de vanguarda. Aqui, Mingus não ousa tanto em arranjos como o faz em suas suites mais rebuscadas, mas dá luz à um disco de extraordinária qualidade musical, com um sexteto de tirar o folego. E que sexteto!. Ao lado dos habituais Jimmy Knepper e Dannie Richmond - companheiros de longa data - ouvimos Clarence Shaw, Curtis Porter e ninguém menos ninguem mais que Bill Evans - sim, esta foi a primeira e a última colaboração do sensível pianista em trabalhos do grande contrabaixista. Alguns pontos altos deste album é a sensibilidade encontrada no maravilhoso standard "Memories Of You" de Andy Razat e James Hubert Blake, a quase-turbulenta "West Coast Ghost" e a comovente "Celia", composição do proprio Mingus que confere ao álbum um swing característico do Hard Bop. Para mim, um admirador do Mingus-revolucionário, foi uma grata surpresa conhecer algumas de suas composições mais tranqüilas, mas, como sempre, de altíssimo nível. Não! Você não entratará neste álbum nenhum vestígio de polifonia, agressividade rítmica ou aquelas mensagens políticas e antiracistas como se encontra em suas obras masi revolucionárias. Mas, ao contrário, encontrará muita elegância, além da desconhecida sensibilidade de Mingus compartilhada com um dos mais refinados e sensíveis pianistas do Cool Jazz . Gravado em Agosto de 1957 em New York City. Originalmente lançado pela Bethlehem Records. Clique na imagem do disco para baixá-lo!!!

1. Memories Of You
2. East Coasting
3. West Coast Ghost
4. Celia
5. Conversation
6. Fifty-First Street Blues
7. East Coasting (Alternate Take 3)
8. Memories Of You (Alternate Take 3)

Musicos:
Charles Mingus - Baixo Acustico
Clarence Shaw - Trompete
Jimmy Knepper - Trombone
Curtis Porter - Sax. Alto & Tenor
Bill Evans - Piano
Dannie Richmond - Bateria


Ballads - Dexter Gordon 1978

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Clique aqui e assista um vídeo-documentário de Dexter Gordon01 - Darn That Dream
02 - Don't Explain
03 - I'm A Fool To Want You
04 - Ernie's Tune
05 - You've Changed
06 - Willow Weep For Me
07 - Guess I'll Hang My Tears Out To Dry
08 - Body And Soul (live)

Dexter Gordon - Sax Tenor
Freddie Hubbard - Trompete
Donald Byrd - Trompete
Sonny Clark - Piano
Barry Harris - Piano
Bud Powell - Piano
George Cables - Piano
Horace Parlan - Piano
Kenny Drew - Piano
Neils-Henning Orsted Pedersen - Baixo Acústico
Paul Chambers- Baixo Acústico

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Dexter Gordon é considerado o principal saxofonista tenor a emergir durante a era do bebop. Começou sua carreira em 1940 com Lionel Hampton, com quem ficou até 1943 (quando começa a dar os primeiros passos na formação de sua propria banda). Solto, sincopado e sendo uma influência para muitos jazzistas - especialmente tenoristas de sua época - tornou-se figura cult entre o grande público. Ballads é uma fantástica compilação retirada dos álbuns gravados pela Blue Note entre 1961 e 1968 (sendo a última faixa gravada ao vivo em 1978 no Live At The Keystone Korner - San Francisco). Dexter tem colaborações extraordinárias: podemos ouví-lo com músicos do naipe de Horace Parla, Kenny Drew, George Cables, entre outros figurões que o acompanhou neste período. Morreu em 25 de Abril de 1990 na Filadélfia - Pensylvania aos 67 anos. Enfim, este disco é uma excelente compilação da fase mais prestigiada de Gordon: as gravações foram realizadas no Van Gelder Studio, Englewood Cliffs - New Jersey no periodo de 06 de maio de 1961 a 27 de maio de 1965; na CBS Studios, Paris - França ente 23 de maio de 1963 a 02 de junho de 1964; e no Live at the Keystone Korner, San Francisco, Califórnia em 16 setembro, 1978. Item essencial em uma coleção e uma boa recomendação para que não conhece e pretende conhecer Dexter Gordon, a voz dramática e sofisticada do bebop.

One Down, One Up: Live at the Half Note - John Coltrane 1965

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O legado de Trane para o jazz é caracterizado por uma magistral criatividade, com a qual estabeleceu, de forma ímpar, marcos discográficos que entraram para a esfera de "divisor de águas", de forma que até podemos enchergar o "espírito do jazz" antes e depois de Coltrane: e aí nesse período podemos ver o quanto o jazz evoluiu no quesito "espiritualidade" e improvisação. O albúm duplo "One Down, One Up", da fase áurea de John Coltrane com seu Quarteto clássico, reflete isso com soberba maestria, mostrando a genialidade que marcou sua "ascenção cósmica", como ele mesmo se auto-caracterizava e dizia das suas musicas.

Gravado em 26 de Março de 1965 (no primeiro albúm) e 07 de Maio do mesmo ano (no segundo) nos palco da Half Note Club em New York, e transmitido por radio difusão (moda da epoca) em duas parte no total de 45 munitos cada, este disco mostra o clássico John Coltrane Quartet (John Coltrane - sax tenor e soprano, McCoy Tyner - piano, Jimmy Garrison - baixo acustico e Elvin Jones - bateria) no auge da sua atuação, com uma gravação de ótima qualidade, além do som alto e puro. "One Down One Up" traduz bem a linha que Trane empregou no classico "A Love Supreme" de 64, onde a Impulse Records o deixou à vontade para que ele compusesse a partir do seu talento e das suas idéias, criando e inovando a partir de um sopro e fraseado único já marcado por sua ascendência free e espiritual ( lembrando que Trane também passou pela
Prestige,Blue Note e Atlantic).
A minha única queixa, se é que posso aqui expressar, é a locução de Alan Grand que vai ditando as faixas que se seguem, pois ele realmente acaba falando muito, matando um pouco do espaço de tempo dos musicos e dos temas. A qualidade da gravação ao vivo aqui é excelente. Tudo é em estéreo, e, apesar do aspecto da sonoridade prístina, as faixas soam bem densas aos ouvidos mais puristas. Vê-se, portanto, que a Impulse fez um excelente trabalho quando transferiu os sets para este album, considerando que a gravação da transmissão radiofonica foi realizada em rolos. Enfim, se você já é um fã de Trane, este ábum é mais um registro do "power quartet" para guardar em sua estante. Se há alguém que ainda não descobiu John Coltrane, fica aqui um excelente exemplo de um show de talento com este quarteto clássico, entre tantos outros bom albuns de Trane que estão disponíveis aqui. Nas palavras de Mike Canterino, fundador da Half Note (estensão da Impulse), encerro essa resenha - "I Just Wanted The Music And to Let The Guys go Ahead And do What They Want to do." Relançado em 11 de Outubro de 2005 pelo selo Classic/Impulse.

01 - Introduction And Announcements (Alan Grand)
02 - One Down, One Up
03 - Announcements
04 - Afro-Blue

01 - Introduction And Announcements (Alan Grand)
02 - Song Of Praise
03 - Announcements
04 - My Favorite Things

John Coltrane - Sax. Tenor & Soprano
McCoy Tyner - Piano
Jimmy Garrison - Baixo Acustico
Elvin Jones - Bateria

downlod CD1
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Miles in Berlin - Miles Davis Quintet 1964

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Gravado no dia 25 de setembro de 1964 durante o festival Berliner Jazztage, "Miles in Berlin" é um daqueles albuns que pode ser chamado de "um melhores registros gravados ao vivo" de Miles Davis, considerando desde as fases iniciais da sua carreira até este festival. É uma das primeiras gravações do Segundo Grande Quinteto de Miles: com o saxtenorista Wayne Shorter, o pianista Herbie Hancock, o contrabaixista Ron Carter e o baterista Tony Williams. O disco contém seis faixas (no bolachão original são apenas cinco, mas na reedição em CD, de 2005, foi incluída "Stella by Starlight", tema gravado na mesma época que acabou sendo ignorado), apresentando os primeiros momentos de formação das idéias e estilo desse grande quinteto que consolidou a composição modal, fechando a década de 60 com chave de ouro. Nasce aqui o quinteto que viria a estabelecer um novo patamar na carreira de Davis – e na história do jazz de um modo geral -, redefinindo conceitos de textura, harmonia, dinâmica e improvisação coletiva. Este show se resumiu em standards e temas originais de Miles que na época já eram clássicos tais como “Milestones”, “Autumn leaves”, “So what” (Shorter mostrando seu fraseado oblíquo bem perto do Free Jazz, Hancock respondendo com um solo cheio de dissonâncias), a versão de “Stella by starlight” e “Walkin’” adquirindo nova dimensão. Mais adiante Wayne Shorter seria o compositor oficial do grupo, tornando-se peça-chave em uma das melhores fases da multifacetada carreira de Miles. Outro fator importante foi o fato do disco ser gravado historicamente no suntuoso Berlin Philharmonie (teatro residente da colossal Orquestra Filarmônica de Berlin, onde poucos grupos musicais não eruditos teriam a honra de se apresentar).

1. Milestones
2. Autumn Leaves
3. So What
4. Stella by Starlight (Bonus track do Lp original)
5. Walkin´
6. Go-Go (Theme and Announcement)

Miles Davis - Trompete
Wayne Shorter - Saxofone
Herbie Hancock - Piano
Ron Carter - Baixo
Tony Williams - Bateria


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Boa audição - Namastê.

Uma Colaboração do Blog Borboletas de Jade

Where? - Ron Carter With Eric Dolphy and Mal Waldron 1961

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01 - Rally
02 - Bass Duet
03 - Softly, As In a Morning Sunrise Lyrics
04 - Where?
05 - Yes, Indeed
06 - Saucer Eyes

Ron Carter - Violoncelo & Baixo Acustico
Eric Dolphy - Sax. Alto, Flauta & Clarenete
Mal Waldron - Piano
George Duvivier - Baixo Acustico


Quando o crítico da revista Downbeat, Don McMichael, classificou "Out To Lunch" com cinco estrelas, escreveu: "Este musico será o jazzman mais premiado da próxima década". O crítico estava assinando um dejavú do saxofonista, flautista e clarinetista Eric Allan Dolphy ou mais conhecido Eric Dolphy, musico predestinado a ser uns dos gênios pioneiros do estilo da chamada corrente dominante do jazz na época, a estética do Free Jazz. Já esse álbum aqui postado, "Outward Bound", o qual ainda mostra uma forte raiz no estilo do bop, foi gravado em 1960 pelo selo Prestige, onde Eric fazia sua estréia nos rol dos lideres de jazz. E pode-se dizer que esse álbum já prenunciava que Don McMichael estava certo, sendo que apenas um item ficou de fora desta visão futurista: Dolphy foi além disto. Apesar do seu estilo ter sido criticado como anti-jazz, a modernidade da sua obra é unica e indiscutível. As inovações por ele introduzidas são tão fundamentais como as de Charlie Parker ou John Coltrane. O lirismo da sua flauta fazia um contraste ao radicalismo de seu clarinete e o seu impetuoso discurso no sax; suas composições eram dissonantes e bizarras, prenunciando estruturas que foram ideais para o desenvolvimento do jazz até aos dias contemporâneos.

Apesar de ter falecido jovem, Eric Dolphy passou grande parte da sua vida nos estúdios de gravação, onde participou em muitas sessões lideradas pelos grandes músicos como Max Roach, Ted Curson, Ron Carter, Mal Waldron, Pony Poindexter, Benny Golson, Gary McFarland, Andrew Hill, Gil Evans, Ken McIntyre e é claro, John Coltrane. No entanto, uma das grandes amizades e parcerias aconteceu em seu próprio apartamento: Dolphy começa a trocar e a partilhar idéias com o seu então amigo John Coltrane que, vendo a sua genialidade, o convida a trabalhar na sua primeira gravação para a então recém criada editora Impulse, tendo a seu cargo a orquestração e a direção de orquestra. O resultado foi um trabalho significativo com poucos paralelos na discografia de Coltrane: "Africa/ Brass Sessions" foi apresentada com o célebre quarteto mais 14 músicos, transmitindo a experiência única do modalismo livre do quarteto, além dos sutis arranjos orquestrais. Coltrane também decide convidar Eric para as gravações de Olé Coltrane que, em certa medida, segue os passos musicais já experimentados no album interior, mas desta vez feita sem orquestra. Dolphy passa, nesse curto período, a integrar o grupo de Trane e a colaboração entre ambos tem o seu ponto alto nas gravações feitas em 1961 no mítico e lendário álbum gravado no Village Vanguard em Nova Iorque. Apesar das freqüentes colaborações, Dolphy, continuava a gravar como líder. Para a história ficaram as gravações feitas no Five Spot, editadas em dois volumes, onde a banda de Dolphy tinha alguns dos músicos mais criativos desta época, Booker Little, trompetista de fortes tendências modais e virtuosas, Mal Waldron, pianista jurássico na historia do jazz, o contrabaixista Richard Davis e o baterista Ed Blackwell que, como Dolphy, também arquitetou, junto a Ornette Coleman, a transição ao futuro do jazz sem esquecer a tradição.

A preocupação melódica, o fraseado intrincado e a estrutura interna dos solos são constantes na carreira de Dolphy, além da complexidade criativa das suas composições. O ponto mais alto deste processo criativo é a obra prima "Out To Lunch", inteiramente preenchida com composições soberbas e originais, tocadas de forma espontânea e livre. Se a perfeição existe, ela está presente neste registro, obra inquietante, arriscada e demasiada inovadora para a época. Hoje Dolphy é considerado pelos conhecedores de jazz um marco em relação às suas distintas performances instrumentais: vibrações líricas da flauta, vôos do sax-alto e os rompantes do clarinete. A sua propensão por buscar adiante novas idéias harmônicas o colocaram numa linha virtuosa entre consonância e dissonância. Dolphy caminhava para ser uma figura decisiva nesse começo dos anos 60, sendo um dos principais músicos que, como Ornete Coleman, fez com que o Bebop e o Hardbop passassem por grandes inovações, desenvolvendo-se em outras formas mais livres. Sua morte prematura aos 36 anos, devido às complicações causadas pelo diabetes em 29 de Junho de 1964, põe fim a uma carreira brilhante e promissora.

"Where?" surgiu em 20 de Junho de 1961, liderado pelo contrabaixista Ron Carter (04-05-1937), tendo, também, a colaboração do pianista Mal Waldron (Malcolm Earl Waldron - 16-08-1925 # 02-12-2002 ). Carter, dono de uma vasta cultura musical, trabalhou dentro de variados estilos musicais: jazz-rock, experimentos em música erudita de câmara, jazz mainstream, música de influência brasileira. Já Mal Waldron é considerado um inovador pianista, compositor de jazz e adepto à world music, o qual foi um dos pianistas preferido de feras como John Coltrane, Eric Dolphy, Clifford Jordan, Booker Little, Steve Lacy e Jackie McLean. Habilidoso em seus improvisos e genial em suas composições criou musica pra cinema, teatro e dança com forte temática de jazz, com peculiar estilo e inovação harmônica. Faleceu com 77 anos ao ser vitima de câncer no intestino. Waldron foi o último pianista a tocar com a cantora Billie Holiday, no final dos anos 50. Item de coleção, Where? traduz a genial dinâmica desses músicos inovadores no melhor do Jazz sessentista. Where? foi relançado em 01 de Abril de 2008. A produção é do lendário engenheiro Rudy Van Gelder (1960, New Jazz, NJLP 8236).



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Boa audição - Namastê.

Uma Colaboração do Blog Borboletas de Jade

Bags & Trane - John Coltrane & Milt Jackson 1959

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Milt Jackson (Detroit, Michigan, 01 de Janeiro de 1923 – Manhattan, 09 de outubro de 1999) foi um vibrafonista de jazz norte-americano e um dos primeiros no gênero bebop. Apelidado de “Bags”, foi o principal vibrafonista do jazz pós-swing, e talvez o maior de todo o jazz. Começou tocando violão e piano, antes de se decidir pelo vibrafone na adolescência. Se tornou um vibrafonista respeitado, superando até nomes de suma importância para o vibrafone dentro do Jazz, como dois dos históricos vibrafonistas: Lionel Hampton e Red Norvo, os quais ficaram na ativa durante muito tempo como os maiores nomes desse instrumento, conseguindo notoriedade até na década de 60 em que já despontavam jovens e modernos vribrafonistas como Gary Burton (1943) e Bobby Hutcherson, outras duas grandes lendas vivas do vibrafone. Milt Jackson, por sua vez, vinha da década de 40 com um estilo bem variado, englobando Bebop, Cool, blues e baladas mais tradicionais, além das experiências com música erudita. Sua estréia profissional foi cantando em um grupo gospel. Dizzy Gillespie o descobriu em Detroit e ofereceu-lhe um emprego no sexteto que havia formado e na sua orquestra em 1946. Assim Milt Jackson, gravando ao lado do trompetista, rapidamente se tornou popular e solicitado por outros músicos. Após tocar com o Gillespie Sextet, Jackson formou com o pianista John Lewis, o contrabaixista Percy Heath e o baterista Kenny Clarke o Modern Jazz Quartet aquele que seria, na historia do jazz, o primeiro dos quartetos a abordar a música erudita e, consequentemente, se encaixar nos moldes do Third Stream, termo cunhado por Gunther Schuller para denominar a atual corrente de músicos, do início da década de 50, que fazia uso dos arranjos da Música Erudita.

Neste álbum, aqui postado, enconta-se um evidente propósito dos dois músicos, Milt Jackson e John Coltrane, em sincronizar os instrumentos um ao outro. Coltrane ataca mais enérgico, com seu fraseado ligeiro e ligado, enquanto Milt Jackson adocica com ressonâncias suaves e vibrantes. Em "The night we called a day", pode-se ouvir como eles se escutam com atenção, obtendo uma sintonia perfeita entre o solista e a base. Bags & Trane é o único álbum de Milt Jackson gravado em conjuto com Coltrane. O título vem dos próprios apelidos dos dois músicos: Bags - Milt Jackson e Trane - John Coltrane. Gravado em Janeiro de 1959, "Bags & Trane" só foi liberado pela Atlantic Records em Dezembro de 1961. O relançamento mais recente é em 25 de Outubro de 1990 pelo selo Rhino Atlantic. Outro dos aspectos mais notáveis é o conhecido abuso de Coltrane em relação ao comprimento dos solos, com vista a eliminar qualquer limitação temporal que pudesse comprometer o improviso, o que elevou os critérios e as necessidades de mais estudo: daí surge as questões quanto ao espírito solícito de Coltrane que, em algumas faixas, fazia com que ele improvisasse solos de trinta minutos sem interrupção). Enfim, a produção deste disco ficou a cargo de Nesuhi Ertegün & Bob Porter, com fotografias de Lee Friedlander.

01 - Stairway To The Stars
02 - The Late Late Blues
03 - Bags And Trane
04 - Three Little Words
05 - The Night We Called a Day
06 - Be-Bop
07 - Blues Legacy
08 - Centerpiece

Musicos:
John Coltrane - sax. Tenor
Milt Jackson - Vibrafone
Hank Jones - Piano
Paul Chambers - Baixo Acustico
Conny Kay - Bateria


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Tijuana Moods - Charles Mingus 1957

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Charles Mingus não era apenas um homem imenso e descontrolado que só faltava surrar seus músicos quando eles erravam os arranjos (são clássicos os cascudos que deu em seu trombonista Jimmy Knepper). Ele também tinha um lado inegavelmente doce... Ao contrário dos boatos, não há sequer um registro policial de que tenha disparado sua arma, que levava na cintura em suas apresentações ao vivo, em algum ouvinte mais falador. É aquela coisa: todos nós queremos nos sentir protegidos, principalmente quando temos 1,90m e 100kg e fomos criados em bairros negros bem diante das drogas. Mas Mingus era um ser humano de notável gentileza e, muito além desta, estava sua profunda e dilacerante ironia: não a ironia de um truculento, mas a ironia rascante do gênio irrequieto. Em seu álbum Tijuana Moods, gravado no estúdio A da RCA de New York, entre 18 de julho e 6 de agosto de 1957, traduz muito bem isso e presta uma homenagem aos cucarachos, castelhanos do México. Na terceira faixa "Tijuana Gift Shop", Mingus primeiro zomba afrontosamente com meia dúzia de lugares-comuns da música latina para, em seguida, misturá-los de forma assustadoramente criativa, produzindo, quem diria, jazz. Foram raríssimos os músicos de jazz que se deram ao trabalho de manipular o material latino disponível de forma tão autêntica, criativa e convincente. Acredito que Mingus foi o músico do jazz que melhor soube dosar essa influência espanhola e caribenha que sempre rondou o mundo do jazz. Com incrível habilidade e talento Charles exige de nós atenção aos detalhes e, sobretudo, senso de humor quando ouvimos a maioria de seus álbuns, sob pena de pensarmos estar ouvindo apenas mais um disco de jazz. Sua habilidade com a utilização do blues foi idêntica, com arranjos calcados na tradição mas que desafiaram os ouvidos mais tradicionais.

Além dos arranjos, é preciso registrar que, nesse álbum, Mingus põe Frank Dunlop, um dos melhores bateristas da época, tocando castanholas: uma curiosa e natural característica de Mingus que impunham aos seus músicos mudarem ou aprenderem a tocar outros instrumentos, como fez com Dannie Richmond que tocava saxofone e, a seu pedido, trocou para bateria.

Em 25 de September 2001, a RCA Victor Europe relança Tijuana Moods The Complete Edition, albúm remasterizado com mais seis faixas alternativas do rolo de estudio destas duas sessões. Uma otima autobiografia de Charles Mingus e que está disponível no Brasil é Saindo da Sarjeta, pela editora Jorge Zahar, com boa tradução do Roberto Muggiati (Sem comentários). Mingus foi uns do modernizadores do jazz, um baixista incrível e um compositor alem de seu tempo. Tocou com todo mundo que importava na sua época, mas não é disso que se trata a sua autobiografia. Saindo da Sarjeta é quase um livro erótico, tão minuciosamente Mingus comenta a sua vida sexual, das descobertas do amor à tentativa de virar um cafetão. A música fica em terceiro ou quarto plano. Um problema do livro é a opção escolhida pelo autor de narrar sua vida na terceira pessoa, desde o nascimento, esbarrando em momentos de grande pieguice. Mesmo assim, as aventuras desse Casanova do jazz são deliciosas e proporcionam uma leitura ligeira e divertida. Charles Mingus é considerado, ao lado de Thelonious Monk e Duke Eliington, um dos três
Texto e fonte, gentilmente cedida por:

Jazzseen.blogspot.com


Faixas:
01 - Dizzy Moods
02 - Ysabel's Dance Table
03 - Tijuana Gift Shop
04 - Los Mariachis (The Street Musicians)
05 - Flamingo
06 - A Colloquial Dream (Scenes In the City)
07 - Dizzy Moods (Alt. Take)
08 - Ysabel's Dance Table (Alt. Take)
09 - Tijuana Gift Shop (Alt. Take)
10 - Los Mariachis (Alt. Take)
11 - Flamingo (Alt. Take)
12 - A Colloquial Dream (Alt. Take)

Musicos:
Charles Mingus - Baixo Acustico
Curtis Portor (Shafi Hadi) - Sax. Alto
Jimmy Knepper - Trombone
Clarence Shaw - Trompete
Bill Trigia - Piano
Dannie Richmond - Bateria
Frankie Dunlop - Percurssão
Ysabel Morel - Castalholas
Lonnie Elder - Vozes & Narração


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Boa audição - Namastê.


Circle in the Round - Miles Davis 1955-1970

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Este albúm traz uma antologia de varias gravações de Miles Davis a partir de 1955 a 1970, mostrando o gênio inquieto de fazer jazz de Miles com rápidas mudanças profundas que realizou durante este tempo e lançado em 27 de Outubro de 1955, Pelo selo Legacy, relançado em 04 de Janeiro de 2005 pela Sonny. "Two Bass Hit" e "Blues No. 2" foi gravado em sua primeira sessão pela Columbia com conturbado manejos de musicos e espaço na gravadora. "Love for Sale" apresenta uma antecedencia de Kind of Blue milimetrado com John Coltrane no sax. tenor, Cannonball Adderley no sax. alto, Bill Evans no piano, Paul Chambers no baixo e Jimmy Cobb na bateria. A faixa título "Circle in the Round" mostra Miles alongado em novos mundos conceituais sobre o tenor Wayne Shorter, Herbie Hancock em celeste (piano), Ron Carter no baixo, Tony Williams na bateria, e Joe Beck na guitarra. O conjunto fecha com Miles In fusan da banda tocando versões atmosférica em "Teo’s Bag", "Side Car I & II", "Splash", "Sanctuary" com George Benson estardalhando suas cordas e Tony Williams batendo sua baquetas em estilo. "Guinnevere" trazas algo incomum pelas maões de Khalil Balakrishna e sua sitar de 18 cordas, em inovação indiana num jazz em transição. Não se sabe o porque mas esse album são gravações rejeitadas por Miles ou pelos proprios produtores, acreditando que ficaram abaixo do esperado ou de qualidade indesejada. O que fez dele único - e vou usar o termo literalmente, para não dizer uma rivalled - era a sua capacidade de reunir músicos talentosos e tirar o melhor de si numa reunião onde o maetro da o tom. E como band leader, Miles conseguiu verdadeiras gravações que reflectia a música popular dos tempos e, ainda assim, semper subiu acima dela. Para obter uma amostragem de como Miles toca fora, este feito em "Circle in the Round" testemunha isso de uma forma unica e impar - mesmo se tratando de uma compilação. Este é um trabalho de recados, gravações inicialmente rejeitada por uma razão ou por outra, om clareza em sua trilha e um ponto fica claro, todas as música geralmente fica abaixo do normal, às vezes caíram no esquecimento por razões que nada tinham a ver com a sua qualidade. Casualmente as pessoas interessadas devem observar com senso forte e unificado, os valores criados pelo mito, espojado em cada faixa. Esmiuçando as gavetas dos estudios, encontramos bons motivos para o fato de "Circle in the Round" ter alcançado grandes exitos de execução.

01 - Two Bass Hit
02 - Love For Sale
03 - Blues No. 2
04 - Circle in the Round
05 - Teo’s Bag
06 - Side Car I
07 - Side Car II
08 - Splash
09 - Sanctuary
10 - Guinnevere

Miles Davis - Trompete
John Coltrane Sax. Tenor (1-3)
Cannonball Adderley Sax. Tenor (2)
Hank Mobley Sax. Tenor (3)
Wayne Shorter sax. Tenor (4-10)
Bernie Maupin - Clarinete (10)
Khalil Balakrishna - Sitar (10)
Joe Beck - Guitarra (4)
George Benson - Guitarra (5,7,9)
John McLaughlin - Guitarra (10)
Red Garland - Piano (1-2)
Bill Evans - Piano (2)
Wynton Kelly - Piano (3)
Herbie Hancock - Piano (4-9)
Chick Corea - Piano (8,10)
Joe Zawinul - Piano (10)
Paul Chambers - Baixo (1-3)
Ron Carter - Baixo (4-7,9)
Dave Holland - Baixo (8,10)
Philly Joe Jones - Bateria (1,3)
Jimmy Cobb - Bateria (2)
Tony Williams - Bateria (4-9)
Billy Cobham - Bateria (10)
Jack DeJohnette - Bateria (10)
Airto Moreira - Percursão (10)


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Sonny Rollins & Coleman Hawkins - Sonny Meets Hawk! 1963

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Aos quinze anos, durante sua juventude no Harlem, Sonny Rollins era devoto de Charlie Parker e Coleman Hawkins. O último teve influência vital na carreira de Rollins, fazendo com que abandonasse o sax alto e se rendesse ao poderoso som do sax tenor.

As principais características que Sonny herdou de seu mestre foram o timbre robusto, vigoroso e cheio de vibratto, assim como a capacidade de executar diversos solos de sax tenor sem acompanhamento algum, peculiaridade facilmente perceptível em seu “The Solo Álbum”, de 1985.

Em 1963, Hawkins convocou Rollins para tocar no Festival de Newport, nascendo daí a idéia de gravar o álbum “Sonny meet Hawkins”. Acompanhados do trio formado por Paul Bley (Piano), Bob Cranshaw e Henry Grimes (Baixo) e Roy McCurdy (Bateria), os dois se colidem constantemente, mantendo suas marcas vigorosas de energia e improviso. A harmonia entre eles é notável, ratificando um maravilhoso encontro de gerações entre os dois maiores saxtenoristas de seus tempos.


1. Yesterdays
2. All the Things You Are
3. Summertime
4. Just Friends
5. Lover Man
6. At McKies


Paul Bley - Piano
Bob Cranshaw - Bass
Henry Grimes - Bass
Coleman Hawkins - Sax (Tenor), Guest Appearance
Roy McCurdy - Drums
Sonny Rollins - Sax (Tenor)


http://www.sonnyrollins.com/



Brilliant Corners - Thelonious Monk 1956

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O jazz tem, em muito de suas particularidades, os momentos de extase, leveza e criatividade por parte dos seus criadores e musicos. Se muitas vezes nos divertimos, ao ver um músico de jazz tocando com descontração, é preciso afirmar que ninguém se "divertiu" mais com sua própria música do que Thelonious Monk, o monge louco do cenario jazzistico ou o chapeleiro das mil e umas notas dissonantes. Diz-se dele que tinha predileção em fazer as notas erradas soarem corretas num brilhantismo que causava admiração até mesmo nos catedráticos. Monk - o compositor - era uma criança irriquieta: suas alterações de tempo/ritmo e as predileções por harmonias dissonantes fizeram-se ainda no fundar do Bebop (o que acabou lhe causando um grande ostracismo e desconsideração) mas, depois, no Hard Bop, lhe aconteceu uma digníssima consagração com direito a capa da revista Times e citações constantes de músicos como John Coltrane, Steve Lacy e Cecil Taylor. Monk - o pianista - foi dono de um estilo percussivo, com improvisações surpreendentes e irreverentes. Além disso, não raro, em uma apresentação ou uma jam session, Monk terminava seu solo e levantava do piano, dançando em círculos como um tribal indígena a extasiar diante de um momento solene de agradecimento e embriaguez pela música. Rejeitado em seus primeiros trabalhos por executar um jazz muito "difícil", Monk reconciliou-se com público e a crítica no seminal Brilliant Corners, gravado entre 17 e 23 de dezembro de 1956. Ao lado de ninguém menos do que Sonny Rollins e cercado pela solidez na cozinha: com ninguém menos que o baterista Max Roach e o contrabaixista Oscar Pettiford. Nesse Monk registrou não apenas composições geniais, mas deixou um disco de rara variedade em sons, ritmos e texturas, de onde sairiam 4 standards do jazz. (Sendo que a faixa restante já era um deles). Brilliant Corners do proprio Monk, traz uma abertura homônima, considerada uma das mais difíceis composições do jazz de todos os tempos, levou mais de uma dúzia de takes para ser gravada, sendo que a versão do disco foi editada com três deles: trata-se de um bebop swingado, um jazz ousado com parecer de uma conversa entre bop e o blue. Destaque para os talentos do baixista Pettiford e do baterista Roach, cujo timing impecável permite que Monk angule as notas e o ritmo o quanto quiser sem que haja perda da coesão sonora. Depois do desafio da primeira música, Monk solta o grupo numa jam longa de improvisação, relaxada e cheia de groove, com tema de blues: Ba-lue Bolivar Ba-lues-are. A balada Pannonica, dedicada à “Baronesa do Bebop”, Nica (Rotschild) de Koenigswarter, amiga de Monk, à Charlie Parker e diversos músicos do jazz da época: enfim, nostagia com veemência e estilo. Nessa balada Monk toca celesta - instrumento musical com teclado, lâminas de metal, habitualmente em aço percutidas por martelos semelhante ao piano e suspensas sobre um corpo de madeira que faz ressonância multiplas, com pedais para prolongar ou atenuar o som. I Surrender, Dear (de Barris-Clifford) é o standard reinterpretado pelo grupo, se tornando a mais convencional canção do album, onde Monk explora em sua formas, camadas harmônicas, sincopando e interferindo no andamento normal. E para o final, outra versão para uma música sua já gravada: Bemsha Swing, que cheira a Gillespie e revisita as big bands - muito em parte pelo uso dos tímpanos na percussão. A produção fica a cargo de Orrin Keepnews, um grande produtor de jazz para a Riverside. Para os fãs de Monk, este album abriu novas interpretações no mundo do jazz assim como uma digníssima assinatura do musico no cenario de famosos do jazz norte-americano na década de 50.

01 - Brilliant Corners
02 - Ba-lue Bolivar Ba-lues-are
03 - Pannonica”
04 - I Surrender, Dear
05 - Bemsha Swing

Thelonious Monk - Piano, Celesta
Sonny Rollins - Sax. Tenor
Ernie Henry - Sax. Alto (faixas 1- 4)
Oscar Pettiford - Baixo Acustico (faixas 1-4)
Max Roach - Bateria, timpani
Clark Terry - Trompete (faixa 5)
Paul Chambers - Baixo (faixa 5)


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Round About Midnight - Miles Davis 1957

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"Quando toquei com Miles pela primeira vez, eu tinha muito o que aprender. Percebi que me faltava conhecimento de música em geral. Fico muito envergonhado por aquelas primeiras gravações que fiz com ele. Por que Miles me escolheu, eu não sei. Talvez tivesse algo no meu modo de tocar e achasse que aquilo pudesse crescer. Mas eram tantas conclusôes musicais a que eu ainda não tinha chegado que me sentia inadequado”. - John Coltrane, 1961.

O tom autodepreciativo de John talvez soe familiar. Dez anos antes, Miles havia sentido da mesma forma ao dividir os holofotes com Charles Parker. Agora era a vez de Coltrane se questionar. E Miles? Havia dois anos, ele tinha parado de se picar e voltado a se concentrar na profissão. Tudo estava muito bem. Ele mesmo disse: "Eu estava tocando meu trompete e liderando a melhor banda do mercado, uma banda criativa, imaginativa, soberbamente coesa e artistica". No final de 1955, amparado pela liberdade artística e financeira propiciada por um generoso adiantamento da Columbia Records e por uma consistente turnê arranjada pela Shaw Artis, Miles estava pronto para subir ao topo do mundo do do jazz. O novo quinteto aterrissou na Costa Oeste no inicio de 1956 para uma temporada de duas semanas na casa noturna Jazz City, em Los Angeles. Miles marcou a entrada do primeiro numero, e o som de Nova York - um hard bop funkeado com um sofisticado toque liríco - tomou de assalto o território cool onde Gerry Mulligan e Chet Baker haviam estrelado seu quinteto sem piano alguns anos antes. O compositor e arranjador de jazz Sy Johson, que freqüentava a casa toda noite, lembraria tempos depois, "Ninguém sábia o que pensar. Literalmente enlouqueceu todo mundo. Destruiu o jazz da Costa Oeste da noite para o dia". O quinteto logo se tornou um fenômeno pais afora. O empresário Jack Whittemore cumpriu á risca sua promessa, e, ao longo de 1956, o quinteto de Miles tocou constantemente numa série de shows em casas que variavam de pequenos clubes negros da Costa Leste a locais menos segregados e cidades como St. Louis, Chicago e São Francisco. Pela primeira vez em sua carreira, Miles conseguiu manter a alta qualidade das apresentações, noite após noite. Na exuberância e potência do auge, o grupo simplesmente tinha muito a oferecer; as ásperas, geniosas - ás vezes intermináveis - improvisações do Tenor de Coltrane. O trompete com surdina - e con mistero - de Miles. Os solos com arco de Chambers, competente e plenos de sentimento. Anos após a estréia do quinteto, escritores de jazz ainda estavam maravilhados com aquele som. "Na minha opinião, a intricada complexidade de ligação entre as mentes daqueles músicos jamais foi igualada por qualquer outro grupo", escreveu Ralph Gleason em 1972. As duas gravadoras de Miles - Prestige, ainda sem selo oficial, e a Columbia - vibravam igualmente com o novo grupo. O presidente da Prestige, Bob Weinstock, saudou-o como o "Hot Five de Louis Armstrong da era moderna". Ambas logo colocaram o quinteto em estúdio. As gravações realizadas nos dezoitos meses seguinte, as quais finalmente foram lançadas em seis albúns pelo primeiro selo (Miles, Cookin, Relaxin´, Miles Davis and the Modern JazzGiants, Workin´ e Steamin´) e um pelo segundo (´Round About Midnight), definem o ápice da improvisação de jazz para pequenas formações. Apesar da disparidade no numero de albúns lançados, foi a Columbia quem dispendeu mais em fitas de gravações e horas de estúdios com Miles. Quatro dos seis albúns da Prestige - Cookin´, Relaxin´, Workin´ e Steamin´ - foram gerados numa maratona de duas sessões, em que o quinteto simplismente executou seu muito bem ensaiado repertório de shows, sem necessidade de repetição.

Por outro lado, a estréia de Miles na Columbia foi resultado de três sessões com múltiplas gravações de material cuidadosamente selecionado. A versão final de cada faixa era resultado da colagem dos melhores momentos de duas ou mais gravação diferentes. A flexibilidade de Miles em estúdio - sua segurança tanto no trabalho meticuloso quanto na espontaneidade de um take único sem rédeas - lhe seria muito útil durante os nos na Columbia. Ao final da década, esses dois atributos convergiam, dando forma ao processo que iria gerar Kind of Blue. Em 1956, os discos de Miles e quinteto pela Prestige começaram a circular pelas receptivas mãos da crítica, que respondeu extasiada. A Down Beat, que conteve seus elogios ao albúm de estréia do grupo, Miles, deu incondicionais cinco estrelas para Cookin´, em 1957; - "A tremenda coesão, o swing impetuoso, a absoluta exaltação e a emoção controlada, presente nos melhores momentos do quinteto de Davis, foram captados nessa gravação. (Philly Joe) Jones disse que essas sessão...são as melhores já realizada por Davis. Estou inclinado a concordar". A combinação de apresentações ao vivo aclamadas universalmente com os albúns da Prestige garantiu a reputação do quinteto e também a de Miles. Mas as atenções se voltaram para além da música. Davis estava virando um simbolo uiniversal do cool. O que o trompetista vestia, o que dizia (ou não dizia) no palco, se ele votava ou não as costas para o publico, tudo isso recebia da imprensa tanto destaque quanto suas performances. Quando saia do palco depois de um solo, não 0 importava se estivesse concentrado na música ou tentando não ofuscar outros solistas. Miles pasou a ser bombardeado pela crítica por seu aparente distanciamento e desdém. A imagem escolhida pela Columbia para a capa do primeiro albúm de Miles com a gravadora, ´Round About Midnight, era impactante, mas, intencionalmente ou não, também serviu para sustentar sua imagem blasée. Tirada por Marvin Kuner no Café Bohemia, a foto mostra um Miles introspectivo, de óculos escuro , abraçando o trompete paternalmente, com uma mão no ouvido. Que retrato poderia mostrá-lo mais distante e introvertido? Na verdade - como várias outras fotos atestam - Davis estava simplesmente fazendo por puro hábito o que muitos cantores fazem quando se concentram na música: tapou os ouvidos para filtrar o ruído externo. Os mesmos modos silenciosos e atitude áspera que Coltrane tinha achado desconcertantes se tornaram parte da ascensão do mito. No ano anterior, sua voz ficara tão áspera quanto seus modos: enquanto se recuperava de uma cirurgia na garganta, Davis teve uma discussão aos berros com um executivo da música que causou danos permanentes ás suas cordas vocais. Pelo resto de sua vida a rouquidão seria seu cartão de visita vocal.

O que era controverso para o público branco tinha significado positivo junto a comunidade negra. Era um tanto incomum nos anos 50, para um negro da estatura de Miles, adotar uma postura pública intransigente e sem concessões. Sua taciturna, porem determinada, autoconsciência em meio a uma sociedade agitada pela tensão racial, era um exemplo a outros afro-americanos. Para eles dar as costas para as platéias em sua maioria branca, tinha um significado simbólico bastante claro. Em meados dos anos 50, poucos heróis negros - Nat King Cool, Jackie Robinson, Sugar Ray Robinson, Ralph Ellison, Sidney Poitier - pareciam tão fortes, tão modernos ou (a partir de 1957) tão bem sucedidos quanto Miles Davis. McCoy Tyner lembra que, para músicos e fans afro-americanos, era "uma espécie de guru para muita gente". Bill Cosby relembra... "Na década de 50, o simbolo de status para certos grupos de adolecentes no norte da Filadélfia era gostar de Miles Davis. Ou seja, se você dissesse "Miles Davis" , já era cool, se tivesse seus albúns, era o máximo, por isso digo que o homem era mais do que apenas um músico". Nos primeiros anos do Apartheid na Africa do Sul, Hugh Masekela, encontrou o modelo que tanto lhe faltava ouvindo discos de Miles..."Não foi apenas na música, mas Miles influenciou o meu modo de vestir, influenciou minhas atitudes diante das autoridades: sua perspectiva da vida, seu desdém pela autoridade que cerceia a liberdade do povo. Ele era verdadeiramente honesto. Se não gostava de alguma coisa, dizia "Foda-se", em vez de usar linguagem elaborada". A condição de Miles como modelo era conseqüência de um respeito conquistado nos seus primeiros dias de astro do bebop. Jimmy Cobb se lembra de ver colegas músicos imitando a atitude a postura de Miles no final dos anos 40: "Alguns caras andavam por ai tentando se vestir com Miles, segurando e carregando o trompete como ele. Foi assim até o final de sua vida, sabe?. Os sujeitos tentando imitá-lo". Quincy Jones admite abertamente que foi um deles no começo dos anos 50..."Eu tinha de fazer um solo num negocio que compus para (Leonel) Hampton chamado "Kingfish" (em 1951). Era um solo baseado em um único acorde. Era muito influenciado por Miles, aquela coisa dele com Gil Evans, (John) Carisi. Naquela época todo mundo freqüentava o mesmo lugar, e certa noite, Oscar Pettiford e Miles estavam conversando atrás de mim, e (Miles) disse que tinha ouvido a música no rádio, "Algum filho-da-puta tentando tocar como eu".

PS: Registrado entre outubro de 1955 e setembro de 1956, foi o álbum oficial de estréia de Miles Davis na Columbia. Iniciava-se, assim, uma associação de três décadas com a gravadora, que alavancou a carreira do trompetista, ampliando sua popularidade. O intervalo entre o início e o final das gravações teve um motivo burocrático: o acordo entre a CBS e a Prestige permitia o início das gravações, mas o lançamento do material só poderia ocorrer depois de cumprida a obrigação contratual com a Prestige. Miles se tornou, pública e oficialmente, um artista da Columbia com o lançamento de "Round About Midnight" em 18 de março de 1957. Em 2005 foi relançado em um duplo álbum , com o titulo "Round About Midnight: Legacy Edition". Produção: George Avakian.

Para saber mais: Kind of Blue: The Making of the Miles Davis Masterpiece (Ashley Kahn - Da Capo Press, 2000) pp. 57-61.


01 - 'Round Midnight
02 - Ah-Leu-Cha
03 - All of You
04 - Bye Bye Blackbird
05 - Tadd's Delight
06 - Dear Old Stockholm
07 - Two Bass Hit
08 - Little Melonae
09 - Budo
10- Sweet Sue, Just You


Miles Davis – Trompete
John Coltrane – Sax. Tenor
Julian ‘Cannonball’ Adderley – Sax. Alto
Bill Evans – Piano
Paul Chambers – Baixo Acústico
James Cobb – Bateria
Wynton Kelly – Piano (Faixa: “Freddie Freeloader”)


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Boa audição - Namastê.

Uma Colaboração do Blog Borboletas de Jade


Meet Oliver Nelson 1959

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1. Jams and Jellies
2. Passion Flower
3. Don't Stand Up
4. Ostinato
5. What's New?
6. Booze Blues Baby

Ray Bryant - Piano
Kenny Dorham - Trumpet
Wendell Marshall - Bass
Oliver Nelson - Sax (Tenor)
Art Taylor - Drums



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Lendo o comentário do nosso amigo Borboletas de Jade sobre a parceria do saxofonista Oliver Nelson com trompetista Kenny Dorham, lembrei-me do álbum Meet Oliver Nelson, o primeiro da carreira do saxofonista, em 1959. Apesar da pouca idade (27 anos), Nelson liderou com muita autoridade o experiente quinteto formado por grandes feras, como o veterano trompetista Kenny Dorham, o pianista Ray Bryant, baixista Wendell Marshall e o baterista Art Taylor. Faixas como "Ostinato" e "Jams and Jellies" já mostravam a originalidade de Nelson em fazer refinadas composições, que ganharam um brilho mais intenso com o doce trompete de Dorham. Imperdível.


About Oliver Nelson

My Favorite Things - John Coltrane 1961

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My Favorite Things é considerado por muitos críticos e ouvintes uma significante e histórica gravação. Foi a primeira sessão gravada por Coltrane para o selo Atlantic e a primeira a apresentar o novo quarteto que Trane acabara de formar: McCoy Tyner - Piano, Elvin Jones - Bateria e Steve Davis - Baixo. É um álbum com profunda mudanças do estilo bop, introduzindo revisitações harmônicas mais complexas, pricipalmente nas músicas: "My Favorite Things" (uma valsa de Richard Rodgers & Oscar Hammerstein, usada no filme Noviça Rebelde de 1965), e "But Not For Me" (de George Gershwin). Em uma época em que o saxofone soprano se tornava obsoleto por alguns musicos, Coltrane demonstrou uma inventiva habilidade para o idioma do jazz. O standard "Summertime" é notável por seu ritmo alegre, e pela demonstração da técnica sheets of sound (folhas de som, muito usado por Coltrane), uma total antítese à melancolia de Miles Davis na versão lírica de Porgy and Bess. "But Not For Me" é reharmonizada usando outra técnica de John Coltrane chamada Coltrane changes, apresentando um longa coda sob uma progressão em II-V-I-vi. A faixa título é uma versão modal de autoria de Richard Rogers e Oscar Hammerstein do musical The Sound of Music. A melodia é escutada diversas vezes por todos os 14 minutos de duração, e ao invés de solar sobre os acordes escritos, tanto Tyner quanto Coltrane tocam os solos sob vamps de dois acordes tônicos "E" menor e "E" maior. O solo de Tyner ficou famoso por ser extremamente cordal e rítmico ao contrário de desenvolver melodias. No documentário The World According to John Coltrane, o narrador Ed Wheeler diz: "Em 1960, Coltrane deixa Miles Davis e forma seu prórpio quarteto para explorar o estilo modal, com livres direções com certa influência Indiana. Eles transformaram "My Favorite Things", a famosa e alegre canção de The Sound of Music, uma hipnótica dança abdal. A gravação virou um hit tornando-se a gravação de Coltrane mais requisitada. Gravado em 21, 24 e 26 de Outubro de 1960 na cidade de Nova Iorque.

Nota: Em 3/3/1998 foi relançado pela Atlantic - WEA com duas faixas bonus: My Favorite Things pt. I e pt. II (Single Version)


01 - My Favorite Things
02 - Everytime We Say Goodbye
03 - Summertime
04 - But Not for Me

John Coltrane - Sax. Soprano (Faixas 1 & 2), Sax. Tenor (Faixas 3 & 4)
McCoy Tyner - Piano
Steve Davis - Baixo
Elvin Jones - Bateria

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Uma Colaboração do Blog Borboletas de Jade

Gaslight - Eric Dolphy & Herbie Hancock 1962

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Eric Allan Dolphy (Los Angeles, California, 20 de Junho de 1928 – Berlim, 29 de Junho de 1964) foi um músico de jazz estadunidense. Tocava saxofone alto, flauta e clarone. Dolphy foi um dos vários saxofonistas de jazz de grande peso que se tornaram conhecidos na década de 1960. Foi também o primeiro claronista importante como solista no jazz, além de ser dos flautistas mais significantes nesse estilo. Em todos esses instrumentos era um impecável improvisador. Nas primeiras gravações, ele tocava ocasionalmente um clarinete soprano tradicional em Si bemol. Seu estilo de improvisação era característico por uma torrente de idéias, utilizando amplos saltos intervalares e abusando das doze notas da escala. Além disso, era comum que usasse efeitos sugerindo sons de animais. Embora o trabalho de Dolphy seja às vezes classificado como free jazz, suas composições e solos possuem uma lógica diferente da maior parte dos músicos de free jazz. Era, todavia, indubitavelmente, um vanguardista. Logo após sua morte, sua música era descrita como "demasiado 'out' para ser 'in' e demasiado 'in' para ser 'out'".Dolphy nasceu em Los Angeles e foi educado no Los Angeles City College. Manteve uma carreira regional por muitos anos, participando, sobretudo, de big-bands de be-bop lideradas por Gerald Wilson e Roy Porter. Dolphy deu finalmente uma guinada em sua carreira ao integrar o quinteto de Chico Hamilton, com Hamilton ele se tornou conhecido de um público maior e teve a oportunidade de rodar os Estados Unidos em 1958. quando se separou de Hamilton e mudou para Nova Iorque. Ao chegar em Nova Iorque, firmou rapidamente diversas parcerias musicais. As duas mais importantes foram com as "lendas" do jazz Charles Mingus e John Coltrane. Sua colaboração formal com Coltrane foi pequena (menos de um ano, entre 1961 e 1962). Já a associação com Mingus continuou de 1959 até a morte de Dolphy, em 1964. Dolphy era muito querido por ambos os músicos - Coltrane achava-o o único que poderia ser comparado ao próprio Coltrane e Mingus considerava Dolphy seu mais talentoso intérprete. Coltrane havia ganhado audiência e notoriedade no quinteto de Miles Davis. Embora os quintetos de Coltrane com Dolphy (incluindo Village Vanguard e Africa/Brass sessions) sejam hoje lendários, eles levaram a revista Down Beat a classificar a música de Coltrane e Dolphy como "anti-jazz".


Mais tarde, Coltrane afirmou, sobre essas críticas: "elas fizeram parecer que nós não sabíamos nem ao menos o mínimo sobre música (...) dói em mim ser atingido dessa forma". A carreira de Dolphy em estúdio começou na gravadora Prestige. Sua associação com a Prestige estendeu-se de Abril de 1960 a Setembro de 1961, somando 13 álbuns, se computadas as atuações em discos de outros músicos. A Prestige lançou posteriormente uma caixa com nove CDs com todas as gravações de Dolphy no selo. Os dois primeiros discos de Dolphy foram Outward Bound e Out There. O primeiro é mais acessível e enraizado no estilo do bop, mas já oferece performances ousadas, o que, no mínimo em parte, contribuiu com a escolha de incluir a palavra out (fora) no título. Out There também está próximo da música third stream, que também faria parte do legado de Dolphy, ainda com reminescências da instrumentação do grupo de Hamilton com Ron Carter no violoncelo. Far Cry também foi gravado para Prestige em 1960 e representa sua primeira parceria com o trompetista Booker Little. A música erudita do século XX também desempenhou um importante papel na carreira musical de Dolphy, que gostava de Schoenberg e gravou a peça Density 21.5 , de Edgard Varèse, para flauta solo, além de outras obras clássicas, tendo participado fortemente do já citado "Third Stream" nos anos 1960. Em 1964, Dolphy assinou com a lendária gravadora Blue Note e gravou o disco Out to Lunch - novamente, a gravadora insistiu em usar a palavra "out" (fora) no título. Esse álbum era profundamente enraizado na vanguarda e os solos de Dolphy eram tão dissonantes e imprevisíveis como tudo o que ele gravava. Out to Lunch é frequentemente tido como não só o melhor álbum de Dolphy, mas também um dos maiores discos de jazz já feitos. Depois de Out to Lunch e uma aparição no álbum Point of Departure, de Andrew Hill, Dolphy deixou de excursionar pela Europa com o sexteto de Charles Mingus no início de 1964. A partir daí, tinha a intenção de fixar-se na Europa com sua noiva, que trabalhava com ballet em Paris. Depois de deixar Mingus, tocou e gravou com várias bandas européias e se preparava para juntar-se a Albert Ayler para uma gravação. Na tarde de 18 de Junho de 1964, Dolphy caiu nas ruas de Berlim e foi levado a um hospital. Os enfermeiros do hospital, que não sabiam que ele era diabético, pensaram que ele (como acontecia a muitos jazzistas) havia tido uma overdose, deixaram-no, então, num leito até que as passasse o efeito das "drogas". Uma das notas da coleção de nove discos da Prestige diz que ele "caiu em seu quarto de hotel e foi levado ao hospital, onde foi diagnosticado um coma diabético. Após a administração de insulina (aparentemente um tipo mais forte do que o disponível nos Estados Unidos), passando à hipoglicemia extrema e morreu". A presença musical de Dolphy foi profundamnte marcante para um "quem é quem" na cena dos jovens músicos, entre os quais muitos viriam a se tornar lendas por eles mesmos. Dolphy trabalhou intermitentemente com Ron Carter e Freddie Hubbard ao longo de sua carreira e nos últimos anos contratou Herbie Hancock, Bobby Hutcherson e Woody Shaw várias vezes para tocar em sua banda em estúdio e ao vivo. Out to Lunc contou ainda com outra jovem fera que acabara de começar a tragalhar com Dolphy: o baterista Tony Williams. Ron Carter, Hancock e Williams continuariam sendo a quintessência das "cozinhas" da vanguarda da década, juntos ou em seus álbuns pessoais, além de terem formado a espinha dorsal do segundo grande quinteto de Miles Davis. Essa parte do segundo grande quinteto é uma irônica nota de rodapé para Davis, que não apreciava a música de Dolphy mas herdou dele uma "cozinha" inteira e acabou criando uma banda cuja marca de "out" era muito semelhante à de Dolphy. Além disso, seu trabalho com o produtor Alan Douglas permitiu que a marca singular da expressão musical de Dolphy se espalhasse postumamente até os ambientes de Fusion e Rock, mais notavelmente em John McLaughlin e Jimi Hendrix. Frank Zappa, artista eclético que buscou inspiração também no jazz, fez um tributo ao estilu de Dolphy no instrumental "The Eric Dolphy Memorial Barbecue." Dolphy gravou com varios musicos com: Chico Hamilton, Charles Mingus, Ornette Coleman, Oliver Nelson, Makanda Ken McIntyre, George Russell, Max Roach. John Lewis e John Coltrane nos famosos albuns: Olé Coltrane, Africa/Brass e Live at the Village Vanguard de 1961 e Impressions (One Track, "India")1963. Um dos mais interessantes grupos de trabalho que Eric Dolphy reunido nesta performance ao vivo e gravado em Nova Iorque em 1962, apresenta um esquadrão incomuns de sidemen com Herbie Hancock ao piano, Ed Blindados no trompete, Edgar Bateman na bateria, e Richard Davis no contrabaixo. Enfim este disco traduz-se numa qualidade de gravação bem definida e de boa colocação. O álbum é ao vivo e mostra o forte introsamento nas linhas de conjunto, além dos solos bem incomuns, o que torna o álbum uma parte essencial e peculiar no entendimento da carreira desses musicos do hardbop. Eric toca sax alto e clarinete baixo nas faixas "245", "GW", "Left Alone", e "Miss Ann". Nota: O album Gaslight foi gravado no lendário clube Gaslight em Nova York mas faz referencia ao filme do mesmo nome (Gaslight - À meia luz), um suspense de 1944, dirigido por George Cukor com base na peça teatral de Patrick Hamilton. A data desta gravação é de 10 de julho de 1962 mas o lançamento oficial só foi liberado em outubro de 1962 por burocracia da gravadora.

01 - Miss Ann
02 - Left Alone
03 - G.W
04 - I Got Rhythm
05 - 245

Eric Dolphy - Sax alto, Flauta, Clarinete e Baixo
Ed Armour - Trompete
Herbie Hancock - Piano
Richard Davis - Baixo Acustico
Edgar Bateman - Bateria
Joe Carrol - Vocal (faixa 04)


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1957 - Prestige 7105 - John Clotrane

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“Trane era o saxofonista mais ruidoso e mais rápido que eu já ouvi. Tocava rápido e alto ao mesmo tempo, o que é difícil de fazer. Porque quando a maioria dos músicos tocam alto, se travam. Já vi muitos saxofonistas se enrolarem tentando tocar assim. Mas Trane fazia isso e era fenomenal. Era como se estivesse possuído, quando levava aquele instrumento à boca. Era muito apaixonado – feroz – e ao mesmo tempo muito tranqüilo e delicado quando não estava tocando. Um cara puro.
Jamais compôs coisa alguma durante o tempo que esteve em meu conjunto. Tudo que fazia era começar a tocar. A gente conversava muito sobre música nos ensaios e a caminho do trabalho. Eu lhe mostrava muita coisa, e ele sempre escutava. E eu dizia:
- Trane, tome aqui estes acordes, mas não é pra tocar assim o tempo todo, não, sabe? Isso quer dizer que você tem dezoito, dezenove coisas diferentes pra tocar em dois acordes.
Ele ficava ali sentado, de olhos arregalados, absorvendo tudo. Trane era um inovador, e a gente tem de dizer a coisa certa às pessoas desse tipo. Por isso que eu mandava que ele começasse no meio, pois era assim que sua cabeça funcionava mesmo. Ele buscava desafios, e se a gente lhe desse o troço errado, ele não escutaria. Mas era o único músico que podia tocar aqueles acordes que eu lhe dava sem fazê-los soar como acordes.

Depois do trabalho, ele voltava pra seu quarto de hotel e praticava, enquanto todos os demais andavam pela rua. Praticava durante horas, depois de acabar de tocar três sets. E mais tarde, em 1960, quando lhe dei um sax soprano que conseguira com uma conhecida de Paris, uma antiquária, isso teve um efeito no seu tenor. Antes de ganhar aquele soprano, ele ainda tocava com Dexter Gordon, Eddie “Lockjaw” Davis, Sonny Stitt e Bird. Depois de ganhar o instrumento, seu estilo mudou. Depois disso, não tocava mais como ninguém a não ser ele mesmo. Descobriu que podia tocar mais suave e mais rápido no soprano que no tenor. E isso realmente o deixou ligado, pois não podia fazer no tenor o que podia no alto, porque o soprano é um instrumento direto, e como ele gostava do registro baixo, descobriu que também podia pensar e ouvir melhor com o soprano do que com o tenor. Quando tocava o soprano, depois de algum tempo, parecia mais uma voz humana, um lamento.

Depois que gravamos aqueles últimos lados pra Prestige, em outubro de 1956, levei o grupo de volta ao Café Bohemia, e foi lá que aconteceu muita coisa entre Coltrane e eu. Essas coisas já vinham se acumulando há algum tempo. Cara, era uma merda ver o que ele fazia consigo mesmo, a essa altura já se achava realmente dependente da heroína, e também bebendo muito. Chegava atrasado e cabeceava no palco. Uma noite, fiquei tão puto com ele que lhe dei um tapa na cabeça e um soco na barriga, no camarim. Thelonious Monk estava lá nessa noite; fora ao camarim dar boa-noite e viu o que eu fiz com Trane. Quando viu que Trane não reagia e apenas ficava ali sentado como um bebezão, se revoltou. Disse a Trane:
- Cara, do jeito que você toca saxofone, não tem de aceitar essa merda; pode vir tocar comigo quando quiser. E você Miles, não devia bater nele desse jeito.

Eu estava tão puto que pouco ligava pro que Monk dizia, porque, pra começar, não era da conta dele. Despedi Trane essa noite, e ele voltou pra Filadélfia, pra tentar se livrar do vício. Me senti mal mandando-o embora, mas não via que mais podia fazer nas cincunstâncias.
Por mais que eu gostasse de Trane, nós não andávamos juntos depois que deixávamos o estrado, porque tínhamos estilos diferentes. Antes, era porque ele vivia afundado na heroína, e eu acabara de sair dessa. Agora ele estava limpo e quase não saía, voltava direto pro hotel, pra praticar. Sempre levara a música a sério, e sempre praticara muito. Mas agora era quase como se estivesse numa espécie de missão. Me dizia que já fizera muita confusão, perdera muito dinheiro e não dera muita atenção à sua vida pessoal, à sua família e, acima de tudo, à sua música. Portanto, só se preocupava em tocar sua música e crescer como músico. Era só no que pensava. Não podia ser seduzido pela beleza de uma mulher, porque já fora seduzido pela beleza da música, e era fiel à sua esposa. Quanto à mim, depois que acabava a música, eu saía logo buscando a dona boa com quem ia ficar naquela noite. Cannonball Adderley (vocal) e eu conversávamos e saíamos às vezes, quando eu não estava com alguma mulher. Philly e eu ainda éramos amigos, mas ele vivia se enchendo de droga, ele, Paul e Red. Mas éramos todos amigos e todos nos dávamos muito bem juntos.” (“Miles Davis, a Autobiografia” - pp 180, 194 e 195)

Prestige 7105 é um álbum fantástico que reúne alguns dos clássicos de John Coltrane, um dos saxofonistas mais cultuados do jazz, que começou sua carreira tocando em big bands, fez parte do grupo de Miles Davis, durante cinco anos, além de ter liderado, a partir de 1960, um quarteto com o pianista McCoy Tyner, o baixista Jimmy Garrison e o baterista Elvin Jones. São seis faixas com o melhor de seu estilo, entre elas, "Violets for Your Furs" e "While My Lady Sleeps", alguns dos destaques. Algo que não pode faltar em sua coleção. Gravado em 31 de Maio de 1957

Dica: Les Musiciens de Jazz et Leurs Trois Voeux - Pannonica de Koenigswarter (Ed. Ruchet-Chasiel). Boa leitura.

01 - Bakai
02 - Violets For Your Furs
03 - Time Was
04 - Straight Street
05 - While My Lady Sleeps
06 - Chronic Blues

John Coltrane - Sax. Tenor
Johnnie splawn - Trompete
Sahib Shihab - Sax. Barito
Red Garland - Piano (1-3)
Mal Waldron - Piano (4-6)
Paul Chambers - Baixo Acustico
Albert Heath - Bateria


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Boa audição - Namastê

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Miles Davis na Europa - Miles Davis 1963

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Ele foi chamado de o Príncipe da Escuridão. Um homem mítico que atravessou diversas vezes o inferno e de lá saía cada vez mais surpreendente e inovador. Se tivesse sido apenas um extraordinário músico com uma carreira de quase 50 anos e uma discografia tão extensa e dificil de enumerar, ele já teria seu lugar mais do que reservado no mundo do jazz e da música como um todo. Miles pertenceu à uma classe tradicional de trompetistas de jazz que começou com Buddy Bolden e desenvolveu-se com Joe "King" Oliver, Louis Armstrong, Roy Eldridge passando por Dizzy Gillespie. Mas ao contrário desses músicos ele nunca foi considerado detentor de um alto nível de habilidade técnica. Seu grande êxito como músico, entretanto, foi ir mais além do que ser técnico; ele foi distinto em seu instrumento, moldando estilos inteiros do Jazz através das suas pessoais maneiras de fazer música através dos trabalhos com seus famosos grupos, dos quais se tornaram grandes legendas do Jazz, berços de importantes músicos que fizeram seus nomes na segunda metade do século XX. Este album é uma pequenina amostra disso e mais um lembrete ao navegantes (e pescadores de fim de semana) de como a arte é diferente do autor e vice e versa, como muitos tem comparado. Gravado ao vivo na França no Festival Mundial du Jazz Antibes, "Miles Davis na Europa" traça um novo perfil do trompetista no final de 1963 ja com um novo embrião para a formação definitiva do seu segundo grande quinteto (64-68). Miles Davis na Europa é uma convite a explorar novos talentos que incluíu o saxofonista tenor George Coleman (premiado pela Jazz Foundation of America em 1997 com o premio "Life Achievement Award"), o pianista Herbie Hancock (inovador e um dos pioneiros do uso de teclados eletrônicos no jazz), o baixista Ron Carter (veterano com uma extensa lista de gravações e parcerias) e o jovem e brilhante baterista Tony Ruption Williams. Embora Coleman seria afastado do grupo em menos de um ano, ele revelou-se um desejoso improvisador que merecia mais atenção em uma carreira solo do que na condição de sideman. Nada menos do que três álbuns foram gravados com essa formação - "Miles Davis na Europa", "My Funny Valentine", e "Four and More". A produção desse album ficou a cargo do então cherife e empresario de Miles,Teo Macero.

01 - Introduction (by Andre Francis)
02 - Autumn Leaves
03 - Milestones
04 - I Thought About You
05 - Joshua
06 - All Of You
07 - Walkin'

Miles Davis - Trompete
Ron Carter - Baixo Acustico
George Coleman - Sax. Tenor
Herbie Hancock - Piano
Tony Ruption Williams - Bateria


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Boa audição - Namastê.

Esta postagem é uma parceria entre o blog Farofa Moderna e o blog Borboletas de Jade


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