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terça-feira, março 16, 2010

Marnie (1964)


de Alfred Hitchcock


Obra algo polémica e injustamente ignorada na carreira de Hitchcock, Marnie é um excelente complemento a um dos seus filmes maiores, o inesquécivel Vertigo. Repescando a sua heróina loura de The Birds (Tippi Hedren) e tendo Sean Connery como substituto de James Stweart, Hitchcock assina mais um retrato sobre os seus temas recorrentes: a obsessão sexual, a culpa, o amor, identidades falsas, mentiras, traumas e fixações maternais. Esta história de uma atraente ladra, que é aprisionada por uma das suas “vítimas” num jogo de psicanálise e obsessão, é uma reveladora incursão ao lado mais pessoal do mestre do suspense. Marnie é complexo, pois funciona como thriller, história de amor e drama psico-analítico. E é essa amálgama de géneros contraditórios, que lhe dão um sabor estranho e invulgar. Hitchcock parece mais interessado na dinâmica da relação quase sado-masoquista do seu casal de protagonistas e menos no mistério que serve de motor à história. Os resultados dessa abordagem, apesar de desequilibrados, são bastante satisfatórios, pois a fita funciona em diversos níveis permitindo diversas leituras. Connery nunca foi tão ambíguo quanto aqui. E Hedren brilha num papel torturado e difícil apenas ao alcance de uma grande actriz. Marnie possuí ainda uma das mais belas bandas sonoras do mestre Bernard Herrman e este filme assinalou a sua ultima colaboração com o mestre do suspense. Uma obra a ver por todos os aficionados do grande Hitch.

sábado, agosto 16, 2008

The Man Who Shot Liberty Valance (1962)

de John Ford


“When the legend becomes fact, print the legend”. Esta frase célebre e milhentas vezes citada, vem quase sempre à baila, cada vez que se fala do cinema de John Ford. E foi em The Man Who Shot Liberty Valance, que pela primeira vez a ouvimos. Mais que uma citação, esta frase é uma súmula da atitude do grande cineasta. Ford, sempre preferiu a visão lírica e romântica do velho Oeste. Neste filme, além dessas característas, surge também um amargo desencanto, pela passagem do tempo que tudo muda. De certa forma, pode-se comprovar que esta obra maior, foi uma das influencias, para o sublime Unforgiven. Também aqui a imprensa tem um papel fulcral, na criação de mitos e lendas que pouca correspondência terão com a realidade dos factos.

Então quem será o Homem Que Matou Liberty Valance? Terá sido o civilizado advogado Ransom Stodard (sublime James Stewart), que apesar da sua inabalável crença na Ordem e na Lei, é forçado a assumir uma posição de violência que o força a um duelo final? Ou o outro homem, um ícone do Oeste por excelência, Tom Doniphon (John Wayne num dos seus papeis mais complexos e doridos), homem de princípios igualmente fortes, que acredita na resolução de problemas através da lei das armas. A resposta é dada num flashback, dentro de um flashback (Ford era apesar do classicismo um cineasta ousado). Ao nos ser revelada a verdade, toda a ultima meia-hora ganha uma ressonância trágica e emocional, como poucas vezes se viu.

E apesar de James Stewart, Edmond O’ Brien ( hilariante como o jornalista alcoólico), Vera Milles, ou Lee Marvin (num papel diabólico e cruel), este filme pertence ao Duke. O seu Tom Doniphon, é o Oeste. E tal como ele perdeu a mulher amada, para Stweart, também o Oeste desaparece numa das sequencias mais doridas e explosivas do cinema de Ford. A sequencia em que Wayne incendeia a sua casa, símbolo de um amor impossível, numa clara manifestação de o final de uma era, é simplesmente vibrante e tocante. O homem Que matou Liberty Valence, ao fazê-lo, matou também o velho Oeste e torna-se anacrónico. Sem lugar num mundo civilizado. Após isso, apenas há lugar para a amargura, tristeza e morte. Não é à toa que o filme começa e acaba com um velório. O velório de Tom Doniphon / John Wayne. Ou será o velório do Western/John Ford?

Uma obra brilhante.

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