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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Sangue, Trabalho, Família, Corporação

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"A antiga sociedade fundamentava-se no Sangue e no Trabalho, na Família e na Corporação. A Corporação e a Família eram assim as bases dum acordo permanente das classes, identificadas pelo seu interesse comum com o interesse próprio duma dinastia. Tudo se subverteu, porém, na hora em que pôde mais a oratória duma turba anónima de agitadores. E, de então para cá, correndo sempre atrás de uma miragem que nunca mais se alcança, os homens dividem-se furiosamente na demanda dessa fraternidade por que tanto suspiram, mas da qual cada vez se afastam mais."


António Sardinha
in "Durante a Fogueira", 1927.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

«Tudo o que é repousa naquilo que foi»

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"Somos tradicionalistas. Ser tradicionalista não é devolver-nos ao Passado, morto, inerte nos seus moldes cristalizados. É aceitar do passado o impulso dinâmico, a sua força vivificadora. Para nós tudo o que é repousa naquilo que foi. A tradição não é assim um ponto imóvel na distância. É continuidade no desenvolvimento, é aquela ideia directriz que já Claude Bernard apontava como presidindo à vida dos seres. Não acatar as regras inalienáveis da nossa confirmação histórica o mesmo é que pretender substituir estultamente a nossa hereditariedade individual por qualquer outra que seja mais da nossa simpatia.
Os princípios que defendemos, antes de serem princípios, foram conclusões. Nós não significamos aqui mais que um voto unânime da nacionalidade pelo apelo sagrado dos seus Mortos.
A nossa política não é uma política de profissionais mas uma política de profissões. Assentamos numa concepção orgânica da sociedade, com a diferenciação e a competência por critérios reguladores. Se nos Insurgimos contra a democracia, é porque a democracia é a negação de todo o estímulo e de toda a prosperidade. Somos antiliberais. Mas somos antiliberais, porque, municipalistas em relação às administrações locais e sindicalistas em face da questão operária; é pelas liberdades, de sentido restrito e concreto, que dedicadamente nos bateremos."

António Sardinha
in «A Monarquia», 20 de Fevereiro de 1917.

sábado, 28 de setembro de 2013

António Sardinha: Monarquia e Nacionalismo

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António Sardinha: Monarquia e Nacionalismo
Ruy Miguel
Editora Contra-Corrente
148 Páginas

António Sardinha foi um dos grandes ideólogos do nacionalismo português do primeiro quartel do século passado. Tradicionalista, anti-parlamentarista e defensor de uma monarquia orgânica, foi um dos destacados dirigentes do Integralismo Lusitano – e talvez o maior dos seus ideólogos. Poeta, polemista, doutrinador e escritor, senhor de uma cultura muitíssimo considerável, publicou mais de uma dezena de livros entre 1910 e 1925. A morte prematura aos trinta e sete anos veio pôr termo a uma das mais brilhantes mentes da nossa cultura do século XX.
Ruy Miguel defende neste livro a importância da preservação de um nacionalismo muito português, intimamente ligado à monarquia, que se diferencia dos demais e não se confunde com outras “experiências estrangeiras”. Questiona-se também sobre a possibilidade, e a oportunidade, de implementação de um regime com tais características na actual realidade geopolítica europeia e mundial. Para tal, recorre a um conjunto de textos de António Sardinha, apresentados de uma forma estruturada para uma compreensão cabal do pensamento do Mestre.
Para quem não conhece António Sardinha, esta obra ímpar pode representar uma excelente introdução ao seu pensamento e à sua obra, qual compêndio da arte de tão iniludível doutrinador. Para quem está já familiarizado com o Mestre, pode aqui apreciar e recordar alguns dos seus melhores momentos, magistralmente enquadrados no tempo e no espaço, numa sequência de raciocínio habilmente dirigida por Ruy Miguel.

Encomendar através de: Editora Contra-Corrente.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Nação e Tradição

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«— Pátria para sempre passada, memória quase perdida!
Pois para que não o seja é que nós voltamos ao mais alto exercício do nosso dever de portugueses, que não é senão o de promover entre nós uma restauração da Inteligência. Dum e doutro lado da trincheira em que Portugal se corta de cima a baixo, pululam, numa inconsciência torpe de arraial, os mesmos bonecos, os mesmos postiços, cuja genealogia Eça de Queiroz nos traçou na sua obra cheia da mais elevada intenção demolidora. Portugal morre, porque, tal como uma tribo de berberes, deixou secar as raízes que o prendem à alma eterna da história. Cabe-nos a nós por isso — minoria que por acaso nos julguem — reconstruir, antes de mais nada, a fisionomia moral da Nacionalidade, indo beber ao património das gerações transactas os estímulos sagrados que nos abrirão, de par em par, as portas misteriosas do Futuro. Assim se define o nosso nacionalismo, que não é nacionalismo somente, porque o tempera, como regra filosófica, o mais rasgado e genuíno tradicionalismo. Aceitação das razões fundamentais da Pátria com todas as leis derivadas da Raça e do Meio, nós não nos fechamos, porém, nessa moldura estática, em que por vezes pode tumultuar um forte vento anárquico, como o provam na sua incapacidade conhecida as diversas improvisações nacionalistas provocadas pela guerra europeia. Há que ir mais longe e realizar pela projecção do génio de cada pátria numa consciência maior um ideal superior de civilização — o da civilização cristã que formou o mundo e esperamos confiadamente o salvará ainda.»

António Sardinha
in "A Prol do Comum".

quinta-feira, 24 de março de 2011

Não somos conservadores

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«Não somos conservadores — dada a passividade que a palavra ordinariamente traduz. Somos antes renovadores, com a energia e a agressividade de que as renovações se acompanham sempre. O nosso movimento é fundamentalmente um movimento de guerra. Destina-se a conquistar — e nunca a captar. Não nos importa, pois, que na exposição dos pontos de vista que preconizamos se encontrem aspectos que irritem a comodidade inerte dos que em aspirações moram connosco paredes-meias.»

António Sardinha

segunda-feira, 14 de março de 2011

Tradição

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“Para nós a «Tradição» não é somente o Passado. É antes a permanência no desenvolvimento. Sendo assim, — e não é outra a base filosófica das doutrinas tradicionalistas — , as instituições de um povo não podem nunca considerar-se como uma acto de exclusiva vontade pessoal ou como uma imposição deliberada de uma grupo maior ou menor de indivíduos. A sociedade é uma criação, não é uma construção, — não é um mecanismo. (...) por «Tradição» nós temos que entender necessariamente o conjunto de hábitos e tendências que procuram manter a sociedade no equilíbrio das forças que lhe deram origem e pelo respeito das quais continua durando.”

António Sardinha

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A Ordem Burguesa

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"Ora as democracias, desenvolvendo por um lado o arrivismo e por outro o amor do lucro, colocam o Estado ao alcance dos ambiciosos que o souberem conquistar e segurar. Cria-se assim a ordem burguesa, bem caracterizada pela maneira sangrenta como se liquidam em democracia as convulsões populares. Luís XVI morreu no cadafalso porque recuou em frente do alvitre de mandar metralhar a canalha de Paris. Por outro tanto caiu nas jornadas de Julho a Realeza legítima. Já não acontece o mesmo na França republicana, com Clemenceau ordenando os massacres de Narbonne e de Davreuil, e na «livre América», com o milionário Carnegie, e autor do tal livro famoso, — A Democracia triunfante, fuzilando por conta própria os seus operários em greve. A ordem burguesa é, pois, a ordem que se defende no Estado unicamente por meio da força e que, não tendo consigo nem um passado nem um futuro, pratica, enquanto lhe é possível, a máxima de Guizot: — «Governar é aguentar-se no poder»."

António Sardinha
in "Durante a Fogueira", 1927.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Durante a Fogueira

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"Quem diz «democracia» diz «individualismo». Quem diz «individualismo» diz por sua vez «burguesia» e «capitalismo». Na pavorosa confusão mental de que a Europa é vitima há mais de um século, acredita-se ainda que a Revolução Francesa, porque proclamou os Imortais Princípios, abriu às classes pobres uma era nova de emancipação e prosperidade. Se a superstição liberalista não falasse tanto à sentimentalidade das massas, com certeza que não se teria ido tão longe num ludíbrio que encobre a maior das falsidades. Se hoje existe, e em grau tão agudo, urna questão irredutível entre o rico e o pobre, entre o que produz e o que consome, a culpa é precisamente da metafísica mentirosa da Revolução. A Revolução só deu acesso a arrivistas cobiçosos de oiro e de domínio, a quem faltava a preparação moral da antiga sociedade."

António Sardinha
in "Durante a Fogueira", 1927.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sardinha com espinha

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"Não há dúvida que nos achamos em frente de uma demorada e dolorosa crise. As reivindicações das camadas operárias crescem ameaçadoras, enegrecendo de apreensões o horizonte já carregado das incertezas mais sombrias. Apregoa-se, vai em século e meio, a soberania do povo e só descobrimos ocupando-lhe o lugar o capitalismo mais desaforado e mais omnipotente. É o oiro quem manda desbragadamente. Manda a agiotagem como nunca. Reina a bancocracia. Um feudalismo pior que o outro, visto não conhecer nenhuma limitação de natureza espiritual nem resultar das necessidades históricas de sociedade, — um feudalismo, pior que o outro, escraviza a produção nas suas tenazes de ferro, ao mesmo tempo que entoa a ária estafada dos chamados Direitos do Homem."

António Sardinha
in "Durante a Fogueira", 1927.

sábado, 6 de novembro de 2010

Tomou-nos a moleza do invertebrado

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«Só vivem os povos que sabem viver. E saber viver não é arrastar uma existência subalterna de país tolerado, sem mais direito a dirigir-se e a ter-se em conta de autónomo que a condescendência um tanto duvidosa dos vizinhos. É essa hoje, infelizmente, a nossa desgraçada situação. Levamos a carreira doida do abismo numa farândola de insensatos que se afundam, cantando e rindo, tal como os bailarinos macabros da lenda. Ninguém se crispa num gesto que ao menos nos salve a dignidade! Tomou-nos a moleza do invertebrado. E como invertebrados sofremos sem reacção os vexames dum destino que é já de mais para a nossa honra de homens de bem, quanto mais de cidadãos livres duma terra livre!»

António Sardinha
 
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