Mostrar mensagens com a etiqueta Do Mar. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Do Mar. Mostrar todas as mensagens

domingo, 14 de março de 2021

Nem sei ...


Nem sei como horizontes permanecem
como o sol pode azular a manhã
pois se tudo está longe,
foge-se-me da alma
como se o caos normalizasse a vida.

Nem sei como ainda respiro
e espreito os cantos das aves
e as flores a desabrocharem
pois se me acho perdida
na solidão do tempo,
em eras cobertas de pó
e eu desapareci.

Pois se quero o mundo,
oceanos tranquilos,
rios e cascatas frescas por onde 
possa ser-me
e ter paz.

 

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Vida em cascata


Escorre-se-me a vida
em gotas,
fragmentos líquidos
ora felizes
ora tristes.

É riacho escorregadio,
foge-me
como se o controle
não me quisesse,
ou fora desajeito meu.
Nem sei!

Cai-me a vida
em cascata
em mim,
por mim,
deixando-me 
na linha do tempo,
à toa,
 talvez, 
ou,
de sorriso embrulhado
na essência de mim.

Flui-me a palpitação
de coração inquieto
na demanda de ti
porque te sei
de amor semeado
por mim.


segunda-feira, 16 de abril de 2018

deixa ...



Deixa-me ir com as ondas,
afundar-me no silêncio
das profundezas,
deixar de sentir.

Solta-me as amarras
deste querer desmesurado,
desta vontade de ti
antes que enlouqueça
na beira-mar
onde te ouço, 
te cheiro,
te adivinho.

Permite-me ser outra qualquer,
aquela 
que desconhece a tua pele,
o teu olhar,
o teu feitiço.

Permite-me fugir de mim
onde te és
na minha essência.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

sem chão


Caminho sobre águas
soltando pegadas
que satisfazem o apetite
calmo do mar.

Passo por aí,
onde o chão se afoga
por entre lamentos 
e regozijos de mim,
frémitos invisíveis
do que fui,
do que quero.

Balanço na viagem,
sem chão,
desse oceano
que quero conhecer,
vagando norteada
pela maresia da névoa
em que te sinto,
onde te busco.

Hesito na falta
de respostas,
na fragilidade deste querer,
sem chão,
tão imenso,
tão extenso
qual umbral flutuante
derramado sobre
a vereda molhada
e fria
onde me encontro.

Esperanço-me no olhar
distante,
para lá de mim,
onde te sonho, 
onde te sei,
onde te amo.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Só Hoje


Só hoje,
tenho apetites
de ti,
ganas de te comer,
morder e trincar,
devagarinho,
degustando
cada pedaço teu,
sorvendo teu orvalho,
licor dos deuses,
destilado em paladar meu.

Só hoje,
ouço teus sussurros
embalados na onda
desta maré
que se enche e esvazia
ao sabor de cada garfada,
ao som da vontade
ritmada 
pela minha fome,
pelo teu desejo.

Só hoje,
deixa-me saciar-me (-te).


domingo, 2 de abril de 2017

cristalinas


Bastam-me invernos e frios,
ventos e chuvas,
cinzentos e sombras.

Que venham azuis,
brancos e outras mais.

Quero Luz!
Quero Sol!

Cobiçam-me águas cristalinas,
puras,
límpidas no brilho
de tempos mornos
desapressados
no momento único
do instante,
já,
agora.

quinta-feira, 16 de março de 2017

Ensaio para uma menina


Tem essa miúda
pequena
de vida desconhecida,
caminho pela frente
embaciado 
pelo desejo
de tanto.

Garota com 
medos desnecessários,
oprimida em si
sem saber 
da dimensão do mundo,
da vastidão dela.

Que se quebre
a redoma
e a pequena se abra 
ao universo!

Tem essa criança 
dento de mim,
em espera,
da escolha de me ser.

Haja alguém
a sussurrar-lhe 
da importância
da gota no oceano,
da areia na praia,
do amor que só ela é,
sem temores ou vacilações,

Sê-te, miúda,
em liberdade,
em ação,
solta pensamentos
e sente
o sol
e o vento
cá de fora
onde habitam 
sombras a vencer.

Atreve-te!
Permite-te!

São preciosas 
a sujidade,
as dores e quedas
sem proteção,
no amparo da tua força,
determinação que nem sonhas ter.

Tem essa miúda
na hesitação
de se fazer ao mar,
pois tem...




segunda-feira, 13 de março de 2017

sempre há


Há um mundo
a convidar,
tímido,
sem conversas,
existindo,
em coloridos
que chamam,
nas formas
à espera de serem moldadas,
no coração,
soltando horizontes,
descobertas
logo ali,
despidas de fronteiras ou limites,
e tu,
cego
nas coisas do mundo.

Olhas-te
nas sombras do cinzento
troçando do convite
como se não te fosse ele
a passagem do umbral
para te seres em plenitude.

Há pó,
terra,
chão,
mares
e cores.

Atreve-te!
Sê!
Vai!

domingo, 5 de março de 2017

ensaio para as profundezas



É de dentro
que as marés
se enchem
com ternura tua.

Agigantas-te
em profundezas
cristalinas,
luminosas
como só o teu jeito sabe ser.

E bem lá do fundo
soltas tempestades,
contornos de ilusão
do que és,
do que sentes,
lá,
na tua essência.

É alto,
grande,
o amor oculto
com recantos 
de acessos imperceptíveis,
escadarias 
a convidar 
para tua casa
por entre a maresia
e gaivotas 
que te são vigias,
guardas,
do oceano
em que te és,
da enseada 
em que me esperas.

É do insondável,
em que o mar recua,
em que o mar vem,
que se descobre
a mansidão
da carícia doce
nos silêncios
da tua profundeza.


domingo, 26 de fevereiro de 2017

de mim

Sou dona 
das águas,
de rios
e oceanos
onde te desaguas
de mansinho.

Sou rainha
de paralelos,
hemisférios
e litorais
de cada coordenada tua.

Sou baía
serena,
confluência de leitos,
encontro do teu mar,
da minha torrente,
ribeira a transbordar
em dias
de chuvas eternas.

Sou pérola
guardada
em profundezas
subtis,
abismo sem fim,
em que mergulhas
sem me ver.


Sou corpo imerso,
afogo na sede
de te receber.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

ao sol pôr

Dormito embalada
pelo vagar das ondas,
na carícia do sol pôr.

Espreguiço as pressas,
soltando-as no areal,
como quem quer calma.

Pouso-me no horizonte
para além de mim,
devolvendo aos céus o que não é meu,
reunindo grãos,
pedaços da minha essência.

Comungo desta respiração do mar,
da terra e do ar,
buscando-me, procurando-me
em desvario sossegado
com cheiro a maresia.




terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

de meus pés



Dizes que são a minha cara,
e eu,
só me desequilibro
perco o chão,
vacilo por entre
sedas e brilhantes.

São charmosas,
as tuas escolhas!

Fantasias-me
em vagarosas caminhadas
esvoaçando acima da calçada
com pés de púrpura calçados.

Mal tu sabes
das minhas ganas
de me despir
e,
de pés nus,
correr no areal húmido
de beijos salgados.
onde cada grão,
colado nos meus pequenos pés,
é sensação guardada
em oceanos de vontades
de te envolver
na pele
que insistes em adornar.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

realidade sem poesia


foto by Pérola

vivi sem filhos,
só era filha.
vivi sem telemóvel,
escrevia cartas.
vivi sem Net,
percorria a enciclopédia.
vivi sem mãe,
e ainda aqui estou.
vivi sem pai, 
porto de abrigo
ou amor incondicional
e não morri.
vivi de solidão,
refugiava-me em mim.
vivi acampada,
fui feliz.

Já vivi com tantos 'sem'
que a memória se esqueceu.
Foi-me realidade sem poesia,
a meus olhos,
no meu sentir.

Basta-me!
Transbordei-me de ausências.

Quero os 'com'
mesmo que vazios,
disponíveis para preencher
ou deixar dessa forma.

Quero ser a minha realidade,
eu, 
tão só!



quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Entardeço



Entardeço 
na areia
beijada 
por marés incontáveis,
como repetição de ti,
sempre desconhecida,
renovada,
em cada lua,
pequenina,
por vezes.

Enraízo 
por entre grãos,
pequenos nadas 
que se agigantam 
em tudo,
da mão cheia
às dunas sem eco.

É a minha praia,
o meu raio de sol 
último
a chegar primeiro
no poente lindo
em que te transformas
quando entardeço.


sexta-feira, 25 de novembro de 2016

poesia na vida


Repito-te na maré cheia,
quero-te mais na vazia,
sou assim,
resistente na persistência
de voltar,
mudar,
e não abdicar de ti.

Repito-te na desfolha,
atalho-te mais na floração,
sou assim,
clima sem estação,
resposta sem pergunta,
em pequenos nadas,
no tudo despejado.


Quando tu me existes
vejo poesia na vida.

domingo, 25 de setembro de 2016

beach, please



Faço ninho,
em areia beijada pelo mar,
com fragilidades
recolhidas por ali.

São desejos entrançados,
sonhos em forma de teto,
 apetites espalhados pelo chão.

Monto tenda,
sem cimento ou tijolo,
em atrevimentos suspirados,
sem medo ou ideal,
como acampamento por agora.

É a tua praia
que me chama,
o salgado da tua pele 
por provar,
as linhas do teu corpo 
por escrever.




segunda-feira, 18 de abril de 2016

Sou . . .


Sou falésia derramada no mar,
abismo de pés salgados,
ilha presa à terra
em amarras peninsulares
como medos semeados ao vento
e quereres ancorados.

Sou gruta fragmentada
por vagas (nem sempre) doces,
horizonte sem norte,
flor nascida por ali,
em declive acolchoado,
como gaivota em dia de tempestade
e poeta sem pena.

Sou mar, terra, ar 
por onde despenho a pele que há em mim.


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Tem um lugar . . .



Tem um lugar me esperando,
uma casa só minha,
um mar que me conhece.

Tem esse espaço
onde me sou,
me basto
e me gosto.

Tem um lugar me esperando,
eu sei.

Sinto-o no neste arrepio de pele,
no nó seco de garganta
por onde se perde a voz
silenciada em medos
só meus.

Tem um lugar à minha espera,
quiça, 
dentro de mim.



quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Alucinando


Ser Mulher também é ser Deusa.


Navegar com ventos contrários,
ser naufraga em areia salgada
e,
ainda assim,
dar a mão sem género
na essência nua.

Partilhar tesouros de nada,
olhar os mares revoltosos,
sorrir às tormentas,
enfrentar esse mundo
que ruge e se enfurece
e,
ainda assim,
ser Deusa Mulher
porque sim.




segunda-feira, 31 de agosto de 2015

quero (meu) mar . . .



Por entre céus e mares
perco o pé de terras firmes.

Sou novelo
do fio do tempo,
emaranhada
no turbilhão 
das águas do  meu pensar.

Sou assim,
onda sem chão,
gota soprada
em ventos de 'outroras'
por onde me alheio.

Em oceanos desassossegados,
sem costa à vista,
dissolvo-me 
na tempestade molhada 
do mar alto,
onde me deixo afogar
na esperança de dar à costa,
noutros continentes,
em hemisférios por desvendar.

Por mares a que chamo meus,
nada mais sou,
mulher inquieta,
perseguida por adamastores
de pulsos adornados
com relógios
que me enlouquecem.

Pois, se entre estes
céus e mares me perco,
neste abandono de água, 
que acusação me tem o tempo
ao não desviar o seu olhar 
do nevoeiro por onde me habito?

Oh! Tempo!
Não te quero!

Solta-me das tuas correntes
e deixa-me ser no meu mar,
onde sonho a areia
da minha pegada,
o desaguar em praia 
banhada da ternura
de quem tu sabes
para morrer em maré cheia
dos beijos dele.

Pérola