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26 maio, 2020

Não podemos beijar, mas podemos falar... de beijos!


"O beijo é uma forma de diálogo"
George Sand, romancista francesa (1804-18076)


“Um beijo é um segredo dito à boca em vez de ao ouvido.”
Jean Rostand, biólogo, filósofo, historiador francês (1894-1977)


“A conversação dos beijos. Subtil, absorvente, destemida, transformadora.”
Alice Munro, escritora norte-americana (1931-)
Prémio Nobel da Literatura, 2013


"Num único beijo saberás tudo aquilo que tenho calado."
Pablo Neruda, poeta chileno (1904-1973)
Prémio Nobel da Literatura, 1971


"Amo-te tanto. E nunca te beijei... E nesse beijo, amor, que eu não te dei, guardo os versos mais lindos que te fiz."
Florbela Espanca, poetisa portuguesa (1894-1930)


(foto da net)

19 maio, 2020

"de repente os olhos são palavras" (*)


Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!


Poema do poeta português  Alexandre O'Neill (Alexandre Manuel Vahia de Castro O'Neill de Bulhões), Lisboa 1924-1986.

(*) Verso do poeta chileno  Pablo Neruda (1904-1973)

Imagem criada a partir de fotografia. Obrigada, meu amigo!

17 julho, 2018

À terça - imagens e palavras: "mar"


"A dentadas de sal e de espuma
o mar apaga-me os últimos passos..."


"Pablo Neruda, poeta chileno (1904-73), in "Crepusculário", 1923
Prémio Nobel da Literatura, 1971
Foto da net.

23 fevereiro, 2018

"Plenos poderes" - Pablo Neruda

"Plenos Poderes" (1963), colectânea de 36 poemas curtos e grandes odes, reúne a melhor e mais representativa poesia de Pablo Neruda, escrita no período mais produtivo da sua vida. 
Seleccionei o poema título da antologia mas oportunamente postarei versos de algumas das odes mais celebradas da obra do poeta chileno, Prémio Nobel da Literatura, 1971.

Comprei este livro numa livraria de livros usados (ou em segunda-mão, como queiram) duma vila do distrito de Lisboa, conhecida pelo seu belíssimo Palácio Nacional.
Loja pequenina, de paredes forradas de livros. Um lugar especial para quem gosta de ler.
Eu "perdi-me" lá dentro. Queria comprar tudo. Folhear tudo. Cheirar tudo. Imaginei-me "a feliz proprietária" daquela loja pequenina a abarrotar de livros. Leria-os todos!
Ali só não gostei do empregado, um jovem na casa dos trinta anos, muito hábil a fugir das questões que eu colocava sobre um ou outro livro ou autor. Estranhei!
Descobri porquê quando, já à saída, lhe perguntei «Rodeado de tantos livros imagino que tenha lido a maioria?» e ele respondeu com um sonoro e sorridente «NÃO! Não gosto de ler livros, só revistas, de preferência de desporto».
Aturdida, consegui balbuciar «não sabe o que perde» e agarrei-me ao braço do meu marido que me disse ao ouvido «vamos almoçar» e me levou dali.
Não gosto de ler livros... Como é possível!

PLENOS PODERES 
A sol descoberto escrevo, em plena rua,
em pleno mar, aonde posso canto,
somente a noite errante me detém
mas nessa interrupção ganho espaço,
recolho sombra para muito tempo.

O trigo negro da noite cresce
enquanto os meus olhos medem a planície
e assim de sol a sol forjo as chaves:
procuro na escuridão as fechaduras
e vou abrindo ao mar as portas rachadas
até encher armários com espuma.
E não me canso de ir e vir
com a sua pedra a morte não me retém,
não me canso de ser e de não ser.

Às vezes pergunto-me de onde
se de pai se de mãe se de cordilheira
herdei os deveres minerais,

os fios de um oceano aceso
e sem parar sei que continuo, que prossigo
e canto, no canto prosseguindo sem parar.

Não tem explicação o que acontece
quando fecho os olhos e circulo
como por entre dois canais submarinos,
na sua ramagem leva-me um para a morte
e canta o outro para que eu cante também.

Assim do nada sou composto
e como o mar assalta o arrecife
com balões salgados de brancura
e desenha a pedra com as ondas,
assim o que na morte me rodeia
abre em mim a janela da vida
e em plena exaltação estou dormindo.
Em plena luz caminho pela sombra.

10 novembro, 2017

Poemas de... Pablo Neruda


MINHA ALMA
Minha alma é um carrossel vazio no crepúsculo.


ÁGUA ADORMECIDA
Quero atirar-me à água para cair no céu.


Poemas de Pablo Neruda, poeta chileno (1904-73), in "Crepusculário", 1923
Fotos de António Gomes, autor do blogue "Existe sempre um lugar".

07 novembro, 2017

"Crepusculário" - Pablo Neruda


AMOR
Mulher, teria sido teu filho, para beber-te
o leite dos seios como de um manancial,
para olhar-te e sentir-te a meu lado e ter-te
no riso de ouro e na voz de cristal.

Para sentir-te nas veias como Deus num rio
e adorar-te nos ossos tristes de pó e cal,
para que sem esforço teu ser pelo meu passasse
e saísse na estrofe- limpo de todo o mal -.

Como saberia amar-te, mulher, como saberia
amar-te, amar-te como nunca soube ninguém!
Morrer e todavia
amar-te mais.
E todavia
amar-te mais
                    e mais.
Pablo Neruda (pseudónimo de Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto) é um dos grandes poetas da língua castelhana do século XX, e um dos mais lidos em todo o mundo.
Nasceu em Parral, Chile, em 1904.
Em 1923 publicou o primeiro livro "Crepusculário", com poemas escritos no período em que estudava pedagogia e francês na Universidade de Santiago. São poemas nostálgicos, de uma beleza estranha, sobre a vida, a mulher, o amor, a natureza. Revelava-se o poeta chileno da "voz original", o humanista, o poeta do amor.
O livro seguinte “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada”(1924), consagrou-o como poeta universal.
Em 1927 iniciou uma longa carreira diplomática.
Marxista e revolucionário, defensor dos movimentos libertários, em 1945 ingressou no Partido Comunista do Chile.
Em 1945 recebeu o Prémio Nacional de Literatura do Chile; em 1953 o Prémio Lenine da Paz; e em 1971 o Prémio Nobel da Literatura.
Faleceu em Santiago, Chile, em 1973, vítima de cancro na próstata, diz a certidão de óbito. 
Em 2011 o Partido Comunista chileno exigiu em tribunal que a morte do poeta fosse investigada. Dois anos depois o corpo foi exumado e a equipa internacional de investigadores apurou que não foi o cancro que o matou. Doença ou assassínio, o mistério continua.
O filme “O Carteiro de Pablo Neruda” (Pablo Larraín, 1994) aborda aspectos da vida do poeta no final da década de 40. Se ainda não viu (duvido!!), veja. É belíssimo!

Não resisto a partilhar três versos do último poema do livro:

FINAL
...
Dizei-me, amigos, onde
esconder o silêncio, para que nunca mais outros
o sintam com os ouvidos e com os olhos.
...