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sábado, 18 de junho de 2022

orvalho



Nasce a manhã,
em aveludado começo,
promessa de um Mundo,
em vida orvalhada,
qual frescura tenra,
prenhe de flores,
sementes 
e da tua pele.

E esse Novo 
transborda de vigor,
pois 
se tua pele é corpo,
por explorar,
acabado de nascer
no orvalho.

Vem,
meu querido,
aninha-te em mim,
colhe a minha
 sede e fome de ti.

Deixa,
meu amor,
que o orvalho
seja nosso amigo,
confidente,
nesta madrugada
onde te nasces
e eu te amo.


quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Só Hoje


Só hoje,
tenho apetites
de ti,
ganas de te comer,
morder e trincar,
devagarinho,
degustando
cada pedaço teu,
sorvendo teu orvalho,
licor dos deuses,
destilado em paladar meu.

Só hoje,
ouço teus sussurros
embalados na onda
desta maré
que se enche e esvazia
ao sabor de cada garfada,
ao som da vontade
ritmada 
pela minha fome,
pelo teu desejo.

Só hoje,
deixa-me saciar-me (-te).


quarta-feira, 7 de junho de 2017

Que te posso eu dar?

Que te posso eu dar?

Apenas uma mão cheia de mim,
vida de raízes sem chão,
terra onde me semeio,
floresço
e desvaneço.


Somente uma caricia de saudade,
de outros tempos
por onde ervas 
se derramaram,
ocultando as pétalas
que te perfumaram
em minhas mãos.

Que te posso eu dar?

Tão só uma insanidade
de te querer,
vontade de matar minha
sede de ti
nesta espera muda
do teu toque,
do teu beijo,
qual seiva
correndo no meu corpo
em ânsias de saciar o teu.


sábado, 10 de dezembro de 2016

poeta-me


Poeta-me
como rio na foz
por entre fusões 
de águas desiguais.

Poeta-te
bem dentro de mim
por onde os versos
fluem em vagas de prazer
e as rimas se despem.

Poeta-me
como se fosse flor
em jardim selvagem,
rústica prosa com sonho
de ser poema.
Pérola



quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

... deixo-te ...



Deixo-te ser horizonte,
céu de constelações,
voo sem asas.
 em infinitudes minhas.

Deixo-te em guerra,
batalha íntima,
coração solto,
em amores meus.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

da tentação


"A única maneira de se livrar de uma tentação é ceder a ela!"

(tradução literal)

Oscar Wilde


Alguém me fala da tentação,
eu não entendo.

Fico-me no instante,
perco-me no olhar,
em cegueira supérflua.

Sobejo-me em 
desenfreados pensares,
esqueço-me de respirar.

Livro-me dela, ao ceder?
Resisto-lhe?
Ou abro a caixa de bombons
e,
simplesmente,
provo o manjar,
em tentação?!



"Posso resistir a tudo, menos à tentação."

Oscar Wilde


domingo, 6 de março de 2016

Sou jardim ?



Perguntas-me se sou jardim,
oceano de perfumes,
verde entremeado de cores
como arco-íris semeado por ventos
e primaveras repletas de pólen, estames e óvulos.

Ah ! 
Como se eu soubesse . . .

Basta-me esse mar cheiroso
a extravasar minha maré de pétalas,
essa cor que me agita no balanceio do teu olhar
 e ser caule tenro
em desabrochar tingido de todas as cores do mundo.

Ah!
E a primavera!

É-me a energia, 
a luz,
a semente de quem sou,
de quem fui,
de quem serei,
o colo de todos nós.

Insistes na objetividade da resposta,
e eu só sei que sou flor,
sem o rubor das rosas,
o vigor dos arbustos,
o perfume dos jasmins,
ou o atrevimento das trepadeiras.

Sou parte no todo
ou tudo em partes,
enraizado por aí,
como se fora jardim (inacabadamente) perfeito.

Pérola




sábado, 5 de março de 2016

Somos JARDIM



Acontecemos nesse jardim
onde somos árvores plantadas
de raízes afundadas.

Nossos galhos secos reinventam-se
no fogo sem chama,
braseiro rubro com perfume de jasmim.

Existimos no beijo de lábios entreabertos,
no contorno de nossos troncos floridos
por onde a seiva escorre 
em florescências sem canteiro.

Rasgamos terras e ares em gomos do tempo, 
qual semente desabrochando
em alvoradas e crepúsculos
abraçando todas as plantas e flores do mundo.

Somos um só,
JARDIM,
onde tu és o viço 
e eu a flor.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Sou flor



Na preguiça morna daquele abril
soltaram-se sementes
por terra solta
como colheita prometida.

Fui flor ao acaso
em jardim de pai presente
com mãe ao sabor do vento.

Eis-me herdeira da avó margarida,
desabrochada no regato do agrião
naquela horta colorida,
uma flor única,
menina de viço inocente
pois se os cuidados eram tamanhos.

Daquelas sementes encontradas
na primavera última,
perdi-me em janeiro
rasguei mundos,
nasci 
e para sempre desassosseguei.







sábado, 22 de agosto de 2015

flor e dependurada



Sou flor dependurada,
perdi caule, raíz
até folhagem.

Resto-me na cor
da minha veste,
na alegria do meu perfume.

Sou flor amadurecida,
plena de cor
como só eu,
flor dependurada.

Nesse balanço da corda
assobio ao vento,
sussurro-lhe minhas vontades
como nada me tolhesse.

Ah! 
Vã Ilusão!

Sou mera flor dependurada
presa nas pinças da vida,
imaginando o quanto sou livre,
quando,
em verdade,
sou só eu,
cercada de infinidades
limitadas por fragilidades
de flor.


sexta-feira, 7 de agosto de 2015

coisas do mar



Trazes coisas do mar,
palavras perfumadas na maresia
em voo de gaivota.

Tens nas mãos o mundo
que me entontece,
deixas-me à deriva
ao sabor do teu tempo,
da tua vontade,
moderadamente.

Já te disse
o quanto anseio a loucura?

Junta a essas coisas do mar
a imprudência sem limites,
a anarquia de outras terras,
outros cheiros,
desejos inconfessáveis.

Vem !
Carrega-te em pleno
e oferta-te (só) a mim.

Leva-me contigo
por entre essas coisas de mar . . .



sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

- Não Chores ! ! !





Lá fora as nuvens prometem lágrimas sofridas.
- Não saias ! Fica aqui !

Palavras inesperadas ferem-te fragilidades.
- Não ouças ! Nada esperes !

Vestes tristezas desnecessárias.
- Desnuda-te ! Contempla a tua beleza crua !

O Mundo conspira contra ti,
isola-te em redoma de sombras.
- Não chores !

- Vem !
Aninha-te no meu colo,
deixa que beije os teus cabelos,
te diga como és única.

Recolhe a chuva,
faz uma dança enfeitiçada.

Reúne as palavras,
escreve os mais belos versos de amor.

Alegra-te por ti,
sem outros,
com sorrisos abotoados.

Abraça o Universo,
semeia nele as estrelas dos teus olhos,
torna-te em bússola de uso exclusivo.

- Não chores, minha querida !
Tu és o principio e fim de ti.



domingo, 2 de fevereiro de 2014

Eva



Quero ser Eva.
Provar da tua maçã,
trincar o teu doce,
lambuzar-me em sucos escorregadios.

Quero ser a Primeira.
Sentir tua pele nua,
fazer ninho no  teu colo, 
aquecer-me na paixão do teu corpo.

Quero ser Tudo.
Salpicar teu céu com constelações de beijos,
deixar meu sabor na tua boca,
fundir-me no teu abraço de Adão.

Quero ser Tua.
Tentar-te no desejo do olhar,
escorregar-me em ti,
serpentear por teus montes e vales.


Quero ser Paraíso.
Vestir  a água que te sacia,
alimentar-me na tua respiração,
amar (-te) na perfeição do Éden.


terça-feira, 21 de janeiro de 2014

. . . deixou cair os olhos . . .




São deixou cair os olhos sobre as unhas fuchia, recém-pintadas. 
Uma prova do seu esmero e busca da perfeição naquele encontro ansiado. Voltava a relembrar eventuais 'descuidos' enquanto o carro desfilava na 'passerelle' da auto-estrada. 
Senão, vejamos: depilação feita, o perfume adornava-lhe o pescoço e os pulsos,  a roupa casualmente bem estudada, nos lábios sentia o veludo do batom e os cílios negros eram-lhe devolvidos no espelho que baixava em olhar apressado. 
'Tudo bem!' - pensava. Não se podia dar ao luxo de ter um acidente e muito menos um incidente.
Em monólogos anteriores a convicção na promessa de deixar a ansiedade e o nervoso da antecipação de fora. 
Só atrapalharia. 

Para São, Manuel era-lhe uma voz confiante, humorada e sempre com resposta pronta. Recordava-lhe os olhos esverdeados da fotografia que olhara uma infinidade de vezes e a letra em palavras desenhadas nas cartas enlaçadas na sua caixa secreta.

Muito antes da hora, São descobre o local combinado. Aproveita os raios solares e descansa os sentidos na brisa mansa, da manhã, que lhe enche a alma. 
Não se preocupa.
Deixa que Manuel a adivinhe no meio do quotidiano azafamado dos transeuntes. 
Brinca consigo própria. Estava prestes a mudar...talvez. O instinto dava-lhe certezas, a educação precaução.

Um sorriso apanhou-a de surpresa. 
Que ironia!
Lá estava Manuel, a olhá-la, imóvel e com a felicidade estampada no rosto.
São levantou a mão onde o rosa das unhas fazia aceno à materialização da fantasia.
O cenário parou, bem como o relógio. 
Atraídos pela aproximação física deixam que os corpos lhes sirva um banquete de boas-vindas.
São deixou cair os olhos sobre Manuel e não mais soube deles.


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Quantas vezes . . .




Quantas vezes . . . a olhar o mar,
quando  as marés se sucedem,
deixo a saudade ir-se na espuma.

Quantas vezes . . . de noite,
quando o sono se vai,
adormeço em pensamentos despertos.

Quantas vezes . . . na sombra,
quando a luz se esconde,
enrolo-me em mim.

Quantas vezes . . . na ternura,
quando o calor do amor se acende,
invadem-me arrepios de prazer.

Quantas vezes . . . com desamores,
quando a melancolia se agiganta,
reduzo-me em poeiras carentes..

Quantas vezes . . .no desvario,
quando sou mais do que eu,
pairo em nuvens chorosas.

Quantas vezes . . .  no limite,
quando as fronteiras perdem as suas linhas,
transformo-me em apátrida sem tempo.

Quantas vezes . . . no imprevisto,
quando as surpresas me aprisionam,
sorrio nas mudanças desassossegadas.

Quantas vezes . . . nas palavras,
quando os sinónimos desconhecem dicionários,
perco-me em anárquicos versos.

Quantas vezes . . . na tentação,
quando o desejo me visita,
digo-lhe que sim.

Pérola

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Banalidades . . .



De olhar guloso aproximaste-te.
Cheiravas a verão na intimidade do cumprimento.
Com uma familiar cegueira devolvi-te a afeição.
Conversávamos doidices que se diluíam em entusiasmos.
E foi no ardor da chama do momento que o teu bem querer apareceu:
- Queres namorar comigo ?
Em choque, disfarcei o fanatismo do galanteio e respondi . . .

Pérola


domingo, 29 de setembro de 2013

As meias !



As nuvens corriam velozes lá fora. 
Ouvia o vento a baloiçar os ramos que desesperavam a segurar as folhas que avermelharam. 
Eram filhas que partiam demasiado cedo. 
Todos os anos a mãe natureza fazia o seu luto na invernia que se aproximava. 
O Sol perdera o ardor e sorria tímido por entre correrias de gotículas que se amontoavam. 
Talvez acabassem por lutar e caíssem sobre a forma de chuva esperada.
Como era energia desperdiçada o desejar outro clima, resolveu adaptar-se às circunstâncias.
O telefonema deixara-a apressada. 
O encontro inesperado era-lhe apetecido.
 Sem perder tempo, o duche percorrera-lhe o corpo tenso. 
O hidratante mal espalhado perfumava o ar. 
Em poucos minutos o cabelo tinha sido domado e a pele adquirira tons mais saudáveis. 
O tom bronzing ficava-lhe bem. 
De olhos escurecidos e lábios brilhantes restava-lhe vestir-se. 
Já sem a simplicidade do tempo mais quente.
A lingerie servia de base às camadas que começavam a tornar-se necessárias.
Como sempre, as unhas estavam tratadas e em tons vermelho paixão. 
Pura sorte! 
As meias pretas foram retiradas da embalagem e delicadamente sorriu ao envolver o pé e a perna duma negritude sensual. 
Antecipava o momento em que ele lhas arrancaria sem pudor e com pressas amorosas.
Para lhes prolongar a vida . . . calçou-as demoradamente.

***********

De seguida, enfiou as peças de roupa num ápice e voou para os braços dele que a recebeu com beijo despido.


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Era Uma Vez . . .



. . . Sombra que queria ser gente, 
fugir da silhueta que imitava.

Escapulia-se na escuridão
onde a existência lhe dava tréguas.

Logo uma nesga de luz
lhe devolvia os contornos,
negando-lhe liberdade.

Insatisfeita,
percorria caminhos impostos,
assumia formas reflexas.

Em noite de Lua Nova
evadiu-se de coração descompassado.

Diluiu-se no véu das trevas e,
já que não podia ser gente,
preferiu ser Nada.

Mar.Maria


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Do Virtual ao Real.





O nervoso atrevia-se a tentar dominá-la.
Até podia ser natural, porém tinha de recusar tal companhia.
Recusava-se a ficar toldada e de reflexos e pensamentos diminuídos.
Fez um trato consigo: só poria o motor a trabalhar se ficasse calma.
Condição indispensável.
Inspirações várias e fez-se à estrada.
Gostava da sensação de liberdade que a estrada em movimento lhe proporcionava.
A auto-estrada permitia-lhe uma tranquilidade apenas interrompida nas paragens das portagens.
Na auto-imposição de calma, deu conta da sua eminente chegada ao encontro combinado.
Prestou maior atenção à sinalética e recordou-se dos pontos de referência.
Havia chegado.
Deparou-se com o ostensivo nome do café que a fez sobressaltar.
Procurou as horas.
Estava adiantada, como era hábito.
Passou os olhos em redor.
Será que o reconheceria das fotografias?
Até ali, as mensagens trocadas na web tinham-lhe aumentado a curiosidade e o fascínio pelo desconhecido.
Expressões faciais e corporais que se adivinhavam em pontuações propositadas.
O virtual aguçara-lhe a vontade e ali estava ela.
Prestes a olhar para o rosto real.
O momento aproximava-se.
Voltou-se e um sorriso acolheu-a.
Sentiu-se em casa.
Finalmente, passara do Virtual para o Real !

Mar.Maria

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Patricia - ( 2 )


O magnetismo do olhar foi quebrado pelo empregado que cumpria a tarefa de distribuir os pedidos ordeiramente.
A conversa animada das amigas trouxe Patricia à realidade. Falava-se um pouco de tudo: compras, maquilhagem, projetos, ex-namorados e affairs, mas acima de tudo permitiam-se à diversão. 
A proteção do grupo desinibia em boa disposição.
Patty, sem planos para aquela temporada de lazer, ouvia, distraidamente, as viagens de data marcada ansiadas e programadas ao pormenor.
Entre risos, diálogos cruzados e garfadas no peixe grelhado olhou o veleiro. O homem que  vira anteriormente am azáfama encontrava-se em pleno duche ao ar livre. Parecia apressado. Desapareceu na cabine.
A sobremesa gelada causava-lhe calafrios saborosos. Entre olhares ao cair da noite, reparou em algo branco que se movimentava onde observara a embarcação de há pouco. Arregalando os olhos, habituou-se à luminosidade externa e reconheceu-o.
Sim!
Era o mesmo homem tisnado pelo Sol que agora envergava uma camisa por abotoar e esvoaçava na brisa marítima. O cabelo aprisionado em penteado para trás, revelavam um rosto anguloso. Apesar da distância Patricia podia apostar que as calças fluidas seriam de linho, igualmente branco.
Um contraste enorme que a deixara surpresa.
Entre a divisão da conta e idas ao WC para  retocarem a maquilhagem, a saída acabou por saber muito bem. 
A temperatura mais amena e o cheiro do mar ajudavam na digestão que acusava rotinas de trabalho. 
Sentia-se um pouco cansada, afinal trabalhara o dia inteiro. Não tinha hábitos de notivaga. Sempre que precisara de fazer horas extras, preferia a madrugada, o amanhecer. 
Como o nascer do Sol lhe era agradável!
Como a música do bar já se ouvia, apressaram o passo. Nessa noite, haveria um concurso de dança e algumas amigas treinavam há algumas semanas para o evento. 
A banda tocava uma balada que se ajustava ao ritmo dos barcos próxmos e dos pares que passeavam.
Patricia sente um ligeiro toque no braço. Vira-se e o homem do veleiro sorria-lhe.
Estava certa. Os olhos não podiam ser mais azuis e como ficavam bem com a sua pele morena e vestes brancas. Um bon vivant, pensou.
'Desculpe a ousadia. Destacou-se na mesa do restaurante. Tinha de vir conhecê-la' - disse-lhe com desenvoltura. - 'Perdão . . . sou o Miguel, posso saber o seu nome?'

(continua)