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Friday, April 04, 2025

as biografias de Jaime Brasil

Balzac «O fenómeno Balzac é um quebra-cabeças para quem conhece a vida do escritor e lhe lê as obras. Alguns críticos procuraram, em vão, conciliar umas com a outra; mas são inconciliáveis. Quem lhe traçasse a biografia romanceada poderia intitulá-la, à maneira das más novelas do seu tempo: Balzac ou o desdobramento da personalidadeBalzac -- escorço da complexa personalidade do autor de A Comédia Humana [1966]

Velázquez «Pórtico / Num dia do tórrido Estio madrileno de 1660, morreu Diego Velázquez, nascido sessenta e um anos antes no final da cálida Primavera sevilhana. Esse homem, frio e calmo, deixou uma obra pictórica capaz de apaixonar com ardor qauntos se interessam pelos assuntos de arte.» Velázquez (1960)

Leonardo «Florença e o Humanismo. / Assim como há pessoas nascidas com sorte e outras toda a vida malfadadas, certas cidades parece terem surgido sob um signo feliz. Na aparência, pouco as distingue dos outros aglomerados seus contemporâneos; no entanto, todas as graças do espírito se acumulam nelas.» Leonardo da Vinci e o Seu Tempo (1959)

Rodin «Os anos obscuros - 2A Génese do Génio" / No capítulo do seu recente livro "Du crétin au génie", consagrado à "Génese do génio", escreveo o Dr. Serge Voronov: As células germinais não morrem nunca, mas transmitem-se duma geração à outra.» Rodin (1944)

Zola «Ao terminar o seu livro Zola, em Outubro de 1931, Henrique Barbusse, depois de delinear os futuros rumos da literatura, acentuando-lhe o carácter social, escreveu: "Não basta proclamar que o amamos (a Zola) e que o deploramos. Não basta que a peregrinação que se realiza todos os anos à memória do Mestre de Médan se reduza a levar flores mortuárias e a recordar a meia-voz a importância que revestiram, no passado,  e a sua atitude cívica. ["]» Zola -- O Escritor e a Sua Época (1943 -- então com o título Vida e Obras de Zola e assinada por A. Luquet, aliás Jaime Brasil)

Victor Hugo «O Século XIX, que nasceu ao fragor das batalhas e sobre ruínas fumegantes, não foi belicoso nem destruidor. Pode considerar-se mesmo o mais sereno e construtivo período da história moderna. É que nele, mais do que em qualquer outro, se afirmou o triunfo pleno da inteligência criadora.» Victor Hugo (1940)

Diderot «O amaneirado, o precioso, o ridículo século XVIII, o século das perucas empoadas, das casacas de seda, das camisas de bofes, dos vestidos de anquinhas, dos sinais postiços no rosto -- foi um dos períodos mais fecundos da História» Diderot e a Sua Época (1940)

Ferreira de Castro «Ferreira de Castro é o mais representativo dos romancistas da nova geração literária em Portugal. É, sobretudo, o único dos seus escritores não-conformistas que conquistou o grande público. Tornou-se conhecido, fora das fronteiras do idioma em que escreve, graças ao sentido de humanidade e universalismo das suas obras.» Ferreira de Castro e a Sua Obra (1931)

Tuesday, April 28, 2009

de passagem - Jaime Brasil, RODIN (1944)


OS ANOS OBSCUROS


«A génese do génio»


No capítulo do seu recente livro «Du crétin au génie» (1), consagrado à «Génese do génio», escreveu o Dr. Serge Voronov: As células germinais não morrem nunca, mas transmitem-se duma geração à outra. Essas células germinais, masculina e feminina, unem-se no acto da fecundação para formar um germe, do qual, por crescimento gradual durante nove meses, a criança adquire o desenvolvimento necessário à sua vida. Casa uma dessas células é composta duma substância nutritiva, destinada ao germe -- o protoplasma -- e de um núcleo que é a parte essencial, única que detém toda a hereditariedade do pai e da mãe.

(1) Ed. de La Maison de France -- New York.

Jaime Brasil, Rodin, Porto, Edições Lopes da Silva, 1945, p. 9.

Wednesday, January 09, 2008

Ferreira de Castro e o seu tempo - O ano de 1899 (#1)

CASTRO - Nasce a sua irmã Rita Cássia (2/X).


TEXTO - M. Teixeira-Gomes, Inventário de Junho
Relato duma conferência de Castro sobre Teixeira-Gomes, nos Rotários de Portimão, por C.M.: [...] / O grande enlevo que ficou ao orador dessa noite, ao tomar contacto com a leitura das «Cartas sem moral nenhuma», da «Gente singular», dos «Regressos» e com outras obras de Teixeira Gomes -- foi-nos comunicado com a fluência fácil, incisiva e plástica que Ferreira de Castro põe nos seus livros e transparecem também na sua palavra. E o elogio literário que rendeu àquele seu camarada nas Letras foi feito com a convicta admiração de quem sabe bem sopesar o mérito alheio, e medir a altura dos homens pela estatura própria... / [...] / Teixeira Gomes terminou volutariamente o seu mandato de Presidente, renunciando ao cargo. Não se entendia com os políticos e os políticos talvez o não pudessem entender a ele... / Exilou-se apagadamente para uma cidadezinha do Norte de África e aí, num modesto quarto de hotel, só com as suas recordações e alguns livros, foi rememorando uma grande parte da sua vida e escrevendo alguns dos deliciosos volumes que são o seu espólio literário [...] / Ferreira de Castro disse, quase ao terminar a sua conferência: «tenho a minha casa forrada de livros e de algumas lembranças. Não tenho um único móvel de preço! A única preciosidade que guardo com a melhor veneração é uma medalha* que me foi oferecida por Manuel Teixeira Gomes». M.C. «O grande escritor Ferreira de Castro evocou em Portimão o notável escritor Teixeira Gomes», Correio do Sul, n.º 2706, Faro, 21/V/1970.
* Trata-se de um lapso. Teixeira-Gomes ofereceu um magnífico fauno em bronze, 240mm de altura, exposto no Museu Ferreira de Castro.
CONFRONTO - Octave Mirbeau, O Jardim dos Suplícios
Castro sobre Mirbeau - Deitado no divan de forro tocando uns longes de japonismo, fofo e exótico, pousando sobre o peito o livro histérico de Mirbeau «Jardim dos Suplícios», Afrânio debruou a dor que lhe alagava as pupilas num reflexo de Dor mais entranhada, sorrindo [...]. Mas..., edição do Autor, Lisboa, 1921, p. 77. [...] esse condor altivo que foi Mirbeau [...]. «A situação dos literatos em Portugal», A Batalha -- Suplemento Literário, n.º 2, Lisboa, 10-XII-1923, p. 3.



CONTEXTO - Recondenação de Alfred Dreyfus.
PINTURA DE 1899 - Claude Monet, A Ponte dos Nenúfares.
Castro sobre Monet e a «série dos nenúfares» - Nos últimos anos da sua esticada vida [...], Monet dedicou-se principalmente ao estudo dos efeitos que a luz produzia, alterando constantemente as cores, sobre a água duma lagoa onde vibravam miríades de reflexos. Ali ele cultivava nenúfares brancos, que imortalizaria em «As ninfeias», a sua famosa série de telas. Alguns desses trabalhos, de enormes superfícies, forram hoje as paredes duma sala, vagamente iluminada, um pouco como se fosse de sonho, no Museu de Orangerie, em Paris. E nesse ambiente de cripta, tão misterioso e suspenso que os próprios visitantes se sentem impelidos a falar por murmúrios, toda uma estrofe de cor e de luz, que os pincéis do artista escreveram e onde a figuração é quase nada, se vai declamando a ela própria, lenta e silenciosamente. Cerebral, sempre estudioso e insatisfeito, Monet batalharia até á morte por uma originalidade cada vez maior do seu estilo e com «As ninfeias», que são realidades subjacentes, se antecederia, de certa maneira, à pintura abstracta. As Maravilhas Artísticas do Mundo [1959-63], vol. III, s. ed., Lisboa, Guimarães & C.ª, 1971, p. 297.

MoMA, Nova Iorque

MÚSICA DE 1899 - Debussy, Nocturnos
Castro refere-se a Debussy (e a Fídias, Fra Angelico e Rodin) - «Não é ao cinzel de Fídias ou de Rodin, não é a Debussy nem a Fra Angelico que a humanidade deve o desbravamento da selva do Passado, para a abertura de novas sendas -- de sendas que a conduzam a uma maior perfeição. / É na árvore de natal da Literatura que sucessivamente se têm enforcado os fantoches do Preconceito -- os Dogmas e os Vetos da humanidade de outrora -- Muitas vezes a simples cançoneta dum poeta anónimo bastou para aluir a solidez dum trono. «A situação dos literatos em Portugal», A Batalha - Suplemento Literário, Lisboa, 10/XII/1923, p. 3.



3.º quadro, «Sereias». Orquestra Sinfónica de Filadélfia, dirigida por Leopold Stokowski, 1943.

ESCRITORES DE 1899 - António Aleixo, em18/II , Vila Real de Santo António (m. Loulé, 1949). Vladimir Nabokov, 22/IV (m. 1977).

ECOS DE 1899 - Forest par Chaumes, 26/IX
Eça de Queirós a Domício da Gama - Também eu senti grande tristeza com a indecente recondenação do Dreyfus. Sobretudo, talvez, porque com ela morreram os últimos restos, ainda teimosos, do meu velho amor latino pela França. Correspondência, vol. II, edição de Guilherme de Castilho, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, pp. 520-521.

Castro sobre Eça de Queirós - V. abre o Eça, abre o Machado de Assis e não encontra a paridade estilográfica de que os acusaram mas V. abre dois séculos à re[c]taguarda a Voltaire («Cândido o o[p]timista», por exemplo) e nele verá já a Eça de Queirós, -- quer, por vezes, no estilo, -- quer na criação das personagens. Pangloss sobrevive em quase todos os livros de Eça. E eu estou convencido que o Eça não teve influências de Voltaire. «Carta de Ferreira de Castro a José Dias Sancho», Correio do Sul, n.º 150, Faro, 17/XII/1922.

Actualizações: 10,11,12,13,22/I/2008