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Thursday, September 03, 2015

F de «Família» (para um Dicionário de Ferreira de Castro)

1. família de origem. Primogénito de José Estáquio e Maria Rosa Soares de Castro. Órfão de pai (sobre quem nunca escreveu uma linha que se conheça) aos seis anos. Desse casamento resultaram quatro filhos, sendo o futuro escritor o mais velho. Após a viuvez, a mãe teve mais descendência, não tendo sido, por enquanto, apurada a sua paternidade. «Asfixia» é a palavra que Castro usa para caracterizar a vivência familiar que lhe coube, invocando-a, em consequência dos métodos repressivos da mãe, que o humilhavam, como uma das causas da sua partida para o Brasil. Referências muito breves a uma avó, entre outros. Após o regresso, a relação com a mãe caracteriza-se por uma preocupação com o seu bem-estar, embora com alguma distância.

2. famílias que constituiu. vive, em união de facto, com Diana de Liz, entre 1927 e 1930, data da morte desta, não havendo descendência. Casa--se, em 1938, em Paris, com Elena Muriel, jovem pintora espanhola, mãe da única filha de ambos, Elsa, sem descendência.

3. "família espiritual". O termo é seu, referindo-se à comunidade de escritores, num inquéiro sobre Direito de Autor.

(adenda) 4. a representação da família na obra ficcional.

(a desenvolver)

Thursday, November 28, 2013

Friday, August 10, 2012

Jorge Amado, CANTIGA DA AMAZÔNIA (1938)


NEM O MISTERIO DOS RIOS SE RENOVANDO,
NEM LA TERRA NINA NASCENDO A CADA MOMENTO NO PRINCIPIO DO MUNDO DA [AMAZONIA,
NEM O PITORESCO DOS LIRICOS NAVIOS ATRAZADOS,
NEM A FLORESTA DE TODAS AS ALUCINAÇÕES,
NEM O PAGÉ, O BOTO, A COBRA GRANDE,
NEM MESMO OS CABELOS DA ULTIMA YARA, DE OCULOS AZUES, VOGANDO NO RIO [DE MISTERIO EM LANCHA-AUTOMOVEL,
TÃO POUCO EL DOLOR E LA SANGRE DE LOS INDIOS DE RIVERA,
DOS CEARENCES DE FERREIRA DE CASTRO,
NENHUM MOTIVO ETERNO NA MINHA CANTIGA DO AMAZONAS.

APENAS O LOUVOR DO AMIGO:
O CIVILIZADO QUE PAROU NA SELVA,
FILHO DAS GLORIAS DUMA RAÇA FORTE,
MÃOS CHEIAS DE CULTURA E DE BOM GOSTO,
AQUELE PARA QUEM A HUMANIDADE NÃO É UMA PALAVRA VÃ,
GRANDE DA BONDADE,

PORTUGUEZ!

A CERTEZA DE PODER DIZER NA HORA DA MAIS DENSA ANGUSTIA:
EMIDIO VAZ D'OLIVEIRA, AMIGO,
AMIGO!

Estrada do Mar (1938)

Saturday, June 05, 2010

Canções da Vendetta (3)

Esta situação de impossibilidade criadora levou-o a a enveredar a contragosto pela literatura de viagens, com os Pequenos Mundos e Velhas Civilizações (1937-38). Quem leu as páginas sobre a inóspita Andorra de 1929, dificilmente as esquecerá. Conseguir acesso ao principado era quase uma proeza épica. Então, em vez da alta-fidelidade japonesa, era o síndico quem pontificava, zelando benevolentemente pelos interesses dos patrícios.
Apresentação de Canções da Corsega, 2.ª edição, Sintra, Camara Municipal / Museu Ferreira de Castro, 1994.

Tuesday, April 07, 2009

de passagem - Assis Esperança, do prólogo de GENTE DE BEM (1938)

Esta crónica de negócios não é o panorama dum homem: é o seu clima, o seu meio, alfobre onde se criam e vivem aqueles que se acomodam, manejam e exploram todas as situações. Dar a Ataíde e Melo uma expressão simbólica, foi meu aturado empenho. Daí os seus frequentes raciocínios e solilóquios. Não quis contudo fazer dele eixo de acção romanesca, satélites as outras figuras, a gravitarem-lhe na órbita: fugia ao meu ofício de narrador. O resto é também crónica, mais ou menos vulgar, de certas famílias do nosso século. A tragédia ou a comédia -- literariamente estas expressões equivalem-se -- é a de sempre. Variaram, sim, as aspirações de cada qual. As gerações carreiam continuadamente os mas variados materiais. E se não desprezam os que havia e serviram outras épocas, esforçadamente os caldeiam segundo fórmulas actualizadas ou recentes experiências de alquimia social.
Assis Esperança, Gente de Bem, Lisboa, Guimarães & C.ª Editores, 1938.