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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O inverno não tarda aí, e eu mortinha

Nada me podia ter aquecido melhor o coração (e a barriga, especialmente a barriga) do que isto, após uma semana particularmente esgotante e eventful, e de um dia inteirinho de formação em contabilidade na língua dos gauleses:


Que maravilha! Um chocolate quente que sabe mesmo a chocolate derretido, e não a leite com chocolate, que é só o que eu sei fazer. Com o copinho a escaldar entre as mãos geladas, com a previsão de neve para este fim-de-semana a pairar na minha mente e o mercado de Natal bruxelense que se avizinha, deixei de arrastar os pés cansada e foi quase com saltos de alegria que entrei em casa.

Os mercados de Natal alemães bem que podem ficar para outro ano. Agora tenho é que aproveitar enquanto a prospetiva de uma Bruxelas natalícia ainda é uma fonte de grande entusiasmo e surpresa para mim.



S. 

sábado, 10 de novembro de 2012

Nas margens do rio Main

Apesar de um início de viagem atribulado (seis da manhã é demasiado cedo para ouvir berros de um alemão lunático que acha que as câmaras de gás deviam voltar a ser abertas para os ciganos - não estou a brincar, ouvi isto dito tal e qual...), a day-trip a Frankfurt correu muito bem.

A expectativa de que Frankfurt seria só escritórios e uns arranha-céus e pouco mais desvaneceu-se em pouco tempo, especialmente durante o passeio nas margens ajardinadas do rio Main.



Por entre o rio que me fez lembrar fortemente o Tamisa, com as múltiplas pontes transversáveis a pé, o núcleo de arranha-céus como a City, intervalado com praças centenárias, ruelas e lojas deliciosas, sem esquecer os grandes armazéns comerciais e as marcas multinacionais, mas nem tão-pouco um mercado de rua com coisas alimentares tradicionais (ainda não foi desta que provei o mulled wine), os inúmeros ciclistas que me fizeram ansiar por pegar também numa bicicleta e pedalar e pedalar, como em Bruxelas, e a língua tão misteriosa e estranha mas tão familiar ao mesmo tempo (um dia conquistá-la-ei até ao fim, juro aqui), fiquei muito contente por voltar a sentir-me numa cidade, numa verdadeira cidade.

Depois de provar a tradicional salsicha no pão (que não é o mesmo que o hot dog comum, percebi-o), de encontrar a maior loja de chás que já tinha visto na vida e de não ter apanhado uma gota de chuva, cheguei à conclusão que podia ser feliz na Alemanha...



O D. olhou-me com um misto de impaciência e resignação quando lhe confessei tal coisa. "Tá quieta...", diz ele. Eu limito-me a sorrir e a esfregar as mãos como quem diz "We'll see..." Mas sem gargalhada maléfica no fim. Não o quero assustar.

Acabei por trazer dois chás, que mais podia ter eu escolhido, pff. Especialmente depois de ter tropeçado na loja gigante.



O da esquerda é um chá de inverno, meio natalício, e que por cheirar a canela apaixonei-me instantaneamente. O outro é chá vermelho com caramelo, do qual também gostei do cheiro. (Amo quando as lojas tem testers para se cheirar os chás. Se não conheço o nome e não o posso provar na altura, é óbvio que vou lá pelo cheiro. É ver-me nos supermercados a agitar as caixas seladas na esperança que trespasse algum odor, por entre sobrancelhas levantas de transeuntes que questionam a minha sanidade mental. Por isso, lojas que me poupem a estes esforços infrutíferos ganham uma montanha de pontos na minha consideração). Ainda não os provei mas estou esperançosa.



S. 

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Gaitas-de-foles e salsichas

Assim num instantinho e muito de repente, fiquei a saber que dentro de uma semana vou concretizar duas viagens de sonho.

Agora fiquei com um bocadinho de vergonha de dizer quais são, sob pena de quem me lê ficar a pensar que os meus sonhos são bem modestos, eu que sou uma valente defensora do aim high e blá blá blá, mas odeio o calor de fazer vómitos e a Europa é neste momento o que me faz cócegas na curiosidade, não tenho viagens de sonho fora daqui...

Bom.

A primeira será Frankfurt. Há alguns anos que ando com uma vontade imensa de visitar a Alemanha. Sei que é tudo menos um sítio popular neste momento, mas sinto que a Alemanha é neste momento um grande buraco negro no meu conhecimento da minha casa europeia e na minha construção identitária do que é ser europeu. E eu gosto de ser do contra, por isso é quando ela é menos popular que me dá mais vontade de a conhecer, um bocado como quando embirrei com o Avatar porque toda a gente viu e dizia que era maravilhoso e por isso mesmo não o fui ver. 

Não sei como ainda não calhou, já que estive muito perto de pisar solo germânico várias vezes: Estrasburgo ficava a uns 10 km da fronteira (de qualquer forma, aquilo é mais germânico que gálico); depois, a conferência de Passau em setembro, que estive a ansiar desde o início do ano mas que acabei por não poder ir por calhar mesmo na minha primeira semana de trabalho (pedir férias antes de começar a trabalhar se calhar não fica muito bem...). Além disso, Bruxelas fica a uma hora e meia de comboio de Colónia e de meia dúzia de outras cidades alemãs, de maneira que o espectro da possibilidade de uma viagem à Alemanha há vários meses que paira por aí.

Calhou agora, e será apenas um cheirinho. Ida e volta no mesmo dia não deixa muito tempo para cirandar mas confio que a minha estreia germânica será interessante de qualquer forma. E farei tudo para lhe tirar o melhor partido. Além disso, consta que Frankfurt não é aqueeela beleza arquitetónica, por isso uma voltita chegará.



Uns dias depois será Edinburgh. Esta está-me encravada desde que vivia em Londres. Planos foram feitos para lá ir, várias vezes, mas nove meses não é assim tanto tempo e a minha vida não é só passear. Abandonei solo britânico com a sensação de missão não-cumprida, de um "não fui à Escócia" que me continuou a moer a cabeça irritantemente. Designei todo um plano na minha cabeça sobre esta viagem que queria muito especial: partiria de Londres, de King's Cross, até Edinburgh ou Glasgow e visitaria a outra cidade porque as duas são pertinho. Depois, seguiria num daqueles comboios que fazem viagens cénicas pelas Highlands para ver as colinas verdejantes, daquele verde mesmo verde, os lochs cristalinos e os castelos fantasmagóricos e centenários. E ali deixaria a imaginação rolar e acredito que não seria nada difícil ter a miragem de um Hogwarts, de uma Forbidden Forest, de um Great Lake. Porque para mim Escócia tem o sabor a Harry Potter, mas também a druidas, a celtas, a palavras esquisitas gaélicas e a Alba.

Não será nada disto que irei fazer, não nesta estreia. Conhecerei apenas Edinburgh, mas diz quem o sabe que planar por cima das Terras Altas, de avião, é uma das melhores maneiras de ficar a conhecer as suas colinas verdejantes, os lochs cristalinos, e um ou outro castelo fantasmagórico. E que Edinburgh tem o suficiente para me entreter na minha curta estadia. 



Fiquei profundamente aliviada por não ter que fazer escala em Londres, seja de avião seja de comboio. A minha sanidade mental agradece, já que Londres está a chatear-me que a visite há meses - desde que a vi da última vez, em janeiro - sempre a ser relegada para segundo plano e cada vez mais furiosa com o facto. Estar lá e não ter tempo de sair da estação/aeroporto é tudo o que eu não preciso neste momento - já basta viver a duas horas de comboio da senhora cidade e ainda não lá ter ido.

Estou portanto um bocado surpresa mas muito entusiasmada com o que me calhou na rifa do Destino próximo. Entretanto, há que pensar insistentemente se há algo que eu precise do território britânico, e qual seria a melhor lembrança para trazer de terras germânicas. Em último caso, as memórias serão mais do que suficientes.



S.  


terça-feira, 12 de junho de 2012

Alsácia sem a Lorena

Enquanto janto os melhores bifinhos com cogumelos que já provei na vida (França tem tendência para me brindar com muitos "o melhor *inserir prato* que já provei na vida"...) tento sintetizar as minhas primeiras impressões da Alsácia. 

Se na Normandia se respirava liberdade (historicamente imaginada), aqui respira-se união (fisicamente sentida). E acabaram de me trazer um chá com uma bolacha Speculoos, que coisa tão doce e estranhamente belga! Neste canto francês com tantos nomes acabados em "heim", a pernoitar numa terra demasiado germânica e cujo nome ainda não sei pronunciar, acabo por não conseguir descortinar se Estrasburgo é mais gálico ou germânico. No fundo, pouco importa, pois pertence áquela classe de cidades com qualidade de vida impossivelmente elevada. Dois mundos juntam-se aqui na Alsácia, dando o melhor de si para formar um resultado de louvar: a organização e eficiência germânica com o bom-viver francês.

A França tem também cheiro a casa, descubro agora. O francês palrado de fundo e os "bonjour!"s dados com alegria não fazem parecer que atravessei quatro países para cá chegar. 

Alsácia é a nacionalidade do meu cão, também (do meu ex-cão - pode-se dizer "ex-cão"? Para não confundir com o atual e não dizer "o meu cão que já morreu". Deve-se poder. E este também é o meu blog, portanto, eu é que sei). Alsácia lembra-me sempre "Lobo da Alsácia", vulgo Pastor Alemão (O pai da Merkel é um pastor alemão. Juro. Na altura tive que ler essa frase várias vezes até ela fazer sentido, mas agora faz.). Saudades que fazem sempre cócegas no fundo do estômago e que não têm a distância da Alsácia a Lisboa, mas da Alsácia ao céu.

Gosto deste centro da Europa. Aguça-me a curiosidade por esses dois países imensos que são a França e a Alemanha e ajuda-me a reparar no quanto ainda me falta da Europa para ver com os meus próprios olhos e calcorrear com os meus próprios pés.





S.


P.S. O Kobo já cá canta, sim. Estamos na fase de reconhecimento um do outro, numa relação que se quer duradora e cheia de alegrias.   

P.S.2 E esta vida de quarto de hotel single é esquisita e solitária para caraças. E eu sou a pessoa mais anti-social que conheço...