Autor:Fernando Pessoa
Foto:hhana
Aqui estão as minhas escolhas do que considero melhor em Poesia,Prosa Poética e Fotografia. Domingo é dia de trabalhos de minha autoria.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
Chove.É dia de Natal
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Neste voo de escrever-te um poema
Autor:Victor Oliveira Mateus In "Movimento de Ninguém", Minerva, Lisboa, 1999, p 30.
Foto:Haim Zaslavsk http://plfoto.com/1967498/zdjecie.html
sábado, 12 de dezembro de 2009
...
os degraus da minha casa
...não as escuto
Os teus gestos fogem-me do corpo
...não mais os sinto
secam-se-me os olhos
...não te enxergo
Nas mãos conservo ainda o livro
da vida que vivemos
E me ofertaste
como despedida...
.
Foto:mabar
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Algas
que sem querer
gravo em tudo o que faço e
souAmar-te assim ao clarear de mais um dia
em que descubro meu corpo
desnudado e
tranquilo.
Amar-te assim onde as mãos tacteiam
quais algas desavindas
perdidas nas profundezas das águas
Amar-te...
Autor: © Piedade Araújo Sol
04/09/2005 http://olharemtonsdemaresia.blogspot.com/
Foto:glover barreto
sábado, 5 de dezembro de 2009
sábado, 28 de novembro de 2009
...
Autor:Almaro
sábado, 21 de novembro de 2009
Fatalidade
Vibrantes, quentes, vistosos,
Como as papoilas vermelhas
Se recortam nos trigais!
Brotam e murcham depois,
Como a elas acontece,
Deixando indiferente o céu
Que viu seus gritos de cor
Como sangue a escorrer
Nas mãos de quem as colheu!
Também eu, mondo os desejos
Que nascem dentro de mim,
E sei que o céu indiferente
Os deixará reviver,
Garridos como as papoilas
Que alguém jamais semeou,
Mondadeiras vão colher,
E no trigo hão-de nascer!
autor:Maria José Rijo http://paula-travelho.blogs.sapo.pt/2008/03/
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
As coisas pelo nome
sábado, 14 de novembro de 2009
o caminho mais íngreme
é melhor que se faça
sozinho.
evitemos sacrifícios
alheios
não vá a terra
despegar-se
e arrastar na avalanche
o nosso melhor amigo.
Autor: José Miguel de Oliveira http://deliriospoeticos.blogspot.com/
Foto:Julka Toldi
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
há dias que me fitas
terça-feira, 6 de outubro de 2009
As nossas madrugadas
As nossas madrugadas
Desperta-me de noite
o teu desejo
na vaga dos teus dedos
com que vergas
o sono em que me deito
pois suspeitas
que com ele me visto e me
defendo
É raiva
então ciume
a tua boca
é dor e não
queixume
a tua espada
é rede a tua língua
em sua teia
é vício as palavras
com que falas
E tomas-me de foça
não o sendo
e deixo que o meu ventre
se trespasse
E queres-me de amor
e dás-me o tempo
a trégua
a entrega
e o disfarce
E lembras os meus ombros
docemente
na dobra do lenços que desfazes
na pressa de teres o que só sentes
e possuires de mim o que não sabes
Despertas-me de noite
com o teu corpo
tiras-me do sono
onde resvalo
e eu pouco a pouco
vou repelindo a noite
e tu dentro de mim
vais descobrindo vales.
domingo, 20 de setembro de 2009
sábado, 12 de setembro de 2009
Na solidão da mesma noite
onde vasos
de luz ainda há pouco se entornavam.
Com a palma da mão
cobrindo os olhos, na retina
o fluxo de antigos silêncios,a ciência do poente perdida
na terra firme do quarto
onde há-de caber sempre
o rosto de uma figura romântica
cismando sobre um mar de nuvens.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Rebeldia
sábado, 22 de agosto de 2009
homem
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
"
domingo, 16 de agosto de 2009
...
domingo, 9 de agosto de 2009
Foto:MartaPos
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Photografia
nitidez repetida do mundo, enganos
e ilusões que em qualquer lugar se perdem
de si mesmas, mas nisso a que chamas,
incessante real, algum nome
para as coisas ou o amor delas
está intacto o que a magia transforma.
Autor: Francisco José Viegas.
in Todas as Coisas
Foto:Wojcieclo Gepner
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Spleen de Lisboa
.
Autor:Pedro Paixão, in "Histórias Verdadeiras"
Foto:Argothh
domingo, 26 de julho de 2009
sábado, 25 de julho de 2009
escultor de sombras
quinta-feira, 23 de julho de 2009
IFoto:Szara Reneta
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Nunca se sabe
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Formas
as tuas formas,
a tua alquimia de pecado e volúpia,
há sempre,
no teu sorriso breve,
uma brisa que regressa do mar,
trazendo o lamento dos náufragos,
a sua sede irremediável.
Nestas horas de assassinada alegria
ergues os braços e uma súplica,
mas ninguém te ouve, ninguém te vê,
encerrada numa túnica de cores puras.
Autor:José Agostinho Baptista
domingo, 5 de julho de 2009
Escrevo-te a sentir tudo isto...
nos sais de prata da fotografia
poderia erguer-me como o castanheiro dos contos
sussurrados junto ao fogo e deambular trémulo com as aves
ou acompanhar a sulfurica borboleta revelando-se
na saliva dos lábios
poderia imitar aquele pastor
ou confundir-me com o sonho de cidade
que a pouco e pouco
morde a sua imobilidade.....
-
...habito neste país de água por engano
são-me necessárias imagens , radiografias de ossos
rostos desfocados
mãos sobre corpos impressos no papel e nos espelhos
repara.....
nada mais possuo
a não ser este recado que hoje segue manchado
de finos bagos de romã repara....
como o coração de papel amareleceu no esquecimento
de te amar.....
quarta-feira, 1 de julho de 2009
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Canção Erótica
Alegria é este orgasmo.
.
sábado, 13 de junho de 2009
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Porque escondes a noite no teu ventre?
Nesse país de sombra onde se calam as palavras.
Aí, no escuro lago onde estremece a flor da amendoeira
E onde vão morrer todos os cisnes.
Eu desvendo a tua dor, o teu mistério
De caminhares assim calada e triste,
Quando viajo em ti com as mãos nuas e o coração louco
No mais fundo de ti, onde só tu existes.
Oh, eu percorro as tuas coxas devagar
Dobrando-as lentamente contra o peito
E penetro em delírio a tua noite
Esporeando éguas no teu sangue.
De onde me chegam estas palavras?
.
domingo, 31 de maio de 2009
nascemos todos com vontade de amar
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Autor :António Ramos Rosa
Foto:Mimikra
domingo, 24 de maio de 2009
os nós da escrita
Há, todavia, um momento em que as palavras são cuspidas, saem em borbotões, e o sangue e a saliva impregnam o sentido. É impossível separá-los.
Por trás talvez não haja mesmo nada. São palavras que não estão ginasticadas, que secam e encarquilham como folhas por que a seiva já não passe.
Oprimem toda a página, através da qual deixa de ser possível respirar. Tapam-lhe os poros. A própria chuva que neles caia não se escoa.
Autor:Luís Miguel Nava
Foto:mastercrasch
sábado, 2 de maio de 2009
sábado, 18 de abril de 2009
Teatro
Autor: luís miguel nava
Poesia Completa 1979-1994
Publicações D. Quixote, 2002
Foto:Paulo Cesar http://www.paulocesar-eu.paulo/ cesar
domingo, 5 de abril de 2009
impossíveis. O amor proibido. As palavras
Foto:Carlos Vilela
sábado, 4 de abril de 2009
Quero que me abraces
antes que a tristeza envelheça no meu peito.
Com o tempo, habituei-me
à conivência das palavras
e a usar, com inocência, certos gestos.
A tua sombra é-me familiar.
Sou espectador do teu sorriso
tão perto da simplicidade.
Quero falar contigo, horas a fio.
Sem pretextos de fuga.
Sem palavras caladas.
Um silêncio definitivo ser-nos-ia fatal.
Mas, depois, partirei,
porque sei que há no meu sangue
uma embarcação possessa
do chamamento do mar, ou da solidão.
.
De Conjugar afectos, 1997
terça-feira, 24 de março de 2009
Ficar
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
E tudo o que levas contigo
Fugiste e contigo fugiu um bocadinho de mim, que desapareceu para sempre, não te iludas: nunca o conseguirás devolver. Acredito que até me queiras devolver tudo aquilo que roubaste, mas não é preciso. Ao partires resgataste parte do meu ser, talvez me tenha tornado mais livre, mas a única certeza é de que me tornei mais só. Não penses assim - não me tornei mais só por estar sem ti, tornei-me mais só, repito, por causa de tudo aquilo o que levas contigo. Partiste e partiram amizades, choros, risos, lembranças e o pior de tudo, sim o pior de tudo, partiu a esperança, a causa, se quiseres a meta, o objectivo, o ideal, o único dos fins. Mais do que os fins, partiram os propósitos, os rumos e o resto, tudo o resto que levas contigo ao partir.
Mas tens culpa? Claro que não tens culpa. Foste onde o teu pensamento te levou, talvez a culpa até tenha sido minha. Sim claro, foi minha. Eu sei que foi minha. Pensava e dizia, sem reflectir agia, perseguia o sonho com maior velocidade do que a vida me perseguia a mim. E depois? Depois tentava fazer-te feliz, fazendo-me também a mim. Claro! Foi aí que eu errei. Se eu te queria fazer feliz, não podia ser egoísta ao ponto de me querer fazer também a mim. Fui estúpido. Justiça? Qual justiça? Não há coisa mais justa do que ser feliz e eu era feliz se te tivesse feito feliz. E o que é isso da felicidade? É apenas tudo o que levas contigo.
Desculpa por teres partido.
domingo, 22 de fevereiro de 2009
REPOUSO
sobre meus olhos
e encobrem meus medos)
.
lá fora é a rua;
há um grito de cal
estridente como uma buzina
e cabeças passam
esfaqueadas pelo sol
.
aqui - tuas asas
enormes e vaporosas
apaziguam o clima...
.
há uma guerra lá fora;
o nosso amor contra a guerra?
- sangue jovem de pé
pelo nosso amor
.
ah, tuas asas tranquilas me protegem;
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
medidas (in) variáveis
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
a respiraçao do mar
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
sábado, 24 de janeiro de 2009
domingo, 18 de janeiro de 2009
Amor
o teu rosto à minha espera, o teu rosto
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Cronica do pescador da marginal
Para ser sincero acho que é por causa do reflexo que não quero ser feliz contigo. Imagina, se tu te fores embora, eu sentado na muralha com os olhos exactamente no instante das lágrimas, a vacilarem: mil vezes estar num canto e que não falem comigo, mil vezes o cachimbo do meu pai
-Pois é
e eu
-Pois é
de volta. Há coisas que a partir de uma certa idade a gente não aguenta e fiz quarenta e três anos em Março. Quarenta e três, mesmo que a gente o negue, é uma porção deles. Foi-se a minha mãe, foi-se a minha tia do lado da minha mãe que morava connosco, o meu irmão na semana seguinte à esposa deixá-lo, abraçou-se a um comboio em Algés: sobrou um sapato, um bocadinho de calça, a camisola com sangue a vinte metros da linha, uma das hastes dos óculos. (Era míope, esbarrava na mobília sem querer.) Ter-se-á abraçado de propósito ao comboio? Durante semanas, depois disso, o cachimbo do meu pai mais rápido e nenhum de nós
-Pois é
a descascarmos a fruta mudos, com a maldita da faca a falhar, a falhar. Demorou a conseguir cortar o pêssego de novo. Temos a haste dos óculos na gaveta das lâmpadas fundidas e das chaves antigas, que serviam ignoro em que portas. Talvez que se pudesse abrir o
-Pois é
com elas e dentro
-Pois é
o meu irmão a sair para o comboio explicando
-Já venho
e veio em pedaços (alguns pedaços) como um modeo de armar a que faltavam metade das peças, á medida que o cachimbo ia soltando argolinhas. Foi o único momento em que me apeteceu fumar. A minha cunhada refez a vida, desapareceu. Mora em Espanha, contaram-me, com um caixa de banco. Ao regressar da pesca não trago peixe na cesta, deito-o de regresso ao Tejo. Isto antes da manhã, minutos antes da manhã, no receio que as luzes de Almada se apaguem. Não me abraço ao comboio para Lisboa, venho dentro dele com a tralha ao meu lado. Nem um cão na rua excepto um desses cachorros vadios que se não interessam por mim, de focinho rente ao passeio, a murmurar. Percebo que o meu pai se volta na cama. Que a torneira de um primeiro vizinho principia a verter, o que acorda mais cedo para correr no parque numa expressão á beira do enfarte ou do orgasmo. Ao ver-me no espelho a minha expressão muda num estalinho como os números dos relógios digitais onde sou um monte de zeros. Não acredito que tu feliz com um monte de zeros, a aborreceres-te num canto também. Se me perguntares se gosto de ti digo que sim. Ou seja diria que sim no caso de a haste dos óculos não estar na gaveta das lâmpadas fundidas e das chaves antigas. Mas está. Portanto o mais que posso é declarar
-Pois é
e pensar noutra coisa. Tenho pena. Palavra de honra que tenho imensa pena e a faca volta a falhar o pêssego, desajeitada. Apetece-me, calcula, oferecer-te flores. Não ofereço. Abraçar-te. Não abraço. Reparar nas datas. Não reparo. Fico para aqui de mãos nos joelhos. E, como não gosto de sair, se me convidares para o teu casamento desculpa mas não vou. Contribuo para a prenda dos colegas de trabalho
-Falta você, ó Guedes
e fico reflectido no tampo de água preta da secretária, a tremer.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Estou vivo e escrevo sol
Eu escrevo versos ao meio-dia
e a morte ao sol é uma cabeleira
que passa em frios frescos sobre a minha cara de vivo
Estou vivo e escrevo sol
Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no vazio fresco
é porque aboli todas as mentiras
e não sou mais que este momento puro
a coincidência perfeita
no acto de escrever sol
A vertigem única da verdade em riste
a nulidade de todas as próximas paragens
navego para o cimo
tombo na claridade simples
e os objectos atiram as suas faces
e na minha língua o sol trepida
melhor que beber vinho é mais claro
ser no olhar o próprio olhar
a maravilha é este espaço aberto
a rua
um grito
a grande toalha do silêncio verde.