Há tanto tempo que não escrevo coisíssima nenhuma sobre assunto algum, tanto tempo que já nem tenho memória sobre a última porcaria que (supostamente) "escrevi". Sim, que eu tenho algum respeito pelo acto em si, o da escrita, e isto de se ter um Blog não é propriamente Literatura. Entendo-o como acto masturbatório de quem o despeja e de quem, num acto voyeur também ele masturbatório, o "engole".
Tenho consciência de que é apenas produto da minha crescente falta de paciência para os outros. Para as pessoas. Anda-me a faltar alguma pachorra e estou mesmo farta de gente que não pensa, de gente incoerente. Em suma, gente estúpida. Esgotei toda a capacidade que tinha para tolerar alguns discursos e as merdas que as pessoas se lembram de atirar cá para fora. Os comportamentos aparentemente aceitáveis, nada saudáveis, de quem não se dá muito ao trabalho de..., nem por quem, nem como, nem por quê, nem por nada. A previsibilidade desses comportamentos cansou-me até não haver uma resposta que considere válida, pois nem sequer considero algumas das coisas que as pessoas acabam por dizer como questões pertinentes ou passíveis de poderem ser consideradas, tal é a falta de informação ou de sensibilidade que manifestam. Sei que também há muita gente com muita falta de jeito, falta de educação, falta de formação, etc e há coisas que são irrelevantes, mas chega um ponto em que realmente começamos a seleccionar. Como um coador. Isto reporta-se, claro está, não a pessoas deste meio, o dos Blogs, mas também. Hoje em dia, é suposto termos muitos amigos. Nos Blogs, no Hi5, no Facebook, etc. Nem que seja por ter lá uma figura que mal conhecemos ou com quem nunca estivémos, mas uma simples ligação ou afinidade torna-nos "amigos", e isto começa a assustar-me. Deveras. Este Verão conheci uma pessoa que me foi apresentada por ter uma relação com alguém que me é muito muito querido e me é muito próximo. Adorei a pessoa em questão, pareceram-me almas gémeas, feitos um para o outro. Algumas semanas depois, vi o meu amigo desfeito, desconsiderado e mal tratado pela outra pessoa em questão. Fico logo sem vontade de conhecer mais ninguém. Fico chocada com as coisas que aconteceram, coisas das quais tive conhecimento, coisas que sinceramente não me passavam sequer pela cabeça que alguém pudesse fazer a outra pessoa! Irremediavelmente, chego à conclusão que algumas pessoas mentem muito bem, e o ser humano é mesmo um cão do Inferno.
Quem por aqui passar não me interprete mal, por favor. Eu continuo a gostar das mesmas pessoas de quem gosto há um raio de dez anos na minha vida, com raras raríssimas excepções, mas isto dos Blogs cansa bastante, é demasiado virtual e se até as pessoas "reais" têm imensos truques nos seus quotidianos, imagine-se os outros, os "virtuais". Conheci pessoas interessantes, outras menos interessantes, e outras de quem já me esqueci provavelmente. Já me interessei muito pela vida de pessoas que não estavam assim tão interessadas em conhecer-me e tive alguns (poucos) desgostos. Hoje em dia, sou desinteressada por pessoas a um nível que nunca pensei chegar. Acaba por ser interessante, este facto em si.
Não havendo obrigatoriedade de visitar quem me visita, parece quase descortêz não fazer a bela da visitinha de volta, ou deixar o belo do comentário. A verdade é que cansa muito, nos últimos tempos dei por mim a pensar "ora porra, mais um/a... bem, vou lá depois quando tiver tempo" mas o tempo é uma desculpa pois a verdade é que deixou de me apetecer e acaba por ser saturante e maçudo. Desinteressante, na maioria das vezes.
O Verão aumenta a tesão para umas coisas e corta noutras.
A maior parte das porcarias que leio nos Blogs são sobre a visão cega que algumas pessoas têm (desde que nasceram) sobre a vida política/actualidade do país. Tanto, que até mete dó. Interiorizam verdades absolutas que alguém lhes contou quando eram pequeninos e enterram-se em clichés que nem sequer no Google questionam. Não há ideias próprias, não há evolução de pensamento, não há questões, só existe um vazio tremendo e um buraco cheio de mentiras em que preferem acreditar. Muito gajo de esquerda que se diz de esquerda porque "é bem", e muito gajo de direita porque tem um pullover por cima dos ombros. Normalmente, gosto dos gajos do contra tudo e contra todos, e do diálogo e confronto de ideias com essas pessoas.
Os outros Blogs, é metade a falar das tristezas da vida (acordem, vivemos todos na mesma pocilga, uns disfarçam melhor que outros, apenas isso) ao mesmo tempo que falam sobre o amor, a poesia e o canto da madrugada quando ela acaba ao nascer do sol; a outra metade, é malta a vender coisas, tralhas, porcarias que faz e algumas dessas porcarias até são bem giras.
Também me falta a pachorra para os Blogs que volta e meia dizem que vão fechar, tipo a ver se a malta vai lá dizer "ah não, não nos deixes por favoooooor!!!!" em tom de desespero, em jeito de ameaça suicida nunca concretizada, à laia de loja em liquidação total. Esses voltam sempre. Depois enviam mails a dizer que voltaram. Ainda bem que os meus leitores inexistentes não chateiam muito, não enviam mails, nem deixam comentários a dizer "volta tás aperdoada". Sem obrigações.
Sinceramente, acabo por preferir ler Blogs que me dão vontade de rir, cheios de disparates, coisas giras que me despertam o sentido de humor, que me dão o sentido de humor de outros, que pode ir de encontro ao meu, ou não. Penso que é o que mais aproxima as pessoas, a capacidade de rir, rir genuinamente, não uma onda cool, de sorriso e tal, manhoso e irónico. Ultimamente gosto mais do nonsense, daquele humor levado ao extremo mau gosto, à inconveniência, ao choque. Talvez porque ande tão farta de verniz e de conversa da tanga, que não há ironia que me resgate o mais leve esgar.
Por enquanto, divirto-me até dia 27 por aqui, a escrever e a postar coisas contra aquilo que considero a maior anedota depois do Herman José, dos Monty Python, dos Gato Fedorento, da Famel, dos Contemporâneos, do Tony Carreira, do programa Ídolos e do Sasha Baron, que é este governo pseudo-socialista de José Sócrates.
Bem hajam aqueles que tiveram pachorra para ler isto tudo até ao fim.