Um dos meus nomes medievais preferidos é Tristão mas sei bem que as reacções a este nome são maioritariamente más, sobretudo pela associação a "muito triste". Originalmente, este nem sequer era o significado do nome, que tem origem em Drustan e, por isso, significaria "tumulto". Contudo, a grafia foi-se alterando por assimilação à palavra latina Tristis e, como tal, a associação é mais do que inevitável. Na verdade, o significado até poderia ser "homem mais feliz do mundo" e nem isso nos afastaria do conceito de tristeza sempre que ouvíssemos ou lêssemos Tristão, certo?
Mas adiante, que hoje o nome do dia é outro e a pergunta que se impõe é a seguinte: se pelo seu carácter literal, Tristão é indissociável do sentimento de inquietação, o que pensam de Tristana? O nome poderá soar familiar a quem conhece a filha do escritor Miguel Esteves Cardoso, que até costuma aparecer nas revistas cor-de-rosa e, apesar de não ser nada comum em Portugal, é relativamente conhecido em Espanha, graças ao romance Tristana de Benito Pérez Galdós, cuja adaptação ao cinema foi candidata ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 1970.
Muitas vezes, quando menciono Tristão, respondem-me que preferem a variante Tristan e, nesse caso, será que Tristana se torna mais usável? Na minha opinião, é um nome bastante interessante e apesar de não ter certezas quanto à sua aprovação, não hesitaria em recomendá-lo a quem procura um nome diferente mas que não fuja em demasia à estrutura normal dos nomes portugueses.
Se eu vos apresentasse Tristana como alternativa a Caetana, achavam que tinha perdido o juízo?