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2025/11/26

Talvez não mudasse muito,...

 Ao menos tenho um refúgio,

A casa que nunca me quiseste dar,

Onde sou feliz,

E a minha vida vai pesando o mesmo que a chuva que não pára de cair,....


Penso tanto no que a minha existência seria,

Se tivesse tido margem de erro,

A possibilidade de deitar fora momentos,

Como quem se livra de sopa azeda,

Ou cartas de gente indesejável,.....


Talvez não mudasse muito,

A melhor versão de mim ficaria sempre por alcançar,

Mas não interessa,.....


Agora tenho para onde vir,

E pequenas porções de qualquer coisa para me manter vivo,

O caminho continuará,

Talvez para um molde de felicidade,

Que eu sei está algures neste mundo apócrifo

                                                                 Tirado daqui

De: Edward Hopper

2025/11/25

O caminho continuará,...

 Ao menos tenho um refúgio,

A casa que nunca me quiseste dar,

Onde sou feliz,

E a minha vida vai pesando o mesmo que a chuva que não pára de cair,....


Penso tanto no que a minha existência seria,

Se tivesse tido margem de erro,

A possibilidade de deitar fora momentos,

Como quem se livra de sopa azeda,

Ou cartas de gente indesejável,.....


Talvez não mudasse muito,

A melhor versão de mim ficaria sempre por alcançar,

Mas não interessa,.....


Agora tenho para onde vir,

E pequenas porções de qualquer coisa para me manter vivo,

O caminho continuará,

Talvez para um molde de felicidade,

Que eu sei está algures neste mundo apócrifo

                                                                           Tirado daqui

2025/11/24

Mostrares a voracidade de um argumento,...


                         Tirado daqui

Dino Buzzati

La archeologa e il menhir 

É mais cómodo,

Reativo,

Dizem que insulta e peleja sem imprevistos nem tempos perdidos,....


O tempo não lhe faz grande coisa,

Bem vistas as coisas nem a ti,

Que observas a luz,

E nada lhe fazes para o acalmares,

Mostrares a voracidade de um argumento,

Como os que escorrem de um dia sem sol,...


Ele é a pessoa sem princípio nem meio,

Quase como um café como gracejavas,

Irresponsavelmente,

Mas não deixa de ser uma pessoa,....


E agora perdeu a voz ponderada,

E repleta de controlo,

Com que acompanhava cada entardecer 

2025/11/23

Era um desejo,...

 Tínhamos ordem para fazer do sonho o que quiséssemos,

Ele nunca tinha sido nosso,
Mas espalhavamos almofadas,
Dizíamos dele verdades não autorizadas,
E podíamos ir mais longe,
Sabendo que nos incentivaram a isso,....

Era um desejo,
Algo sem rebordos nítidos,
Em que seríamos o que entendessemos,
E nos Sobrava tempo para agradecer aos que nos pediram para andar por cima,
Por entre as ruas deste mundo alternativo,
E sair mentalmente sãos para descrever,
Cenário e tempo encontrados 
                                                                        Tirado daqui

2025/11/22

Doses inaptas de loucura,....

 Ela cheira a liberdade,

Em todos os cantos assume a revolução,

Os anos perdidos com a verdade,

O meio tom de verdade,....


O futuro agora,

Os passos de novidade que ela espalha ao som do silêncio,

São encenados,...


Doses inaptas de loucura,

Porque ela anula o desejo,

Encena a razão,....


Quer que a chamem de mentira,

Uma mentira em construção 

                                                                           Tirado daqui

2025/11/21

Assim o parece,...

 Depois eu passo lá,

Já vai ser tarde,

O tempo vai ter pássaros agarrados,

Como os fios eléctricos das terras esquecidas pelo destino,....


Se calhar a casa vai estar vazia,

E ouvirei as vozes impolutas e pouco decididas dos que ficaram,

Escondidos entre as páginas dos livros semi abertos,....


Choverá,

Assim o parece,

E de mim isso pouco vai merecer,

Talvez um vislumbre à rua que abre os braços à bênção dos céus,

Com os sentidos despertos para cheiros e sons desconhecidos,....


Depois partirei, 

Ponderando se um regresso convirá ao que chamo de sanidade mental 

                                                              Tirado daqui

2025/11/20

Trazia no saco das flores,...

 Supondo a voz,

De cinzel,

Um toque de veludo,

 esquecido no líquido das entoações,...


Pressentindo que se esquecerá de nós,

Há um passo apenas,

na forma como descreveu a sua dor,

Quando a manhã se extinguia,....


A verdade,

Trazia no saco das flores,

Oculta por entre o pecado,

 e os nós da madeira de um coração,....


Descrito está assim,

Da forma possível como a ausência permite,

E para lá da violência do dilúvio que cai,

Prosseguirei,

desta vez como permissor de uma loucura,

Ainda por existir

                                                                      Tirado daqui

2025/11/18

Curta e escassa de memórias,..

                                                               Tirado daqui

de: TWIN PEAKS
— Northwest Passage (1990)

Lembrei-me do apetecível,

De uma cama assustadoramente vazia,...


Penso que terás escrito com pormenor,

Como os alvores dos dias de verão descrevem a penúria da solidão,

Vista assim,

Com distanciamento,....


Entrega à derrota,

E à vontade de renegar um corpo sôfrego,

E inocente,...


Marco os limites com esta reflexão,

Curta e escassa de memórias,....


Anoitece 

E os meus limites de comiseração foram alcançados 

2025/11/16

Ela bebericava,...

 valia-me a memória

de como lhe quis servir um chá,

numa pequena malga de barro,

rachada mas ainda usável,....


aproveitava a sensação

de conforto,

que o seu sorriso,

enquadrado por uma pele

 cor de malva,

 trazia ao meu estado periclitante,....


ela bebericava,

não se lhe pedisse

a perda de compostura,

isso nunca acontecia,...


tinha preferências

por temas,

pequenas pausas,

a razão angelical

de ser um exemplo em construção,

do que pode ser perfeito,....


e quando acabava

a experiência,

a normalidade voltava a

ser um conceito,

recuperava o meu corpo

em lento decréscimo,

e ela,

apessoada de

mulher que traria a felicidade

de alguém,

regressava a um limbo inalcançável

Lady of the flowers (1895)
Odilon Redon

2025/11/13

O poema desvaneceu-se,....

 O poema este que sonhei,

Desnivelado,

Fora de idioma e de referências,

Um poema intemporal,...


Dei-to como bola,

Como joguete nas tuas mãos gastas e humanas,

E fizeste a atração de um local perdido,

Indesejado,...


Transformaste-o em água,

E de repente,

Era outro dia,

E o poema desvaneceu-se,

Para não mais aparecer 

                                                                            Tirado daqui

2025/11/12

A parte positiva?,...

 A parte positiva?,

o recato,
a sensação de coisas feitas
quando a cabeça,
irregularmente se acomoda em qualquer
leito,….
 
A vontade de mudar,
chega ao acordar,
quando o corpo começa a pesar,
a vontade desmente o retorno
à rotina,…

e há mais qualquer coisa,
uma voz,
uma fobia,
sentir bem porque
se tem medo de que o corpo mergulhe no mal,…

chama-se viver,
ansioso e a doer com tudo
                            Tirado daqui

2025/11/11

A ponto de já não haver,....

 Como se com isso lhe dissesse que a água está quente,

Que há um rio parado e intransponível,

E a terra parece estar com olhos,....


Como se lhe dissesse que vale a pena pensar em razões abstratas,

Conjecturas que nunca existiriam,

E faze-lo apenas pela boa moda de ser diferente,....


E a ele nada importasse,

Já que tinha sido engolido por uma espiral regressiva,

Que invertia o tempo e o espaço,

A ponto de já não haver,

Salvação para o que ele tinha sido


Aurora no Pólo Sul de Saturno

2025/11/04

Passos a mais,...

 Conheces-me,

Um aceno,...


Em dia de desilusão,

Reconstituis o forte,...


Com ameias no sorriso que recrusdece,

Um, dois gestos não mais,...


A pedir que nos fundamos,

E haja sol,

A amparar a hesitação,

A vontade de partir que o choro dá,....


Passos a mais,

Inocência a menos,

Um pão com ar fresco da manhã,

E água,

Corpo de alma novelesco,....


Mas a segurar o chão,

Do presente 

2025/11/02

E a cinza do céu está fixa,...

 De acordo com a previsão do tempo,

Não serei sombra suficiente para os resquícios da minha hesitação,

Vão chover imprecisões,

Erros do passado por resolver,....


E ao entardecer,

Procurarei sem encontrar lábios que repitam palavras de ofensa,

Prova consecutiva de que estou de mal com a vida,....


E a cinza do céu está fixa,

Por alguma razão 

                                                                           Tirado daqui

linda mendelson art to wear julie schafler dale (1986)

2025/10/27

A questao baila,..

Até a felicidade, 

o mundo desdobrado,

 persistente por natureza, 

e crianças que desenham pelas paredes fora, 

com sorrisos inocentes

 e esgravulhas, 

a pender de bibes rasgados, 

ruçados, 

mas repletos de 

um odor de sonho,….


 Até essa felicidade, 

só vem nos livros, 

não espera pelas refeições, 

por dias de chuva 

e de sol sizudo,… 


haverá a presença

 súbita de um minuto,

 lento na passagem, mas firme nas decisões, 

que a faça retornar a este espaço,…. 


A questão baila, 

na bruma desta 

madrugada infinda

    
                               Tirado daqui

2025/10/25

Narizes a sorver,...

 Às vezes acontecem,

narizes a sorver,

uma pauta de música morta,

perdida na rua das quintas-feiras à tarde,….


e debruçamo-nos,

o miradouro recorta-se com

um tempero de sol,

um homem chateia-se com

o silêncio dos que o rodeiam,….


e então surgem,

voos,

invisíveis corações

a rasar os olhos,

as caras acabrunhadas,

e acontece o recomeço,

acontecem novas músicas,

que trazem a noite esperada


                           Tirado daqui

2025/10/24

Não tinha que haver sentido,....

 Não interessavam os porquês,

A forma como se escrevia ao longe,

E calculava o perto de um afago,....


Todas as noites estavam montadas para luzir,

Haver respaldo para a solidão,

Mas também para um amor difícil de explicar,...


Toques noutras línguas,

Corpo lambido é corpo desejado,

Possuir só pelo tacto simples da loucura,....


Não tinha que haver sentido,

Ela era a última da manhã,

Ele o primeiro da noite,

E chegava para o tempo passar,

Empertigado

2025/10/23

Ela não tem culpa,..

 Porquê culpá-la,

Se há dia Claro por culpa do seu sorriso,

E a noite pesa menos,

Sempre que passa na praça das alegrias incontidas,....


Menos justo é quando parte,

Se o som dos seus desejos se esvai,

E ao fim de contas há um vazio,

Algo que com muito esforço não se preenche,....


Ela não tem culpa,

Amanhã será a razão,

E a vitória da sua presença 

2025/10/22

....uma casa composta

 Esta era uma conversa póstuma. Ele tinha partido cedo de mais. Ninguém sabia porquê, que achaque lhe tinha dado. Mas ficou-se. Numa noite de tempestade, em que os princípios chegavam sempre depois dos fins. As mulheres ficavam em casa a cuidar dos filhos, e a fazer com que o barulho do choro se acabrunhasse o mais possível. Os velhos sentavam-se sozinhos, na cadeira de balouço, à luz do candeeiro de petróleo, enquanto esperavam fundir-se com a própria sombra. Só na manhã seguinte se soube do desaparecimento. E decidiu-se que era importante ter uma conversa, antes de o homem descer à terra. Falava-se que tinha deixado uma casa composta, parca em riquezas mas asseada. Era o que se queria naquela terra, temente ao sagrado, e que preferia manter o profano no fundo do vale, onde o pôr do sol nem sequer chegasse. Ele pensava bem de tudo isto. Amanhava-se todas as manhãs, acreditando que era abençoado por viver numa terra longe de tudo, e onde nem todos conseguiam chegar. Espreguiçava-se quando queria, adormecia sempre que o cansaço lhe levava a melhor. Era bom ser assim, e quem achasse diferente, estava no seu direito. Claro. Mas ele não gostava que lhe perturbassem o bem estar. A rotina bem posta que se esforçava por manter. O alfaiate, o melhor amigo que tinha conseguido fazer numa vida tão curta, olhava cabisbaixo para as palmas das mãos. Não se atrevia a falar, e ouvia apenas a respiração do grupo que se tinha juntado para lamentar a partida precoce de um amigo. Tudo era, de facto, póstumo, quando já não se sentia o abraço e os sorrisos barulhentos Q.B., de alguém de quem sempre se gostou.

                                                                Tirado daqui

2025/10/21

Pelas esquinas da vida,...

Ney Matogrosso

Mas quer soltar-se,
Ser branco,
Andar por ruas estreitas,
Entre os que congeminam,
Especulam,
Fazem pouco,...

E dizer de si mesmo todas as cores do mundo,
Querendo ser pálido,
Mas mesmo cor de morte,
E arrastar-se assim impoluto,
Pelas esquinas da vida,...

A pensar que se chover,
Irá dormir acompanhado,
Com o se vier o sol,
E se esta chuva fosse gelada seria Natal,....

Interessava-lhe mesmo só ser branco,
O resto seriam assuntos desnecessários