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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

6 de Fevereiro

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Quem se lembra, hoje, do 6 de Fevereiro de 1934? Na história oficial é indicado como uma tenebrosa conjura contra a imaculada III República, que os jornais alemães saudaram, dizendo que a aurora do Fascismo despontava em França.
Esquecido, excepto de alguns caturras como eu, o imenso protesto das multidões parisienses contra o escândalo Stavinsky, desarmadas e recebidas a tiro, friamente, pelos guardas móveis – os pretorianos do regime.
É verdade que, nas sucessivas repúblicas, que se sucederam à III, houve escândalos muito maiores e ninguém, democraticamente, mexeu uma palha. Deus louvado!
A recordação dos mortos da Praça da Concórdia esfumou-se no tempo. É um motim reaccionário travado com brandura e serenidade.
Em 6 de Fevereiro de 1945 (não sabemos se a coincidência foi intencional ou não) era fuzilado Robert Brasillach, sob o signo da chamada “Libertação”. O nome e a presença de Brasillach tem os seus fiéis, aqui e ali, apesar de todos os esforços para os apagarem da História. Não figura, evidentemente, nos manuais escolares e bom número das referências – bem limitadas – que lhe fazem é rancorosamente odiento e pejorativo.
Mas a sua lembrança subsiste e, apesar de tudo, há quem o tenha sempre na memória e no coração.
Sou um desses e dos mais humildes. Neste rectângulo, que outrora foi Portugal, jamais olvido o autor de “Six heures à Perdre”. Brasillach foi um escritor que assinou com sangue as suas páginas. Bem sei que uma tal Beauvoir diz que é próprio dos fascistas só se preocuparem como morrem, esquecendo-se dos actos que realizaram.
Certo é que ela fala da coragem de Brasillach que só a podia mostrar assumindo os actos que praticara,
De qualquer forma, Petrarca dissera que “un bel morire tutta una vita onora”. Mas Simone de Beauvoir nada tinha de Petrarca e não passava de um pálido reflexo de Sartre, sem o talento especulativo que ele, pelo menos nas suas primeiras obras, evidenciara, - ao lado de algumas extravagâncias -.
Brasillach foi um excelente romancista, notável poeta mas, sobretudo, um admirável crítico e memorialista extraordinário.
Os seus “Quatre Jeudis” dão-nos um panorama literário excepcional do seu tempo; o estudo sobre Corneille” traz-nos de uma maneira, assombrosamente viva, a presença do grande autor do Cid que tão bem exaltou a Coragem, a Honra e o Dever.
Permita-se que destaque o aspecto de memorialista em que Brasillach nos faz reviver a sua época com uma delicadeza, uma nostalgia e um encanto inultrapassáveis. “Notre Avant-Guerre” é um livro imortal. Quem não o tiver lido jamais terá uma imagem exacta, simultâneamente delicada e firme, dos anos 20 a 39 do século passado.
Fascista não oculta – ao invés – as suas convicções mas nunca se mostra odientamente faccioso.
E fascista continuou a ser até à morte. Já na prisão escrevia: “Je veux… être franc avec le fascisme… sa poèsie extraordinaire est proche de nous, il demeure la verité la plus exaltante du XX siècle celle qui lui donne sa couleur… sa chaleur, son feu merveilleux, c`est ce qui lui appartient. Un champ de jeunesse dans la nuit, l`impression de faire corps avec sa nation, l`inscription à la suit des héros et saints du passé, une fête totalitaire, ce son là les elements de notre âge, c`est, j`en suis sûr, ce que la jeunesse dans vingt ans, oblieuse des tares et des érreures, regardera avec une sombre envie et une nostalgie inguérissable” (1).
E, no mesmo trabalho, ele acentuava, (fazendo suas as palavras de um herói francês da aviação – Fonck – de 1914, também preso por “traição”): “si l`Allemagne est vaincue… elle s`écroulera en donnant au monde une image éternellement sublime”, prosseguindo depois, “il est certain que son durcissement, peut-être fou, a quelque que chose d`heroique et de surhumain devant quoi l`histoire, quoi qu`il arrive, sera obligée de s`incliner”.
Palavras nobilíssimas de quem afrontou a morte sem hesitar. O que ele não pensava é que se em Espanha, em Portugal, na França mesmo, na Itália inclusive e, noutros pontos do globo, ainda há gente que vê com respeito e emoção o combate até ao fim da Germânia vencida mas inquebrantável, quem, oh paradoxo, o desdenha e considera crime nefando é o próprio povo alemão dos nossos dias.
O veneno democrático infectou-lhe o sangue a tal ponto que já nem reconhece o que é grande e glorioso. Ai de nós!
O que um antigo inimigo reconhecia já ele não quer ver.
Não nos perturbe, porém, a sua cegueira e tenhamos sempre presente a lição de Brasillach que soube reconhecer onde estava o verdadeiro valor que os renegados de hoje procuram abafar e até desdenhar.
6 de Fevereiro de 1945! Robert Brasillach: presente, para além da morte.

António José de Brito

(1) – Páginas antes, Brasillach asseverara: “le fascisme, il y a bien longtemps que nous avons pensé que c`étair une poèsie et la poèsie même du XX siècle (avec le communisme sans doute). Il me dis que cela ne peut pas mourir…”
Neste ponto formulo respeitosamente a minha discordância.
Admiro os comunistas que, sob regimes seriamente inimigos, lutam e arriscam a vida. Quanto ao seco evangelho de S. Marx, essa incrítica omelette de materialismo cientista e de dialéctica deturpada, porque incompreendida, não há ponta por onde limpamente se lhe pegue.

Robert Brasillach (31/3/1909 – 6/2/1945)

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La Mort en face

"Se tivesse tido vagar, com certeza que escrevia com este título a história dos dias que vivi na cela dos condenados à morte, em Fresnes. Diz-se que não se olha de frente nem para o sol nem para a morte. Mas, por mim, tentei. Nada tenho de estóico e custa muito arrancarmo-nos ao que amamos. Tentei, no entanto, não deixar uma imagem indigna àqueles que me viam ou pensavam em mim.
Os dias, especialmente os derradeiros, foram ricos e plenos. Já não tinha muitas ilusões, sobretudo depois que soube da rejeição do meu pedido de indulto, que, aliás, previ. Terminei o pequeno trabalho sobre Chénier e escrevi ainda alguns poemas. Uma das minhas noites foi má e, de manhã, ainda velava. Mas, nas noites a seguir, dormi muito sossegadamente. Nas três últimas, em todos os serões, reli a narrativa da Paixão em cada um dos quatro Evangelhos. Rezei bastante e era a oração, bem sei, que me dava um sono tranquilo. De manhã, o sacerdote veio trazer-me a comunhão. Pensava com doçura em todos os que amava, em todos aqueles que encontrei na minha vida. Pensava, com desgosto, no desgosto deles. Mas tentava, o mais possível, aceitar."

Robert Brasillach

domingo, 6 de fevereiro de 2011

La Mort en face

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"Se tivesse tido vagar, com certeza que escrevia com este título a história dos dias que vivi na cela dos condenados à morte, em Fresnes. Diz-se que não se olha de frente nem para o sol nem para a morte. Mas, por mim, tentei. Nada tenho de estóico e custa muito arrancarmo-nos ao que amamos. Tentei, no entanto, não deixar uma imagem indigna àqueles que me viam ou pensavam em mim.
Os dias, especialmente os derradeiros, foram ricos e plenos. Já não tinha muitas ilusões, sobretudo depois que soube da rejeição do meu pedido de indulto, que, aliás, previ. Terminei o pequeno trabalho sobre Chénier e escrevi ainda alguns poemas. Uma das minhas noites foi má e, de manhã, ainda velava. Mas, nas noites a seguir, dormi muito sossegadamente. Nas três últimas, em todos os serões, reli a narrativa da Paixão em cada um dos quatro Evangelhos. Rezei bastante e era a oração, bem sei, que me dava um sono tranquilo. De manhã, o sacerdote veio trazer-me a comunhão. Pensava com doçura em todos os que amava, em todos aqueles que encontrei na minha vida. Pensava, com desgosto, no desgosto deles. Mas tentava, o mais possível, aceitar."

Robert Brasillach

O meu país me dói

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O meu país me dói, pois que enche os seus caminhos,
Que lança filhos seus entre as águias sangrentas,
Que põe soldados seus em combates mesquinhos,
E dá ao céu azul um sol de armas violentas.

O meu país me dói em este tempo escuro,
Com juramentos vãos, com o quebrar dos laços,
Com a sua fadiga e as nuvens do futuro,
Com os seus fardos de peso a entorpecer-lhe os passos.

O meu país me dói, ao ser dúplice e vário,
Ao abrir o oceano para os navios cheios,
Ao abater na morte o marujo e o corsário,
Ao apagar, ligeiro, os erguidos esteios.

O meu país me dói pelos seus exilados,
E tanto calabouço e p‘los filhos perdidos,
Por cada prisioneiro entre arames farpados,
E pelos que estão longe e hoje desconhecidos.

O meu país me dói pelas terras em chamas,
Dói-me sob o inimigo e dói sob o aliado,
Dói-me em seu corpo e alma e dói-me com os seus dramas,
Dói-me sob a grilheta onde está subjugado.

O meu país me dói por toda a mocidade
Sob estandarte estranho e dispersa em parcelas,
Perdendo um jovem sangue a cumprir em verdade
As promessas de quem já nem cuidava delas.

O meu país me dói, pois vejo tantos fossos
Cavados por fuzis que os irmãos empunharam,
Dói-me ver usurpar até ao sangue e aos ossos,
O salário mais justo e os que renunciaram.

O meu país me dói, a escravizar-se, exangue;
Por seus carrascos de ontem e pelos que hoje há,
O meu país me dói, a lavar-se com sangue;
O meu país me dói. Quando se curará?

Robert Brasillach
(Tradução de Goulart Nogueira)
 
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