Entretanto, numa Boots algures em Edimburgo:
Manwasher.
Esta espécie de esfregão cinzento é nada mais nada menos que uma esponja especialmente desenhada e construída para homens. É uma esponja? Não, não, é um "manwasher".
What the fuck, pergunto eu. Quem foi a cabeça brilhante que achou que havia qualquer coisa de errado com uma esponja normal para que esta pudesse ser usada por homens? Mas porquê a diferenciação forçada? O que tem uma esponja de tão feminino que tenha havido alguém que se tenha lembrado que o que fazia falta era adaptar um esfregão ao banho, para os homens se sentirem mais confortáveis a lavar a pele.
Estou a imaginar o slogan: "Manwasher. Because using a sponge is too girly." É só a porcaria de uma esponja! Usa-se para esfregar a pele, algo comum a todos os seres humanos, tenham eles pipi ou pilinha.
De reparar na cor que foi escolhida, o cinzento, uma cor muito máscula, e naquela pega de plástico, para tornar todo o objeto o mais parecido possível com uma ferramenta de construção - isso sim, de homem - e o menos possível com uma esponja, essas coisas fofinhas usadas pelas gajas com todas as suas mariquices de beleza, tipo lavar a pele como deve ser, e o caraças.
A minha questão é: será que este objeto apareceu porque foi descoberto um nicho de mercado, ou seja, há homens que realmente têm vergonha de usar uma esponja porque esponjas são coisas de gaja, ou será que o produto surgiu e criou ele próprio uma necessidade que não existia? Se calhar depois de verem este manwasher num supermercado, há homens que passaram a ter vergonha de usar uma esponja normal, porque claramente são femininas e não sabiam, porque, oh, aqui está a prova*.
O mundo do marketing e da publicidade é um poço de inspiração para a luta feminista e eu só agora me apercebi.
S.
* No fundo esta é a questão de base do feminismo: saber o que são as diferenças intrínsecas e as que são construídas por influências externas.