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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Doutoramento, espera aí

Acho que era Fernando Pessoa que dizia que para realizar um sonho temos que nos afastar dele, só assim é que ele se acaba por concretizar, quando estamos distraídos a fazer outras coisas da vida. Eu sinceramente acho que nunca consegui seguir este conselho e cada vez menos consigo.

Esta mania de querer tudo ao mesmo tempo, de ter chegado à meta dos estudos mas mal ter passado a linha de partida da carreira deixa-me inquieta, a imaginar mil e uma coisas que ainda quero experimentar e outras tantas que quero concretizar, umas cem em que me meteria de bom grado neste momento, e a profunda pena de os dias só terem 24 horas e os anos só 365 dias.

Supostamente, com o ciclo dos estudos fechado, com 3 ocupações profissionais de momento e um estágio programado até 31 de julho, eu devia estar na fase da descontração, do expirar fundo depois da enervante espera de 4 meses, e deixar-me descansada pelo menos até ao início do verão. A expectativa de ir realizar um sonho a partir de março devia ser suficiente para me impedir de entrar em sites de emprego e de universidades. As minhas palavras de pesquisa deviam ser exclusivamente 'Bruxelas', 'casas em Bruxelas', 'sítios a visitar em Bruxelas', 'TGV', e não 'LSE', 'PhD European Studies', 'Princeton', 'Yale', 'Columbia' e sei lá mais que doideiras.

A verdade é que é cada vez mais intensa a vontade de dar o salto para o doutoramento. Receio que tenha muito mais que ver com a rotina do estudo, o pânico abafado de ter passado o primeiro setembro sem eu estar inscrita em educação formal de espécie nenhuma. É um reflexo inconsciente face ao desconhecido, provavelmente.

Por outro lado uma ideia meio rescambulada persegue-me desde dezembro, quando fui assistir a um ciclo de conferências sobre a UE. Não faço a mínima ideia se funciona como tese, não é particularmente o meu campo mas meti-a num pedestal dentro da minha mente e admiro-a todos os dias um bocadinho, ora deste ângulo, ora daquele. A imaginação corre livremente porque eu mal lhe meto rédeas e o sonhar acordado, que devia ser canalizado todo para o PE e o final de fevereiro, salta para além de agosto, para o desconhecido, para o que ainda está por agendar. Uma suspeita desponta em mim de que eu seria muito feliz a fazer investigação-UE o resto da vida. Mas é impossível saber isso antes de ter um cheirinho da administração/realidade-UE antes!

Será que a atração pelo doutoramento é apenas a da novidade e do assunto inexplorado? De ter alguma coisa para gerir e organizar, meter as minhas capacidades a concurso novamente? A vontade de voltar a experimentar a emoção esfusiante que é ser aceite, conseguir?

A imaginação e o sonho devem voar livres que nem passarinhos. Mas a realidade também tem de ser vivida em pleno. O equilíbrio entre as duas está-se-me a provar difícil, numa altura em que eu não o esperava de todo.




S.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Aparentes paradoxos


  • Em Inglaterra não vi nenhum veado, apesar disto
             e de ter estado na terra disto



                         e, no geral, de ser a terra oficial deles.

  • Em Portugal, todos os dias durante 3 anos passei de autocarro perto de uma quinta com veados, à entrada da A21 (!!!, eu sei), e fui correr (2 vezes, para aí, mas contam) a um parque onde os há, em pleno centro da vila aqui do sítio (outro !!!).

  • Em Portugal, o único bolo que me dignava a fazer e a esperar os 30 minutos que demorava no forno, eram scones. 
  • Em Inglaterra, terra de scones por excelência, não comi nenhum. Não vi sequer à venda um que fosse. E eu que bebia tanto chá...

  • As minhas séries preferidas são as britânicas. Americanas, só mesmo em casos extremos de bons actores, argumento, ou aborrecimento.

  • Em Inglaterra, nem uma vi, ainda que as tivesse disponíveis na TV 24/7 (Tudors no PC não conta).

  • Não gosto de poesia, mas Fernando Pessoa fascina-me como nenhum outro escritor.

E pronto, é isto. Não fosse o ser humano cheio de paradoxos e incoerências e o mundo seria uma chatice de tão previsivelzinho.



S.