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segunda-feira, 5 de março de 2018

My mind is more caguinchas than your mind

O problema numa corrida não é aguentar o esforço físico; é lutar contra a mente - e ganhar.

Isto parece uma frase motivacional pirosona, sem originalidade nenhuma ainda por cima, mas deixem-me partilhar o que se passou comigo ontem.

Como já cheguei a dizer aqui, eu sou uma pessoa muito avessa ao desconforto físico. Sou dona de uma mente muito dramática que panica rapidamente quando se descobre fora do seu normal. Mas sonho muito. Com números e paces, tempos de corrida a bater. Já conquistei a distância rainha, e como não gosto de trail, só me consigo superar agora pela velocidade. Invejo records de outros atletas, quero aquelas horas e minutos para mim, quero que seja aquele fácil para mim também. Tenho sonhos de longo prazo, que vão durar anos a conseguir, mas quero-os. E então planeio e treino e tento recomeçar o daily grind que é o único caminho para obter essa velocidade, pelo meio das múltiplas mudanças de cidade, casa, trabalho que têm sido os últimos anos (mas, figas, no more!).

Estes sonhos envolvem muito desconforto físico - oh, se envolvem! Não é o no pain, no gain, que nada disto é suposto doer, e é muito mau sinal que doa. Mas sofrimento tem que haver. Porque grande parte do treino para meias-maratonas e maratonas é habituar a mente a ter o corpo desconfortável durante períodos longos de tempo. E isto para mim já devia ter sido mais do que claro há muito tempo, uma vez que já passei por um ciclo de treino para maratona e o que me quebrou - mas o que me salvou no dia da prova - foram aquelas manhãs todas de domingo no verão de 2015 a palmilhar estrada durante 3 horas e tal, sozinha e em silêncio. Mas só ontem se me fez luz.

Porque ontem foi a mente a minha pior inimiga. E os assaltos que os pensamentos fizeram na minha capacidade de continuar a pôr um pé à frente do outro fizeram da The Big Half, a minha primeira corrida nas ruas de Londres, a minha corrida mais sofrida até hoje.

Já não sou novata nenhuma na distância e sei perfeitamente como o meu corpo reage a ela, os pontos críticos e onde vai ser mais difícil continuar (ali dos 12 aos 16 km, quando já passou metade mas ainda faltam tantos km para o fim). Mas os pensamentos intrusos continuam tão fortes como sempre. É exatamente como se estivesse alguém a falar-me ao ouvido: "Desiste". Não é um grito, mas durante algum tempo é o pensamento que domina.

"Pára". (Ressoa em toda a cabeça)

"Isto não é a tua vida".

"É tão fácil, olha, é só encostares-te à beira do passeio".

"Olha um voluntário da prova, diz-lhe que não aguentas mais. A sério, é tão fácil, ninguém te vai recriminar, dizes que não conseguias respirar bem. O que é verdade, estás constipada. Olha esse nariz a pingar. De certeza que os pulmões estão obstruídos. Dizes que foi por precaução, que foi pela tua saúde. Tens a de maio, essa é que é a verdadeira, para a que estamos a treinar."

"Pelo menos pára de correr e caminha, não faz mal nenhum caminhar numa prova. Depois continuas."

"Olha aquele atleta a caminhar, vês? Não é vergonha nenhuma, vá. Anda."

É horrível porque é tão sedutor, tão senso-comum, tão fácil. E tudo verdade. E de repente num ataque de ansiedade noto vividamente a minha respiração acelerada, as minhas pernas pesadas, as bolhas que começo a sentir nos dedos dos pés, e essas coisas, perfeitamente aguentáveis até aqui, tornam-se insuportáveis. E a confiança em como vou cruzar aquela meta dentro do tempo que queria - que vou sequer cruzar a meta! - esfuma-se e eu já não sei o que estou a fazer.

"Faltam 8 km ainda, achas mesmo que vais aguentar 8 km neste ritmo? São 45 minutos. Nunca na vida."

"Se não é para acabar nesse tempo mais vale parar - não andamos aqui a colecionar meias-maratonas pelo prazer que isto dá. QUE É NENHUM."

Apetece-me chorar, porque depois viro uma esquina e vejo uma reta interminável à minha frente e nenhuma placa de mais um km ultrapassado à vista (estavam em milhas, ainda por cima, menos e mais escassas pelo caminho. Pelo menos deram-me algo para entreter o cérebro e abafar a voz sedutora: cálculos milhas-km). O tempo demora a passar, a reta não termina, o km - a milha! - não chega e a noção de tempo altera-se. Sinto que estou a correr há uma vida e não sei quando vai acabar. É isso que a mente, inconscientemente, teme: que aquilo agora seja a nossa vida. O esforço hercúleo é ir buscar a razão e dizer: "faltam 7 km, faltam 6 km, tu sabes o que custam 6 km, nada!, são duas vezes 3 km, são três vezes aquelas séries rápidas que fizemos ainda a semana passada e conseguimos, oh. Depois isto acaba, este esforço não é permanente."

Ao pé deste combate mental, o esforço físico durante as duas horas é canja.

Eu sei que isto é um mecanismo biológico completamente normal. É uma questão de vida ou morte. O principal objetivo da mente é preservar a minha sobrevivência e ela sabe que aquele esforço não é sustentável. Está a ser exigido dos meus músculos um trabalho fora do normal, os pulmões são obrigados a puxar mais ar do que o habitual, o coração é obrigado a enviar o sangue com mais rapidez para onde ele está a ser preciso.  Dali a uma ou duas horas acabam-se as reservas de energia e por isso os alarmes da reserva já acenderam lá dentro. É daqui que vêm os pensamentos intrusos.

Mas não é uma questão de vida ou morte. E é a isso que a parte racional tem de se agarrar: "isto não é a nossa vida a partir de agora, daqui a 40 minutos isto acaba."

O meu problema é que não sou muito boa a combater os pensamentos intrusos. A minha força de vontade é fraca nestas situações porque eu não gosto de desconforto físico. Torno-me insuportável, rabugenta. De repente odeio as pessoas que nos estão a ver, odeio o barulho que fazem a puxar por nós, o-d-e-i-o os gritos de incentivo que incluem "you're almost there!" e "you can do this!". Sempre me garantem pelo menos um minuto de resmunguice interior: "I can do it o quê, sei lá se consigo! Não sei se consigo, vou aqui a morrer, sabes lá tu alguma coisa da minha vida, pessoa aleatória a ver-nos passar." Acabo sempre por ceder aos pensamentos intrusos. Nunca tinha não caminhado um bocadinho numa meia-maratona. Nunca tinha não cedido aos pensamentos intrusos.

É por isso que ontem foi tão excecional. Tão sofrido: os pensamentos intrusos não gostam de ser ignorados, voltam uma e outra vez, inesperadamente quando pensávamos que tinham ido finalmente dar uma volta ao bilhar grande. Mas é por isso que estou tão orgulhosa. Mais do que ter conseguido o tempo que almejava mas que só contava conseguir em maio, pela primeira vez cruzei a meta de uma meia-maratona tendo dado absolutamente tudo (já tinha cruzado uma de 10 km com esta sensação, mas aguentar uma hora de esforço é fácil, os pensamentos intrusos não têm tempo para se instalar e o nosso caso racional é mais forte: faltam sempre só 5, 4, 3 km e isso é tão pouco!). Não sei como não desfaleci assim que passei a meta. Lembro-me do gemido-soluço patético que soltei, vindo tão cá de dentro, por ter chegado ao fim. E das pernas cederem assim que parei de correr. Nunca me tinha sido tão nítido que o que me sustinha era força de vontade. Ela ganhou pela primeira vez. E agora já não me param.

***

Uma vez li que a lógica do treino é a de mandar stress (controlado) para cima do nosso corpo. Ele vai-se adaptando porque pensa que aquilo agora é a nossa vida. É por isso que a coisa mais importante para se melhorar é a consistência. A regularidade. Convencê-lo de que a qualquer momento vai ser preciso acelerar: o coração, pulmões e músculos das pernas têm de estar preparados. É maravilhoso pensar nisto, mesmo: sempre que treinamos as fibras minúsculas dos nossos músculos partem-se e durante o descanso o nosso corpo encarrega-se de as recoser, mas mais fortes dessa vez, para da próxima não se partirem. E por isso temos de ir aumentando o stress que lhe lançamos, ou pela distância, ou pela velocidade, ou pelo volume. Sempre devagarinho, para o corpo ter tempo e capacidade de se ir reconstruindo. Mas regularmente, para ele pensar que esta é a nossa nova vida. E é assim que melhoramos.




S.

sábado, 2 de maio de 2015

Uma pessoa ri-se, ri-se, mas quero dizer, quão triste é isto?

'Do you know the difference between the clouds and the sky? If you do, you're lucky, because if you live in England, the two are pretty much synonymous. (...)

Our word sky comes from the Viking word for cloud, but in England there's simply no difference between the two concepts, and so the word changed its meaning because of the awful weather.'

The Etymologicon: A Circular Stroll Through the Hidden Connections of the English Language, Mark Forsyth


Hoje fui correr vestida com o meu equipamento de inverno: camisola de manga comprida, calças, impermeável, tapa-orelhas. 

(Eu o inverno tolero bem, o que me frustra mesmo é o prolongamento do mesmo por meses que não devia. Especialmente depois do contraste de uns dias em Portugal a correr de chapéu e protetor solar.)





S.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Levelling the playing field

Questiono-me se agora, com a Jéssica Augusto grávida de 6 meses, já a conseguiria acompanhar numa corridinha.

O D. diz que não.

Num treino, vá?

Nop.




S.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

A mais chata das virtudes

Só agora, ano e meio depois de ter começado a correr, é que finalmente entendi que a única fórmula mágica para correr mais rápido e melhor é correr em modo fácil o tempo quase todo.

Caramba, que coisa tão contra-intuitiva. 

Basicamente porque a coisa mais importante na corrida, e sobretudo na corrida de longa distância, é a capacidade do nosso corpo usar oxigénio para converter glicose em energia eficientemente. O sistema aeróbio, portanto. E isso só é treinado correndo em modo fácil muito regularmente. Ou seja, é preciso uma coisa muito chata e inimiga de quem quer ver resultados aqui e agora, chamada: PACIÊNCIA. 

Treino de séries de velocidade também é importante para se melhorar, mas este tipo de treino só é aguentável pelo corpo em doses muito baixas. Porque depois de um treino intenso o que é que acontece: os músculos demoram a regenerar e o tempo de recuperação tem que ser maior sob pena de começarem a aparecer lesões. Não se consegue voltar aos treinos com a frequência necessária para eles darem frutos e ficamos perpetuamente no sistema do um passo à frente, dois atrás. 

Aliás, a ideia de que não é o treino em si mesmo que produz resultados, mas o que acontece no nosso corpo a seguir a ele, é muito esclarecedora.

Mas isto continua a ser tão contra-intuitivo porque se se corre devagar parece que não estamos comprometidos com o nosso treino já que não damos o melhor em cada sessão, como é que vamos conseguir atingir o nosso pace no dia da corrida se mal o treinamos nos treinos... Mas parece que o senso comum não é sempre indicativo de verdade (cofaterraéplanacof). Vou confiar na ciência.

Tenho aprendido nestes últimos meses a ouvir com muito mais atenção o meu corpo e por isso mesmo mantive lesões afastadas durante a preparação para a meia-maratona de Lisboa, mas agora que penso nisso, não cumpri o meu plano de treinos completamente porque precisava sempre de tirar mais dias do que o indicado devido a sessões demasiado intensas. Resultado: o treino não teve a regularidade que devia. Consequência: não atingi o objetivo que sabia que estava ao meu alcance (fazer a meia em menos de duas horas). Ainda assim, com este método do saber escutar e respeitar o corpo fui capaz de voltar à estrada mais rápido do que pensei e manter afastada a lesão no joelho direito que andava a ameaçar há umas semanas (figas, que ainda está na corda bamba).

A meia-maratona aqui em Sheffield é já daqui a duas semanas portanto ainda não vou ser capaz de testar se isto de correr devagar mais vezes funciona mesmo - a chave aqui é mesmo a consistência ao longo do tempo - mas vai revolucionar certamente a maneira como eu encaro a corrida e como vou pensar o treino para a maratona. Já não vou ter medo de correr em dias seguidos, por exemplo, coisa fundamental para treinar para uma maratona, mas coisa que à intensidade atual seria lesão certa. Ainda que para a meia de Sheffield não vá com ideias de bater as duas horas devido à bela subida inicial até mais da milha 5:



Se a primeira parte correr bem, a segunda é toda a descer. Se for com calma na subida (que aliás é uma subida familiar) e a coisa correr bem e tal, e guardar a maior parte energias para a segunda parte (o contrário do que fiz em Lisboa), quem sabe o que poderá acontecer... Também, contando que isto é cidade para ainda estar abaixo dos 10º daqui a duas semanas, quem sabe se a quebra mental e os pensamentos derrotistas dos 12-13 km se mantêm ao largo (ainda nunca tinha cruzado uma meta com vergonha, como aconteceu desta vez em Lisboa).

Por causa de compromissos académicos, razões logí€ticas e vida em geral, não vou fazer uma data de corridas que tinha planeado para esta primeira metade de 2015 (APAV, Sinos, Edimburgo). Vou a esta de Sheffield, à da Nike Women 10k em Londres em junho, e talvez consiga fazer os 20 km de Bruxelles no final de maio, desta vez completos. Por isso mesmo ainda não sei bem o que vou fazer entre abril e julho em termos de treinos, talvez me concentre em fortalecer o corpo para depois entrar no treino para a maratona com uma boa base e diminuir as probabilidades de lesão aqui e ali devido à estrutura não estar bem montada.

Por enquanto estou a ficar entusiasmada para a meia de Sheffield, coisa que não pensei que fosse acontecer pela inscrição feita num impulso de raiva e vergonha uns dias depois de Lisboa.


Delays, sim, tipo o meu...


Desejai-me um bocadinho de sorte e um bocadinho de força mental (que a força física disponibilizo eu). :)


domingo, 11 de janeiro de 2015

Florestas, onde estiveram toda a minha vida?

Estas semanas que passei a correr em Portugal debaixo de 16-17° e sol brilhante estavam-me a amolecer o espírito. Que inverno é este, interrogava-me eu, quando as minhas corridas curtinhas eram passadas a correr de fonte em fonte para acalmar uma sede que não era suposto se fazer sentir em pleno inverno. Fez-me várias vezes falta um chapéu com pala, que o sol encandeava durante os treinos.
 
Well, no more. Ontem à noite olhei apreensiva a neve que caía em rodopio por causa do vento forte, e rezei a todos os santinhos que os 5° que davam para hoje fossem suficientes para não deixar o gelo acumular nos passeios. Esperei pelo meio-dia para ver se o pico do calor - hahaha! - ajudava a derreter o que pudesse restar da água congelada de ontem.
 
Acho que os santinhos me devem ter ouvido porque hoje não tive vislumbre de superfície vidrada alguma.
 
Ainda assim o meu plano era enfiar-me pela floresta adentro. Munida dos meus ténis ultra-resistentes, ultra-não-escorregantes, ultra-impermeáveis, de tapa-orelhas, luvas e impermeável corta-vento, lá fui eu. Tinha esperança que ia ser desta que estreava o aconchego polar de pescoço que nos deram na São Silvestre de Lisboa, mas infelizmente ainda não está assim tanto frio. Mais inverno virá, não desanimarei.
 
 
(Fotos da primeira vez que lá fui, não houve paciência para tirar o telemóvel da braçadeira desta vez)
 
Está um vento do demónio aqui no norte de Inglaterra. Vi várias árvores arrancadas pela raiz na tal floresta e não fui capaz de despir o impermeável durante toda a corrida, coisa que pensei que ia acabar por acontecer uns minutos depois de começar a correr. Fiz schlop, schlop durante grande parte do caminho e fiquei com os ténis cheios de lama, mas com sorriso maníaco na cara. É tão mais fixe ir pelo mato dentro, à beira-rio, e ver patinhos e esquilos. O ponto alto foi quando tive que saltar um riacho de pedra em pedra, espetacular, e nem molhei os pés porque estes ténis são mesmo impermeáveis e feitos para a selvajaria. Estou mesmo contente com isto de correr na floresta.
 
 
(idem)
 
 
Olhai, isto é um caminho que vai dar ao Peak District, a mancha verde mestre do mapa, sempre por floresta, por isso num destes dias hei-de lá ir ter, quando começar a correr mais de hora e meia ao fim-de-semana.



Bem que podem os passeios congelar, já encontrei alternativa mais do que compensadora.




S.  

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Cavalgando por 2015 fora

A minha lista de desejos para 2015 é muito modesta. Não quero nenhuma coisa, não quero sequer viajar, nem ganhar dinheiro. Só quero saúdinha nestas pernas para poder correr uma data de corridas que já tenho sonhadas. 
 
2015 vai ser o ano em que vou correr a minha primeira maratona. Vou gastar as minhas passas todas só nesse desejo porque quando penso no próximo ano só penso nisso.
 
Será em Lisboa, em outubro, exatamente o percurso que terei feito nessa altura há cerca de um ano atrás de bicicleta.
 
Mas como isso vai ser só quase no final do ano, antes disso já terei acumulado mais uns dorsais preciosos, espero.
 
 
 
 
Depois da São Silvestre de Lisboa deste sábado, onde quase chorei de pura alegria quando emergi do metro no Marquês de Pombal e vi tanta gente vestida de amarelo e uma das avenidas principais da cidade coberta de gente e sem carro nenhum, é altura de recomeçar os treinos para voltar a correr os 21 km, mas desta vez em bom. O objetivo são os 1h59, e, contando que este ano fiz 2h20, vou ter que comer uns bons espinafres para aguentar a pedalada necessária. Desta vez terei a companhia e o apoio moral do marido e da I., portanto conto não me aborrecer lá para o meio, como aconteceu este ano.
 
 
 
 
 
Estou há algum tempo a querer correr esta corrida, por motivos afetivos e também solidários pela causa, e desta vez calha estar cá em Portugal, por isso vai ser desta. Gostava muito de correr os 10 km e fazer um tempo fixe, mas tendo em conta que é uma semana depois da meia-maratona, temo que ainda estarei em convalescença. Em último caso, caminho os 5 km que também lá há, e junto na mesma a vontade à convalescença.
 
 
12 abril - Corrida dos Sinos (Mafra) 15 km
 
 
Por uma coincidência incrível, as férias da Páscoa do ano académico em 2015 vão de 20 de março a 13 de abril, o que significa que posso prolongar a minha estadia por terras lusas para abarcar a meia-maratona em Lisboa e a corrida da minha terra e assim ir corrê-la mais uma vez. Comer estrada às estradas da minha infância e ter claques de familiares eleva a euforia das provas ao quadrado. O objetivo são os 1h29, menos 6 minutos do que na última.
 
 
 
 
Estava muito preocupada porque entre abril e outubro não tinha nenhuma corrida para ir correr e portanto temia chegar à maratona 'destreinada' do ambiente e da adrenalina das provas. E porque estar meio ano a correr sem nenhum objetivo é desperdício. Descobri uma meia maratona bastante perto do verão e relativamente perto de casa, o mais a meio caminho possível entre a meia-maratona de março e a maratona de outubro. Será um prazer enorme voltar à Escócia, e descobrir Edimburgo através da corrida.
 
junho - descansar, ronha, preguiça, apanhar sol
 
Será o meu mês de férias da corrida, o respirar fundo antes do início da preparação para a maratona, que começará oficialmente a 29 de junho (perdoai-me o planeamento a esta distância, mas eu tiro quase tanto gozo dos planos como das corridas em si).
 
verão - preparação para os 42,129 km Cascais-Lisboa
 
Vai ser um verão duro. Mas um verão é capaz de ser mais fixe para preparar uma maratona do que um inverno. Sempre tenho dias intermináveis e o fantasma do gelo longe de mim. Isto tudo contando que o verão seja maioritariamente passado em terras da rainha, para ter os tais dias intermináveis mas sem o calor abrasador português.
 
18 outubro - MARATONA!!!
 
 
De Cascais ao Parque das Nações, sempre à beira do rio, à parte do facto de ter que se correr umas 4 horas sem parar, deve ser uma experiência do caraças.
 
Será o culminar do meu primeiro ano de planos de corrida a sério, e espero que apenas o fim do início. O meu desejo grande é corrê-la em 3h59, mas não sei ainda se isto é um desejo alcançável para já. Os resultados nas duas meias e depois na preparação para a inteira logo dirão. O meu sonho máximo nisto das corridas é correr a Maratona de Londres, mas acho que estreia na de Lisboa é mais do que apropriado. Londres só se entra por sorteio, correndo por uma organização solidária depois de angariar mais de 1800-2000 libras, ou com tempos do caraças, por isso a maratona rainha terá que esperar.
 
E pronto, o meu 2015 girará à volta destes objetivos.
 
Já agora também gostava de passar a minha confirmation review em maio para passar a ser formalmente aluna de doutoramento e de perceber um bocadinho melhor de alemão daqui a um ano do que percebo agora.




S. 

 

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A Velocidade e a Distância entram num bar e dizem à Altimetria: ...

- "... ah, e tal, a ver se estás quieta!"

A minha mania é que 13 km aqui são iguais a 13 km em Bruxelas. Não são. Especialmente se também vou com considerações de tempo.
 
Pois o que voltou a acontecer? Voltei a ficar manca.
 
Nos primeiros meses de corrida, por esta altura há um ano, andava só feliz que conseguia aguentar cada vez mais quilómetros a correr. Era um percurso plano, planíssimo, a minha volta pela Avenue Louise e mais tarde pelo bairro de Etterbeek. Nunca me ralei com o tempo que demorava, só queria não parar de correr durante N-km. Veio a meia-maratona, veio a lesão, veio a paragem. Veio a viagem de bicicleta, manteve-se a paragem.

Há 3 meses quando recomecei novamente a correr decidi que só a distância já não metia pica, queria ser mais rápida. Como disse há 9 meses, queria voltar a correr os 21 km, mas desta vez em bom.
 
O problema foi que mudar-me para Sheffield dos Picos mudou as condições desta equação. Não só ando a aumentar a carga de quilometragem, como a carga da velocidade, como a carga da altimetria. E o meu corpo não aguenta isto tudo ao mesmo tempo. Vou repetir isto novamente para ver se me convenço a mim própria: NÃO. AGUENTA. TUDO. AO MESMO. TEMPO. 
 
"A semana passada corri 10, esta quero correr 11 ou 12", é sempre a minha lógica. Mas mantendo a velocidade, se possível melhorando. E metendo-me por caminhos desconhecidos que envolvem sempre subidas longas e íngremes como um raio, e descidas semelhantes (o que também é muito amigo das lesões). Ignorar sempre os treinos em que é suposto correr a uma velocidade e distância moderadas porque, oh, se já fiz esses km e tempo antes, o que é que vou estar a treinar, então? Boooring.
 
Nunca dou tempo nem espaço ao meu corpo para se habituar às três novas coisas, mantendo-as as três constantes uma vez ou outra. E o que acontece? A perna do costume a acender-se com as lesões do costume, tipo árvore de natal: canela, PLIM!, joelho, PLIM!, anca, PLIM!. E lá fica a corrida suspensa por uns tempos.
 
A medida não pode ser só o fôlego, a mecânica da coisa ainda é mais frágil e importante. Tenho que ser mais esperta do que isto, e aprender deu uma vez por todas que a paciência é uma virtude. E dar um bocadinho mais respeito ao meu corpo do que isto. Ele merece. E ele chega lá, eu sei.
 




S.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Ele há coisas... #46

Estou a ver pessoas a correr na televisão. Profissionais. Só me ocorre uma coisa:
 
Mas será que a humanidade ainda não evoluiu o suficiente para inventar um melhor método para prender dorsais do que com alfinetes de dama?




S.