| London Improvisers Orchestra |
| Marcio Mattos |
Recentemente, nos dias 26/ 27/ 28 e 29 de Maio de 2011, eu participei da Oficina de Improvisação Livre no Centro Cultural São Paulo sob a coordenação do violoncelista Marcio Mattos, artista brasileiro que faz parte do cenário da música improvisada inglesa e é integrante da já legendária London Improvisers Orchestra. Na ocasião, fui assaltado por uma nova compreensão do que é realmente a livre improvisação na condição de músico participante: ou seja, através dos conceitos e das dinâmicas aplicadas na prática, bem como do uso das chamadas técnicas instrumentais extendidas, pude sentir os efeitos, as nuances, os mais diversos, inusitados e inesperados propósitos sonoros que se pode produzir individualmente e em grupo. O meu interesse na arte da improvisação livre já vinha chamuscando desde os primeiros momentos onde, aqui mesmo no blog, comecei a abordar alguns trabalhos no ramo do free jazz, tendo, ainda, a expressiva colaboração do amigo Rubens Akira que já postou dezenas de resenhas sobre álbuns relacionados, bem como suas opiniões musicais. A princípio, para ser sincero, eu tinha algumas ressalvas contrárias a alguns artistas representantes desse gênero de música -- talvez por procurar uma tal coerência rítmica, melódica e harmônica numa arte onde a liberdade é total e que, portanto, dispensa conceitualizações, modelos padronizados de coerência musical ou qualquer outro tipo de metodologia impositiva a qual os modelos de escolas musicais vigentes nos ensinam. Nos últimos dois anos, porém, meus ouvidos começaram a permitir um maior interesse em música moderna, música de vanguarda e música contemporânea em geral -- e o caminho, para tanto, foi percorrido justamente através das minhas pesquisas sobre as reminiscências e os arredores do jazz moderno e contemporâneo: é como se nossos ouvidos, ao se permitirem embrenhar por diversas aventuras sonoras, fossem ficando mais ápitos e ávidos para absorver aquele tipo de música que outrora nos parecia difícil de ouvir, talvez por ser estranha, complexa demais ou até aparentemente simples demais -- e aí, quando você ouve aquele tipo estranho de música com os ouvidos e mente preparados, você acaba massacrando seus próprios preconceitos e pré-conceitos