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2025/03/17

Centralismo democrático

 Como o velho,

Defendia que só o coletivo tinha força para decidir,

O homem,

Os vicios do homem,

As deceções do homem,

 Nada eram fora do grupo,....


E inseria-se naquele universo restrito,

Que representava a força laboriosa da sociedade,

Como mais um,....


Guardava as especificidades para si,

A vontade do priorado da razão ser mais forte,

Nada daquilo interessava,

O homem evolui só com desígnios de bem comum,....


Lá à frente estaria uma imagem de novidade no ser humano 

                                                                             Tirado daqui

‘Reclining Angel’. William Breakspeare. 1856-1914

2024/12/12

Herança dos mais velhos

 Havendo vontade tudo se consegue,

Em resumo era como o cidadão que se dirigia,

A pagar a quota política se sentia,

Resignado,

De braços projetados para a frente,....


O intuito era que se visse uma ideia de decisão,

E deixar os olhos onde quer que fosse,...


Na realidade só queria que tudo aquilo passasse,

E não houvesse mais necessidade de mostrar compromissos com nada no mundo,....


Era uma herança que tinha recebido dos homens mais velhos da família,

A de se comprometer com uma causa que já não acreditava,....


Aquilo ia acabar,

Um dia,

Talvez quando o mundo mudasse de vez,

E não aos solavancos como parecia estar a acontecer 

                                                                      Tirado daqui

Caroline Hohenrath 

Acrílico sobre tela

2024/10/28

Escrito a 25 de Abril de 2024


                                                                               Tirado daqui

Gostaria da vontade,
Um casaco de retalhos,
Simples,
De homem pobre,
E o desejo de mais qualquer coisa no prato,...

Um passeio no parque,
Olhos amendoados,
Dizer que conheço muito do mundo,
E estive onde o sol se põe e nasce a todas as horas do dia,....

Enliar-me em cordel de livros,
E a mentira como companheira de dança,...

E no fim,
Quando a dança estiver a parar e já não me sobrar pele,
Dizer sou estrangeiro ainda menos do que autóctone nos meus sonhos

2024/09/22

Manuel Tiago redux

                                                                             Tirado daqui

Ao longe sentia-se o magnetismo,

Da estrela de seis pontas,...


Levava as botas cardadas,

Um casaco rasgado e a alma,

O que poderia ser uma alma mas na qual politicamente nem acreditava,

A dizer-lhe volta para trás,

Viver para os outros tira anos de vida,

Bom é o egoísmo empacotado,...


E sem saber,

Enquanto uma chuva hexagonal começava a desconstruir o chão,

Era alinhado por um escritor de ficção,...


Seria o melhor resistente político,

Pelo menos o possível 

2024/04/29

Tiques autoritários

 

                                                                              Tirado daqui

Todos afinavam música de ouvido,
Uma coisa simples,
Sem grandes desordens,...

Era um desafio de sobrevivência acima de tudo,
Um modelo social que arriscava a extinção,...

Se não optasse por reduzir os tiques autoritários,
O desrespeito pela consonância social,
E acima de tudo a virtude do que está no meio,...

Afinar música de ouvido é isso,
Saber esperar para que as coisas mudem,
E tudo fique afinal na mesma 

2024/04/15

Medo era inevitável

 Uma discussão baseada no medo,

Vontade negada de fazer mais,

Dizer mais,

Resistir a uma herança de descrédito,

Para dar o safanão final naquela condição de infortúnio,...


E que assim se começasse a dar passos que contassem,

Um desejo real por carinho,

Crenças comuns nas mesmas coisas,

Aquela musica que viesse ao nosso encontro,

Para nos tornar felizes,

Dignos de qualquer coisa,...


Mas haveria sempre uma crença,

Que esconderia a luz,...


Por isso o medo era inevitável 


2023/12/24

Vida que nos lambuza

 


O das contas por pagar,

Dos desejos que ficam à porta,

O de nunca ter agarrado um herói ficcionado,

Nem nunca ter tido um real,...


O desprezo pela voz,

Por desejos carnais mal resolvidos 

A postura de um poeta perante o silêncio,...


O da desonra antes da vontade 

A novidade de tocar a morte,

E regressar para a vida que nos lambuza,

Antes de nos desprezar

2023/10/28

Lupen da sociedade

 


Seguia o que Vladimir ilych pugnava,

E gritava a plenos pulmões,

Era preciso expurgar o lupen da sociedade,

A vitória surgiria assim,

Mas teria de se construir,

Uma nota no bolso,

Desejos recônditos de felicidade,

Atenuados pelo trabalho,...


E leitura,

Muito trabalho mental,

A sociedade perfeita não se construía só na teoria 

2023/08/01

Agostando a 9 de Março

 


Um político,

Um gestor de desilusões,

Quem molda a vontade,

Os risos,

O choro,

A vontade de chorar,

Anula-se na noite,

Faz pouco com o que tem,...


Há um som persistente de vontade,

Que dança desencontrado no ar,

E um político persiste,

Com a verdade desmaiada na mentira

2023/03/22

Com a brevidade das pedras


 Um enfado dificil de explicar,

Com a poesia dita  em tom baixo,

A fácil demora do amor insuportável de se alcançar,

Tudo sem explicação para que se consiga esperar debaixo de um simples toldo,

Em dia de chuva ritmada,...


E lá longe,

Onde o barulho das esporas se aproxima lentamente,

Um simples abraço faz tudo recomeçar,

Com a brevidade das pedras

2022/07/28

Praxis política

 


Esta é a história do político inocente que se recusava falar de amor,

E dos milhões de indefesos sofredores por carinho,

Que à noite trocavam sinais de luzes,

Apenas e só para fazerem notar as respetivas presenças,...


Será pintada com as cores deste Inverno,

E a crença pura em regeneração,

O final fica em aberto,

Saberia encontrá-lo em mais uma releitura socrática 

2019/04/28

Abril dias depois

abril dias depois,
dois homens falam na mais
univoca rua da história,
e um choro constante devassa
as entranhas vindo da terra,
temperado a nuas promessas
de abundância,...

de cima não se luta pelo pão,
nem somente por duas indissociáveis
questões ideológicas,
só com o silêncio se percebe o futuro morto destas farsas 

2019/03/20

O homem que tinha fobia de Marx

o homem que tinha a fobia de marx,
vivia assoberbado em contas,
vegetava numa casa que nao
conseguia pagar,
lambia facilmente as gotas de água que em carreiro desciam as paredes,
porque as torneiras estavam secas com as contingencias da pobreza,
e estava a mentalizar-se de que comer é inútil,...

lamentava haver barbas brancas no mundo,
desprezava a igualdade,
lia todos os dias a bula dos  medicamentos,
porque odiava as pessoas a ponto de se sentir doente,...

e como fobias são uma doença como outra qualquer,
escolheu ter medo da filosofia,
enquanto isso pinta quadros com o estuque de uma casa a desfazer-se

2018/12/18

a nossa mãe de todos os dias

a nossa mãe de todos 
os dias saiu de casa,
mal o dia saltou do ovo,...

caminhava 
gastando o 
dentro dos pés,
com os 
sapatos gastos,
a navegarem 
como naus catrinetas 
nas ruas molhadas,...

ficámos em casa 
alinhados na 
cama bamboleante,
sem vivalma a 
limpar-nos as lágrimas,
nem para ouvir os 
desgostos sem cor 
que transpiravam 
como fel da fome,...

a nossa mãe de 
todos os dias 
voltou para 
nos ver quase mortos,
embrulhados no 
papel do amor 
que nos espalmava à vida,
como se por ali tivessem
 passado os natais 
que nunca conhecemos,...

deu-nos de comer 
com as mamas escanzeladas,
e no fim 
resumiu-se tudo 
à lua a aconchegar-nos 
num silêncio sem cor,
capaz de nunca 
mais pedir sol 




2018/09/23

Medos em verso

esperava-se por um país onde
de nada se fizesse a vida,
com pessoas acomodadas à
arte de serem pessoas,
capazes de tricotarem minutos
incapazes de ficarem na história,...

em vez disso,
sobravam países onde de pastores
 todos anoiteciam com a roupa,
e as colinas juntavam-se em pasta de
amanhecer,
sem certezas de que a noite alguma
vez surgisse,...

nada mais viveria à margem dos
últimos quereres,
só a luz,
e gente feliz consciente dos seus
medos em verso