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domingo, 6 de julho de 2008

Cruz Sobre o Cruzado


Morreu anteontem Jesse Helms, o brilhante ex-jornalista que saltou para o Senado Federal dos EUA e para a refundação Conservadora, nos trinta anos que lá esteve. Os Media romanceadores disseram ter sido ele o inventor de Reagan, ao dar-lhe decisivo apoio na promária contra Ford, na sua Carolina do Norte. Não é verdade. O Governador da Califórnia tinha currículo e base suficientes para não precisar de ser inventado e a derrota contra um Presidente em exercício nunca deslustrou, servindo como trampolim para próxima aventura. Além de que Helms, apoiando-o, considerava-o insuficientemente doutrinado.
O grande legado do Legislador ficou na tenaz oposição ao enturmanço na cedência ao intervencionismo e à contemporização com a retórica igualitarista. Opôs-se a acções militares na ex-Jugoslávia, o que coincide com a minha preocupação de resolver problemas no Velho Continente sempre sem a ajuda do Amigo Americano. E não criticou, como é hábito, as quotas pelo que também são - um insulto aos beneficiários delas, mas, abertamente, pela injustiça de retirarem a pessoas mais qualificadas postos de trabalho de que necessitem, por não pertencerem a minorias dadas como desfavorecidas.
Ancorado na fidelidade aos agricultores do seu Estado e na influência que exerceu no Comitê senatorial que lhes respeita, faleceu a 4 de Julho, dia da Fundação e da morte de Washington, permitindo-lhe chegar-se ao simbolismo patriótico numa coincidência que os compatriotas têm por significativa. Senator No se orgulhava de ser, sempre assimilado pelos adversários ao vilão de Bond e ao exasperante Gromiko que ostentaram similares designações. O País que deixou é bem diferente do que encontrou quando eleito, com a desmoralização vietnamita, a quase guerra civil racial e a acabrunhante demissão escandalosa de Nixon.
RIP

domingo, 29 de junho de 2008

Crime e Escapadela

Não deixa de ser curioso que uma maioria Conservadora no Supremo Tribunal dos EUA não tenha impedido a declaração de inconstitucionalidade da pena de morte para violadores de crianças, enquanto que o candidato da Esquerda defende a possibilidade dessa aplicação. Não se trata de reavivar o debate entre defensores e opositores da mais extrema penalidade. Trata-se, simplesmente de, vigorando ela, se apurar dever ou não ser reservada a crimes de homicídio e suas qualificações. Sou favorável a esta última alternativa, não porque não ache que estragar potencialmente a vida de um ser indefeso não seja de uma gravidade aproximada a tirá-la. Mas porque aproximar não é igualar e ficaria a colectividade sem capacidade de destrinça na reacção, a menos que introduzisse formas mais dolorosas de execução para o caso considerado mais grave. Não defendo tanto. Vejo a dignidade do grupo dependente de não renunciar à eliminação dos culpados mais desumanos, mas não advogo o prazer na contemplação inflicção do sofrimento, por muito merecido quue seja. Para casos destes, volto a dizê-lo, considero mais adequadas penalidades de castração e trabalhos forçados, que têm, além do mais, capacidade dissuasora não-enjeitável.Mas a imagem que ficou da decisão foi a da Águia Americana benevolente para com o que Zeus, disfarçado numa antecessora sua, fez a Ganimedes, aqui retratado por Gabbiani.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O Gene Errado

Mandou-me o Amigo Carlos Portugal, por mail, um aviso sobre os malefícios da margarina, esse produto dantes usado na egorda dos perus, no que respeita a riscos em sede de cancro, doenças cardíacas e sistema imunitário. Mas há quem entenda que traz outros efeitos, como um tal professor do Rev. Gene Admonson, candidato presidencial norte-americano pelo Partido da Proibição, em entrevista ao «Weekly Fillibuster»:
I had a professor in college that said that the rising of homosexuality really came when our diets were changed, when they took out vitamin E, which was found in whole grains and real butter. You can change the diets of rats and remove vitamin E from them and rats can become homosexual. So, our diets need -- if you got kids, feed them whole grains, feed 'em real butter, none of this margarine -- [and] when I used to go home as a kid in college, I'd say to my folks, 'Pass the...pass the homo-margarine.' Well my dad didn't think that was funny -- but our diets need to be right and if we ... keep having drunk moms and dads...drunk dads molesting their children, that's where this homosexuality comes around a lot." Want to know what ruined morality, families and women? "Now see the Devil woke up and said 'How can I ruin America,' he says 'this is what I'll do, I'll go to the Catholic churches and the Protestant churches and I'll get all these women that used to do things like fight alcohol and I'll get them into Bible studies and they'll learn scripture, and scripture and they'll forget about fighting alcohol that hurts our children

Pensava eu que a mania de proibir o álcool já estava erradicada. Eis-me desenganado, ao mesmo tempo que é interessante ver que o direito à interpretação pessoal da Bíblia, para estes fanáticos, é privilégio de Género, remetendo o papel das Senhoras para uma peixeirada contra uma substância que, moderadamente consumida, beneficia a saúde físuca e mental.
Quanto à determinação alimentar da homossexualidade pela margarina, eliminando a simples relevância volitiva na orientação sexual, estão a passar... manteiga à comunidade Gay, precisamente aquela que já não corria riscos por não a ingerir...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Caras & Coroas

Que tenha ganho a primária Republicana para o Senado Federal dos EUA, por Montana, o Sr. Bob Kelleher, defensor da abolição da Presidência e substituição do Congresso por um parlamento, nada abona em favor da solução, eliminatória do traço mais simpático da política do País, a relativa independência dos eleitos, face aos seus partidos. Mas é curioso ver que o desencanto com o sistema chega ao ponto de guindar à final um excêntrico. Sempre gostava de saber como quererá resolver a chefia do Estado. Aderindo à Commonwealth e colocando a Federação sob a égide da Rainha de Inglaterra?

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Excitações P(r)egadas

Concorda-se facilmente com Obama quando se lamenta de qualquer declaração despropositada da igreja que frequentava lhe cair em cima e de isso ser injusto. O que já não se percebe tão bem é que haja demorado tantos anos a sentir a necessidade de largar a companhia de pregadores com velho historial de agressividade fracturante. E ainda se perceberia menos que tivesse levado meses a romper, depois do insulto do Pastor que ouvia a uma parte importantíssima da América. Mas o candidato explicou, foi por todas essas vocais incitações ao ódio poderem ser usadas contra ele, não por serem o que, materialmente, são. Prejudicavam portanto o discurso de unidade do aspirante à Casa Branca. Cada vez mais se parece com Hillary, no sentido de fazer ou dizer qualquer coisa para ser eleito. O que é pena, revelando o barro pouco consistente da base de um ídolo.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Sexo, Mentiras e Vídeo

A divulgação de registos audio ou video contendo performances sexuais de políticos tornou-se um hábito contemporâneo, ainda antes de serem ofuscadas por gravações de crimes como em Abu Grahib, ou patifarias menores, quais a da luta escolar pelo telemóvel. Estou mesmo em crer que estas últimas fazem parte da onda geral de aproximação dos Militares e da Juventude aos seus governantes...
Mas voltando aos homens do leme, normalmente essas provas eram usadas por adversários, com o fito de lhes destruir as carreiras. Novidade, novidade é o que se passa com o Governador da Florida, Charlie Crist, suspeito junto de alguns de ser gay. Apoiantes seus divulgam agora uma cassette dele, envolvido com a namorada, para provar o contrário. Ora, o homem é solteiro, não pode fazer da vida pessoal o que quer? E muita dessa fama parece vir da simpatia que destacados activistas homo lhe não escondem, uma espécie de diz-me com quem andas dir-te-ei quem és.
Temo é que naquele país viciado em espectáculo os adversários não tardem em analisar a convicção e - quem sabe a competência - posta em imagens para... argumentarem que se trata de um simples exercício de representação. Uma coisa é certa, prestar-se a isto tudo, só de quem quer mesmo ser vice-presidente.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Fantasma Domesticado

Atenção, muita atenção, o que na Imprensa portuguesa é dado como uma intransigência de Hillary em permanecer na pugna eleitoral, vêem os americanos como uma nuance anunciadora da desistência. De facto, ela, ao dizer que permanece em liça até haver um candidato, recuou ligeiramente da posição anterior, que era a de continuar até à convenção. E em que é que a diferença reside - perguntarão os Leitores -, se não se prevê decisões sem recurso aos dignitários do Partido Democrata, os famigerados superdelegados que decidirão o candidato? A resposta está numa hemorragia que se começa a esboçar: cada vez mais, parte desses eleitos sem eleição, comprometidos com a Sr.ª Clinton, está a passar-se para Obama. E assim, incapaz de travar o fluxo, pode acabar a resistência. Com base nas últimas evoluções, os especialistas dão a toalha a ser atirada a meio de Junho. Como se sabe, a reunião magna desenrolar-se-á em Agosto. E é sintomático que esse processo de selecção pelas elites, tão vituperado antes pelo Senador Afro-americano, tenha passado a ser acarinhado pela sua campanha...

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Declaração Bombástica

Hillary, vencedora na Pensilvânia, tinha pouco antes declarado que, presumivelmente no caso de um ataque persa, uma administração sua usaria o poder nuclear para destruir completamente o Irão. Corresponde este programa de Política de Defesa a uma ultra-desproporcionalidade, um salto qualitativo, em relação à doutrina do Equilíbrio do Terror em que crescemos. Ali ameaçava-se com a liquidação não-convencional de alvos dolorosos, porque áreas populosas, mas nunca se chegou ao extremo de proclamar a destruição completa de um grande país.
Quem lembre a eleição de uma corista de Las Vegas em 1957 como Miss Bomba Atómica, como o folclore de quase a vestirem com uma representação do cogumelo explosivo, poderá achar que o infantilismo destes passatempos, abstraindo da dor das vítimas, pode correlacionar-se com a ligeireza das opções políticas das Americanas. Embora tenham sido homens a lançar por duas vezes os tenebrosos engenhos, como se sabe.
Dentro deste pavor seria no entanto divertido ver muito filoayatollah nostálgico da comparativa moderação do Presidente Bush...

sábado, 12 de abril de 2008

Pesos Pesados

Atlas Com Armilaria de Lee Lawrie


Ouve-se agora dizer que Obama cometeu uma gaffe, ao defender que as condições de vida mais duras empurraram as populações das pequenas cidades rurais da Pensilvânia para as armas e a religião, com ímpetos de animosidade contra os que não reconhecem como seus. A meu ver, não se tratou de uma infelicidade oratória, mas de caso mais do que pensado: naquele Estado há uma desconfiança eleitoral profunda entre os substratos votantes e os políticos de Filadélfia e do resto. Como o seu apoio e única chance de ganhar a Hillary assenta numa grande mobilização do eleitorado da principal cidade, trata-se de uma clássica dramatização com base nos quadros mentais demarcadores. Nada de novo. E o mais grave nem é atirar as pessoas umas contra as outras, a essência da Democracia. O pior é pôr a Religião ao nível dos vícios de comportamentos e dos instrumentos de morte.

Ainda não percebi se a publicidade desusada posta pela China à volta da neutralização de terroristas islâmicos é mera tentativa de agradar ao Ocidente, exibindo-se como partilhando o mesmo problema, ou mera tentativa de desviar as atenções da Questão do Tibete. Pequim é clássico aliado de forças e poderes muçulmanas, quer do Paquistão no conflito com a Índia, quer de Teerão no jogo da influência regional contra os EUA, quer ainda no Afeganistão fronteiriço. Esta ousada inversão de alinhamentos só pode tentar lavar a cara para as Olimpíadas. Não se percebe pem é qual das faces, ou se a cara inteira.

O Sr. Sócrates tem Pinto no nome, pelo que José pode ter sido engano de registo: disse agora, a propósito das previsões do FMI, que as previsões só podem ter base em resultados. Como o antigo capitão e defesa direito do Futebol Clube do Porto, o qual estatuía só se poder fazer prognósticos no fim do jogo. O Zé Povinho não quer partilhar o nome próprio com o PM que o vergasta. Que passe o político a chamar-se João!


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quinta-feira, 20 de março de 2008

Matar é Fácil

Quem não recorda o romance policial de Agatha Christie, com um título homónimo? A culpada dos assassínios era uma velhota, de que, pela sua condição, ninguém suspeitava.
Este caso passado na California é paradigma de uma ganância muito encontrável em certas solidões de idade avançada, as quais, sem normalmente se virarem para o homicídio, desenvolvem esquemas inimagináveis por outros para beneficiarem de uns mui heterodoxos complementos de idoso...
Talvez não seja tudo, porém. O episódio fez-me lembrar o da envenenadora australiana Caroline Grills, conhecida como a kindly old lady to whom people looked in time of trouble, ou Aunt Thally: despachou uns quantos para o outro mundo e por pouco não acrescentava à lista. A acusação, a par de interesse material, detectou um claro desejo de exercer o poder de vida ou de morte sobre as suas vítimas.
O que me leva a pensar se esta tentação criminal na Terceira Idade não será um distúrbio psíquico gerado pela impotência de conter a contagem final da existência própria, compensando assim pela manipulação da normalidade do número dos dias daquele que está ao lado.

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quinta-feira, 13 de março de 2008

Os 4300 Golpes

Justificando a paráfrase truffauteana, fazendo de cada dollar com ela gasto numa noite o golpe que a imagem documenta, em que o gesto brejeiro tenta compensar em estímulo a ausência de outros apelos. Ashley Alexandra Dupre, a call girl que involuntariamente fez cair o novo ex-Governador do Empire State, diz que não tem dormido desde a revelação das suas transacções com Spitzer, embora a redução a uma quantidade de unidades em desvalorização acentuada não a tenham feito perder o sono antes.
Curioso é vermos como o crime federal de que o político parece vir a ser acusado, a importação de uma prostituta de New Iorque para Washington, onde se encontrava, violadora da proibição de aluguer interestadual da dita mercadoria, vá penalizar a fidelidade transfronteiriça a quem levava a sua vida naquele que era suposto governar...
O Mundo é muito ingrato.
*
Adenda: no DN de hoje o Pedro Lomba fala do assunto e da criminalização que uns quantos pretendem dos clientes das profissionais do sexo, de uma forma que parece uma defesa do protagonista do caso. Spitzer bateu-se pela aplicação de uma pena de três meses de prisão aos que contratassem mulheres da vida. Claro que me oponho a qualquer penalização do género, à sueca. Mas para responder à pergunta, o principal interessado achava que não, não era suficiente ser apanhado.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Não Faz O Género Dela

Depois de Obama com a conselheira, é Hillary que tem de enfrentar o pé de vento levantado pelas declarações de uma sua apoiante, de tomo, porém. A ex-candidata à Vice-Presidência Geraldine Ferraro disse que "Obama só estava onde está por ser afro-americano, que tinha sorte nisso e que era muito mais difícil para uma Mulher". Rebentou um bruáááá de acusações da racismo.
Querem saber o que pensa disso o réprobo? Não acho que a afirmação seja racista, no sentido de exprimir hostilidade da Senhora. É-o certamente, ao eleger como essencial um critério de cor que não consta no discurso do adversário. O que revela a inépcia política da desbocada, comprovada também na derrota da nomeação senatorial face a Charles Schumer - vem acusar de fazer valer características independentes da escolha uma campanha que nunca procurou tais trunfos, ao contrário daquela que integra, do que, já de seguida, dou a prova.

terça-feira, 11 de março de 2008

Amnistia Sínica

Não gosto de boicotes, seja o do embargo genérico decretado contra Cuba, a que tanto se opôs o Falecido Papa João Paulo II, seja um qualquer de natureza desportiva, como aquele que é reivindicado contra a China. A própria origem do termo é enganadora, pois deriva de quem foi sujeito a ele, o Capitão James Boycott, o qual em fins de Oitocentos superintendeu a exploração das propriedades irlandesas do Conde de Erne com tal dureza que os feitores se recusaram a trabalhar sob orientação dele ou com ele comerciar qualquer género, fazendo com que de volta embarcasse. Fazer boicote melhor iria pois aos que cedem, do que à conduta que pretende pressioná-los.
Dito isto, tenho de anatematizar a retirada da China da lista negra americana. Bem se sabe que os Direitos Humanos são retórica sem correspondência, na cena internacional. E tenho quase a certeza de que foi negociada diplomaticamente por baixo da mesa alguma rédea solta aos EUA, sabe Deus onde, para obter este efectivo branqueamento de Pequim que junta dois crimes na sua essência, o Comunismo na estrutura política ao ultra-Capitalismo económico. Mas de uma coisa não se seguindo a outra, nada justifica que se apague qualquer memória da subjugação feroz do Povo Tibetano, com esterilizações em massa incluídas, mesmo por uma federação que também pratica a tortura e é conivente com o atentado à vida inocente que é o abortismo. Apesar dos pesares, a aplicação dela apenas a suspeitos de terrorismo e a mera cumplicidade com os particulares criminosos ostentam uma diferença qualitativa da sistemática utilização governamental de ambas as práticas para vergar uma Nação religiosa. O plano desportivo não é o da condenação desse horror, mas é-o o da pressão nos fóruns internacionais, de que agora se abdicou, através de uma amnistia cínica.

Noves Fora, Nada

O governador de Nova Iorque, Eliot Spitzer, está à beira da demissão por ter sido apanhado com a boca na botija, quer dizer, com uma call girl de uma empresa de top do ramo, onde era conhecido por Cliente 9. O caso é diferente do de Clinton, que apenas foi apanhado com a botija na boca de uma amadora, enquanto que aqui estamos diante de permuta que envolve uma classe empresarial condenada.
Devo dizer que, não sendo puritano, não me revolto muito com as escapadelas de políticos para os prazeres sexuais pagos, devendo, normalmente, o assunto ser resolvido entre eles e as famílias, sem relevância pública. Mas não assim neste caso, pois o governante em questão, enquanto Procurador-Geral, acusou, mandou gente para a prisão, por ligações a redes de proxenetismo, para falar curto e grosso. Mesmo que não se confirmem favorecimentos da firma com que tinha estes negócios, não pode pretender um tratamento mais favorável do que aquele que em tribunal pediu para outros, para além da evaporação da credibilidade dos princípios.
Também, depois de pagar quatro mil e tal dollars a uma menos avantajada colega da personagem da Soraia Chaves, como quereria não ser completamente... cala-te boca, respeita os Leitores!

sexta-feira, 7 de março de 2008

White Power

Não, não se trata de uma concepção racial contrária ao Black Power nos Anos Sessenta, senão o mais que recente branqueamento da agressividade da sua campanha que Obama decidiu. Quem traduza a notícia do inglês "Obama renuncia ao Poder" pode ser bem enganado: não está iminente qualquer desistência da corrida presidencial, trata-se apenas do despedimento do cargo de sua conselheira da Professora Samantha Power, por esta ter dito que Hillary é um monstro que tudo faria para ser eleito(a).
A segunda afirmação é consensual, porém a primeira entra no gang das imagens desastrosas em que caem os políticos, quando querem fazer umas flores. Nem ocorreu à trabalhadora dispensada uma defesa imaginativa, explicitando que a monstruosidade evidenciada era uma remissão para o episódio do Mostrengo, em «Os Lusíadas», um obstáculo assustador que tentaria não deixar as velas do seu Patrão transpor o Cabo. Monstro tout-court é que não tinha cabimento, depois da maquilhagem de civilidade encetada nos debates e da colagem de negatividade à propaganda adversária. Sempre há cada erro de cálculo!

quinta-feira, 6 de março de 2008

Quatro Casamentos e Que Funeral?

Perguntam-se os especuladores profissionais sobre se a declaração de apoio de Bush a McCain terá efeitos nocivos, esquecendo que toda a História eleitoral americana está repleta de apelos à unidade similares, contra o candidato do outro partido, sendo raros os casos de recusa consequente, como o de Anderson aquando da primeira eleição de Reagan.
Hillary, ao admitir antecipadamente Obama no ticket, e ao reconhecer a plausibilidade dele, qualquer que seja a ordem presidencial e vice-dita cuja, uma vez mais dá a imagem de fazer tudo para ser eleita. Uma atitude merecedora de respeito como o estoicismo com que aguentou a voracidade adulterina de Lewinski parece assim reduzir-se a cálculo com vista ao futuro político. Mas a prudência de Obama, recusando comprometer-se, pode ser sinal do enterro dessa hipótese. Eu ainda acho que ele, se nomeado, escolherá a governadora Sebelius, do Kansas da sua Mãe, que ganha em águas Republicanas, foi das primeiras altas patentes Democratas a apoiá-lo e é mais indiscutivelmente Mulher do que Clinton.
Por fim, o quarto enlace: a antga Primeira Dama quer à viva força repetir as eleições do Michigan e da Florida, onde ganhara numa competição que sabia invalidada pela cúpula Democrata, como castigo da datação antecipada. Esta ligação cheia de reiterações de amor aos eleitores tornados irrelevantes parece bem exibir o desespero, nas exéquias de uma possibilidade presidencial em 2008.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Com Dentes; E Com Unhas?

Conforme aqui tinha dito, os Hispânicos acabaram por entregar a Clinton o triunfo no Texas e, tendo o perigo de deserção do eleitorado operário sido contido, o Ohio caiu-lhe por boa margem. Mas a diferença no primeiro foi ridícula, além de que, sendo um sistema misto em que um terço dos delegados será designado por caucus, a agressividade (no bom sentido) da candidatura de Obama que leve a uma vitória poderá anular a recuperação dada pelo triunfo no outro Estado. Como a vitória no pequeno Vermont fará de contrapeso à de Hillary no quase tão pouco populoso Rhode Island. Ora, quem vai à frente terá razões para sorrir, já que continua quase na mesma e são duas etapas a menos. A candidata vive a euforia de ter quebrado o embalo do adversário, mas pode por sua vez ver esse balanço reduzido a cacos, com a príxima votação, num Mississipi que ninguém pensa atribuir-lhe.
O maior factor positivo é um que não vejo muito citado nas análises fora dos EUA: em ambas as grandes votações de ontem os eleitores que se decidiram à última hora foram em número surpreendente para a Senadora por Nova Iorque, valendo ao outro lado a vantagem grande no voto preliminar texano. Isto poderia indiciar uma mudança de maré, única esperança para amarelar a dentuça arreganhada da candeia que vai à frente...

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O Flagelo dos Plágios

Ele há cada argumento mais estranho... a campanha de Hillary veio acusar Obama de plagiar num discurso outro do actual governador do Massachusetts, Deval Patrick, o qual é apoiante do candidato acusado e declarou tê-lo exortado a usar o excerto! Ainda mais esquisita é esta imputação surgir num País em que os políticos assumidamente não escrevem os respectivos discursos, contratando legalissimamente especialistas para o fazerem. Mas nem é esta fúria de protecção a adversários que se não consideram lesados, nem a redução a declamadores dos actores da vida pública o que mais espanta. É, sim, o trecho questionado:
As palavras importam: "Eu Tenho um Sonho" e "Todos os Homens foram criados iguais".
Acham mesmo que o Governador Patrick foi muito criativo e original na doação verbal que fez à posteridade?

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Por Causa das Tosses

Hillary, tossindo muito e com a voz algo fanada, foi ao Ohio transmitir a sua comunhão com o Povo, sob a forma de fixação em luvas de boxe. Exibiu-se com umas autografadas por pugilista célebre e devia estar cheia de vontade de usá-las, pois o previsto fundo de maneio que consiste no avanço que as sondagens lhe dão naquele Estado, na Pensilvânia e no Texas, pode não ser suficiente, caso os superdelegados com que contava desertem para o rival. Tendo mudado de posição política com tanta desfaçatez, como aqui lembrei, não encontrará legitimidade para criticar o Representante Lewis, da Georgia, muito considerado no Black Caucus por ser uma relíquia dos anos Sessenta, da luta contra a segregação, uma espécie de Luther King mais honesto, o qual, com outros, se apresta a mudar de cavalo, depois de lhe ter prometido apoio.
Mas, quanto a mim, está a cometer outros erros: critica, por discriminatório, o plano de Saúde de Obama, dizendo, logo a seguir, que ele o decalcou do dela... O que é que fica gravado nos ouvintes? Diz para não ligarem ao poder de atracção do Senador do Illinois, pois a América arrependeu-se de ter votado no Presidente Bush pelo seu charme. Esta é duplamente nociva para a imagem: não só dá de barato o adversário das Primárias como mais gerador de empatias, como ecoa a asneirada de Gore, o qual pôs a Mulher a dizer que os Americanos não precisavam de se apaixonar por ele, isso tinha feito ela muitos anos atrás.
Quando um candidato pede que votem nele, "mesmo não gostando da personalidade", está a dar tiros no pé. Penso que a vantagem prevista da ex-Primeira Dama na corrida à nomeação ainda é real. Mas a continuar assim...

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Política No Cabeleireiro

Como Quarenta anos mudam uma cabeça por fora e por dentro! A mesma Hillary Rodham da fotografia, activista da campanha conservadora "Barry Goldwater à Presidência" é agora a protagonista, metamorfoseada em Senadora Clinton, da sua própria, com base na ala Esquerda onde senatorialmente toma posições...