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domingo, 14 de julho de 2019

1963 - Stan/Gilberto - Stan Getz & Joao Gilberto



Artista: Stan Getz & João Gilberto
Album: Getz / Gilberto
Lançamento: 1963
Selo: Verve
Gênero: Bossa Nova, Brazilian Songs, Latino Jazz
“Eu quero que o Brasil faça silêncio para ouvir João Gilberto. Que os brasileiros 
ouçam mais João Gilberto” - Maria do Céu Harris

Boa audição - Namastê

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Milton Banana, o rei do ritmo e do batuque

  Edgar Nunes Rocca, o pioneiro Bituca, Edison Machado, Dom Um Romão, Wilson das Neves, Hélcio Milito, Chico Batera,Pascoal Meirelles, Jorge Autuori, Airto Moreira, Toninho Pinheiro, Ronald Mesquita, Rubinho Barsotti, Ivan “Mamão” Conti, e tantos outros. Não restam dúvidas: o Brasil dos anos 1960 e 70 foi prolífico em revelar grandes bateristas. Músicos inventivos e essenciais para reescrever a história do instrumento no País e compor um irresistível jeitinho brasileiro de conduzir pratos, bumbos e tambores. Tradição que teve em Antonio de Souza, ou melhor, Milton Banana, a figura de um desbravador. Acompanhando João Gilberto e Tom Jobim no histórico concerto da Bossa Nova realizado em Nova York, no Carnegie Hall, Milton fez mais que história. Deu ao instrumento novas possibilidades e estabeleceu rico diálogo entre as tradições rítmicas do samba e a riqueza técnica do jazz. Naquela noite de 21 de novembro de 1962, em Nova York, arrebatados pela revelação da beleza harmônica das canções interpretadas por João Gilberto, os músicos presentes na plateia – e não eram poucos – também devem ter dado um nó na cabeça ao descobrir o modo peculiar com que Milton construía sua elegante teia percussiva para o baiano e o jovem maestro Tom. Se a João é atribuída paternidade da batida bossa nova ao violão, o mesmo vale para Milton em relação a seu instrumento, visto que, como o baiano, ele propôs um salto de modernidade sem precedentes. Depois deles, aos músicos que lidavam com os dois instrumentos, como diria a bela canção de Ronaldo Bastos e Milton Nascimento, 'nada seria como antes'.
Boa leitura - Namastê

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Carnegie Hall é Bossa Nova

O ritmo brasileiro da bossa nova se apresentou no Carnegie Hall, a mais tradicional sala de concertos de Nova Iorque, para um público de cerca de três mil pessoas, que superlotou a casa com entusiásticos aplausos. Durante o espetáculo, milhares de xícaras de café foram servidas, numa oportunidade de apresentar o cafezinho preparado à moda brasileira. Os ingressos já se encontravam esgotados uma semana antes do concerto. Os brasileiros João Gilberto, Bola Sete, Agostinho dos Santos, Carmem Costa, José Paulo, Luis Bonfá, Carlos Lira, Sérgio Mendes, Antonio Carlos Jobim, Miltinho Bana, C. Feitosa e Roberto Menescal comandaram o espetáculo. Além dos artistas brasileiros, participaram do show o pianista e compositor argentino Lalo Schifrin com o sexteto de que se valeu para difundir a bossa nova, Stan Getz, amigo de João Gilberto e um de seus mais entusiastas admiradores e grande propagador da bossa nova, e o quarteto de Oscar Castro Neves. O Itamarati recebeu despachos dos EUA informando que compareceram ao concerto 300 repórteres, fotógrafos, cinegrafistas e críticos especializados de toda a América do Norte e da imprensa mundial, o que deveria garantir grande repercussão ao show de bossa nova. A nova música do Brasil.  Este novo gênero musical deriva das estruturas típicas do samba em harmonia com o jazz americano. A mulher do Presidente, Jacqueline Kennedy, a considerou "simplesmente maravilhosa", acentuando que "nunca houve coisa igual por aqui". Ela foi apresentada à bossa nova em um recital do sexteto de Paul Winter, que havia regressado de uma excursão pelo Brasil dois dia antes da apresentação no Carnigie Hall.

sexta-feira, 22 de março de 2019

1981 - Milton Banana Trio – Ao Meu Amigo Vinicius (Samba e Isso) Vol. 4

Artista:  Milton Banana Trio
Álbum: Ao Meu Amigo Vinicius (Samba e Isso) Vol. 4
Lançamento: 1980
Selo: RCA Victor
Gênero: Bossa Nova, Latino Jazz, Brazilian Songs
Milton Banana (23/4/1935 - 22/5/1999)  -Um dos principais bateristas da bossa nova, começou a carreira tocando em casas noturnas na década de 50. Acompanhou o conjunto de Luís Eça e em 1959 participou da primeira gravação de "Chega de Saudade" (Tom Jobim/ Vinicius de Moraes), feita por João Gilberto. Tocou outras vezes com Tom e João Gilberto, participando do Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall em Nova York, 1962. Também participou de outra gravação histórica: a do disco de João Gilberto e Stan Getz, em 1963. Excursionou pela Europa com João Donato e Tião Neto. Nos anos 70 criou o Milton Banana Trio, que gravou oito discos com grande sucesso. Seu balanço rítmico seria muito apreciado nos anos 90 pelos cultores ingleses do acid jazz.  Foi um marco notável a música criativa, com a influência jazzística, bossa nova e outros ritmos oriundos dessa fase.
Boa audição - Namastê

domingo, 17 de março de 2019

1981 - Milton Banana Trio – Ao Meu Amigo Vinicius (Samba e Isso) Vol. 5

Artista:  Milton Banana Trio
Álbum: Ao Meu Amigo Vinicius (Samba e Isso) Vol. 5
Lançamento: 1981
Selo: RCA Victor
Gênero: Bossa Nova, Latino Jazz, Brazilian Songs
Milton Banana Trio foi um trio musical de jazz brasileiro formado na década de 1960, fundado e comandado pelo baterista Antonio de Souza, mais conhecido como Milton Banana (Rio de Janeiro, 23 de abril de 1935 — Rio de Janeiro, 15 de maio de 1999). Durante a carreira o grupo teve várias formações diferentes e gravou no total nove álbuns pela 'Odeon' e outros pela 'RCA' como esse belo clássico da bossa nova.
Boa audição - Namastê

domingo, 28 de outubro de 2018

2011 - Bossa Jazz The Birth Of Hard Bossa, Samba Jazz And The Evolution Of Brazilian Fusion 1962-73 - VA

Of Brazilian Fusion 1962-73
Lançamento: 2011
Selo: Elenco 'Soul Jazz Records'
Gênero: Bossa Nova, Brazilian Songs, Latino Jazz
Inegavelmente, nenhum outro movimento foi tão revolucionário na música quanto a Bossa Nova. Surgido por volta de 1958, renovou as harmonias e arranjos, dando à musica popular brasileira um cunho nacionalista, um dos tipos de música mais conhecidos do Brasil é com certeza a Bossa Nova. Uma parte da história do nosso país se desenrolou em paralelo com o surgimento dessa música. A palavra bossa apareceu pela primeira vez na década de 1930 numa música de Noel Rosa chamada de “Coisas Novas”. Confira abaixo um trechinho dessa música: “O samba, a prontidão/e outras bossas,/são nossas coisas(…)”. Essa expressão Bossa Nova começou a ser utilizada na década de 40 para designar os sambas em breque, aqueles em que era comum improvisar paradas súbitas durante as músicas para encaixar falas. Para alguns críticos musicais a bossa nova tem uma boa influência do impressionismo erudito de Debussy e Ravel. Além da música clássica a Bossa Nova também foi influenciado pelo cool jazz e o bebop. Podemos dizer inclusive que a bossa nova tem alguns toques de jazz como os elementos de samba sincopado embora não tenha tido uma influência tão forte da música estrangeira Alguns artistas da chamada bossa nova contam que a ideia de chamar esse novo estilo dessa forma surgiu no final de uma apresentação no Colégio Israelita-Brasileiro no ano de 1957. Até então o ritmo era chamado apenas de samba sessions, uma alusão à fusão feita entre o samba e o jazz. Porém, nesse dia os artistas viram um recado escrito por uma secretária do colégio chamando as pessoas para conferir concertos de samba-sessions com uma turma “bossa-nova”. Nesse evento estavam presentes Ronaldo Bôscoli, Roberto Menescal, Luiz Eça, Carlos Lyra e Sylvia Telles.
Boa audição - Namastê

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

A história da Bossa Nova - Parte II

Na área de composição, quem mais havia ousado era o romântico Custódio, morto precocemente aos 35 anos, em 1945, autor de Mulher, Velho Realejo e Saia do Caminho, seu maior sucesso, e Noturno, composição de harmonia muito elaborada, de bela linha melódica e considerada, na época, um verdadeiro teste de interpretação para qualquer cantor ou cantora. Custódio, que compôs cerca de 700 canções, gravadas pelos grandes nomes da época, como Orlando Silva e Sílvio Caídas, já tentava misturar os recursos do jazz e da música erudita aos elementos da música brasileira. Também era moderno gostar de conjuntos vocais como os Garotos da Lua, do qual João Gilberto foi crooner, e os Quitandinha Serenaders, que contavam com Luiz Bonfá ao violão. Ou ainda Os Cariocas, então em sua formação original: Ismael Neto, Severino Filho, Badeco, Quartera e Valdir. Todos eles também demonstravam uma sensível influência da música americana, mais elaborada e de certa forma mais elegante. Dick Farney, nome artístico de Farnésio Dutra da Silva, chegou a ser apelidado de "o Frank Sinatra brasileiro", tal a qualidade de sua voz. Logo após o lançamento de Copacabana, Dick, um apaixonado pela música americana, especialmente por Sinatra, Mel Tormé e Dick Haymes, embarcou para os Estados Unidos a fim de tentar a carreira por lá, cantando também em inglês. Em 1948, o cantor voltou ao Brasil, mas sua carreira já estava irremediavelmente influenciada pela música americana. Nos anos seguintes ele gravaria sucessos como Marina e Alguém Como Tu. No verão de 1949, foi fundado na Rua Dr. Moura Brito, na Tijuca, o primeiro fã-clube do Brasil: o Sinatra-Farney Fã-Clube, do qual faziam parte nomes como Johnny Alf, João Donato e Paulo Moura. Lá, além de ouvir fervorosamente sucessos de seus dois ídolos, eles também começavam a "arranhar" os seus instrumentos. Voltando para a América, Dick tornou-se amigo dos mais conhecidos instrumentistas do jazz como Dave Brubeck, uma de suas principais influências no piano. Na década de 50, já amigo de diversos músicos americanos e com respeitado conceito entre eles, Dick Farney tocava no Peacock Alley, um requintado bar do hotel Waldorf Astoria, em Nova York. Como os frequentadores do bar em sua maioria não falavam português, Dick apresentava a música Copacabana com uma versão em inglês. Na época, Ipanema ainda não era cantada em prosa e verso, sendo o bairro de Copacabana o verdadeiro cartão-postal do Rio de Janeiro, o que despertava a curiosidade, na letra em inglês, da canção que havia sido no Brasil um grande sucesso do cantor. Numa viagem ao Rio, em 1958, Dick deu um memorável concerto de jazz no auditório do jornal 'O Globo', apresentando-se com o baixista Xu Viana e o baterista Rubinho. Entre os temas de jazz, tocou sua versão de Copacabana com a letra em português e inglês, o que foi o sucesso da noite. O concerto foi gravado ao vivo e virou um LP no qual curiosamente a faixa Copacabana não se encontra. Dick Farney foi um dos primeiros cantores a procurar uma nova maneira de interpretar o samba. "Por que não existe um samba que a gente possa cantarolar no ouvido da namorada?", perguntava ele. Logo em seguida, uma turma de adolescentes do Flamengo resolveu criar o Dick Haymes-Lúcio Fan Club, para homenagear o fundador do grupo Namorados da Lua. Lúcio Ciribelli Alves, nascido em Cataguases, Minas Gerais, também era um amante da música americana, principalmente do jazz, que começou a ouvir ainda criança, na Tijuca. Estimulado pela família, Lúcio participou de um programa infantil na Rádio Mayrink Veiga, Bombonzinho. Deste, passou para o Picolino, na mesma rádio. De lá foi para a Rádio Nacional, onde, no programa Em Busca de Talentos, ganhou o primeiro prêmio. Daí em diante, Lúcio não parou mais de cantar. Fã de conjuntos vocais como Pied Pipers, Moderneer's e Starlighter's, aos 14 anos fundou o grupo Namorados da Lua, do qual era crooner, violonista e arranjador. Com o grupo vocal, inscreveu-se no programa de calouros de Ary Barroso, conseguindo o primeiro lugar. A partir daí, os Namorados gravaram mais de 40 discos em 78 rotações e apresentaram-se em cinemas e cassinos durante alguns anos. Em 1947, Lúcio foi convidado para integrar, em Cuba, o grupo Anjos do Inferno. De lá, com o grupo, foi para os Estados Unidos, onde, assim como Dick Farney, também muito aprendeu. Logo Carmen Miranda convidava os Anjos para acompanhá-la. Lúcio, no entanto, preferiu abandonar o grupo e voltar para o Brasil, encantando seus fãs com sucessos como Foi a Noite, De Conversa em Conversa e Sábado em Copacabana. Apesar das inovações na área de interpretação, trazidas principalmente das experiências de Lúcio Alves e Dick Farney no exterior, no início dos anos 50, as músicas consideradas modernas eram do tipo dor de cotovelo, embora com as harmonias já mais trabalhadas, como em Ninguém Me Ama, do lendário jornalista Antonio Maria. (...) Continua na próxima postagem. Fonte: Revista Caras - Edição Especial de Julho de 1999.
Boa leitura - Namastê

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

A história da Bossa Nova - Parte I

A história da Bossa Nova é a história de uma geração. Uma geração de jovens artistas brasileiros que acreditaram no futuro e conseguiram realizar o sonho de levar sua música aos quatro cantos do mundo. As primeiras manifestações do que viria a ser conhecido como Bossa Nova ocorreram na década de 50, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ali, compositores, instrumentistas e cantores intelectualizados, amantes do jazz americano e da música erudita, tiveram participação efetiva no surgimento do gênero, que conseguiu unir a alegria do ritmo brasileiro às sofisticadas harmonias do jazz americano. Ao se falar de Bossa Nova não se pode deixar de citar Antonio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes, Candinho, João Gilberto, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, Baden Powell, Luizinho Eça, os irmãos Castro Neves, Newton Mendonça, Chico Feitosa, Lula Freire, Durval Ferreira, Sylvia Telles, Normando Santos, Luís Carlos Vinhas e muitos outros. Todos eles jovens músicos, compositores e intérpretes que, cansados do estilo operístico que dominava a música brasileira até então, buscavam algo realmente novo, que traduzisse seu estilo de vida e que combinasse mais com o seu apurado gosto musical Impossível precisar quando a Bossa Nova realmente começou. Mas é certo que o lançamento, em 1958, dos discos Canção do Amor Demais, com Elizeth Cardoso interpretando composições de Tom e Vinícius, e Chega de Saudade - 78 rpm, com o clássico de Tom e Vinicius de um lado e Bim-bom, de João Gilberto, do outro -, nos quais João surpreendeu a todos com a nova batida de violão, foi o resultado de vários anos de experiências musicais. Experiências empreendidas não só por João, mas por toda a turma que se encontrava nas famosas reuniões na casa de Nara Leão. Após o lançamento, em 1959, do primeiro LP de João Gilberto, também chamado Chega de Saudade, a Bossa Nova rapidamente se transformou em mania nacional e em poucos anos conquistou o mundo. Mas bem antes disso o Rio de Janeiro já vivia um raro momento de florescimento artístico, como poucas vezes se viu na história da cultura nacional. Não é à toa que os anos 50 são conhecidos como os "anos dourados". O Brasil vivia então um período de crescimento econômico que acabou se refletindo em todas as áreas. Em 1956, Juscelino Kubitschek tomou posse na Presidência da República com o slogan desenvolvimentista "50 anos em 5". No mesmo ano, foram lançados os romances O Encontro Marcado, do mineiro Fernando Sabino, e Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, dois importantes marcos na história da literatura brasileira. Paralelamente, surgia na poesia um movimento inspirado no concretismo pictórico, cuja maior característica foi a valorização gráfica da palavra e do qual participaram nomes como os irmãos Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Ferreira Gullar, entre outros. Em 1957, estreava o filme Rio Zona Norte, de Nelson Pereira dos Santos, um dos primeiros representantes do que viria a ser chamado Cinema Novo. Em 1958, a Seleção Brasileira de Futebol conquistava sua primeira Copa do Mundo, derrotando a seleção sueca por 5 a 2 e levando o povo brasileiro a cantar alegremente "A copa do mundo é nossa / Com brasileiro não há quem possa". Também em 1958, Jorge Amado lançava Gabriela Cravo e Canela e Gianfrancesco Guarnieri estreava no Teatro de Arena de São Paulo Eles Não Usam Black-tie, um marco na linguagem do teatro brasileiro. Em 1959, era lançado o movimento neoconcreto nas artes plásticas, do qual fizeram parte Lygia Clark, Hélio Oiticica e Lígia Pape, entre outros. Em 1960, Juscelino Kubitschek inaugurava a nova capital do país, Brasília, que possivelmente teve a primeira música de Bossa Nova em sua homenagem, composta por Chico Feitosa. Billy Branco havia feito um sambinha jocoso, Não Vou, Não Vou Pra Brasília, e Chico musicou uma letra que falava da vida na nova cidade. O tema, chamado Paranoá, nunca foi gravado, mas encontra-se preservado numa gravação particular feita na época, com o próprio Chico Fim de Noite cantando. Foi neste contexto que surgiu o movimento que viria a revolucionar não só a música brasileira, mas toda a produção musical internacional. Ainda nos anos 40, a grande novidade musical foi o lançamento, em 1946, de Copacabana um samba-canção de João de Barro e Alberto Ribeiro, gravado pelo cantor Dick Farney com claras influências da música americana. A composição foi a precursora do que se chamou samba moderno, cujos grandes intérpretes foram o próprio Dick Farney e Lúcio Alves. A suposta rivalidade destes dois grandes cantores era alimentada pela imprensa e por seus fã-clubes. No início dos anos 50, eram eles, com suas vozes aveludadas, os maiores ídolos da juventude brasileira. Ao lado de Ary Barroso, Johnny Alf, Garoto, Dolores Duran, Luiz Bonfá e Tito Madi, entre outros, influenciaram decisivamente a formação da geração que se consagraria através da Bossa Nova. (...) Continua na próxima postagem.
Fonte: Revista Caras - Edição Especial de Julho de 1996.
Boa leitura - Namastê

terça-feira, 31 de julho de 2018

2014 - The Real... Bossa Nova (The Ultimate Collection) - VA

Artista: VA
Album:  The Real... Bossa Nova (The Ultimate Collection) 3CDs
Lançamento: 2014
Selo:  Columbia
Gênero: Bossa Nova, Brazilian Song, Latin Jazz
 A bossa nova pode ser definida como um movimento musical brasileiro que tem sua origem na cidade do Rio de Janeiro, na segunda metade dos anos 1950. Podemos dizer que os pais da bossa nova foram os cantores e compositores Tom Jobim, João Gilberto e Vinícius de Moraes. No começo da década de 1960, quando este estilo já fazia sucesso no Brasil, ele desembarcou aos Estados Unidos, país em que também obteve destaque. As principais influências da bossa nova foram o jazz norte-mericano e o samba. Porém, muitos especialistas em música dizem que o choro, o blues e a moda de viola também foram influências importantes para este estilo musical bem com ritmo calmo e suave, violão e piano como principais instrumentos musicais de acompanhamento, temas descompromissados e ligados à vida cotidiana da classe média (principalmente carioca), amores e exaltação de elementos da natureza (praias, vento, chuva, sol, etc.), utilização do tom coloquial na narrativa das canções. músicas cantadas em tom baixo e calmo, como se fosse uma fala ou uma narração, letras poetizadas, principalmente as elaboradas pelo poeta Vinícius de Moraes e apartir do começo da década de 1960, o movimento musical busca distanciar-se das influências do jazz norte-americano. O novo rumo busca uma aproximação com os ritmos brasileiros como, por exemplo, o samba e o baião.
Boa audição - Namastê

sábado, 17 de fevereiro de 2018

2004 - Astrud For Lovers - Astrud Gilberto


Artista: Astrud Gilberto
Álbum: Astrud For Lovers
Lançamento: 2004
Selo: Verve Records
Gênero: Bassa Nova, Latin Vocal Jazz

Boa Audição - Namastê

terça-feira, 26 de agosto de 2014

2008 - Stan Getz - The Bossa Nova Albums (5 CD) - CD4


Artista: Stan Getz
Álbum: The Bossa Nova Albums (5 Vols)
CD4: Getz / Gilberto (1964)
Lançamento: 2008
Selo: Verve-M.G.M. Records, Inc
Gênero: Jazz, Bossa Nova

O Grande Amor (DeMoraes, Jobim) - 5:27
Stan Getz, tenor sax - Joao Gilberto, guitar, vocal - Antonio Carlos Jobim, piano - Tommy 
Williams, bass - Milton Banana, drums & Astrud Gilberto, vocal. A&R Recording 
Studios, New York City, 18 & 19, 1963
Boa audição - Namastê

terça-feira, 23 de abril de 2013

2003 - The Story of Bossa Nova - VA

Artista: VA
Album: The Story of Bossa Nova
Lançamento: 2003
Selo: Hemisphere
Gênero: Bossa Nova, Brazilian Jazz, Samba
06. Fotografia - Sylvia Telles

09. Copacabana - Nana Caymmi

Boa audição - Namaste

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

2006 - Getz Plays Jobim: The Girl from Ipanema

 Artista: Stan Getz
Album: Getz Plays Jobim: The Girl from Ipanema
Lançamento: 2006
Selo: Verve
Genero: Bossa Nova, Latin Jazz
Codec: Mp-3

03 - Chega De Saudade (No More Blues)
 
  
Boa audição - Namaste

sexta-feira, 5 de março de 2010

Getz/Gilberto - Bastidores

Getz, Banana, Jobim, Creed, Gilberto & Astrud
Fotografado por David Drew Zingg

1963 - Stan/Gilberto - Stan Getz & Joao Gilberto

Nos dias 18 e 19 de março de 1963, dez pessoas - oito homens e duas mulheres - reuniram-se no A&R, um estúdio de gravação na Rua 48 Oeste quase esquina com a Sexta Avenida, em Nova York, e criaram o álbum - LP, como então se dizia - que para muitos é o maior da bossa nova em todos os tempos. Ou o maior LP de bossa nova gravado fora do Brasil. Claro que enquanto o estavam gravando, eles não imaginavam o tamanho da façanha e nem que o disco seria um divisor de águas na vida de todos os envolvidos. Alguns talvez apenas desconfiassem disso. Esses homens e mulheres eram o sax tenor americano Stan Getz, 36 anos recém-feitos, muito admirado por seu lirismo ao instrumento - e nem tanto, no mundo do jazz,por seu caráter ou falta; o pianista e compositor brasileiro Antonio Carlos Jobim, também 36 feitos havia pouco e só então perdendo a timidez que o caracterizava; o violonista e cantor João Gilberto, 32, tido por unanimidade como o criador e principal nome da bossa nova; o contrabaixista Tião Neto, 32, com sua marcação firme e o som poderoso e redondo; e o baterista Milton Banana, às vésperas dos 28 anos e tão importante para a bateria da bossa nova quanto João Gilberto para o violão. As duas mulheres eram a bela Astrud Gilberto, carioca nascida na Bahia que faria 23 anos dali a dez dias e casada com João Gilberto, e Monica Getz, esposa de Stan e responsável por uma grande façanha poucos dias antes: resgatar João Gilberto de seu quarto no já provecto hotel Diplomat, cinco quarteirões abaixo na Rua 43 Oeste, onde o cantor se enfiara e convencê-lo diariamente a trocar o pijama pelo terno e ir com ela para o anexo do Carnegie Hall, onde se realizavam os ensaios para o disco. Os outros três homens no A&R eram o engenheiro de gravação Phil Ramone, 29 anos dono do estúdio e em pouco tempo o maior nome do planeta em sua especialidade - no ano anterior, Ramone já demonstrara seu senso de oportunidade ao gravar Marilyn Monroe cantando "Parabéns pra Você" para o presidente John Kennedy no Madison Square Garden; o engenheiro de som Val Valentin, da mesma idade e, no futuro, tão prestigiado quanto Ramone; e o produtor do disco Creed Taylor, da Verve Records, também muito jovem nos seus 33 anos e já merecedor da adoração universal dos jazzistas por ter criado três anos antes o selo Impulse!. E, com este, temos os dez ali presentes ou 11, se contarmos um amigo comum de Jobim e Creed - o fotógrafo americano David Drew Zingg o mais velho no recinto - 40 anos - já com várias passagens pelo Brasil, onde viria morar definitivamente em 1965 e grande fã da bossa nova. Zingg não podia deixar de estar ali dentro do estúdio com sua Nikon porque fora quem apresentara Creed a Jobim e aos outros. Aliás seria a ele que Tom um dia no Rio diria sua célebre frase: "David, o Brasil não é para principiantes". Getz/Gilberto seria gravado na seqüência do já então polêmico concerto de bossa nova no Carnegie Hall, que acontecera havia menos de quatro meses em novembro de 1962. Jobim, João Gilberto e Milton Banana eram dos poucos músicos brasileiros que tinham ido a Nova York para o concerto e resolvido continuar por lá enfrentando o frio, a solidão, saudade do Rio e a falta do feijão. Tião Neto chegara pouco depois do concerto com o Bossa Três, que ele formava com o pianista Luiz Carlos Vinhas e o baterista Edison Machado - os três iriam se apresentar no programa de TV de Ed Sullivan. Todos os outros que haviam estado no Carnegie Hall - Sergio Mendes, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Chico "Fim de Noite", Agostinho dos Santos, Oscar Castro Neves, a cantora Ana Lucia - já tinham voltado para o Brasil e estavam sendo chamados a se explicar sobre o "fracasso" do concerto. Mas para Tom e João e também para Luiz Bonfá que igualmente decidira ficar em Nova York, não tinha havido fracasso. O evento podia ter sido um primor de desorganização no palco mas a música contida nele dera o seu recado. E a quantidade de jazzistas interessados no que eles estavam fazendo - o sax barítono Gerry Mulligan, os pianistas Bill Evans e Lalo Schifrin, os trompetistas Miles Davis e Dizzy Gillespie, o arranjador Quincy Jones - demonstrava que não era hora de voltar. Além disso Sidney Frey, dono da gravadora Audio Fidelity e produtor do concerto ainda não lhes pagara um centavo pelo Carnegie Hall. Desde a chegada Tom e João estavam se mantendo em Nova York com seu próprio dinheiro e agora, tinham mandado buscar as esposas: Tereza, esposa de Tom e Astrud. Se voltassem para o Rio aí é que o gringo lhes daria o beiço de vez. Enquanto Tereza não chegava, Tom ficou aos cuidados de Gerry Mulligan e do letrista Gene Lees, autor da versão em inglês para "Desafinado" e "Corcovado". Os dois americanos o adotaram e andavam com ele dia e noite alternando entre os botequins Jim and Andy's, na Rua 47 e Charlie's na Rua 52, ambos Oeste. Além da musicalidade absoluta do brasileiro duas coisas atordoavam Lees e Mulligan quanto a Tom: sua capacidade cúbica - era capaz de tomar o triplo de uísque que eles - e a velocidade com que estava aprendendo inglês. Mas Tom tinha seus próprios motivos para freqüentar esses botequins: ficara íntimo dos cozinheiros os quais na maioria eram porto-riquenhos. Eles não se passavam pela batata que serviam aos fregueses e faziam para si próprios um farto arroz com feijão com o qual Tom também se refestelava na cozinha. Com a chegada de Tereza Tom pôde parar de comer na rua mas as despesas dobraram e ele teve de passar a sacar dos adiantamentos que sua editora americana a BMI, lhe estava fazendo por conta das vendas de "Desafinado" e "Samba de Uma Nota Só", ambos já com várias gravações nos Estados Unidos. Stan Getz por sua vez deixara para trás a pindaíba em que vivia até bem pouco tempo - sua carreira tinha ido para o buraco afogada em álcool e drogas. Naquele mês de março ele já estava comprando suas roupas na Brooks Brothers com a montanha de dinheiro que a bossa nova despejava na sua conta. Seu LP com Charlie Byrd - Jazz Samba, gravado um ano antes e também produzido por Creed Taylor, entrara na lista de mais vendidos da revista Billboard e chegara espantosamente ao 1º lugar (ficaria ao todo 70 semanas na lista) - sendo que o 45 rpm de "Desafinado" extraído do LP já vendera mais de 1 milhão de cópias. Nunca um disco de jazz sonhara em atingir tais marcas. Zonzo com o sucesso Creed Taylor resolveu investir na bossa nova e produzir novos discos do gênero com Stan Getz. O LP seguinte de Stan, Big Band Bossa Nova gravado poucos meses depois de Jazz Samba em parceria com o vibrafonista Gary McFarland e grande orquestra chegaria ao 13º lugar e ficaria 23 semanas na lista da Billboard. Era bom mas só tinha bossa nova no título. Um terceiro LP - Jazz Samba Encore!, com Getz finalmente dividindo o microfone com um músico brasileiro - Luiz Bonfá e gravado logo depois do Carnegie Hall era muito melhor mas seu topo na lista seria um 88º lugar em 11 semanas. Nem o ponto de exclamação do título ajudou. Mesmo assim, eram grandes colocações sabendo-se que esses discos não estavam correndo numa raia à parte mas lutando contra os pesos pesados da música americana da época: Elvis Presley, Bobby Darin, Pat Boone, Henry Mancini, Lawrence Welk e dezenas de outros. E se pareciam decepcionantes era porque o acachapante fenômeno de Jazz Samba os deixara mal-acostumados. Só então Creed e Stan se deram conta de que nunca mais repetiriam aquele sucesso e que passada a primeira onda a bossa nova poderia sobreviver comercialmente mas restrita ao mundinho do jazz. O disco seguinte de Stan que eles já tinham acertado por contrato desde janeiro seria com João Gilberto e Jobim e não havia esperança de que seu destino fosse melhor do que os anteriores. Nunca duas pessoas se enganaram tanto. Quem poderia adivinhar que aquele LP, sim, é que seria o começo de tudo? Getz/Gilberto, naturalmente, tornou-se o clássico dos clássicos e até hoje botá-lo para tocar é uma experiência insuperável. Quem consegue acreditar que esse disco já existe há 45 anos? E como convencer os mais jovens de que foi gravado em apenas dois dias e ao velho estilo? Ou seja: nada dessa história de gravar primeiro as "bases" - piano, contrabaixo e bateria - para depois o cantor "botar a voz" ou o saxofonista solar por cima. Eram todos ao mesmo tempo no estúdio, tocando juntos - se um errasse tinham de parar e começar de novo. Mas ninguém ali era de errar. Milton Banana fora o baterista nos principais eventos da bossa nova até então - e não por acaso todos ligados a João Gilberto: as noitadas da boate Plaza em Copacabana em 1957 onde se ouviu ao vivo a batida da bossa nova pela primeira vez; a gravação do single "Chega de Saudade", por João, na Odeon em 1958, do LP de mesmo nome em 1959 e o show O Encontro no restaurante Bon Gourmet também em Copacabana que reunira Gilberto, Jobim, Vinicius de Moraes e Os Cariocas em 1962. Poucos meses depois no Carnegie Hall ele acompanhara João Gilberto em sua interpretação ultraminimalista de "Outra Vez" de Tom - apenas a voz e o violão de João e suas escovinhas na vastidão daquele palco - deixando a platéia de Nova York hipnotizada. A participação de Banana no disco com Getz fora uma imposição de Tom Jobim e João Gilberto junto a Creed Taylor. Por este o baterista seria americano. Aliás na gravação de Jazz Samba um ano antes Getz usara dois bateristas americanos - Buddy Deppenschmidt e Bill Reichenbach para tentar simular a leveza brasileira - sem conseguir. Mas já nos ensaios para Getz/Gilberto assim que Banana tirou suas baquetas do estojo e roçou-as de leve nos couros Getz viu com quem estava lidando: com o primeiro e maior baterista da bossa nova. O contrabaixista Tião Neto por sua vez tinha pouco mais de três anos como profissional mas já era milionário de vôo nas boates do Beco das Garrafas em Copacabana. Todos o disputavam como acompanhante. Além disso, com seu cavanhaque e o porte de príncipe por trás do contrabaixo ele dava um ar quase intelectual a todas as formações de que participava - imponente como Eddie Safranski, contrabaixista de Stan Kenton ou hierático como Percy Heath, do Modern Jazz Quartet. E o que dizer de Tom Jobim? Era o pianista e diretor musical da gravação além de autor de seis das oito faixas que eles pretendiam gravar: "Garota de Ipanema", "Desafinado", "Corcovado", "Só Danço Samba", "O Grande Amor" e "Vivo Sonhando" (as outras duas, "Doralice", de Dorival Caymmi e Antonio Almeida e "Pra Machucar Meu Coração", de Ary Barroso, eram duas velhas jóias brasileiras que só almas apuradas como a de João e Tom saberiam desencavar). Quanto a Stan Getz conseguira finalmente dominar a emissão controlada e relax quase sem vibrato que para Tom seria a ideal para fazer o contraponto à maciez da voz e à flexibilidade do violão de João Gilberto. Em tese, aquela tinha tudo para ser uma gravação tranqüila - não havia motivo para problemas. Mas o que aconteceu foi que de relax a gravação de Getz/Gilberto teve pouco ou nada. João Gilberto não se satisfazia com a emissão de Getz, que achava muito enfática para a delicadeza da bossa nova. Por isso, a todo instante interrompia a gravação, para obrigá-lo a começar de novo. Getz não entendia e João dizia entre dentes para Jobim, como quem mastigasse as sílabas:

- "Tom, diga a esse gringo que ele é muito burro."

O americano perguntava a Tom o que João dissera e Tom botava panos quentes:
- "Ele está dizendo que é uma honra gravar com você."
- "Engraçado", resmungava Getz. "Pelo tom de voz não parece ser isso que ele disse."

Getz era famoso por seu gênio estourado e por ser cruel com os colegas. Não se sabe como se segurou. A única explicação era a de que, depois de tantos atropelos em sua carreira, ele estava vendo na bossa nova uma possibilidade de redenção - e, para isso engoliria todos os sapos que João Gilberto lhe jogasse ao colo. Custou mas João conseguiu que Stan soasse ao sax tenor quase como se sussurrasse - pelo menos durante a gravação. Sim porque,meses depois, na mixagem sem a presença dos brasileiros Getz aumentou o volume de seus solos, principalmente nas entradas, conferindo-lhes um ataque que João Gilberto nunca teria aprovado. Com todas as idas e vindas e as inúmeras interrupções, inclusive para escapadas ao Jim and Andy's, bem ao lado as oito faixas de Getz/Gilberto - 34 minutos de inexcedível beleza - foram gravadas por igual durante os dois dias, quatro de cada vez, sendo "Garota de Ipanema" a última do primeiro dia. E então deu-se aquilo que por muito tempo se constituiu numa das lendas da bossa nova: a fábula da esposa e dona-de-casa, jovem e despretensiosa que casualmente no estúdio foi convidada a gravar uma pequena participação e dali disparou para tornar-se um fenômeno de vendas no mercado americano - Astrud Gilberto naturalmente. Acontece que Astrud não estava por acaso no estúdio naquele dia e nem era tão despretensiosa. Ao contrário, sempre quis ser cantora e desde que se casara com João Gilberto em 1960 ele a preparara para isso. (Como será ter João Gilberto como professor particular de canto?) Astrud até já se apresentara em público no Rio: na famosa Noite do Amor, do Sorriso e da Flor, o grande show de bossa nova no pátio da Faculdade de Arquitetura da Praia Vermelha, em 20 de maio de 1960 - por sinal o último show amador da bossa nova porque,a partir dali todos os seus participantes se profissionalizariam. Com João acompanhando-a ao violão e aos vocalises, Astrud cantou "Lamento" e "Brigas Nunca Mais", ambas de Tom e Vinicius para mais de 2 mil pessoas. Não empolgou mas também não fez feio - e nem João permitiria que ela se apresentasse se não estivesse minimamente no ponto. Astrud falava inglês e era com essa capacidade que tinha ido para Nova York - para ajudar João em seus compromissos e tratativas comerciais com empresários e agentes, já que as únicas palavras que ele conhecia eram os títulos de algumas canções americanas, como "All of Me" ou "Day by Day". Durante um dos ensaios em que se repassava a interpretação de "Garota de Ipanema", João a pedido de Astrud,sugeriu a Getz que ela lhe cantasse a versão em inglês que o letrista Norman Gimbell fizera para o samba. O curioso é que Astrud foi a intérprete de João quando este sugeriu ao americano a idéia de testá-la. Stan concordou sem muito interesse mas Creed Taylor viu naquilo uma boa idéia - se desse certo, uma ou duas canções em inglês aumentariam as chances comerciais do disco. E, então Astrud cantou "The Girl from Ipanema" e foi aprovada. Ali mesmo Tom sugeriu que ela também cantasse "Corcovado" que seu amigo Gene Lees transformara em "Quiet Nights of Quiet Stars". No futuro depois do sucesso estrondoso de Astrud, Stan Getz insistiria em dizer que João e Jobim não a queriam no disco e que não fosse por ele ela nunca teria sido "descoberta". "Corcovado" foi a primeira faixa a ser gravada no segundo dia e Astrud revelou-se muito mais segura do que em "The Girl from Ipanema". Nesta por sinal ela comete um erro ao cantar o verso "She looks straight ahead, not at he", em vez de "... not at me". Mas quando Creed Taylor percebeu era tarde porque o trabalho já fora encerrado - e uma época em que o instrumento de edição era a gilete, a gravação em apenas dois canais não permitia que se fizesse essa maquiagem. O próprio Creed Taylor não se deu conta do ouro que tinha em mãos. Terminada a gravação pagou todo mundo engavetou a fita e foi tratar da produção de outros discos. Um deles em maio com o próprio Tom Jobim tocando suas composições ao piano, Antonio Carlos Jobim, the Composer of "Desafinado", Plays, com arranjos do maestro alemão - até então nada valorizado - Claus Ogerman. Quando esse disco saiu, a revista Down Beat sapecou-lhe a cotação máxima de cinco estrelas e seu crítico Pete Welding lamentou que não tivesse mais estrelas para dar. Mas a glória ainda não estava se convertendo em dólares para Jobim e para faturar alguns trocados ele teve de submeter-se a tocar violão em discos dos outros. Um deles foi Brazilian Mancini do pianista Jack Wilson, só de composições de Henry Mancini em ritmo de bossa nova. Para assegurar que o disco contivesse a desejada batida, Tião Neto foi convocado ao contrabaixo e o baterista era outro carioca recém-chegado Chico Batera. O curioso é que como era exclusivo da Verve e seu nome não pudesse aparecer, Tom foi creditado na capa como "Tony Brazil" - assim mesmo entre aspas todos sabendo que era ele. Vida dura. Seus outros companheiros do abandonado Getz/Gilberto também foram tratar da vida no restante de 1963. Stan Getz ainda gravou mais um LP de bossa nova este com o violonista Laurindo de Almeida que Creed Taylor também engavetou e dedicou-se a tocar exclusivamente jazz pelos 17 meses seguintes. João Gilberto aceitou o convite do pianista João Donato então morando na Califórnia para irem fazer uma temporada em Viareggio no sul da Itália numa pequena boate chamada Bussoloto. Com os dois Joões seguiram Tião Neto e Milton Banana (e só por isso Banana não tocou no disco de Tom sendo substituído pelo também excepcional Edison Machado). E com eles foi também Astrud que ainda ninguém conhecia e que viajou no papel de simples esposa de João. O Bussoloto era o privé de uma grande casa de shows à beira-mar, chamada La Bussola onde a atração era o band leader Bruno Martino tocando chachachás e hully gullies para dançar. Mas Martino era também compositor - compusera um bolero intitulado "Estate" que João Gilberto adorou de saída e incorporou a seu repertório logo nas primeiras noites. Aliás, falando nos documentos sonoros perdidos da bossa nova este foi um que nem chegou a existir: João Gilberto, João Donato, Tião Neto e Milton Banana lotaram durante três meses o Bussoloto, noite após noite, dois shows por noite, certamente fazendo maravilhas - e nenhum desses shows foi gravado, nem mesmo por um amador equipado com um precário Geloso. O ano correu. Em julho Tom embarcou (de navio) para o Brasil. Na Itália, João e Astrud romperam e se separaram - João foi para Paris, Astrud voltou para o Rio. Em Paris, João conheceu uma estudante chamada Miúcha e convidou-a para ir a Nova York com ele para servir-lhe de secretária. Miúcha aceitou. Em novembro, Creed Taylor finalmente tirou Getz/Gilberto da geladeira e começou a ouvi-lo para ver o que saía dali. E gostou do que ouviu. Quanto mais o ouvia mais gostava do disco e em particular das duas faixas com Astrud. A onda da bossa nova já passara nos Estados Unidos - a dança que Arthur Murray dono de uma famosa academia tentara inventar para ela fora um fiasco de público - e era utópico sonhar com um sucesso de vendas. Mas o que ele tinha a perder? Creed preparou o LP para soltá-lo na íntegra e para um single em 45 rpm com duas faixas, amputou "The Girl from Ipanema" e "Corcovado" das participações de João Gilberto, conservando apenas os vocais de Astrud. Com isso cortou mais de dois minutos de cada faixa e as deixou com um tempo mais convidativo para que as rádios as tocassem. Incluiu o disco no suplemento "latino" da Verve e, em fevereiro de 1964, disparou a primeira cópia do single para uma pequena estação simpática ao jazz, no estado de Ohio. Dias depois recebeu um telefonema do programador: os ouvintes, siderados, não paravam de ligar para a estação perguntando o que era "aquilo". No Rio e no Brasil, durante o ano de 1964, "Garota de Ipanema" podia ser qualquer coisa, menos uma novidade. Todo mundo, exceto dom Helder Câmara já a tinha gravado e em todos os formatos possíveis: cantor-solo, em dupla, trio de jazz, conjunto vocal, quarteto de cordas, grande ou pequena orquestra e arranjo sinfônico. Pery Ribeiro fora o primeiríssimo, depois o Tamba Trio e em seguida, Claudette Soares. Mas ninguém no Rio esperava por aquela versão contendo Stan Getz, João Gilberto, Tom Jobim, Tião Neto, Milton Banana - e uma doce voz feminina que já não era a de "Astrudinha, mulher de João" como a chamava Vinicius de Moraes mas, agora a da famosa Astrud Gilberto. Ninguém esperava por aquilo - nem no Rio, nem no resto do mundo. Em poucos meses o single de "The Girl from Ipanema" chegou ao 5º lugar na lista da Billboard e permaneceu 11 semanas nela. Já o LP bateu num inacreditável 2º lugar e eternizou-se por 96 semanas na lista. E por que não chegou ao 1º? - perguntará você. Porque o 1º lugar semana após semana em todas as listas de 1964, pertenceu a algum LP dos Beatles, dos vários que foram lançados naquele ano nos Estados Unidos. Mas a Getz/Gilberto coube uma honra que ninguém tira: a de ser o LP de jazz mais vendido de todos os tempos. Vendido e respeitado. Foi um terremoto, uma avalanche. Em poucos meses com seus rendimentos nesse disco, Stan Getz comprou uma casa de 23 quartos em Irvington (NY), que pertencera a Frances, irmã de George Gershwin. João Gilberto faturou de saída 23 mil dólares, bom dinheiro então. E Astrud Gilberto talvez a principal responsável pelo estouro do disco ganhou pela tabela estabelecida pelo Sindicato dos Músicos de Nova York: 168 dólares por dois dias de trabalho - e mesmo assim, Stan Getz achou demais. Ao saber que Getz resmungara pelo cachê pago a Astrud, seu amigo o também sax tenor Zoot Sims, comentou no Jim and Andy's: "É bom saber que o sucesso não alterou Stan. Ele continua a ser o mesmo filho-da-puta de sempre." Com "The Girl from Ipanema" tocando em todas as rádios, lojas de discos, máquinas automáticas, vitrolas domésticas e sistemas de som em 1964, seus criadores tiveram de voltar correndo para Nova York. Stan Getz foi o primeiro. Retomou o repertório da bossa nova e mandou chamar Astrud no Rio - e lá se foi com ela para uma longa temporada em nightclubs dos Estados Unidos e da Inglaterra. De uma escala em Nova York saiu um LP ao vivo - Getz Au Go Go - que, sempre graças a Astrud, chegou à parada da Billboard no dia 19 de dezembro, bateu no 24º lugar e permaneceu por 46 semanas. E esse foi apenas o começo da carreira de Astrud, que em 1965 ganhou um LP só para ela, The Astrud Gilberto Album e cujos discos seguintes como Beach Samba e Look to the Rainbow, todos produzidos por Creed Taylor a tornaram um sinônimo dos anos 1960 para os americanos. Tom também voltou para os Estados Unidos para participar do primeiro LP de Astrud e para gravar uma série de grandes LPs dele mesmo, mas na Warner, que o tirou da Verve. E, a partir dali ninguém mais o segurou. Quanto a João Gilberto que já estava por lá foi convidado por Getz a se apresentarem juntos no Carnegie Hall em outubro de 1964, do que resultou um Getz/Gilberto #2 ao vivo sem comparação com o primeiro. Em 1965 sem Stan mas acompanhado por gente de luxo como o pianista Bill Evans ou o trompetista Art Farmer, João saiu pela estrada apresentando-se em Boston, Washington, Los Angeles e creia comparecendo aos shows como um bom menino e não se atrasando para nenhum. E tudo por causa de Getz/Gilberto. De passagem foi também um LP que faturou cinco Grammys - um deles o de disco do ano e nada menos do que dois para João Gilberto como cantor e como violonista. (João enfiou os troféus num armário em Nova York e esqueceu. Tempos depois numa mudança vendeu o armário com os Grammys e tudo e nunca mais os viu.) Por causa desse LP, Creed Taylor retomou seu repertório de bossa nova e além de Astrud, lançou vários outros brasileiros de enorme sucesso nos Estados Unidos como o organista Walter Wanderley, o percussionista Airto Moreira, o próprio Tom (seus discos Wave, Tide e Stone Flower, que estão entre os melhores de sua carreira foram todos feitos para Creed) e principalmente, Eumir Deodato, que vendeu milhões com seu surpreendente arranjo de baião eletrônico para "Also Sprach Zarathustra", de Richard Strauss e tema do filme 2001: Uma Odisséia no Espaço. Uma única e lamentável injustiça manchou a odisséia de Getz/Gilberto: a ausência de Tião Neto nos créditos do LP. Em seu emprego fixo na época, Tião era contrabaixista do Bossa Três e este era contratado de Sidney Frey, dono da gravadora Audio Fidelity - logo Tião não podia aparecer entre os músicos do disco. (Poderia se a Verve tivesse concordado em pagar a Frey.) Com isso o contrabaixista creditado em Getz/Gilberto ficou sendo Tommy Williams, músico regular de Stan mas que nem sequer passou pela porta do estúdio enquanto Tião, lá dentro dava uma fabulosa sustentação aos outros músicos. A provar sua participação se não bastasse a palavra dos outros,há as fotos de David Zingg e o contracheque da Verve com o valor de seu cachê pelo trabalho: os mesmos 168 dólares de Astrud. Bem a seu estilo, Tião nunca disse uma palavra a respeito - foi nominalmente deixado de fora de um dos maiores discos de todos os tempos e só lhe restou a glória de viajar o mundo inteiro com os conjuntos de Sergio Mendes e mais tarde o de Jobim. Por causa de Getz/Gilberto a América adotou João Gilberto, Tom Jobim e Astrud Gilberto, absorveu-os e tratou-os como se eles fossem seus. E por muito tempo, pareceu que eles eram mesmo. Entre os Estados Unidos e o México, João Gilberto ficou 20 anos fora do Brasil. Tom ia e voltava, meses aqui e outros tantos por lá - numa dessas, gravou dois LPs com Frank Sinatra - e assim foi até o fim, em 1994. E Astrud nunca mais voltou - só a passeio, e cada vez mais raramente. Mais tempo se passou e além de Tom, morreram Getz, Tião Neto, Milton Banana e David Zingg. "Garota de Ipanema", a canção propriamente dita é que ficou imortal: tornou-se a primeira ou a segunda mais tocada do século XX, alternando-se com "Yesterday", de Lennon & McCartney. E Getz/Gilberto que nunca saiu de catálogo, inscreveu-se num pequeno panteão de perfeições criadas pelo homem (e, no caso, uma mulher) à revelia e a despeito de si mesmo. Perfeições que,um dia,esse homem terá de fazer por merecer. Fonte: Ruy Castro (Portal Brasileiros - Edição 9, Abril/2008)

The Girl From Ipanema


Faixas:
1. The Girl From Ipanema
2. Doralice
3. Para Machuchar Meu Coracao
4. Desafinado (Off Key)
5. Corcovado (Quiet Nights Of Quiet Stars)
6. So Danco Samba
7. O Grande Amor
8. Vivo Sonhando (Dreamer)


Musicos:
Stan Getz - Sax Tenor
Joao Gilberto - Violão & Vocal
Antonio Carlos Jobim - Piano
Tommy Williams - Baixo Acustico
Milton Banana - Bateria
Astrud Gilberto - Vocal

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Boa audição - Namastê