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domingo, 8 de fevereiro de 2015

Thanksgiving primaveril

Hoje é o primeiro dia em vários meses em que o sol  realmente aquece a sala através da vidraça. Ainda não liguei o aquecimento mas estão 20° cá em casa. Já anoitece depois das 17h. Acabei a minha primeira semana de facilitadora de estudantes e a coisa correu melhor do que estava à espera. E pensar que tive tantas dúvidas sobre isto. Vou voltar a correr depois de duas semanas parada por causa da tosse. O semestre da primavera vai começar esta semana e eu vou ter aulas sobre feminismo. Há passarinhos a cantar lá fora, também contentes com o sol que aquece, embora ainda haja montes de neve pelos cantos da rua. Vou a meio do segundo livro de Harry Potter versão bilingue. Afinal a minha confirmação de doutaramento é só em setembro em vez de maio, o que me dará tempo para fazer um melhor trabalho do que antecipava. A hora está quase a mudar. Tenho chocolates Lindor na mesa. Tenho quem me leia histórias em voz alta - e goste. Descobri o The Office versão alemã. Tenho cada vez menos entusiasmo pelas redes sociais, blogs e afins. Amo a língua inglesa como nunca.   




S.

sábado, 31 de maio de 2014

Yorkshirianos não tarda muito

Há poucos meses atrás não sabia nada sobre Sheffield além de que era a cidade dos Arctic Monkeys e que tinha um passado industrial importante. Não a sabia localizar no mapa nem fazia ideia de com o que é que se parecia. Esta semana ficou decidida como a nossa próxima casa.
 
Entretanto já a visitei, já me eduquei sobre ela, e estou francamente otimista quanto à universidade que me irá acolher, quanto ao meu curso, e quanto ao meu supervisor. Ainda é um bocadinho estranha a sensação de me ter despedido voluntariamente do meu emprego para mergulhar no incerto e voltar a ser estudante mas estou confiante. Confiante de que é isto que quero mesmo fazer e de que é em Inglaterra que queremos estar.
 
Entre nos despedirmos de vez de Bruxelas e refazer as malas para Sheffield haverá um capítulo curtinho em Portugal. E uma viagem de mil quilómetros em cima de duas bicicletas para fazer.




S.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

"You're so dark but I want you hard"

Escrevo num comboio algures nas Midlands. Vou visitar a minha futura potencial casa.
 
Sinceramente ainda não sei ao certo qual foi a minha ideia em meter-me nesta viagem. Decerto que a beleza ou fealdade de uma cidade não deveriam ser critérios prioritários na escolha da universidade para se estudar. Mas a viagem foi pensada numa altura em que a angústia da escolha que brevemente terei que fazer estava a pesar especialmente e, por isso, cá estou eu. Sendo o resto igual, pode ser que a beleza seja um bom critério de desempate. E qualquer pretexto para voltar à Inglaterra é sempre bom.
 
Isto faz-me lembrar que amo comboios. Se pudesse não trabalhava a partir de casa, trabalhava a partir de comboios. Metia-me num comboio qualquer e, ala por essa Europa fora. Era capaz de sair um bocado caro, ao fim do mês, mas provavelmente nem tanto como alugar um escritório. E a vista móvel compensaria grandemente.
 
Ainda não tenho a certeza absoluta de que mudar-me para Inglaterra seja a melhor coisa a fazer. Tenho um fascínio enorme por este país, misturado com muito carinho, mas ele tem coisas que me irritam profundamente. A mania de que não é Europa é a maior. Seria extremamente irónico para uma europeia convicta vir estudar coisas europeias para um país que parece estar a descascar a sua europeanidade aos poucos. Se os Tories vencerem as eleições para o ano e no referendo de 2017 os britânicos abandonarem a UE, não sei como vou reconciliar as minhas duas paixões. Se a Escócia se for embora em setembro então seria o cúmulo. A Inglaterra a resvalar cada vez mais para a periferia, cada vez mais isolada. Burros do caraças. O “orgulhosamente sós” não vos serviria, acreditem.
 
Viver em Bruxelas tem muitas desvantagens e eu nunca me cansei de as enumerar, muitas vezez com lamúria desnecessária. Mas se há coisa que soa incrivelmente a privilégio em viver nesta cidade é a centralidade. Não só por ser o centro político europeu e tudo o que isso gera, mas por estar no centro geográfico da Europa. Ter tanta cidade a uma hora de avião, ter mais ainda a duas, e ter umas consideráveis a duas horas de comboio, incluindo Londres, Paris e Amesterdão. É uma sortuda geográfica, a cidade.
 
A geografia influencia muito do resto, claro, incluindo história, fronteiras, mentalidade e relações. As fronteiras belgas não existem fisicamente há mais de 20 anos, como no resto da Europa, mas também não existem mentalmente. É tão fácil e tão perto ir ali a França, ir ali à Alemanha, ir ali ao Luxemburgo, ir ali à Holanda. Lembro-me de na viagem que fiz para Estrasburgo, uma rota quase reta para sul de comboio, ter tido que desativar as mensagens automáticas de roaming porque o meu telemóvel parecia um alarme, sempre a apitar com info “Chegou à Alemanha! Chamadas custam X, mensagens custam Y.”, “Chegou à França! Chamadas custam X, mensagens custam Y.”, e depois as fronteiras não são retas, enquanto a rota ferroviária é, por isso o comboio estava sempre a entrar e a sair desses dois países. A geografia está-se bem marimbando para as decisões humanas políticas e por isso aqui eu aprendi a fluidez das nações e senti-me sempre na Europa, onde quer que tenha ido. E isso foi mesmo fixe.
 
Por isso voltar à ilha será voltar à periferia, tanto geográfica como mental. E isso deixa-me um bocado desconfortável.
 
Voltar à Inglaterra é também um bocado triste por razões linguísticas. Vivendo no continente tem-se sempre a língua materna, a língua franca internacional e a língua do país hospedeiro com que lidar. E ainda que eu não tenha dado a atenção e cultivado o meu francês como seria suposto, e ir embora da Bélgica com a vergonha linguística que cabe a alguém que viveu aqui dois anos e meio e não consegue ter uma conversa prolongada em francês, gostei muito de ter tido que lidar com uma língua estrangeira que não o inglês. Voltar à Inglaterra será voltar a ser preguiçosa linguisticamente. Não sei como vou gerir este regresso à zona de conforto com a minha curiosidade cultural e linguística para com o resto da Europa (a última tentativa, com o alemão, não correu assim tão bem). Talvez o futuro daqui a uns anos me lance outra vez para a mainland. De preferência, de comboio.

 
 
 
 
S.        

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

How the mighty fall

Há um ou dois meses comecei uma candidatura a doutoramento em Oxford. Entretanto larguei-a porque, enfim, pertencer a uma college e fazer refeições em halls à la Harry Potter era muito bonito sim senhora mas não está nas minhas prioridades académicas. Respeito e confiança no meu projeto de investigação, está. E convenhamos, seria muito improvável entrar. (Mas eu fico-me pela tese das prioridades.)

Mas a universidade agora não me larga. Há uns dias mandou-me um email a avisar que tinham lá uma candidatura semi-acabada no sistema deles e para eu não me esquecer do prazo. Agora acabam de me enviar um email a dizer que têm mais de mil bolsas para alunos caloiros em 2014. Eu já tinha lido um artigo bastante preocupante em que um professor académico alerta para a forma como as universidades britânicas estão a investir muito mais dinheiro em marketing para angariar candidatos e a descurar o investimento nas condições para quando estes se tornam alunos, porque o governo cortou impiedosamente muito do financiamento académico e as universidades precisam das propinas. Mas pensava que se havia universidade que não se precisava de promover era Oxford.





S.

sábado, 11 de maio de 2013

E respira fundo

Há umas duas ou três semanas, quando pus finalmente mente à obra e a sério para desenhar uma candidatura a doutoramento,  comecei a comiserar o facto de estar numa cidade francófona. Aaai, que não tenho bibliotecas como deve ser, aaai, que os livros que preciso são tão específicos e cá não há, aaai, que é só coisas em francês e eu preciso de uma cidade inglesa, aaai, que Londres fica tão perto mas tão longe, aaai, que a biblioteca da LSE é que era, aaai, coitada de mim. Escapou-se-me o facto de estar a viver no centro sobre all-things-UE, como também me escapou o facto de que aqui também há universidades, universidades que ainda por cima têm institutos europeus, e que universidades têm bibliotecas, e que sim, vivo numa cidade francófona mas literatura académica é universal e portanto anglófona. E só depois de pesquisar incessantemente como poderia reaver a minha membership das bibliotecas londrinas, é que me lembrei que se calhar devia era pesquisar como conseguir ficar membro da biblioteca da Université Libre de Bruxelles, por razões estupidamente óbvias. 

Solução tão simples para os meus problemas.

Ia cética, tenho que admitir, quando cheguei ao campus da ULB para me inscrever na biblioteca de ciências sociais e humanas. Assim que vi todo o edifício devotado à mesma (após cerca de meia-hora às voltas pelo campus, um mapa copiado à pressa para o bloco de notas, e muito desvio, como é sempre inevitável) o ceticismo deu lugar ao entusiasmo. 


Quando, cerca de duas horas depois, saí de lá com um livro emprestado por duas semanas e possibilidade de o renovar através da net, no conforto do lar, quase que vinha a chorar de alegria por ter encontrado tão honrada substituta para a minha biblioteca favorita. Com o bónus de que posso alugar livros (coisa que não podia na outra, daí as intermináveis tardes passadas naquele edifício gigante na Portugal Street) e que fica a 20 minutos de bicicleta de casa - enquanto a outra ficava a 45 de metro.

Hoje lá fui eu estrear o caminho de bicicleta até à univ para ir buscar nova leva de livros. Perto e caminho razoavelmente plano, que mais posso desejar?

Entretanto descobri que mais de metade dos livros que constam na minha to-read list não estão disponíveis naquela biblioteca, o que me frustra um bocado os planos de preparação. Tenho sempre a opção Amazon, mas por serem livros académicos e demasiado específicos raramente os encontro a preços baixos. Será um problema para solucionar mais para a frente. Entretanto descobri que os meus antigos códigos da King's ainda me dão acesso aos academic journals que vou precisar portanto a questão dos livros em falta foi posta de lado. O computador recebeu um beijo repenicado e um abracinho sentido que em boa verdade não são merecidos porque não é ele que dita o acesso aos valiosos artigos. Mas digamos que fiz o inverso do "shooting the messenger".

Isto tudo para deixar aqui registado que voltei à vida académica, ainda que seja só pré-académica por agora, e que toda a minha santa hora livre vai ser agora dedicada à preparação desta nova fase (não de verdade, senão não estava aqui, mas é mais ou menos isso). Só vou no segundo livro e já sinto o meu cérebro a esticar neurónios que não esticava há muito, como quando se vai ao ginásio após o mês de férias de verão. É quase doloroso. Intervalo com muito olhar para a parede desfocadamente, enquanto tento assimilar o que li (muitas vezes sem sucesso), e que equivale aos alongamentos após corrida intensa. 

Eu não consigo estabilizar no mesmo sítio muito tempo, seja ele geográfico, profissional, ou mental. É uma característica que já reconheci que faz mesmo parte de quem sou e tenho vindo a aprender a viver com ela. Temo que um dia me venha a dar problemas - uma pessoa precisa de uma certa estabilidade na vida para chegar a algum lado, seja para progredir na carreira, seja para criar uma rede de amigos e pessoas importantes na nossa vida num lado qualquer. Mas enquanto não me der problemas não há que lamentá-la.

Vou precisar de muita sorte para os próximos meses e de muito conforto emocional. Já re-abasteci o stock doméstico de Nutella, pelo sim pelo não.   




S.

domingo, 10 de março de 2013

Exposição à vista

Há uns meses dei-me conta de uma exposição que o V&A em Londres estava-se a preparar para receber e que encaixa perfeitamente num dos meus interesses literários mais aguçados: o período Tudor. A exposição chama-se "Treasures of the Royal Courts" e conta com peças inéditas das Cortes do Henrique VIII e Elizabeth I, dos Stuarts e do Ivan, o Terrível (como este último foi aqui enfiado permanece um mistério para mim).




Infelizmente, só agora reparei que é uma exposição paga - os museus londrinos gigantes, preciosos e totalmente grátis habituaram-me mal - mas estou convicta de que valerá a pena. Só precisava de um pretexto para voltar a Londres nos próximos meses.

O pretexto chegou há uns dias, sob a forma de celebração dos 20 anos do meu curso na King's e convite para lá ir falar sobre a minha vida pós-European Studies (o que eles acham que eu possa ter de interessante para contar supera-me um bocado mas, hey, qualquer desculpa é boa para voltar a Londres :D). Calha mesmo bem para ir visitar a exposição das Cortes, que abriu ontem e lá estará até meados de julho. A ver vamos se nessa altura vai estar mais alguma coisa que valha mesmo a pena ver. Já decidi que me vou manter afastada dos veados, por isso vou ganhar umas 3 ou 4 horas para queimar a conhecer um recanto qualquer daquela cidade que ainda não tenha visitado. Talvez seja desta que vá ao mercado Spitalfields.





S.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Educação não tem preço

A minha colega G. hoje revelou-me uma informação que ela descobriu e que me deixou de boca aberta:

---»  parece que em média cada aula do meu curso custou £80 ao bolso dos meus pais.

Fiquei chocada por não fazer ideia. Nunca tinha visto as coisas dessa perspectiva... Este semestre faltei a duas aulas. O que equivale a 160 libras mandadas ao ar, ou seja, 190 euros.

Se precisava de incentivo para não faltar a nenhuma aula nesta última semana que se adivinha muito complicada, aqui o tenho.




S.